sábado, março 31, 2007

O triste fechamento da livraria Fuentetaja

Madrid é uma cidade curiosa. Uma das maiores, mais modernas e cosmopolitas cidades européias, ainda mantém traços peculiares e provincianos, simpáticos, muito originais, que fornecem um caráter agradabilíssimo para a cidade. Por aqui ainda sobrevivem pequenas livrarias, incontáveis pequenos cafés (onde se encontram as pessoas do bairro), bancas de jornais com a mesma característica, cinemas de rua, entre inúmeras outras coisas interessantes.

Pequisadores, estudantes, acadêmicos e todos aqueles que tem amor pela leitura, e que já passaram pelo menos uma temporada por aqui, certamente conhecem a livraria Fuentetaja.

Aberta desde 1959, fica situada na simpática região de Arguelles, na calle San Bernardo, 48. A livraria sempre foi o local certo para encontrar todas as edições e obras que não se encontram em lugar algum. A simpatia no atendimento (algo que não é, digamos, uma qualidade dos espanhóis) também sempre foi fantástica.

O prédio do século XVIII onde está situada a Fuentetaja corre risco de desabamento e depois de um susto há alguns dias, a livraria resolveu fechar e recolher os volumes de seu fantástico acervo, transferindo-o para outros lugares, pelo menos por enquanto.

O prefeito Gallardón, que é cliente da livraria, promete uma solução, que pode ser a recuperação do prédio para sua transformação em uma Casa de Cultura, para apresentação de livros, teatro, conferências e pequenos concertos. Certamente a região merece um centro assim.

O que fará falta certamente será caminhar pelos 400 metros da livraria, ouvindo o ranger das tábuas e o cheiro das estantes de madeira durante o respeitoso silêncio dos clientes em busca de suas raridades.

Não é somente porque moro pela região, mas certamente a Fuentetaja fará falta, até para os que já deixaram Madrid, como meu bom amigo José Manuel Moreira, professor da Universidade de Aveiro, em Portugal, um dos ilustres clientes da nossa livraria.

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