segunda-feira, novembro 30, 2009

Arruda e o fim da linha

"Gente, eu errei, eu não quero ser igual aos outros políticos que erram e ficam mentindo.Então vou falar a verdade logo, eu vi mesmo a lista. Não matei, não roubei e não desviei recursos públicos"
José Roberto Arruda, na tribuna do Senado, em maio de 2000, chorando e renunciando ao mandato, depois da quebra do sigilo do painel na votação secreta que cassou Luiz Estevão

As denúncias contra o Governador do Distrito Federal são sérias. As provas são robustas e contundentes. Envolvem, além de Arruda, o vice Paulo Octávio, o Presidente da Câmara Distrital, além de outros parlamentares e dos principais secretários de Governo do GDF.

As imagens são de alto impacto. Arruda recebe dinheiro vivo durante a campanha, parlamentares de sua base de apoio recebem maços de dinheiro, o Presidente da Câmara Distrital esconde reais em suas meias. Cenas que devem levar Arruda a lona, bem como metade da classe política de Brasília.

O mensalão de Arruda ainda não foi divulgado em sua totalidade. Segundo fontes em Brasília ainda há mais para ser divulgado. Tudo está surgindo a conta gotas e deve ser mantido assim.

Práticas ilegais devem ser repudiadas, não interessa o partido. Arruda e seu grupo devem responder por todas as denúncias da "Operação Caixa de Pandora". Seu próprio partido cobra sua renúnica ou sua expulsão. Os demais envolvidos deveriam tomar o mesmo caminho.

Neste caso, Arruda estará em maus lençóis. Considerado até a semana passada um nome imbatível para as eleições de 2010 no Distrito Federal e até considerado como um possível nome para ocupar a candidatura a Vice-Presidência na chapa de Serra ou Aécio, Arruda desce novamente até as profundezas do inferno político, como fizera em 2000, quando mentiu publicamente no caso do painel do Senado e acabou renunciando ao mandato de Senador.

Pediu uma segunda chance e obteve uma nova oportunidade de fazer a coisa certa. Não fez. Sucumbiu mais uma vez as velhas práticas da política e seguro de si, expôs sua imagem, seu governo e seu partido a uma situação, no mínimo, indesejável.

É uma pena. Arruda fazia um bom governo em Brasília, moderno e propositivo. Infelizmente sua prática política foi o oposto, o que decepcionou muitos que como eu, apoiaram sua candidatura. Deve perder a legenda do DEM, que avalia sua expulsão, e assim não poderá concorrer a cargo eletivo em 2010. O partido, que não deseja velar e carregar um cadáver político em ano eleitoral, quer seu desligamento, mas tudo indica que Arruda pode ter colocado o DEM "na parede", assim como outras agremiações que querem deixar o governo.

Em caso de explusão, se tornará um cidadão comum, sem imunidades, podendo ter sua prisão decretada por qualquer juiz de primeira instância.

A OAB já pediu seu impeachment. Mas como pode prosperar qualquer iniciativa que deve ser julgada por uma Casa envolvida diretamente no escândalo?

Arruda diz que vai até o fim, mas parece que o fim já chegou.

sexta-feira, novembro 27, 2009

Irã condenado pela AIEA

Esta é a notícia do dia, especialmente na semana em que o governo Lula recebeu Mahmoud Ahmadinejad no Brasil.

Em Viena, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) acaba de aprovar uma resolução de condenação ao Irã devido a sua falta de cooperação com os observadores internacionais em relação ao seu programa nuclear. O país enriqueceu urânio secretamente.

Venezuela, Cuba e Malásia ficaram ao lado do Irã. Do outro lado, 25 países votaram com o parecer da AIEA condenando Teerã, inclusive aliados tradicionais como a China e Rússia. O Brasil e outros cinco países preferiram a abstenção. Pegou mal depois de Lula ter defendido publicamente o programa nuclear iraniano para fins pacíficos. Na ótica da AIEA, o programa iraniano nada tem de pacífico.

Como vemos, a comunidade internacional felizmente começa a fechar o cerco em torno do Irã.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Racha no PMDB

Enquanto uma ala do PMDB se desdobra para fechar acordos com o PT em diversos estados, outro grupo agora avança com a tese da candidatura própria. Reunidos em Curitiba, lançaram o nome do governador Roberto Requião e lembram que uma das bandeiras de Michel Temer, quando eleito para dirigir a sigla, foi a tese da candidatura própria. Hoje, Temer flerta com o governo para ser o candidato a vice na chapa de Dilma.

Parte do PMDB deseja a aliança com o PT, entretanto, outros são seus ferrenhos adversários em vários estados. Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco são exemplos e dificilmente seguirão a orientação de aliança com Dilma. Em outros estados, os dirigentes petistas e peemedebistas terão que suar a camiseta para fechar acordos, como no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pará, Mato Grosso do Sul, Paraná e Ceará. Alguns desses, sem intenveção rápida, podem tornar-se casos perdidos como os citados anteriormente.

Em Curitiba, Pedro Simon, Luiz Henrique, Roberto Requião, Neudo do Conto, Orestes Quércia e dirigentes de 15 diretórios estaduais seguem em clima de entrosamento e já planejam o registro da pré-candidatura de Requião, a discussão de temas nacionais para um plano de governo e uma agenda de viagens pelo Brasil do governador do Paraná.

Quem conhece Requião, sabe que ele não está somente fazendo barulho. Suas palavras foram as seguintes: "Sou amigo do Lula. Sou amigo pessoal da Dilma. Sou companheiro de militância e de juventude do Serra. Mas, antes de tudo, sou peemedebista e brasileiro". Se o PMDB deseja mesmo uma aliança com Dilma, é melhor começar a abrir o olho.

terça-feira, novembro 24, 2009

A Pesquisa CNT/Sensus

Pesquisas precisam ser olhadas com cuidado e profundidade. Seus números escondem, muitas vezes, informações valiosas que podem ser extremamente importantes em uma campanha eleitoral.

A pesquisa CNT/Sensus trouxe informações importantes. Primeiro é preciso avaliar os cenários. Serra (31,8%), Dilma (21,7%), Ciro (17,5%) e Marina (5,9%). Este é o principal cenário pré-eleitoral até o momento. Constata-se que Ciro Gomes estabilizou seus números perto daqueles atingidos por Dilma e que Marina, depois do fato novo, o lançamento de seu nome, ainda patina em patamares por volta de 5%.

Entretanto, se colocarmos Aécio no lugar de Serra, Dilma não assume a ponta. Ela mantém o segundo lugar e Ciro Gomes pula na frente, herdando muitos eleitores do Governador paulista: Ciro (25%), Dilma (21,3%), Aécio (14,7%), Marina (7,3%).

Vemos, portanto, que uma faixa do eleitorado flutua entre Ciro e Serra e que a saída deste da disputa não favorece a segunda colocada, impulsionando exatamente aquele que estava em terceiro lugar. Já Aécio, apesar da fama de agregador, não consegue manter o patamar de Serra. Se poderá reverter durante a campanha, é outra história.

Um terceiro cenário foi testado sem Ciro Gomes: Serra (40,5%), Dilma (23,5%) e Marina (8,1%). Segue a mesma lógica. Dilma não é diretamente beneficiada com a saída de Ciro e seus eleitores tendem, na sua maioria, a apoiar José Serra.

Mais um dado interessante. 20,1% dos entrevistados disseram que o candidato indicado por Lula seria o único em que votariam. Este patamar assemelha-se as intenções de voto obtidas por Dilma em todos os cenários testados. Ou seja, Dilma ainda não estourou a bolha dos 20%, estando circunscrita ao voto lulista. Resta saber se, conhecida pelo resto do eleitorado, poderá, por méritos próprios ainda avançar.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Equívoco Histórico

A visita de Ahmadinejad é um equívoco político em diversos aspectos. Vale lembrar a constitucional e histórica tradição diplomática brasileira de respeito e defesa dos valores democráticos e sua posição equidistante e cautelosa nas relações exteriores, que muitas vezes credenciou nosso país a mediar e encontrar soluções inteligentes na esfera internacional.

Ahmadinejad representa aquilo que uma nação democrática, tolerante, pacífica e aberta mais repudia. O Presidente do Irã prega a destruição de Israel e nega o Holocausto, uma das maiores bárbaries da história da humanidade. Nosso país foi destino de um incontável número de judeus, que aportaram no Brasil em rota de fuga dos campos de concentração. Foram recebidos de braços abertos e hoje, brasileiros há gerações, são parte fundamental e importante de nossa história. As culturas entrelaçaram-se de tal forma que hoje não é possível mais dissociá-la. Negar o Holocausto é negar o horror pelo qual passaram os antepassados de milhares de brasileiros.

Ahmadinejad não defende a democracia. Persegue seus opositores, encarcera seus rivais políticos, reprime manifestações públicas contra o governo, limita o acesso a informação, censura a imprensa, prende jornalistas, persegue homosexuais, minorias religiosas e fuzila vozes dissonantes ao regime dos aiatolás. Como se não fosse o bastante, sua eleição está sob forte suspeita de fraude.

Ahmadinejad é exatamente o oposto daquilo que defendemos em nossa história e nossas leis. Nossa história repudia tudo aquilo que Ahmadinejad representa. Nossas instituições, que deveriam estar acima dos homens, deveriam evitar que um equívoco histórico fosse cometido.

Receber Ahmadinejad no Brasil, sob qualquer ótica, é um atentado aos nossos valores pacíficos e democráticos, um desrespeito aqueles que também, como todos imigrantes que por aqui aportaram, construíram de forma honesta e digna nossa nação.

Que o mundo enxergue que os valores reais da nação brasileira são pacíficos, democráticos e mais dignos do que aqueles defendidos por quem temporariamente exerce o poder.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Os Movimentos de Aécio

A estratégia já está em curso há algum tempo. Aécio movimenta-se na tentativa de viabilizar seu nome como candidato dentro do PSDB. Na tentativa de barrar a candidatura de Serra, que alcança sólidos 40% das intenções de voto, o Governador de Minas optou por uma estratégia peculiar. Ele tenta mostrar-se agregador, podendo ampliar a aliança para além de PSDB, DEM e PPS. Aécio acha que uma grande frente em torno de seu nome seria a forma de evitar uma eleição plebiscitária e atingir no âmago a estratégia eleitoral petista.

É preciso, contudo, avaliar até que ponto sua estratégia é passível de vitória ou se a oposição pode estar sendo tragada para uma armadilha criada pelas hostes governistas.

Enquanto isso, Aécio colhe a simpatia de empresários, políticos e até da imprensa. Carlos Lupi do PDT é sensível em torno da candidatura do Governador de Minas. Hélio Costa, ministro de Lula pelo PMDB mineiro, também, e até o presidente do PSDB declarou que acha Aécio mais agregador. Isso sem falar em parte do DEM e no suposto receio de Lula, que teria declarado: "Se o Aécio for o nome do PSDB mesmo, ele bagunça a base governista". Até Ciro Gomes, sempre beligerante e inflexível, diz que desistiria de sua candidatura em favor de Aécio.

Como vemos, Aécio tem colhido apoios de diferentes lados ultimamente. Eles surgem inclusive da base governista, que apesar de estar fechada com Dilma, flerta com o Governador mineiro, incluindo o grande desafeto dos tucanos, Ciro Gomes. Na realidade, diferentemente de Serra, Aécio não representa risco de ruptura para os grupos políticos. Este é seu grande trunfo, mas também é a debilidade que pode comprometer um futuro governo seu. O contrário serve para Serra.

Entretanto, em razão disso, não deixam de surgir rumores que Aécio, no afã de viabilizar-se como candidato tucano, esteja abrindo um perigoso flanco para que o governo desestabilize o projeto da oposição.

A linha que separa ambas possibilidades é muito tênue e Aécio deve transitá-la com muito cuidado, sob pena de rachar o PSDB, como fez Geraldo Alckmin em 2006, e colocar o projeto dos tucanos em risco.

terça-feira, novembro 17, 2009

Jogo Perigoso

O contato político estabelecido entre Aécio Neves e Ciro Gomes está cheio de significados e articulações internas. Ciro é ex-tucano e nutre um ardente desprezo pelos antigos companheiros de partido, especialmente aqueles que gravitam dentro do núcleo paulista do partido, liderado por Serra, seu desafeto.

Mesmo assim, a chegada de Ciro a Belo Horizonte traz um novo fator. Em primeiro plano tudo sugere que o governador de Minas Gerais tenta ampliar um leque de apoios, que evidencia Aécio como um líder agregador e facilitador de uma grande frente em torno de seu nome.

Ficam, no entanto, questões no ar, caso um acordo fosse viabilizado. Se Aécio for o candidato do PSDB, deve-se perguntar como reagiria Ciro Gomes, um dos mais contundentes críticos dos tucanos, no sentido de equilibrar o discurso entre FHC e Lula.

Este, no entanto, não é o maior obstáculo a ser transposto. Nesta mesma hipótese, Ciro Gomes, que na impossibilidade de sair candidato a Presidente, disputaria o governo de São Paulo, o faria contra seu maior desafeto, José Serra, o principal nome do partido de Aécio.

Mas os questionamentos são ainda mais profundos e a aproximação de Aécio com cardeais governistas, mesmo que no intuito de construir uma candidatura mais agregadora, pode gerar efeitos negativos em seu próprio ninho tucano.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Alerta Vermelho

Se o destempero da ministra Dilma, durante sua passagem pelo Rio, não havia sido suficiente para gerar preocupação, sua coletiva pós-apagão certamente fez soar um importante alerta em sua base de apoio.

O principal receio é que seu tom possa colocar em risco sua candidatura. Muitos lembram do exemplo de Ciro Gomes, que não conseguiu calibrar sua língua quando crescia nas pesquisas, e teve sua candidatura abatida em seu melhor momento.

Dilma conta com ótimos marqueteiros e uma boa rede de apoio que está sendo tecida por Lula. Entretanto, de nada adiantará se seu temperamento explosivo e professoral não for domado. Sua reação irônica com uma repórter na coletiva pós-apagão é o melhor exemplo de como um candidato não deve se portar.

Ministros e líderes de partidos que apóiam a candidatura petista já questionam se a candidata terá traquilidade e estabilidade emocional durante uma campanha que tende a ser duríssima. Circulou hoje, por exemplo, uma nota sobre o ríspido corretivo que a Ministra aplicou em seu colega Carlos Minc, do Meio-Ambiente. Suas broncas, além de ministros, já atingiram inclusive parlamentares de sua base de apoio.

Certamente os parceiros do consórcio governista que tendem a embarcar em sua candidatura estão preocupados, pois se Dilma não domar seu temperamento, correrá o risco de ser "cristianizada" em plena corrida presidencial.

quinta-feira, novembro 12, 2009

A Pesquisa Vox Populi

Em uma semana agitada por vários fatos políticos, não é possível deixar de comentar a pesquisa encomendada pela Band ao instituto Vox Populi.

Os números mostram um crescimento da ministra Dilma e uma queda do governador Serra. Entretanto, a pesquisa pecou pelos cenários apresentados, tendo em vista que o mais provável desenho da sucessão não foi testado.

O primeiro cenário mostra Serra (36%), Dilma (19%), Ciro (13%), Heloísa Helena (6%) e Marina (3%). Este não é um cenário provável, já que Heloísa disputará uma vaga no Senado por Alagoas. O segundo cenário traz Aécio no lugar de Serra. Novamente traz Heloísa Helena entre as opções: Dilma (20%), Ciro (19%), Aécio (18%), Heloísa (8%) e Marina (4%).

É preciso apurar com precisão o destino dos votos de Heloísa, que tende a apoiar Marina, mas não deve levar de maneira integral os votos deixados pela representante do PSOL.

A saída de Heloísa Helena da disputa precisa ser adicionada aos cenários, bem como o teste de uma opção com Ciro Gomes candidato e outra sem o pré-candidato do PSB, que tende a disputar o governo de São Paulo, como garantiu o presidente Lula a interlocutores esta semama.

quarta-feira, novembro 11, 2009

O Pecado da Soberba

Candidatos devem medir o tom de suas palavras, especialmente em suas declarações públicas. Dilma, que já possui uma imagem pouco palatável ao eleitor, cometeu um sério deslize durante o evento de batismo do navio Skandi Ipanema de Eike Batista, ocorrido em Niterói, no Rio.

Dilma partiu para o confronto, alfinetando o governo FHC, fazendo comparações futebolísticas, como "O governo anterior perde de 400 a zero", e classificando de "patética" a comparação do Bolsa-Família com os programas do governo FHC. Disse ainda que entendia o "nervosismo" da oposição e terminou com um tom forte demais, dizendo "Agora pegamos o gosto, e tudo o que nós queremos é comparar".

Dilma precisa lembrar que não é Lula. O Presidente, que é dado a este tipo de discurso, e possui um forte carisma pessoal, ainda impulsionado pelo bolsa-família, sabe até onde pode ir, mas isto não cacifa Dilma a ter o mesmo tom.

Um deslize mais sério pode colocar a perigo todo o trabalho de construção de imagem que está sendo realizado em torno de sua figura e colocar em risco todo o projeto político ao seu redor.

Sobre o Apagão

O Brasil sofreu o maior apagão de sua história na noite de ontem, especialmente se tomarmos por base sua duração e extensão.

Segundo as primeiras informações, o estado mais atingido foi o Rio de Janeiro e a região Sudeste sofreu os maiores danos. Além dos fluminenses, o apagão chegou com força a São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Entretanto, outros estados foram atingidos, especialmente Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco e o Distrito Federal. Também foram sentidos reflexos no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Alagoas, Rondônia e Acre.

O apagão atingiu, em termos de PIB, cerca de 80% do País.

Os órgãos competentes avaliam onde foi o problema, que tem características de ter ocorrido na trasmissão.

A imprensa internacional deu destaque ao problema ocorrido no Brasil, lembrando sempre que o País sediará a Copa do Mundo e a principal cidade atingida, o Rio de Janeiro, sediará as Olimpíadas. A multiplicação dos arrastões por vários bairros da cidade foi destaque. Não se via polícia na rua. A falta de infra-estrutura do País já está sendo apontada como um problema pela imprensa internacional.

Politicamente, a reação do governo será importante, uma vez que a presidenciável do PT, a ministra Dilma Rousseff ocupou por anos a pasta de Minas de Energia. O setor segue controlado em segundo e terceiros escalões e estatais de energia por aliados e indicados da Ministra e do PT, que direta ou indiretamente estão implicados no caso.

A oposição precisa estar atenta, articular-se e cobrar explicações do governo de forma pública e transparente. Não há como deixar de lembrar que a Venezuela tem enfretado apagões diários com Hugo Chávez. Será que a oposição terá a eficácia do PT nos tempos de FHC? O tema certamente renderá politicamente. Resta saber quem terá mais competência na condução do debate.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Muro da Vergonha

Há 20 anos terminava um dos períodos mais sombrios da história.

A queda do Muro de Berlim representou, na Europa, o fim de um regime que precisava cercar suas fronteiras para que seus habitantes não fugissem. Entre 1949 e 1961 foi o que mais de dois milhões e meio de pessoas fizeram. A antiga parte socialista da Alemanha até hoje sofre com os retrocessos que foram impostos pelo regime ditatorial de esquerda.

Uma nova Europa renasceu das amargas cinzas do socialismo. Aqueles, que tiveram experiência semelhante, de conhecer cada um dos países da antiga Cortina de Ferro, conhecem também os detalhes das prisões políticas, das violações aos direitos humanos e do luxo que cercava os membros dos partidos socialistas.

A Alemanha dá uma grande lição em lembrar que o pesadelo não será esquecido e que a liberdade surgida com a queda do Muro de Berlim deve ser festejada e lembrada como uma conquista não só dos alemães, mas também de húngaros, tchecos, poloneses, búlgaros, eslovacos, croatas, ucranianos e tantos outros que pereceram tentando fugir dos horrores do comunismo.

O Muro de Berlim construído pelos socialistas, que era formado por valas de cerca metálica, cabos e alarmes, trincheras, 300 torres de vigilância e 30 bunkers, felizmente se foi. Hoje felizmente existe somente uma Alemanha, livre a capitalista.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Heloísa embola disputa em Alagoas

A decisão de Heloísa Helena em sair candidata ao Senado complicou a disputa em Alagoas. É o que dizem as pesquisas.

Na disputa presidencial, Dilma patina com 13% e Serra lidera com folga, alcançando 44%. Até aí nenhuma surpresa, já que Alagoas foi o único estado onde Lula conheceu a derrota para Serra em 2002.

Entretanto, quanto a disputa pelas duas vagas ao Senado, a disputa toma outros contornos com a entrada de Heloísa Helena. Ela sai de 52% e o ex-governador Ronaldo Lessa alcança 44%. Se o quadro for mantido, isto significa que Renan Calheiros estaria fora do Senado, pois atualmente chega a apenas 34%.

O quadro está longe de ser definido, mas já fez soar o sinal de alerta. Se Renan sair em apoio a Dilma e esta não emplacar, isto pode inclusive dificultar sua campanha pela recondução ao Senado. Apesar de Renan ser um exímio articulador político, se quiser seguir no Senado, talvez a aliança atual do PMDB com o PT, não seja a mais indicada.

Alagoas é um estado muito interessante e vale a pena acompanhar de perto, afinal de contas, nada foi decidido ainda quanto as candidaturas ao governo do estado. Collor será candidato? Muito ainda pode acontecer.

quarta-feira, novembro 04, 2009

"Change is Hard"

E pouco a pouco a realidade vai tomando uma forma mais definida para Barack Obama. Há alguns dias, em New Orleans, ele trocou o slogan "Change we can believe in" por "Change is hard". Sem dúvida as tão propaladas mudanças são difíceis de realizar e, acreditem, ele ainda pode sentir saudades deste primeiro ano de governo.

Obama tem maioria no Congresso, pelo menos até o ano que vem, quando ele enfrenta as suas primeiras eleições parlamentares em meio de mandato. Se perder a maioria, a coisa pode complicar.

As chances de perder esta valiosa maioria é uma realidade. Ontem, apesar dos esforços pessoais de Obama, os democratas perderam os governos de dois valiosos estados: Virgínia e New Jersey, que passaram ao domínio republicano. Não seria preocupante se o segundo não fosse um feudo democrata onde o governador Jon Corzine tentava uma reeleição que não conseguiu. Na Virgínia, os republicanos terminaram com um reinado de oito anos dos democratas no comando do estado.

Apenas para recordar: Obama venceu McCain em ambos estados nas eleições presidenciais. Sem dúvida, o Presidente está certo, "change is hard".

terça-feira, novembro 03, 2009

Um vice para os Tucanos

Confirmando-se a escolha de José Serra para concorrer pelo consórcio oposicionista, abre-se a vaga de vice, naturalmente, se assim desejar, de Aécio. Entretanto, aparentemente o Governador de Minas rejeita a idéia.

Neste caso, os partidos que apoiarão os tucanos, tentarão a todo custo emplacar alguém do seu grupo. Existe, como já escrevi aqui, a possibilidade de Aécio não aceitar a vice e indicar um nome seu, no caso Itamar Franco. O problema é que Itamar ocuparia espaço pelo PPS, algo que não agradaria de forma alguma o DEM.

Os Democratas tem uma vasta lista de nomes a apresentar a José Serra, mas todos também tem suas pretensões regionais e vôos políticos próprios. José Agripino Maia tende a disputar a reeleição para o Senado, o mineiro José Roberta Arruda tende a disputar a reeleição no Distrito Federal, César Maia indica que pode entrar na disputa pelo Senado no Rio e assim a lista cresce. Existem outros nomes não muito cogitados que seriam interessantes, como o deputado baiano José Carlos Aleluia e o Senador por Goiás, Demóstenes Torres. Os Democratas têm, como disse, uma vasta lista de nomes.

Mas insisto: a eleição passa por Minas Gerais e, caso Serra seja candidato, o vice deveria vir de Minas. Caberá aos tucanos o trabalho de convenver Aécio a aceitar a dobradinha. Se desejam vencer, os tucanos não podem vacilar como há quatro anos atrás.

segunda-feira, novembro 02, 2009

PSOL acena para Marina

Como já havia comentado por aqui, Heloísa Helena deixará o "sacrifício" de ser candidata a Presidente de lado e tentará um confortável assento no Senado Federal que lhe renderá oito anos de presença parlamentar.

Na acirrada disputa pelo Senado em Alagoas, Heloísa terá uma grande aliada, Marina Silva, que disputará o Planalto pelo PV. A troca de apoios parece seguir um curso natural e o PSOL deve apoiar os Verdes na campanha presidencial.

Os interlocutores de Marina no PSOL são, além da própria Heloísa, Ivan Valente (SP) e Chico Alencar (RJ) e o senador José Nery (PA). Apesar de o PSOL ser um partido pouco flexível a acordos políticos, este tem toda a chance de ser fechado, já que é o desejo de Heloísa Helena.