domingo, julho 22, 2018

Candidato da Situação

A aliança em torno de Geraldo Alckmin carrega o odor da velha política. O ex-Governador de São Paulo conseguiu aquilo que sempre desejou, formalizar o apoio de um consórcio de partidos chamados de centro para a órbita de sua campanha. Seguirão ao lado dele PR, Progressistas, Solidariedade, Democratas, PTB, PRB e PSD.  

Se sobra habilidade política, falta sintonia com as ruas. Os números de Geraldo Alckmin ainda são pífios para quem deseja chegar ao Planalto. Na mesma época, quando concorreu em 2006, neste ponto da campanha, ele já pontuava ao redor dos 25%. Hoje, ainda não saiu de um dígito.

Diante da voracidade dos novos aliados, nos bastidores já é dada como certa e acabada a divisão de ministérios. Estariam agora no estágio de discutir o rateio do segundo escalão. Como atores do presidencialismo de coalizão, os partidos do centrão estão fazendo o papel de sempre, trocando o que tem, em troca de espaço em um novo governo.

A esperança é que o tempo de rádio e TV proporcionado pelos aliados possa sacudir os números de Alckmin. Esperam também que sua rede de prefeitos e parlamentares possa trabalhar pelo candidato, impulsionando-o para o segundo turno. No papel, a estratégia é a correta.

Mas nas ruas, o sentimento é outro. Quem tem estrutura partidária, não tem votos e aqueles que carecem deste ativo, lideram as pesquisas. Enquanto alguns analistas dizem que o vencedor é aquele que irá avançar sobre o voto dos indecisos, vemos que nas últimas eleições suplementares para governador, os indecisos preferiram a abstenção. Acreditar que os indecisos, aqueles que estão desiludidos com a política, irão aderir ao candidato do establishment é uma crença duvidosa.

Geraldo Alckmin vestiu a roupa do sistema e com ela irá desfilar em um pleito em que o eleitor clama pela renovação. O ex-governador de São Paulo chegará ao pleito apresentando mais do mesmo, ou seja, partidos envolvidos em corrupção que carregam o peso da rejeição entre os seus líderes e que exigem a manutenção do modelo cartorial que levou o país aos maiores escândalos de corrupção da sua história.

No plano interno, agora os partidos lutarão para acomodar a decisão nacional em suas bases. Alianças regionais terão que ser revisitadas, apoios devem ser repensados, levando o processo inteiro a um realinhamento geral. Mas enquanto dentro da política estes acordos ainda servem de combustível, do lado de fora cresce a sensação de que estamos diante da reedição de uma história que não agrada o eleitor.


Diante das alternativas, Alckmin fez a opção pela velha política. Se irá funcionar, somente o tempo dirá. A esperança de que o Brasil não irá mudar foi renovada mais uma vez.

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