A aliança em torno de Geraldo
Alckmin carrega o odor da velha política. O ex-Governador de São Paulo
conseguiu aquilo que sempre desejou, formalizar o apoio de um consórcio de
partidos chamados de centro para a órbita de sua campanha. Seguirão ao lado
dele PR, Progressistas, Solidariedade, Democratas, PTB, PRB e PSD.
Se sobra habilidade política, falta
sintonia com as ruas. Os números de Geraldo Alckmin ainda são pífios para quem
deseja chegar ao Planalto. Na mesma época, quando concorreu em 2006, neste
ponto da campanha, ele já pontuava ao redor dos 25%. Hoje, ainda não saiu de um
dígito.
Diante da voracidade dos novos
aliados, nos bastidores já é dada como certa e acabada a divisão de
ministérios. Estariam agora no estágio de discutir o rateio do segundo escalão.
Como atores do presidencialismo de coalizão, os partidos do centrão estão
fazendo o papel de sempre, trocando o que tem, em troca de espaço em um novo
governo.
A esperança é que o tempo de rádio e
TV proporcionado pelos aliados possa sacudir os números de Alckmin. Esperam
também que sua rede de prefeitos e parlamentares possa trabalhar pelo
candidato, impulsionando-o para o segundo turno. No papel, a estratégia é a
correta.
Mas nas ruas, o sentimento é outro.
Quem tem estrutura partidária, não tem votos e aqueles que carecem deste ativo,
lideram as pesquisas. Enquanto alguns analistas dizem que o vencedor é aquele
que irá avançar sobre o voto dos indecisos, vemos que nas últimas eleições
suplementares para governador, os indecisos preferiram a abstenção. Acreditar
que os indecisos, aqueles que estão desiludidos com a política, irão aderir ao
candidato do establishment é uma crença duvidosa.
Geraldo Alckmin vestiu a roupa do
sistema e com ela irá desfilar em um pleito em que o eleitor clama pela
renovação. O ex-governador de São Paulo chegará ao pleito apresentando mais do
mesmo, ou seja, partidos envolvidos em corrupção que carregam o peso da
rejeição entre os seus líderes e que exigem a manutenção do modelo cartorial
que levou o país aos maiores escândalos de corrupção da sua história.
No plano interno, agora os partidos
lutarão para acomodar a decisão nacional em suas bases. Alianças regionais
terão que ser revisitadas, apoios devem ser repensados, levando o processo
inteiro a um realinhamento geral. Mas enquanto dentro da política estes acordos
ainda servem de combustível, do lado de fora cresce a sensação de que estamos
diante da reedição de uma história que não agrada o eleitor.
Diante das alternativas, Alckmin fez
a opção pela velha política. Se irá funcionar, somente o tempo dirá. A
esperança de que o Brasil não irá mudar foi renovada mais uma vez.
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