terça-feira, janeiro 26, 2010

Venezuela Radicaliza

O regime de Hugo Chávez dá sinais claros de fadiga na Venezuela e corre o risco de balançar. A sucessão dos fatores que colocam seu projeto em risco tem aumentado consideravelmente.

Os sustentáculos do governo chavista tem entrado em colapso com a passagem do tempo. A administração ineficaz da máquina do Estado, ao mesmo tempo que esta avança ferozmente sobre a propriedade privada e as empresas do País, é somente um dos elementos. Outros estão calcados em fatores como a baixa do preço do petróleo, que aliado a incompetência administrativa, tem deixado os venezuelanos literalmente no escuro.

Os apagões e racionamentos são constantes e como se não fosse o suficiente, a incompetência do governo deixou a inflação disparar e e desemprego subir. Como todo o regime de exceção acuado, Chávez resolveu radicalizar ainda mais e avançou sobre o que restava de imprensa livre no país. Com a Venezuela em estado econômico lastimável e população nas ruas, qualquer regime autoritário busca tomar as rédeas da informação, buscando controlá-la a seu modo. Chávez segue o scprit.

Seus aliados começaram a deixar o governo, incluindo-se aí o Vice-Presidente e Ministro da Defesa, a Ministra do Meio-Ambiente e o Presidente do Banco Central.

Se Chávez não tomar cuidado, talvez não seja a oposição que passe a ocupar o Palácio de Miraflores, mas seus antigos aliados.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

PMDB na Vice

Mais uma vez o PMDB será acessório em uma campanha presidencial. Refém de si mesmo, de uma estrutura regionalista, sem diretrizes nacionais, deve partir mais uma vez fracionado para a disputa presidencial.

O capitão do time do PMDB desta vez é Michel Temer e o destino da aliança é com o PT, na chapa de Dilma, ocupando a vice. Apesar de ser especulada a possibilidade de uma lista de peemedebistas para formar a chapa com a petista, não há quem não coloque todas as fichas no próprio Michel, nem o próprio PT, que tem jogado contra.

A chapa Dilma-Michel tem virtudes para o mercado, especialmente parte do empresariado paulista que aposta na manutenção das políticas atuais do governo, coordenadas também diretamente por Michel Temer.

A chapa também possui fraquezas, das quais falaremos mais a frente, assim como a força política da dupla, que será analisada com mais calma em outros comentários.

O fato é que o PMDB indicará o vice, mas fracionado ou não, isto não quer dizer que estará fora do próximo governo, em caso de triunfo tucano. Não se governa o Brasil sem o PMDB e seus cardeais sabem muito bem disso.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Caminho aberto para Renan

A disputa pelo Senado em Alagoas tinha tudo para ser muito acirrada. Além de Heloísa Helena, que desistiu da disputa ao Planalto para garantir oito anos na Casa, outros fortes postulantes buscavam a outra vaga, Ronaldo Lessa e Renan Calheiros.

Renan aparece atrás dos outros dois postulantes nas pesquisas. Lula tratou de salvá-lo. Pediu que Lessa, que possui 44% das intenções de votos, abandone a disputa pelo Senado, abrindo caminho para a recondução de Renan. Lessa, pelo visto topou, mas existem pontos que precisam ser amarrados.

O ex-Governador disse que somente tentará chegar ao cargo novamente se houver uma grande aliança em torno do seu nome. Isto quer dizer PT, PMDB, PC do B, PR e PP. Precisa ainda do apoio explícito de Dilma, para a qual forneceria palanque. Lessa se refere a disputa como um sacrifício que faria por Lula.

Resta, como disse, acertar alguns pontos, como a também possível candidatura de Collor ao governo do Estado. Entretanto, pelo que se desenha, Serra estaria no palanque do atual governador Teotônio Vilela Filho e Dilma fecharia com Lessa.

É esperar para ver os próximos fatos. Apesar de Alagoas ser um estado com pouca densidade eleitoral, possui políticos que influem de forma decisiva na política nacional, daí sua fundamental importância.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Vitória épica em Boston

Desde 1930 o partido Democrata domina a política de Massachusetts. No Senado, a presença beirava a unanimidade. John Kerry, que ocupa uma das vagas, tentou chegar inclusive a Presidência em 2004. O outro, Edward Kennedy, ocupou a cadeira por quase 50 anos, falecendo durante o mandato no ano passado.

Assim uma eleição especial foi convocada. O partido Democrata apresentou Martha Coakley, secretária de Justiça de Massachusetts, e os republicanos escalaram para a disputa o advogado Scott Brown. Martha Coakley iniciou a campanha com larga vantagem, mais de 25 pontos de diferença. Scott Brown foi crescendo e depois de mostrar chances reais de vitória, um alerta foi lançado no Partido Democrata. Barack Obama rumou até Boston para evitar a derrota. Não obteve sucesso. Martha Coakley recebeu 47% dos votos e Scott Brown atingiu 52%. O republicano agora ocupará a cadeira que foi de Edward Kennedy por quase meio século.

A derrota democrata em Massachusetts é também uma derrota para Barack Obama, que hoje lidera o partido e envolveu-se pessoalmente na campanha. Além disso,é inconcebível perder no Estado de mais forte tradição democrata nos Estados Unidos e por fim, deixar nas mãos do republicanos a mais emblemática cadeira do Senado americano, ocupada por Ted Kennedy.

Obama, com a perda da cadeira em Massachusetts, perdeu a maioria legislativa no Senado para aprovar sua reforma do sistema de saúde, seu projeto mais importante. E tudo isso acontece exatamente no aniversário de sua posse na Casa Branca. Obama é o presidente com popularidade mais baixa depois de um ano de mandato na história recente norte-americana.

Massachusetts foi apenas uma prévia do que pode acontecer ainda este ano nas mid-terms elections para o Congresso. Obama precisa mostrar serviço em casa.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Piñera chegou lá

O Chile mostra-se como o mais amadurecido dos países latino-americanos. Isto se deve, antes de tudo, por ser um país com economia aberta, o que proporciona um sistema político oxigenado e plural.

No Chile discute-se idéias. Existem grupos políticos definidos, com visões claras sobre os modelos que podem ser adotados. Mais do que discutir pessoas, na política chilena debate-se sobre projetos de país.

A Concertación, grupo que aglutina os grupos de esquerda no espectro político, governa desde o fim dos tempos de Pinochet e teve um papel importante na transição. Em qualquer momento, entretanto, o grupo ameaçou com a quebra de regras e contratos ou foi seduzido pelo populismo, que no Chile, devido a abertura econômica, não encontraria eco.

A eleição de Piñera traz algo de simbólico na política chilena. Finda a transição, chegou o tempo da alternância democrática e salutar das visões políticas que dirigem o Estado.

O Chile deu uma lição de estabilidade democrática a um continente cercado de políticos e grupos que flertam com idéias e práticas políticas menos nobres.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Mercadante em São Paulo

Realmente as preocupações com a situação do PT em São Paulo se intensificam. Sem um palanque forte para Dilma e um nome consistente para o governo, faz com que uma solução seja encontrada de forma urgente.

Várias saídas já foram cogitadas. Entre elas, o lançamento do nome de Ciro Gomes, além de Antônio Palocci, que em tese teria dificuldade de empinar sua candidatura, e Emídio de Souza, sem a densidade eleitoral necessária para ajudar Dilma.

Por essas e outras surgiu o nome de Mercadante como um candidato que teria a densidade necessária para alavancar uma candidatura consistente e forte, que ajudasse na eleição presidencial.

O problema é que Mercadante pretendia tentar a reeleição para o Senado. Entrar na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes é arriscado, já que os tucanos vencem em todas as projeções ainda no primeiro turno. Neste caso Mercadante iria para o sacrifício no sentido de garantir um palanque para Dilma. Estaria disposto a abrir mão de sua reeleição para o Senado?

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Gabeira entra na Disputa

"Se todos se sentirem confortáveis, eu topo". Foi com esta frase que o deputado Fernando Gabeira deu o primeiro passo para concorrer ao governo do Rio.

Entendemos por todos, os sócios na disputa, PSDB, DEM e PPS, que com suas estruturas podem ajudar muito na construção do projeto. Assim, a disputa no Rio vai tomando contornos definidos, já que Garotinho e Cabral também estarão no páreo.

A presença de Gabeira como candidato ao governo também tem uma função política nacional importante, uma vez que abre espaço para Marina e Serra terem um palanque no Rio de Janeiro, que até o momento estava sem um postulante fora da área de influência de Lula.

Se de um lado resolve um problema, do outro o PT ainda possui um pior, a falta de um candidato consistente em São Paulo. Se Gabeira empinar sua candidatura, como fez na cidade do Rio de Janeiro, e impulsionar as candidaturas de Serra e Marina, será preciso um esforço forte do governo para recuperar os votos perdidos no estado do Rio em outros lugares. Votos com os quais contava. Com a decisão de Gabeira, a disputa começa a tomar uma característica nacional.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Eleições na Ucrânia

A "Revolução Laranja" ficou para trás, é o que se escuta em Kiev. Dias antes da eleição presidencial na Ucrânia, os sonhos de uma nação forte e associada à Europa parecem mais distantes.

O líder das reformas e da virada ocidental contra a influência russa, Viktor Yushchenko, está desgastado. A disputa agora se dá entre sua antiga aliada (de idas e vindas) Yulia Tymoshenko e o candidato pró-russo derrotado por Yushchenko em 2004, Viktor Yanukovych.

Tymoshenko, charmosa e polêmica, é atualmente a Primeira-Ministra. Seu carisma impulsiona seus números para além dos 19%. Entretanto, seu oponente, Yanukovych, ultrapassa a barreira dos 40%. Deverá ocorrer segundo turno, mas Yanukovych, impulsionado pela metade da Ucrânia mais ligada à Rússia (e deixada de lado por Yushchenko) está perto de vencer.

A União Européia mais uma vez observa com atenção a eleição ucraniana e a possibilidade da influência russa sobre o país deixa Bruxelas atenta. A falha de Yushchenko em aproximar sua nação do ocidente pode ter jogado a Ucrânia nas mãos do Kremlin.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Fujii deixa gabinete japonês

Hatoyama enfrenta a primeira baixa em sua equipe. Quem deixou o time foi o experiente Hirohisa Fujii, ministro das Finanças e o membro mais experiente do gabinete. O motivo alegado foi sua saúde.

Talvez seja coincidência, mas o fato ocorre exatamente no momento em que Hatoyama começa a ser cobrado por resultados que ainda não chegaram. O substituto, vice-primeiro-ministro Naoto Kan, é conhecido como o "irritável Kan".

Na realidade, Hatoyama perdeu o decano de sua equipe por desentendimentos com o secretário-geral do Partido Democrático, Ichiro Ozawa. Kan é um dos fundadores do partido. Tudo foi recolocado, assim, em seu devido lugar no jogo político.

A taxa de apoio a Hatoyama segue caindo e desceu abaixo dos 50%. Sua desaprovação já passa da casa dos 30%.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

O Vácuo de Dilma

Tudo indica que Dilma ultrapassou os 20% de intenção de votos. Isto ainda precisa ser confirmado por pesquisas de outros institutos, mas se realmente for verdade, será a primeira vez que a Ministra mostrará alguma musculatura própria na corrida presidencial, ainda que impulsionada por Lula.

Para alcançar tal patamar sua agenda foi avassaladora nos últimos anos. No primeiro semestre de 2009 teve em média 51 compromissos mensais em eventos na agenda, subindo na segunda parte do ano para 75. Tudo exposição para se fazer conhecida ao lado de Lula.

O período de preocupação começa com a obrigatória desencompatibilização em abril. A Ministra terá que obrigatoriamente deixar o governo. Não poderá andar com Lula inaugurando obras e participando de eventos. Poderá voltar a berlinda somente em julho com o início da campanha eleitoral. Para aqueles candidatos já conhecidos, como Ciro ou Serra, será um período menos difícil do que para Dilma, ainda desconhecida da maioria do eleitorado.

A Macropolítica, onde trabalho com consultor, calculou que foi necessária a presença da ministra em 768 eventos em 2008 e a 621 em 2009 para chegar aos 20%, ainda colados na popularidade de Lula. Ainda existe muito trabalho a ser feito e a distância dos holofotes entre abril e julho abre um vácuo que precisa ser preenchido por seus consultores políticos, sob o risco de sua candidatura não empinar com a envergadura necessária.

Para enfrentar o período magro, o PT acredita que ela termine abril consolidada acima dos 25%, quase com com 30%. Para isso, precisará mostrar força política própria, especialmente na consolidação dos acordos políticos com seus aliados e carisma pessoal. Se ela passar bem por esse período, chega com chances. De outro modo, corre o risco de ser cristianizada.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Cristóvam pensa no Buriti

Depois do escândalo que abateu o governo José Roberto Arruda em Brasília, o PSDB e José Serra buscam um palanque no Distrito Federal. Paulo Octávio, vice de Arruda, pode concorrer ao Buriti, mas, envolvido nas denúncias que atingiram o governno Arruda, suas chances são pequenas. O nome que desponta como virtual vencedor nas eleições do DF é Joaquim Roriz.

Isto mexeu com os brios do senador Cristóvam Buarque, atualmente no PDT, e adversário histórico de Roriz. Circula que Cristóvam poderia sair candidato ao governo. O cenário, neste caso, pode ser a saída para o governador José Serra no Distrito Federal.

O senador do PDT está rompido com o PT desde que deixou o partido. No Distrito Federal, o candidato do PT é Agnelo Queiróz, ex-PC do B. Se Cristóvam decidir entrar na disputa, a candidatura de Agnelo seria abalada, pois o senador tem eleitores entre aqueles simpáticos ao PT.

Cristóvam é grato aos tucanos, que apoiaram sua candidatura em 1994, mesmo que no plano nacional PSDB e PT tivessem travado uma batalha eletoral. Resta saber se ele abrirá mão de uma eleição praticamente garantida ao Senado, que lhe daria oito anos de mandato, pela incerteza da disputa ao governo do DF, onde Joaquim Roriz ostenta mais de 40% das intenções de voto.

Existe mais um ponto a ser considerado. O PDT tende a sair de mãos dadas com Dilma, capitaneado pelo ministro Carlos Lupi. Em caso de acordo entre Cristóvam e os tucanos, os trabahistas teriam que abrir mão da dobradinha no Distrito Federal, algo delicado de ser negociado.

Mas que tudo isso seria perfeito para tucanos, ah isso seria.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Cabral criticado

Os deslizamentos em Angra dos Reis atingem de forma direcionada o governador do Rio, Sérgio Cabral. As primeiras e mais contundentes críticas vieram da demora do governador em aparecer, chegando a levantar suspeitas de que ele estava no exterior. Não estava, ao contrário, encontrava-se perto de Angra, assim como o ministro do Meio-Ambiente, Carlos Minc.

O Vice-Governador do Rio, no vácuo deixado por Cabral, apareceu em Angra dos Reis já no primeiro dia do ano, coordenou a ação do governo, prestou solidariedade as vítimas e atendeu pacientemente a imprensa, ou seja, se fez presente, da maneira correta no momento mais importante. Luiz Fernando Pezão fez aquilo que se esperava de Sérgio Cabral.

Carlos Minc nem passou por Angra, deixando logo o estado do Rio e até o momento não se pronuniciou sobre uma matéria que é um dos assuntos principais de sua pasta. Cabral, com atraso, chegou até Angra dos Reis, mas neste momento não havia mais muito o que fazer. Pezão já tinha ocupado o espaço necessário no calor do momento, quando a população necessitava respostas, auxílio, solidariedade e ações diretas do Estado.

Agora a cobrança sobre o governador do Rio será incansável, especialmente em ano eleitoral. Cabral abriu um flanco de ataque político desnecessário, que seria coberto facilmente com sua ação pessoal imediata depois dos deslizamentos em Angra. Seus adversários políticos já começaram a se movimentar, lembrando que em junho de 2009, Cabral assinou o decreto nº 41.921, que flexibilizou as regras de construção na Área de Proteção Ambiental, o que atinge o ponto central da questão em Angra dos Reis. Cabral terá que correr atrás do tempo perdido.