quarta-feira, maio 30, 2007

Izquierda Abertzale eleita el listas da ANV

Todos sabiam que as listas da ANV continham membros da Izquierda Abertzale, ligados ao Batasuna, braço político do ETA colocado na ilegalidade. Algumas listas foram impugnadas, cerca de 133, mas não todas.

A Acción Nacionalista Vasca foi eleita para participar de governos e parlamentos municipais no País Vasco (Euskadi) e Navarra. Ou seja, provavelmente membros do Batasuna voltaram formalmente ao jogo político por intermédio das listas da ANV.

Suas listas foram as mais votadas em cidades como Oiartzun, Hernani y Bergara na província de Guipúzcoa e Elorrio em Vizcaya.

Arnaldo Ortegui votou com sua carteira de habilitação, já que não reconhece a carteira nacional de idenficação (DNI) espanhola como um documento válido.

Panorama geral das eleições

O Partido Popular alcançou o maior número de votos nas eleições municipais e autonômicas. Isto não acontecia há sete anos. Portanto, foi um resultado importante. As estrelas do partido estão cravadas em Madrid e Valência, com vitórias contundentes e, assim, históricas.

No geral, o quadro parece similar ao que havia. O PSOE manteve o poder nos seus feudos tradicionais, como Extremadura e Castilla La Mancha. O PP foi forte como sempre em Madrid, Comunidade Valenciana, La Rioja, Murcia e Castilla y León, onde venceu por maioria absoluta. Os populares tentavam arrancar as Asturias das maõs dos socialistas, o que não ocorreu por pouco. Mas por outro lado, pode ser que os socialistas, aliados aos nacionalistas, tirem o PP do poder em Navarra, que hoje é o principal foco de articulações políticas, onde o PP venceu, mas nacionalistas e socialistas podem formar governo criando sua maioria.

O quadro geral eleitoral foi assim:

PP: 35,6% - 7.909.939 votos

PSOE: 34,9% - 7.752.635 votos

Outros: 29,5%

O PSOE teve um ótimo desempenho nas Ilhas Canárias, onde saiu da terceira força política para ocupar o primeiro posto. Por lá, se os populares se aliassem aos nacionalistas, poderiam impedir o PSOE de governar, mas o PP já disse que aceita a vitória socialista e fará oposição. Esperam a mesma posição do PSOE em Navarra, mas tudo indica que isto não ocorrerá.

Vale lembrar que não ocorreram eleições na Andaluzia, País Basco, Galícia e Catalunha, apesar de ter ocorrido eleição municipal em alguns municípios dessas Comunidades Autônomas, como Sevilha e Barcelona.

A participação ficou em 63,9%, menor do que em 2003, que foi de 67,4%.

Neste ano o PP ganhou em votos absolutos, mas o PSOE ganhou em número de municípios, ou seja, irá manejar mais recursos públicos que os populares. Já Madrid foi uma vitória mais que simbólica para o PP, enquanto todas as atenções se deslocam para a formação de um governo em Navarra.

Os votos de Espe

Esperanza Aguirre, Presidenta da Comunidade Autônoma de Madrid, obteve uma votação expressiva. Aumentou em 98.446 votos as listas de seu partido, o PP. Fez a maioria absoluta na Assembléia de Madrid, elegendo 67 deputados, e tomou muitos votos dos socialistas, que elegeram somente 42 e tiveram um decréscimo de 158.354 votos em relação a 2003. O resultado final foi:

Esperanza Aguirre: 1.497.641 - 53,30%

Rafael Simancas: 981.116 - 33,46%

Espe fez uma ótima campanha, consolidou o partido como maioria na Comunidade de Madrid, deixou os socialistas sem chances. Mas obteve menos votos que Gallardón na cidade de Madrid.

Se Esperanza almeja vôos mais altos, o resultado não foi completamente bom, especialmente em razão do êxito do seu desafeto e colega de partido. A renovação da direção partidária do PP passará por essas duas pessoas no futuro.

Gallardón, o grande vencedor

As eleições geram fatos interessantes. Dentro do PP foi a vitória do prefeito de Madrid, Alberto Ruiz-Gallardón. Ele obteve 55,54% dos votos na capital, um recorde absoluto, uma vitória contundente, que serviu para consolidar seu nome dentro do partido, já que entregou aos populares sua votação mais expressiva.

Gallardón também se consolidou frente à Esperanza Aguirre, a Presidenta da Comunidade Autônoma. Havia uma disputa interna para saber quem obteria mais votos, naquele que se consolidou como o novo grande feudo do PP. Espe obteve votação que lhe garantiu a maioria absoluta. Na cidade de Madrid, entretanto, Gallardón obteve 875.571 votos. Ou seja, 11.726 a mais que Espe. Isto fez um pouco da diferença e deixa o prefeito com ligeira vantagem em relação a Presidenta na correlação de forças internas.

A estratégia de Gallardón se consolida. Ele nunca escondeu que almeja Moncloa, mas para isto se concretizar ainda faltam alguns passos. Ele sempre foi conhecido pelo faro político equivocado, que lhe rendeu muitos inimigos dentro do PP, em especial Esperanza Aguirre, que já foi vítima de algumas manobras do prefeito.

O fato é que as urnas legitimaram Gallardón, que prontamente se ofereceu para estar nas listas nacionais no próximo ano. Rajoy disse hoje que ele seria um bom "número 2" na hierarquia do partido, mas que existem vários nomes. Se Gallardón se tornar o número 2 do PP, não tardará a assumir a Presidência do partido. Não tenho dúvida.

Como disse, a estratégia de Gallardón se consolida.

Balanço das eleições. A simbologia das comemorações

Trago algumas considerações sobre as eleições de domingo. É inevitável não enxergar este fato como um termômetro da tendência do eleitorado para as eleições gerais que se avizinham em alguns meses.

Sem dúvida, tanto o PP como o PSOE, independentemente do resultado reivindicariam a vitória. Não foi diferente, mas a impressão que ficou foi de um triunfo do PP, já que com as câmeras das TV's voltadas para Madrid, o resultado da capital influenciaria muito a cobertura nacional. Em Madrid o PP foi avassalador, um trator que nem tomou conhecimento do PSOE. A comemoração com Rajoy, Acebes, Esperanza e Gallardón na bancada da calle Genova, em frente de mais de 500 militantes do PP reforçou esta idéia, já que no mesmo momento, Simancas e Sebastian aceitavam a brutal derrota sociaista no Cícullo de Belas Artes de Madrid, onde acompanharam a apuração e os resultados finais.

quinta-feira, maio 24, 2007

Eleições de domingo

Este final de semana contará com dias e horas dramáticas para a situação e oposição na Espanha.

Faltando pouco menos de um ano para as eleições gerais, que indicarão o Presidente de Governo, 13 das 17 Comunidades Autônomas irão eleger seus novos Presidentes. As únicas que não estarão em disputa serão Galícia, País Basco, Catalunha y Andaluzia.

As cidades autônomas também elegem Presidentes em Ceuta e Melilla.

18,3 milhões de espanhóis poderão participar. Todos nós estamos com as planilhas na mão para verificar a tendência do eleitorado, que pode dar pistas importantes sobre como conduzir a campanha para as eleições gerais.

Uma dica. Quem deseja acompanhar os movimentos eleitorais, busque informação na fonte, em especial nos sites dos grandes jornais espanhóis. A mídia brasileira deixou muito a desejar na cobertura pífia das eleições francesas. Acompanhem também aqui neste Blog e no Parlata.

quarta-feira, maio 23, 2007

Ato de fim de Campanha do PP em Madrid

O PP de Madrid realizará seu ato final de campanha esta sexta-feira, dia 25 de maio, 21 hs, no "Palacio de Deportes" da Comunidad de Madrid (Avda. Felipe II).

É o ato final da campanha de Esperanza Aguirre. Fica registrado para aqueles que desejarem participar. Será uma bonita festa, que além de tudo, contará com o fantástico charme e carisma de nossa linda e competente Presidenta.

Sabedoria Popular

Hoje estive conversando com uma das grandes analistas de pesquisas da Espanha. Paz Álvarez Sánchez-Arjona esclareceu muitos pontos importantes para nós, analistas políticos, especialmente quando lemos pesquisas qualitativas e quantitativas. Conversar com ela é sempre uma aula.

Falamos entre outras coisas dos Focus Groups e da sensibilidade que muitos políticos perdem quando chegam ao poder. Alguns, ao contrário, seguem ouvindo as pessoas, como taxistas, conversas de metrô, conversas com o barbeiro, rodas nas esquinas, coisas típicas de Madrid, por exemplo, que ajudam mais do que se imagina em pontos importantes de programas eleitorais.

E na volta, quando estava em um taxi, como sempre, puxei uma divertida conversa com o motorista. Existe um folclore em Madrid. Dizem quem todos taxistas votam pelo PP e torcem pelo Atlético de Madrid. Este quebrou a regra, torce para o Real Madrid, mas fez críticas interessantes, muitas presentes nos Focus Groups.

Disse que não interessa o partido ou o candidato. Ele não quer votar para qualquer grupo ou pessoa que limite sua liberdade mediante normas que possam restringir atos de sua vida, como fumar, por exemplo. Ele quer menos interferência do Estado em sua vida. Chegou a brincar (mas também falando sério) que na Espanha se vive um período de pseudo-democracia, onde o governo edita mais regras, mandando alguém fazer ou deixar de fazer algo, do que no período de Franco. Vejam só!

Por fim, conclui, de forma sábia, dizendo que não entende o que Zapatero vai fazer em atos do PSOE. "Seu trabalho é sair apoiando os candidatos ou governar? Ademais faz essas viagens com o meu dinheiro, isto é um absurdo".

E as eleições municipais e autonômicas serão neste 27 de março, domingo.

"Cada voto que no venga al PP" servirá para "consolidar la presencia de los terroristas en las instituciones"

Esta foi a frase cunhada por Aznar que está gerando turbulência no mundo político espanhol.

Mas politicamente os socialistas não foram espertos. Ao rebater tão veementemente a declaração de Aznar, deram uma amplitude muito maior do que se esperava para suas palavras, o que pode gerar um efeito inverso do que queriam.

Prova disso é que o líder nacional dos populares, Mariano Rajoy, declarou hoje que cada voto dado ao PP será para "defender a liberdade e pela derrota do ETA". Ou seja, os socialistas ajudam a posicionar o discurso e a identidade da mensagem anti-terrorista para os populares. Quem for tocado pelo discurso, votará no PP neste domingo.

Felipe González e Zapatero tentam rebater Aznar

Felipe González, que depois de ocupar o poder por 14 anos, foi destronado por Aznar nas urnas, veio rebater suas críticas.

González não aparece muito. É notório que não gosta de Zapatero. Mas sempre foi um confidente especial do Rei Juan Carlos, alguém que sempre gostou de estar a par e, de alguma forma, participar do jogo político.

Assim, o surgimento de González neste momento é curioso. Disse que Aznar não havia aprendido nada nos oito anos de Moncloa e que não entendia dos fundamentos da Guerra Civil. Mas reparem, em momento algum defende Zapatero diretamente.

O Presidente de Governo teve que se defender só. E veio com a ladainha de sempre. Disse que os insultos de Aznar se respondem com "votos pela convivência".

Mas certamente o que mais irritou os socialistas foi Aznar dizer que todo voto que não for para o PP no domingo, será de alguma forma direcionado para fortalecer o terrorismo.

Felipe González não gostou desta declaração. Mas falta ainda González explicar o que muitos comentam nos círculos de Madrid. O que ele fazia com Rubalcaba, momentos depois do atentado de 11 de março de 2004, visitando na cadeia o seu antigo chefe dos serviços de inteligência? Terá moral para criticar Aznar? Acredito que não.

Aznar reage contra a perigosa política de Zapatero

Aznar, que foi Presidente de Governo da Espanha por duas vezes, e renunciou a uma terceira disputa que se mostrava tranquila, fez declarações interessantes ontem durante uma reunião dos populares em Aragón.

Aznar se referia a política de confrontação que adora Zapatero desde muito tempo, quando ainda era o líder da oposição e o PP era governo. Esta política que criou um fosso quase que intransponível entre populares e socialistas.

Zapatero, desta forma, coloca em risco o futuro da Espanha.

O clima de confrontação criado por Zapatero não encontra similar em qualquer momento pós-Transição. Os Presidentes de Governo Calvo Sotello, Adolfo Suárez, Felipe González e José María Aznar nunca colocaram em cheque aspectos básicos da transição democrática, como um pacto básico, essencial, constitucional.

A postura de Zapatero divide a Espanha em duas partes, o que é muito perigoso, lembrou Aznar, o que conduziu o país a seu período mais duro há 70 anos. Fazia uma clara referência a Guerra Civil.

Aznar está certo. A Espanha não pode correr o risco de perder sua mais cara herança, a Transição pós-Franco e não pode permitir que atos que desencadearam a Guerra Civil e a ascensão de Franco se repitam.

Cada dia mais me convenço da irresponsabilidade do Sr. Zapatero. Um homem que certamente não está à altura do cargo que ocupa, que não concebe verdadeiramente o que é este país.

Não digo isso somente pela minha admiração e proximidade profissional com Aznar, mas por este grande e fabuloso país que é a Espanha, que encontrou ganas e meios de mostrar seu potencial exatamente durante seus oito anos de governo.

Zaplana tenta atrair Rosa Díez e Fernando Savater

O porta-voz dos populares no Congresso dos Deputados, Eduardo Zaplana, declarou que o grupo liderado por Rosa Díez e Fernando Savater é bem vindo para se incorporar ao PP e ajudar o partido a destronar Zapatero, evidenciando que o líder socialista não possui mais confiança para governar.

O PP se tornou, por estratégia, muito acertada, durante os anos 1990, uma espécie de "catch all party" da centro-direita, agregando dentro de si, os mais diversos grupos identificados com este espectro político, como conservadores, democratas-cristãos, liberais, neoconservadores, entre outros.

A idéia de Zaplana é agregar este novo grupo dentro de uma espécie de "guarda-chuva" que seria o PP, qe já possui outras famílias políticas em suas hostes.

Mas está claro para Rosa Díez e Fernando Savater que o ponto principal de seu projeto é se contrapor ao sistema de dois partidos atual, abrindo caminho para uma força de centro que possa ajudar na governabilidade evitando pactos com os nacionalistas.

terça-feira, maio 22, 2007

Rosa Díez e Fernando Savater tentam criar um novo partido nacional

O sistema político espanhol é uma espécie bi-partidismo imperfeito. Existem duas grandes forças políticas, uma ao centro-esquerda, com o PSOE e outra ao centro-direita, com o PP.

A consolidação desses dois grupos como forças políticas expressivas derivam da engenharia política de dois homens, Felipe González no PSOE e José María Aznar no PP. Ambos ocuparam a Presidência de Governo e souberam aproximar seus partidos do centro político.

Entretanto, atualmente existe uma séria cisão na política espanhola, uma espécie de fosso praticamente intransponível entre os dois partidos, impulsionada, na minha opinião por Zapatero, desde que ocupava o cargo de líder da oposição.

Esse fosso político impede uma grande concertação, como ocorreu na Alemanha, por exemplo, especialmente quando o eleitorado está dividido praticamente meio a meio.

Quem desempata este jogo sempre são os partidos nacionalistas, que com seus poucos deputados são o fiel da balança neste jogo complexo. Entretanto, o preço a ser pago por pactar com os nacionalistas muitas vezes é muito alto.

Na esteira desta realidade, um grupo de pessoas se reuniu no País Basco com o objetivo de criar um partido de centro, com o objetivo de unir os descontentes com o PSOE e o PP. Seria uma alternativa democrática e anti-nacionalista que poderia ajudar os grandes partidos a formar suas maiorias.

As bases deste novo grupo, formado pela eurodeputada socialista Rosa Díez e o filósofo Fernando Savater teria como principais objetivos: lutar contra o ETA, promover uma regeneração democrática, se opor ao nacionalismo obrigatório, e a necessidade de reformar a Constituição para constituir um Estado sólido e igualitário, composto de comunidades autônomas com competência idênticas entre si.

Não tenho dúvida de que há um forte e grande espaço para um partido de centro na Espanha, como ocorreu com Bayrou na França, já que os grupos políticos espanhóis não tem conseguido ocupar este espaço. A idéia é boa, mas dificilmente se consolidará com as pessoas que estão liderando este movimento.

Mas a idéia está lançada. O político que souber ocupar este espaço, terá êxito.

segunda-feira, maio 21, 2007

PP amplia em Madrid e Valência. PSOE consolida Sevilla e Barcelona

O diário El País apresentou uma pesquisa do Instituto Opina para a eleições de domingo. No que tange as prefeituras, o instituto mostra a consolidação dos populares em Madrid e Valência. Estas cidades se transformaram quase em um terreno impenetrável para os socialistas, especialmente Madrid, onde os populares devem ampliar a maioria absoluta.

A Andaluzia possui uma tendência pró-PSOE. Pode ocorrer fortalecimento dos socialistas por lá, especialmente em Sevilla. Contudo, Málaga tende a ficar com o PP.

Barcelona tende a ficar com os socialistas, especialmente se sair um acordo com a CiU. Mas é esperar para ver.

Zapatero diz que não negociou com o ETA. Será?

Zapatero esteve em atos dos candidatos do PSOE neste final de semana. Durante um encontro em Sevilla respondeu a alguns rumores que correm por Madrid.

Disse que não negociava com o Batasuna antes de chegar ao governo e que não tem negociado com o ETA, mas que o governo tem a obrigação de ter a melhor informação possível. Soou ambíguo.

No contra ataque disse que o líder do PP, Mariano Rajoy, está, pela primeira vez, fazendo uso do tema "terrorismo" como uma "ferramente eleitoral", rompendo mais de 30 anos de tradição democrática na Espanha. Ora, mas ainda está fresco na memória de todos que o Sr. Rodríguez Zapatero somente chegou ao governo impulsionado pela reação ao brutal ataque terrorista de 11 março de 2004.

Se alguém se beneficia eleitoralmente do terrorismo, esta pessoa é o Sr. Zapatero e este partido é o PSOE.

Pelo que se ouve em Madrid, e pelo que lê por aqui, está claro que existe uma porta aberta de negociação com o ETA, que coloca seguidamente o governo de Zapatero de joelhos. Só não vê quem não quer.

sexta-feira, maio 18, 2007

Sexta-feira de touros em Las Ventas

Sou um daqueles admiradores das touradas, ou corrida de touros, como se diz em Madrid. A admiração pela tradição é fundamental para entender esta arte, como é chamada na Espanha. Entendo aqueles que não apreciam, mas como nunca fui partidário do politicamente correto, não me importo em declarar minha paixão pelas Corridas de Touros.

Neste semana de comemorações em Madrid, de San Isidro, começa formalmente a temporada das touradas. O dia de hoje na Plaza de Toros de Las Ventas foi fora do comum. A arena lotada assistiu a seis touros que deram muito trabalho.

O ponto triste foi o ferimento de Miguel Ángel Perera pelo segundo touro, ainda no começo. Ele sofreu um corte de 15 centímetros na perna, causando danos musculares e alcançando a tíbia. Ele nos deu susto, mas tudo indica que já está bem.

O ponto alto foi com toureiro francês Sebastián Castella. Ele foi impecável. Deu um show levando a platéia entusiasmada ao delírio. Ao fim, com lenços brancos, o público lhe concedeu a honra de receber as orelhas do último touro e, por fim, saiu carregado nos braços, a maior glória para um toureiro.

Apesar do triste incidente com Miguel Ángel, Las Ventas presenciou uma glória fantástica com Sebastián Castella. Uma tarde inesquecível para todo nós que estivemos por lá. Amanhã tem mais.

O Novo Gabinete Francês

Hoje o novo Primeiro-Ministro francês, François Fillon, anunciou os titulares das pastas do novo governo francês sob orientação do Presidente Nicolas Sarkozy.

Conforme já tinha adiantado aqui neste Blog, houve realmente a inclusão de sociaistas e centristas na nova formação. Como também havia adiantado aqui, Sarkozy optou diminuir o número de ministérios pela metade. Serão 15.

O primeiro nome socialista é Bernard Kouchner, de 67 anos, fundador da organização "Médicos Sem Fronteiras", que assumirá a pasta de Relações Exteriores. Eric Besson, que era o responsável pela área econômica do partido Socialista e que rompeu com estes para apoiar Sarkozy será o novo titular da pasta de Perspectiva e Avaliação de Políticas Públicas.

O centrista Hervé Morin, que não apoiou Bayrou, mas Sarkozy, nos dois turnos, ficará com a Defesa.

Alain Juppé, de 61 anos, que já foi Primeiro-Ministro de Chirac, será um dos homens fortes do governo e ficará com o cargo de Ministro de Ecologia, Desenvolvimento e Planejamento Sustentável.

O antigo ministro de Emprego e Coesão Social, Jean-Louis Borloo, irá para o reestruturado Ministério da Economía, Finanças e Emprego. Ele será outro homem chave do governo.

A antiga ministra da Defesa, Michèle Alliot-Marie, assumirá a poderosa pasta do Interior, que já foi de Sarkozy.

E Rachida Dati, de 41 anos, descendente de imigrantes marroquinos, é a nova ministra da Justiça. Nada mal para Sarkozy, sempre acusado de mão pesada contra os imigrantes. Vale lembrar que sua mão pesada sempre foi somente contra os imigrantes ilegais e aqueles que insistem em imigrar para a França e não se adaptar a cultura do novo país escolhido para viver.

Um governo plural, reduzido, experiente. Tem tudo para ser eficiente. Como disse ontem, Sarkozy e Fillon começam muito bem.

A primeira reunião do Conselho de Ministros será hoje.

quinta-feira, maio 17, 2007

Supremo proíbe inscrição da ASB no registro de partidos políticos

Agora é defitinivo. A inscrição do novo partido que incluía antigos membros do Batasuna, braço político do ETA colocado na ilegalidade, foi proibida pelo Tribunal Supremo. A decisão foi unânime, com os votos de 15 magistrados mais o Presidente Francisco José Hernando. A formação ASB, Abertzale Sozialisten Batasuna, não concorrerá nas eleições de 27 de maio.

Os votos dos simpatizantes serão despejados na ANV, Acción Nacionalista Vasca, que seguirá concorrendo, mesmo depois de o Tribunal Supremo e o Tribunal Constitucional declararem ilegais 133 listas apresentadas pelo partido.

Isto porque a ANV seguirá concorrendo com 123 listas. Foram impugnadas 52% do total. Entre as que seguem legais está a candidatura para a prefeitura de Pamplona, em Navarra.

O hábil Sarkozy

Enquanto todos estavam preocupados com a mulher de Sarkozy, Cecília, durante sua posse como Presidente da França, outros movimentos importantes estavam em curso. Enumero alguns deles.

. A viagem de Sarkozy para conversar com Angela Merkel no dia da posse. A França, verdadeiramente "voltou" para a União Européia, como afirmou Sarkozy.

. A habilidade política de estar montando um gabinete com forma de "concertação". Deixou os socialistas sem ação. Nesta sexta conheceremos certamente um governo com centristas, socialistas e conservadores. Tudo isso, sem perder o prumo reformista que o elegeu.

. A nomeação de François Fillon como Primeiro-Ministro. Fillon é um hábil político com muita experiência nos círculos parisienses. Foi ministro no governo de Edouard Balladour na pasta de Ensino Superior e Tecnologias da Informação, no período de Alain Juppé foi responsável pelos Correios y Telecomunicações e com Jean-Pierre Raffarin assumiu os Asuntos Sociais e Educação Nacional. Além disso já foi Deputado da Assembléia Nacional e Senador, além de ter sido prefeito de Sablé-sur-Sarthe (1983-2001) e Presidente da Região do Pais del Loira (1998-2004). Experiência certamente não lhe falta.

Sarkozy começa de maneira singular, com uma habilidade política admirável.

quarta-feira, maio 16, 2007

O Novo Plano de Metrô de Madrid

Pode parecer bobagem, mas vale a pena o registro. São dessas pequenas coisas que mexem com a cidade.

Madrid cresce e se habitua cada vez com um sistema muito eficiente de infra-estrutura, em especial no metrô, agora ampliado.

Esperanza Aguirre entrega ao final de seu mandato mais de 90km de linhas novas de metrô. É um aumento de 30% no sistema, realmente admirável. Entretanto, este ganho leva a uma mudança no plano de metrô da cidade, que deixará o sistema curvo para ter somente ângulos retos, como vemos nas fotos.

As reclamações dos usuários já iniciaram. O plano com curvas original respeita a geografia da cidade, enquanto o novo plano não distingue muito as reais distâncias. Alguns Blogs já recolhem assinaturas contra a medida.

O governo da Comunidade de Madrid diz que a nova versão é mais moderna, como a inglesa. A verdade é que o número de estações não cabe mais no modelo curvo.

A polêmica está só começando, ainda mais tratando-se dos madrilenhos, que possuem uma habilidade sem igual para protestar e pressionar os governos.

terça-feira, maio 15, 2007

La Pradera de San Isidro

Esta terça-feira foi dia de festa em Madrid. Dia de La Pradera de San Isidro, uma das mais tradicionais romarias da cidade.

Tudo estava muito bonito e a festa animada, realmente imperdível. Gostei bastante, aliás, ainda mais porque por lá passaram todos os fortes candidatos madrilenhos para a eleição de 27 de maio. Para variar um candidato, no caso, candidata, roubou a cena.

Esperanza Aguirre, que já havia aparecido para a missa pela manhã, voltou vestida de "chulapa", como muitos madrilenhos, já no início da tarde. Dançou, cantou e animou os vizinhos, como publicaram os jornais. Gostei do que vi. Esperanza, como sempre, tem um timing perfeito.

segunda-feira, maio 14, 2007

Braço político ilegalizado do ETA pede votos para ANV

O Batasuna, braço político do ETA colocado na ilegalidade, assumiu neste final de semana, que sua estratégia para as eleições regionais de 27 de maio, será de votar maciçamente nas listas da ANV.

Em Pamplona, Navarra, Pernando Barrena, porta-voz do Batasuna, disse neste final de semana que está decepcionado com o governo do PSOE, que atuou mediante a Fiscalía General e a Abogacía del Estado, para evitar a apresentação das listas do novo partido ligado ao ETA, o ASB. Segundo Barrena, o processo de paz está enfrentando graves incertezas.

Todos sabemos que o governo ZP está nas maõs do ETA por sua própria vontade. Se o ETA realizar outro atentando antes da eleições gerais, o PSOE será varrido do poder. Berrena está avisando que seu grupo não está contente com o governo. Será realmnente que não está ou é tudo uma cortina de fumaça? Afinal de contas, De Juana foi libertado, a formação ASB certamente seria ilegalizada e ao final de tudo, alguns membros do Batasuna concorrerão em listas da ANV.

Existe algo de estranho no ar.

Fantástico Massa!

Se para os madrilenhos, a boa notícia veio de Barcelona, com o empate no Camp Nou, que alça o Madrid para o topo da classificação, para os brasileiros, a boa notícia também veio da Catalunha.

Felipe Massa foi perfeito no GP da Espanha. Ganhou praticamente de ponta a ponta depois de fazer a pole position. O piloto brasileiro se credencia, depois desta vitória, a segunda seguida, para disputar o título.

Acompanho a Fórmula 1 desde muito jovem, há mais de 25 anos. Neste tempo aprendi a ouvir as palavras sábias de Reginaldo Leme, comentarista da Globo. Ele sempre acreditou em Massa. Então, não duvidem, ali está um futuro campeão. Merecíamos há muito um nome que honrasse nossa tradição na Fórmula 1.

Mas aqui entre nós, o melhor de tudo foi assistir Massa colocar o mal humorado e prepotente Alonso em seu lugar, na segunda curva, em sua própria casa (como mostro na foto). Talvez assim, baixe o topete um pouco. Alonso é um daqueles tipos insuportáveis, a quem o sucesso subiu à cabeça, aliado a falta de educação habitual de muitos espanhóis. Nosso simpático Massa dá de dez, também nesse quesito.

E o Barça cedeu no último minuto

Finalmente o Real Madrid é o líder da Liga espanhola. O Barcelona que liderava até o momento o torneio, cedeu o empate ao Betis no último minuto. Na foto, o treinador "azulgrana" Rijkaard tenta consolar Puyol.

Isto jogou o Madrid, que havia vencido por 4 - 1 no sábado, na liderança da Liga.

O Santiago Bernabéu está eufórico. Será que o Madrid caminha finalmente para vencer a liga? Agora só depende de si mesmo.

sexta-feira, maio 11, 2007

Lançamento das Campanhas na Espanha

Terminada a campanha de Sarkozy, mais uma inicia.

Dia 27 de maio teremos eleições autonômicas e municipais em muitos pontos da Espanha. A Prefeitura e a Comunidade de Madrid estarão em jogo, ambas governadas atualmente pelo PP, respectivamente por Alberto Ruiz-Gallardón e a fabulosa Esperanza Aguirre, para quem sempre não economizo elogios.

Na noite de ontem foram os primeiros atos de campanha de diversos candidatos pela Espanha. Aqui em Madrid estive no ato de abertura de campanha de Esperanza e Gallardón. Uma bonita festa na Praça Colón.

Tudo indica que o PP manterá com folga a prefeitura e a Comunidade de Madrid. As pesquisas para a Comunidade mostram uma Esperanza arrasadora (51,2%). Se sua votação for expressiva como espero, começa a abrir caminho para vôos mais altos.

quarta-feira, maio 09, 2007

Os cortes de gastos de Sarko

Sarkozy já deu os primeiros sinais de diminuição do Estado. Diminuirá o número de ministérios, que hoje é de 30, para 15.

Para quem tem interesse em conhecer um pouco mais sobre os apoiadores e homens de confiança de Sarkozy que podem vir a integrar o governo, vale a pena acessar o site do Le Figaro, que publicou um "Que é quem" muito interessante.

Who's Who : la biographie des hommes du président Sarkozy
http://www.lefigaro.fr/election-presidentielle-2007/20070508.WWW000000338_ceux_qui_vont_compter_en_sarkozie.html

segunda-feira, maio 07, 2007

SARKOZY Président - Os votos de Le Pen

Como este Blog adiantou, a maioria dos eleitores de Le Pen realmente foi para Sarkozy.

68% dos eleitores do líder da Frente Nacional foram parar em Nicolas. Lembramos que Le Pen pregou a abstenção, e cerca de 85% dos franceses compareceram para votar.

Além de ter decepcionado no primeiro turno, seu eleitorado não seguiu sua orientação no segundo.

Imaginava que com a indicação de Le Pen para a abstenção, Sarkozy conseguiria pouco mais da metade dos votos. Foi além e surpreendeu. Le Pen sai extremamente enfraquecido desta eleição.

domingo, maio 06, 2007

SARKOZY Président - www.sarkozy.fr

Quem tiver oportunidade e curiosidade, acesse o site de campanha de Sarkozy (http://www.sarkozy.fr), para assistir um vídeo muito bonito de sua campanha.

Este Blog nunca escondeu sua admiração pelo pequeno e fantástico Sarkozy. Sempre admirei sua postura como político e minha oportunidade de acompanhar em parte esta campanha, de ter conhecido Sarkozy, e ver admirado um homem que venceu defendendo suas convicções, é uma experiência fabulosa.

Já acompanhei dezenas de campanhas, mas quando se está perto de Sarkozy, sentimos que ali está um homem que defende a política como ela deveria ser, um embate de idéias, de projetos e convicções.

Ele merece esta vitória. Sua jornada foi dura e difícil. A recompensa deste belíssimo êxito, vencendo com propostas liberais em uma França historicamente socialista, um político que soube despertar a sede de mudanças e reformas em um país que parecia adormecido, é um daqueles momentos raros na política.

Hoje o pequeno Sarko, um grande orador, um político notável, obteve sua primeira glória de um novo tempo, pois se ele realmente despertar a França deste sono profundo imposto pelos socialistas, nascerá um gigante econômico, uma potência admirável, um modelo de país a ser seguido.

Sarko realmente nos faz acreditar, como ele mesmo pregou, que aujourd'hui, ensemble, tout EST posible.

Merci, Sarkozy.

SARKOZY Président - La fête à la place de la Concorde à Paris

As estações de metrô parisienses de Concorde, Tuileries e Madeleine foram fechadas por volta das 18h45m.

Imaginava-se já que se Sarko vencesse e a festa da vitória se espalharia por ali. Não deu outra.

10.000 pessoas se aglomeram comemorando a vitória de Sarko na "Place de la Concorde". Sarkozy, com sua esposa, Cecília, se dirigem agora para lá.

O entusiasmo e a festa tomam conta de Paris e outras cidades como Lyon. É uma vitória histórica.

SARKOZY Président - O Telefonema

Foi o vencedor quem chamou a derrotada. O telefonema veio de Sarkozy, que ligou para Ségolène antes de se dirigir aos seus eleitores. Uma conversa cordial que não poderia deixar de ser realizada. Foi um bonito movimento de Sarkozy.

SARKOZY Président - Mensagens de felicitações dos líderes mundiais

Os parabéns ao grande vitorioso Nicolas Sarkozy começam a chegar de todo o mundo.

Os primeiros são os países próximos, como a Espanha, pelo chefe de governo, Zapatero, que apoiou abertamente a socialista Royal. Chegam também da parceira ideológica Angela Merkel, da Alemanha e atual Presidente da União Européia. Da Inglaterra, Tony Blair, por telefone. E desde de Rabat, o Rei do Marrocos, Mohammed VI, manda também suas felicitações. Dos Estados Unidos, já chegaram os parabéns de Bush.

Da França, além do cumprimento do presidente Chirac, chegou o cumprimento de François Bayrou, aquele que disse que não votaria em Sarko.

SARKOZY Président - Nicolas discursa na sede da UMP

Sarkozy acaba de fazer seu discurso de vitória na sede da UMP. Foi contido e sério, apesar de estar emocionado.

Iniciou dizendo que os franceses perdiram mudança e ele trará mudança.

Afirmou que deve acabar qualquer sentimento de exclusão com o fim das eleicões.

Pediu respeito aos votos que recebeu Royal. Como na campanha, disse que deseja ser o Presidente de todos os franceses. Não é hora de dividir. Chamou Ségolène ao diálogo e a concertação.

Falou em tolerância e pediu evitar o sectarismo.

Aos parceiros europeus disse que vejam a Europa unida, que se ele enxerga como europeu. Enfatizou a parceria aos povos do mediterrâneo. Chegou o tempo da união Mediterrânea, disse.

E vejam isso, amizade da França com os Estados Unidos. Sarkozy mudará os rumos da política externa francesa, certamente.

Por fim, fez um apelo fraterno aos africanos. Quer ajudar contra doença, fome e pobreza. Disse que deseja decidir juntamente com eles uma política de imigração dentro dos pressupostos da tolerência, liberdade e democracia.

Terminou assim: "Viva a República, Viva a França!!"

Seguiu agradecendo e dizendo, muito obrigado, muito obrigado para todos os presentes.

SARKOZY Président - Nicolas chega para discursar na UMP

Enquanto Ségolène chegou com os vidros fechados em um elegante e luxuoso carro prata para agradecer seus eleitores e reconhecer a derrota, o vencedor Nicolas Sarkozy chega em um Renault Mégane com os vidros abertos ovacionado por uma multidão que canta repetidas vezes "La Marseillaise" em frente a sede da UMP.

Inicia neste momento seu discurso.

SARKOZY Président - Primeiros números estimados

Instituto TNS-Sofres

Nicolas Sarkozy: 53,5%
Ségolène Royal: 46,5%
Brancos e Nulos: 3,5%
Abstenção: 14,5%
Participação: 86% do eleitorado (recorde)


Instituto CSA/CISCO
Nicolas Sarkozy: 53,5%
Ségolène Royal: 46,5%

Nicolas Sarkozy président de la République !!


Os institutos de pesquisa foram unânimes. Sarkozy é o novo Presidente da França.

Neste momento, a bela Ségolène admite a derrota em entrevista coletiva.

Voltarei com mais informações.

sábado, maio 05, 2007

"Faltam 2 dias para acabar com a herança de maio de 68"

No mesmo dia em que vários institutos de pesquisa apontavam seu crescimento, Sarkozy foi contundente em Montpellier. Disse que "faltam 2 dias para acabar com a herança de maio de 68".

Muitos jóvens estão apoiando o candidato da UMP. Quando perguntei a alguns deles se não havia medo de que Sarkozy desmantelasse o sistema de "proteção social" do estado francês, eles foram enfáticos: "Quem se preocupa com o amparo social são as pessoas mais idosas e adultas, que se acostumaram a depender do Estado e votam pelos socialistas. Nós, ao contrário, queremos menos Estado para que possamos escolher o que fazer com nosso dinheiro. Não queremos que o Estado escolha por nós".

Esta declaração bate de frente com as manifestações de estudantes contra o fim do amparo do Estado, que ocorreram em Paris em 2005.

O que me faz pensar que essas "manifestações" em Paris são realizadas por uma minoria barulhenta que se faz ouvir e acaba por pautar a imprensa.

A grande manifestação de jóvens está por vir, e será amanhã, domingo, na urnas francesas. Tudo indica, como mostra o cartaz do estudante nesta foto, que eles querem reformas, que eles querem Sarkozy.

Cai a máscara de Bayrou. Faltou combinar com seus eleitores

François Bayrou deixou cair a máscara. Antes do debate disse que não votará em Sarkozy. Bem, como as opções são duas, dá para imaginar em quem votará.

Podíamos já imaginar esse movimento, quando participou em um debate com Ségolène que mais parecia um bate-papo de bar entre amigos.

Perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. Apresenta-se inclusive em falta de sintonia com seu eleitorado, que segundo as pesquisas migrará maciçamente para Sarko.

E agora Bayrou? Se Sarkozy ganhar, o centro irá para esquerda? Ou já foi?

sexta-feira, maio 04, 2007

Sarkozy com a mão na taça

Enquanto me preparo para deixar a França assim que a eleição presidencial chegar ao fim, recebo números de pesquisas que praticamente enterram qualquer pretensão da bela Ségolène em vencer o pleito presidencial. Só a ocorrência de algo fora do comum e do esperado tira a vitória do candidato da UMP.

Sarkozy fez um debate impecável. Era a última chance de Royal. Sarkozy ampliou a vantagem. Seguem os números.

LE FIGARO - Pesquisa TNS-Sofres-Unilog
Sarkozy: 54,5%
Royal: 45,5%

PESQUISA IPSOS y DELL
Sarkozy: 54%
Royal: 46%

LE PARISIEN - NOUVEL OBSERVATEUR - Pesquisa CSA para Lê Parisien-Tele.
Sarkozy: 53%
Royal: 47%

LIBÉRATION - Pesquisa OpinionWay para o JDD.fr.
Sarkozy: 54%
Royal: 46%.

quinta-feira, maio 03, 2007

Eles não falam francês

Acompanhei as reportagens dos jornais da noite no Brasil e somente existe uma explicação para as equivocadas notícias que divulgam via seus correspondentes aqui na França: eles não falam francês.

Uma reportagem começou assim: "Ele defende a energia nuclear. Ela a energia limpa". Que fique registrado, Sarkozy não defendeu a energia nuclear no debate. Esta defesa ficou a cargo da "energia limpa" Ségolène.

Ao final da reportagem ainda foi dito: "Segundo as primeiras sondagens, ainda via internet, Ségolène ganhou o debate. Era o que ela precisava para virar o jogo".

Na Inglaterra, França e Espanha, as primeiras manchetes já eram em sentido contrário. O The Times disse que a socialista perdeu sua grande oportunidade e que seria uma ótima Primeira Dama. "Royal desaponta seus apoioadores", noticiou na mesma linha.

Enquanto o Brasil seguia em rota de desinformação, os diários espanhóis foram unânimes em noticiar o desespero da socialista que perdeu a cabeça e calma no meio do debate. "El profesor paciente y la alumna cabreada", noticiou o El Mundo.

A explicação para a péssima cobertura tupiniquim, se não for maldade ou incompetência, só pode ser uma: os correspondentes brasileiros não devem falar francês (e nem espanhol, porque poderiam ter acessado os diários madrilenhos...e nem inglês, era só acessar também via internetos londrinos).

E para fechar, um detalhe. O Le Figaro publicou sua pesquisa. Sarkozy ganhou o debate na visão dos 53% dos franceses. Pode ser o mesmo número de sua votação. Enquanto isto, Ségolène atingiu 31%. Nem seus pares acreditaram que ela foi bem.

Leiam mais o nosso Parlata, meus caros, leiam mais o Parlata.

quarta-feira, maio 02, 2007

Le Débat: impressões do Blog

Sarkozy foi mais calmo, sereno. Ségolène, como sempre mais do que belíssima, cumpriu com o papel de quem está atrás nas pesquisas, foi agressiva para induzir o candidato da UMP ao erro. Não conseguiu.

O antigo ministro do Interior centra suas posições em diminuir o tamanho do Estado, enquanto a Presidenta da região de Poitou-Charentes é vaga em dizer como pretende reformar o Estado, para ser mais "eficaz e econômico" segundo ela.

Sarkozy foi mais objetivo e direto. Ségolène conseguiu manter a calma até 22:30, com 1h 30m de debate, quando se perdeu na questão da energia nuclear. A partir daí não conseguiur mais se recuperar diante de um calmo Sarkozy que cada vez lhe provocava mais.

Ségolène estourou por volta das 22:55, com 1h 55m debate, quando ouviu de Sarkozy: "Para ser Presidenta é preciso manter a calma".

Acredito que também faltou para Ségolène a objetividade em temas como a Turquia, onde claramente vacilou quando Sarkozy fez uma pergunta direta e objetiva.

Dizem que debates não podem ser ganhos, pode-se apenas perdê-los. Sarkozy, que vinha na frente, não perdeu. Porque? É simples. Tem idéias claras, experiência e foi objetivo como sempre.

Sem qualquer surpresa contra Sarkozy no debate, ele se encaminha para vencer as eleições presidencias por aqui no domingo.

Le Débat: Conclusões Finais

Sarkozy tirou seu tempo para elogiar sua oponente e enaltecer a República. Ségolène preferiu dizer que não prefere não falar de nomes, mas de idéias.

Para Sarkozy, a crise francesa é a crise do trabalho. Sua revolução é por via do trabalho. Certamente vem via desregulamentação. Tudo é resolvido por via do trabalho, da geração de empregos via corte de impostos. Não há crise moral, há uma crise de falta de trabalho que leva a desagregação moral e da sociedade. "É preciso viver em um país em que as pessoas trabalhem e conquistem suas coisas ao invés de ganhá-las do Estado".

Ségolène diz que não se deve acreditar nela somente porque é mulher, mas lembrou de Angela Merkel, na Alemanha. As mulheres, segundo ela, são capazes. No mais, suas palavras finais seguem como um apanhado geral sobre vários temas, como a proteção do trabalho. Ela vê uma França criativa, imaginativa com sua liderança.

Le Débat: A República

Aqui há uma divergência séria.

Sarkozy acredita que a V República deu uma lição de fortaleza com a alta participação dos eleitores. Acredita em um governo de coalizão e de seu nome como um candidato de um movimento, não somente como um partido. Acredita nas instituições, na democracia e na França republicana.

Ségolène, ao contrário, diz que a instituições francesas estão em fadiga, porque a França mudou, o mundo mudou. Fala em democracia participativa, ao contrário de Sarkozy, que disse acreditar na legitimilidade da Assembléia Nacional. Ela quer refundar a democracia francesa, segundo ela, para uma versão moderna.

Agora seguirão para as consideracões finais. Sarkozy falou 3 minutos a menos do que Royal até aqui.

Le Débat: Imigração

Sarkozy promete apertar na imigração ilegal. Disse que os imigrantes africanos que desejam vir para cá com a família precisarão já possuir casa, trabalho e falar a língua francesa.

Ségolène diz que não se pode deixar que países africanos francófonos sofram, e que eles vem para a França buscar trabalho, moradia e saúde. Pede a ajuda dos outros países europeus com a África. Ségolène apela ao emotivo.

Sarkozy responde que a França não pode acolher toda a miséria do mundo. "Temos o direito de escolher quem viverá em nosso país". É realista, não busca o apelo emocional de Royal.

Le Débat: União Européia

O tema agora é a União Européia. Sarkozy diz que é contra a entrada da Turquia na União. Ele pergunta qual a posição da socialista, já que segundo ele, a Internacional Socialista é a favor. Ségolène não responde. Diz que é preciso de discussão e referendo. "O Presidente precisa ter suas posições", diz Sarkozy.

Le Débat: Ségolène perde a calma

Sarkozy alerta Royal que existe uma diferença entre a França real e virtual. Ségolène havia dito que defende a criação e manutenção de creches públicas. O candidato da UMP é contra e prefere que as crianças fiquem com os pais, em creches privadas, como por exemplo no trabalho.

Ségolène segue a cartilha dos candidatos de esquerda. É agressiva, ataca e mostra indignação. Acusa Sarkozy de mentiroso e de um fraco ministro.

Sarkozy pede que Royal mantenha a calma. A socialista que diz que não ficará calma e começa a perder a cabeça.

Sarkozy provoca a socialista ainda mais. "Não sei como "madame" Royal perde a cabeça assim, uma pessoa sempre tão calma". Ségolène transborda raiva e não deixa Sarkozy terminar de falar.

Sarkozy pede calma mais uma vez, acalma o debate e começa responder de forma tranquila. "Você perdeu a calma com muita facilidade. Um Presidente da República não pode perder a calma assim".

Os mediadores pedem calma a Royal.

Le Débat: O duelo Verde

O debate agora se voltou aos temas relativos ao meio ambiente. Ségolène diz que a França é vista como um país que polui muito e pretende criar vantagens para empresas ecologicamente responsáveis.

Sarkozy responde. Diz que a solução da socialista é criar novos subsídios para tudo e diz não saber de onde ela tirará dinheiro para tudo isso. Segundo Sarkozy é preciso diminuir impostos para criar mais postos de trabalho e para que a França pare de perder empresas para outros países da União Européia, que preferem outros lugares com impostos mais baixos.

E a discussão vira para energia nuclear. Sarkozy coloca Ségolène nas cortas. Está errática, diz que defende a energia nuclear e se perde nos números sobre a dependência de energia nuclear da França. Sarkozy corrige a socialista.

O candidato da UMP é enfático: é preciso diminuir a dependência francesa da energia nuclear. Ele é contra a energia nuclear e explica para Royal as diferentes fontes alternativas de energia.

Agora Ségolène se corrige, diz que prefere diversificar a matriz energética, mas ao ser pressionada por Sarkozy diz que sim, é a favor da energia nuclear.

Le Débat: Ségolène vai ao ataque

Ségolène vai ao ataque. Diz que vai criar casas populares decentes e incentivará a criação de empregos gerando uma ajuda para que jovens empreendedores criem seu próprio negócio.

Sarkozy está calmo, parece um professor ensinando Ségolène como governar. A socialista está ficando mais agressiva, atacando Sarkozy. É a estratégia de quem está com 48% das intenções de voto e perdendo. Busca desconstruir Sarkozy de qualquer maneira. Ségolène segue a estratégia correta até o momento. Deixou a posição de defesa e foi ao ataque.

Le Débat: O duelo Sarkozy vs. Royal começou

O candidato da UMP, Nicolas Sarkozy, e a socialista Ségolène Royal começaram há pouco o esperado debate presidencial antes do segundo turno.

Todos aqui na França acompanham o debate. As ruas estão vazias. Esta eleição realmente mobiliza o povo francês.

Grande parte da primeira parte do debate está sendo sobre a polêmica das 35 horas semanais de trabalho, algo sagrado até o momento. Sarkozy ataca fortemente esta medida, dizendo que a França está atrás de outros países porque trabalha menos. É preciso ser corajoso para defender isto na França.

Royal, por sua vez, defende as 35 horas, que segundo Sarkozy oneram a economia francesa em mais de 15 milhões de euros sem trazer benefícios. Ségolène defende que o Estado gaste mais para proporcionar programas que incentivem o trabalho.

Sarkozy diz que Royal somente criará mais impostos.

Ségolène realiza comício de encerramento de campanha em Paris

Foi estimado que Ségolène juntou, em seu comício final de campanha, cerca de 50.000 pessoas, um pouco mais que Sarkozy, que concentrou 40.000.

Ségolène escolheu o estádio aberto de Charléty, em Paris, com capacidade para 45.000 pessoas.

Seu discurso foi fraco em vários sentidos. Apresentou pouco do que pretende fazer, ou seja, continua se colocando como uma incógnita para parte do eleitorado. Atacou muito Sarkozy, especialmente rebatendo trechos do discurso do líder da UMP em seu comício. Foi um erro, deixou-se pautar por Sarkozy, um erro básico em qualquer campanha.

A repercussão aqui pela França do comício de Sarkozy foi mais forte, ou seja, Ségolène perdeu uma boa oportunidade.

Confesso que preferi o comício de Sarkozy, ademais, o líder da UMP tem uma presença muito mais marcante que a bela Ségolène, que ainda demonstra um pouco de fragilidade.

Royal teve seus méritos também. Fez seu comício no primeiro de maio, aproveitou o dia do trabalho e o feriado, foi agressiva para tentar vincular Sarkozy ao autoritarismo, ou seja, foi incisiva na campanha negativa, algo indicado sempre em eleições que estão em segundo turno. Seus cartazes de campanha estão muito mais bonitos, agora coloridos e mais alegres, valorizando sua marcarte beleza.

Hoje teremos o esperado debate do segundo turno. Comentarei por aqui.

Le Pen prega abstenção no Segundo Turno francês

Le Pen, como já havíamos previsto neste Blog e em meu último artigo que pode ser encontrado no Parlata, anunciou sua neutralidade em relação ao segundo turno das eleições presidenciais francesas.

Segundo ele, votar em Ségolène é "perigoso" e apoiar Sarkozy é "insensato".

Como sempre faz por aqui, reuniu seus eleitores na praça central da Ópera Garnier de Paris para falar com seus eleiotres. Le Pen teve cerca de 3,8 milhões de votos.

O líder da Frente Nacional disse que prefere uma resposta ou uma revanche de seu eleitorado nas eleições legislativas de junho, que influirão na escolha do Primeiro-Ministro.

Mesmo assim, pelo que vejo nas ruas por aqui, a maioria dos votos de Le Pen deve realmente ir para Sarkozy.

Sétima vítima fatal em Palencia

Seguem as buscas em Palencia. Chegou-se ao resgate do sétimo corpo nos escombros. Ainda procura-se por mais duas pessoas, um jovem de nacionalidade romana, Eduard, e uma senhora de avançada idade que se chamaria Petra.

Até o momento, a polícia divulgou como vítimas fatais as seguintes pessoas: Hilario de 57 anos e seis mulheres, L.M.A, de 91 anos; J.M, de 86 anos; A.M, de 83 anos; M.L.G.P, de 63 anos; A.I.A.R, de 35 anos y R.R.B, de 20 anos.

As buscas ainda seguem.

terça-feira, maio 01, 2007

Desabamento de prédio em Palencia

Até agora o número de mortos chega a três, mas pode ser maior. Uma explosão e posterior desabamento de um prédio de 5 andares em Palencia, Comunidade Autônoma de Castilla y León, pode ter sido causada por um vazamento de gás.

O prédio tinha 5 andares e contava com dois apartamentos por andar. Ali vivam entre 35 e 40 pessoas. A explosão causou danos a um raio de 200 metros.

As equipes de resgate seguem no local. Foram encontrados também, até o momento, 10 feridos.

O prédio tinha entre 40 e 50 anos.

Não há, até o momento, qualquer especulação sobre a possibilidade de ter sido um atentado terrorista. Tudo indica que não.

Caso apareça qualquer fato novo, publicarei aqui.