quinta-feira, março 01, 2007

O Chile em debate em Madrid III

Espero não estar errado em acreditar que o governo de Bachelet é o principal ícone de uma nova esquerda, moderna, que aceita os pressupostos de mercado. Seu ministro, por exemplo, disse: "Só existe democracia onde há êxito econômico, onde há competição. Isto propiciará o fim dos ciclos de avanço e retrocesso democráticos". Se referindo ao estabelecimento das bases do livre mercado disse que é um processo doloroso, mas cria oportunidades novas. Fala de política de liberalização com inclusão social e não abre mão dos gastos sociais.

Há também controle de gastos do governo, que alcançou um superávit fiscal de 6% e a economia de 1% para alocação em um fundo de estabilização para manter os níveis de gasto público em casos de crise. Assim, o governo de Bachelet poderia manter estável a tríade segunça - oportunidade - acesso a empregos estáveis.

Existem claramente políticas de esquerda no Chile, mas as bases liberais de sua economia não foram alteradas. Isto é uma virtude. Mas isto também é a herança dos anos de Pinochet e do choque de capitalismo que o Chile conheceu com os "Chicago Boys" orientados por Milton Friedman. Isto Bachelet não pode negar, por mais que deteste o falecido General. Suas políticas sociais só podem ser implementadas porque alguém arrumou a casa e acertou as contas antes.

Fazer política social com a casa arrumada é fácil. Mas a esquerda chilena tem seu mérito, assim como os trabalhistas ingleses, de terem reconhecido os acertos dos antecessores e revisto seus conceitos. Por mais que se negue, a sombra de Pinochet estará para sempre aliada ao sucesso do modelo econômico chileno.

Que diga o pragmatismo comercial do chanceler Alejandro Foxley.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Chile tão próximo e tão distante do Brasil em resultados...é como se os Andes impedissem que ares mais refrescantes chegassem a este Brasil onde só se discute o acessório e não se enfrenta o essencial.

Parabéns pelo excelente texto Márcio.
Seu admirador,
Petrucio Chalegre

Unknown disse...

Concordo plenamente com as tuas palavras, o governo do Pinochet jamais será esquecido na história do país.

Parabéns pelo texto.
abraço
Silvana Nogueira