quarta-feira, julho 11, 2018

Todos os Homens do Presidente

Temer chegou ao Planalto com ambições grandiosas: reformar o governo, recuperar a economia e pacificar o país. Vinte e seis meses depois, os resultados estão muito longe do esperado, cristalizados na altíssima impopularidade do Presidente.

Os primeiros movimentos pareciam até inspirar alguma confiança. O número de ministérios foi cortado de 32 para 23, incluindo a escolha de um bom time na área econômica. Tudo parecia bem até o Presidente ser jogado nas profundezas da crise política por duas denúncias do Ministério Público Federal que poderiam afastá-lo do cargo. Temer resistiu, mas fez o país pagar um preço alto.

A partir daquele momento, o governo passou a respirar por aparelhos, enquanto seus ministros eram denunciados, presos ou afastados do cargo pela justiça. O núcleo duro palaciano do Presidente sofreu baixas importantes, outros seguiram sob suspeita e aos poucos a agenda reformista desaparecia no horizonte da sobrevivência política.

A fraqueza do governo está expressa na evolução do quadro ministerial. Temer empossou ontem seu 58º ministro. Uma rotatividade que expressa a crise de confiança vivida pelo Planalto. O enxugamento ministerial imposto quando chegou ao poder, aos poucos foi se desfazendo. Hoje Temer governa com 29 ministros. Realizou em média uma troca ministerial a cada duas semanas. Certamente não existe economia que resista a tamanha instabilidade.

Aquele que chegou a Presidência sonhando em mudar o Brasil, em pouco tempo tornou-se refém dos próprios erros. Ao final, diante da necessidade de manter o poder que aos poucos se derretia, rifou as reformas, desajustou a economia e abriu um fosso de radicalização no país. Agora, usando a caneta presidencial e as indicações que restam, asfalta o caminho para uma aterrisagem menos turbulenta.

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