quarta-feira, agosto 21, 2013

Ataques em Damasco

O ataque com armas químicas em Damasco é condenável sob todos os aspectos. Entretanto o pior deles é não ser possível ler de forma claro de onde saiu. Pode ser uma sabotagem ao regime, como também uma ação do próprio Assad.

Politicamente o fato importante é que o caos na Síria novamente tira o foco sobre o Egito. Os dois países dividem o noticiário devido a massiva perda de vidas em seus conflitos internos. Com a retomada do poder pelos militares no Cairo, houve um deslocamento da atenção internacional para o Egito. Ali existe a tensão com a Irmandade Muçulmana e os militares prevaleceram somente depois de uma banho de sangue. Ao final, o país voltou ao mesmo lugar onde estava antes das manifestações na Praça Tahir durante a Primavera Árabe.

Na Síria o conflito tem um outro pano de fundo e o ditador Assad, que seria a próxima vítima natural da Primavera Árabe, conseguiu se manter no poder, ao contrário do que muitos pensavam - com apoio da Rússia, vale lembrar. Virou o jogo, tomou a frente e no momento vai vencendo a guerra civil que dilacera seu país. Assim, nos perguntamos, porque Assad, que está em clara vantagem no conflito recrudesceria de forma tão radical mediante o uso de armas químicas? Estrategicamente não é inteligente.

Tudo leva a crer que houve sabotagem interna de homens que trabalham para Assad e podem manter laços com os rebeldes. Dentre todas as alternativas esta é a mais plausível, já que o ataque foi um massacre e realizado sob as barbas dos inspetores da ONU em Damasco. Sob diversos aspectos não parece ser um movimento que possa trazer benefícios para Assad. União Européia e Estados Unidos irão reagir. Obama já disse que o uso de armamento químico funciona com um divisor de águas quanto a um envolvimento direto dos americanos no conflito.

Mas quem ganha com isso é o Egito, que sai do foco internacional depois de uma matança indiscriminada coordenada pelos militares que retomaram o poder.

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