sexta-feira, novembro 30, 2007

A Bélgica em Crise

(de Veneza, Itália). A Bélgica ainda não achou uma solução para a crise de identidade que afeta o país. Completamente dividida, a Bélgica está sem governo há mais de 170 dias.

Tudo indica que o vencedor das eleições, Yves Leterme, deve desistir, pois seus esforços de formar um governo estão sendo em vão.

Estive há pouco em Bruxelas e por lá cresce um movimento de orgulho em relação a país, um último esforço daqueles que sentem-se belgas para que o país não termine. Vejam a foto que publico com esta postagem.

Entretanto, o Guy Verhofstadt, o primeiro-ministro que deveria sair continua despachando ordinariamente, enquanto o impasse não se resolve.

A Bélgica segundo uma piada entre os liberais é o melhor exemplo que uma sociedade pode sobreviver muito bem sem governo..

quarta-feira, novembro 28, 2007

Kosovo e Sérvia. Fracassa a tentativa de acordo

(de Viena, Áustria). Acabou em Baden, na Alemanha, a rodada de negociações entre Kosovo e Sérvia, amparados pela mediação internacional, com o objetivo de definir o futuro do Kosovo.

Tudo ficou como estava. A Sérvia propõe ampla autonomia, enquanto o Kosovo não aceita nada menos do que a independência.

Atualmente o Kosovo é administrado pela ONU e depois das eleições ocorridas recentemente, tudo indica que uma decisão de independência unilateral seja declarada. Pelo menos esta é a posição do Primeiro-Ministro Hashim Thaçi.

Se esperava aqui em Viena, onde ocorreram grande parte das negociações, que algo pudesse ser acordado até o prazo final, dia 10 de dezembro, mas depois da reunião fracassada em Baden, decidiu-se que o período de negociações com a mediação atual foi encerrado.

terça-feira, novembro 27, 2007

O futuro da Grécia

(de Viena, Áustria). A Grécia precisa de reformas, especialmente aquelas que podem levar mais liberdade econômica e dar musculatura ao potencial que o possui. Durante os dias que passei em Atenas verifiquei as reações e o território político por onde circula o governo recém reeleito de Costas Karamanlis.

O Primeiro-Ministro lançou-se em um jogo arriscado, assim como vários outros governantes que cederam aos pedidos partidários de antecipação das eleições. O resultado foi que sua base parlamentar saiu arranhada, com a perda de 14 cadeiras no Parlamento. O bloco conservador de Karamanlis agora possui uma estreita margem de 2 votos a favor, em um Parlamento com 300 membros.

Há 30 anos não se enxergava um Parlamento tão equilibrado na Grécia. Isto significa que o principal objetivo de Karamanlis, que residia no avanço das propostas de livre mercado, talvez seja bloqueado pelo grupo alinhado mais a esquerda. Seria uma pena para a Grécia.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Berlusconi prepara sua volta?

(de Atenas, Grécia). Já há alguns dias gostaria de registrar o anúncio de Berlusconi, que deu sinais de sua estratégia de retorno ao poder.

O ex-Primeiro Ministro disse que o sistema bipartidário italiano não funciona mais e que uma reforma política é imperativa na Itália. Assim nasceu seu novo partido, que ainda não tem nome, mas nasce com o sugestivo nome de "O Povo da Liberdade" ou " Partido da Liberdade", como especulamos há alguns meses.

Seria a bela líder dos Círculos pela Liberdade, Michela Vittoria Brambilla um dos trunfos de Berlusconi? Vale a pena ficar atento. A política italiana é mesmo curiosa..

domingo, novembro 18, 2007

O Gabinete de Tusk

(de Varsóvia, Polônia). A capital da Polônia é um lugar admirável. Atacada e ocupada diversas vezes soube manter sua beleza e os poloneses sua alma. A cidade, que recebe fundos da União Européia representa muito a nova Polônia que emergiu com o fim do pesadelo do comunismo. Em Varsósia Donald Tusk tomou posse como o novo Primeiro-Ministro, assim como seu gabinete, que durou duas semanas a mais do se esperava para ser fechado e apresentado.

O gabinete de Tusk difere muito do shadow cabinet que mantinha como líder da oposição. Isto claramente representa o jogo de forças parlamentares que ele representa, mas aqui em Varsóvia se fala muito da força com a qual seu partido, o Plataforma Cívica, apresentou nas eleições, alcançando a maioria da Sejm, câmara baixa do parlamento polonês. Nas últimas eleições, em 2005, o PO havia atraído 2,5 milhões de eleitores. Nesta eleição, além de seus votantes, contou com a atração de mais de 1,5 milhão de novos eleitores, em especial, curiosamente, 500 mil vindos do PiS dos irmãos Kaczyński. Vale lembrar que a eleição teve caráter plebiscitário para o PiS, que jogou suas fichas em uma estratégia equivocada e arriscada.

A primeira boa notícia do governo Tusk é a redução do número de ministérios, de 19 para 17. A segunda é um razoável número de experts independentes, que podem trazer uma formidável renovação em diversas pastas. Vejamos em um primeiro plano a política exterior. O ministro da Defesa, Bogdan Klich (PO) já foi responsável pela relação da Polônia com a Otan e o novo titular da pasta de Relações Exteriores, Radoslaw Sikorski, já serviu na pasta da Defesa durante parte do governo de Kaczyński. A indicação que fica é no sentido de que Tusk será muito pragmático e não pretende comprometer suas boas relações com os Estados Unidos. Uma tendência de mais preocupação com o papel da Polônia frente a UE é esperado, mas de forma dosada, na minha opinião.

Os ministérios das Finanças, Justiça, Educação e Desenvolvimento Regional ficaram com nomes sem ligação com partidos políticos. A tarefa mais difícil, na minha opinião, está nas mãos de Zbigniew Cwiakalki, que substitui Zbigniew Ziobro, foco de discórdia no país, uma vez que tendia a uma postura agressiva, quase intimidatória dos Kaczyńskis. Cwiakalki, um respeitado professor de Direito, deve corrigir isso.

O ministro do Interior, estratégico em todos os países europeus, não poderia ficar longe da influência direta de Tusk. Grzegorz Schtyna, que já foi secretário-geral do PO e amigo pessoal de Tusk assumiu a pasta.

Por fim, uma das mais importantes tarefas, a regulação dos serviços privatizados ficará com um nome do PO, Aleksander Grad.

Percebe-se que Tusk blindou um núcleo central, fundamental na estrutura política, ligando a espinha dorsal do governo ao PO. Deixou uma área gerencial a cargo dos técnicos e deu sinais claros do que pretende fazer em política exterior.

Esta foi a impressão que tive aqui em Varsóvia sobre o que será o novo governo. Hoje a Polônia tem uma direita liberal e moderna. Acredito muito em Tusk e sou um entusiasta das mudanças saudáveis que seu governo pode trazer para a Polônia, para mim, o mais admirável país do antigo Leste Europeu aterrorizado pelo comunismo.

Vamos conferir, analisar e acompanhar as mudanças.

sábado, novembro 17, 2007

Tusk assume na Polônia

(De Viena, Áustria). Na última semana Donald Tusk assumiu de fato as rédeas do governo na Polônia.

O partido de Tusk venceu as eleições contra o Lei e Justiça (PiS), partido dos irmãos Kaczynski, que governaram a Polônia por cerca de três anos. O PO de Tusk elegeu 209 deputados de uma assembléia de 460 e para formar maioria absoluta entrou em acordo com o partido campesino (PSL) que fornece os valiosos 31 deputados necessários para a maioria.

Apesar de Jaroslaw Kaczynski ter deixado o poder, seu irmão segue como Presidente do país e aí está o ponto de atrito que pode trazer problemas.

Os irmãos Kaczynski, em especial Jaroslaw, conduziam a economia da Polônia com sucesso, dentro de altas taxas de crescimento. Entretanto, o problema residia em especial na agenda moral do PiS, que levou a Polônia a certos embates, inclusive internacionais. Os Kaczynski levaram a Polônia a uma espécie de cruzada moral em defesa de valores tradicionais e católicos, uma agenda que continha inclusive ataques, mesmo que verbais, contra homossexuais. Isto irritou os partidos mais liberais, como o Plataforma Cívica, que chega ao poder agora.

Apesar de gostar em certa medida das políticas de cunho econômico do PiS, realmente sua cruzada moral foi além do aceitável. Acredito que as pessoas tenham plena liberdade, limitadas pelas liberdades alheias. O PiS pareceu não entender isso.

A Polônia toma um novo rumo com o Plataforma Cívica. Apesar de divergir de algumas de sua políticas internacionais, acredito que podem acabar com a rebeldia dos Kaczynski, especialmente em relação a Europa. Quanto a aproximação com os Estados Unidos, acredito que o pragmatismo de Tusk pode ser mais forte, abrindo flancos de negociação quanto aos pontos chave, como a implantação do escudo de mísseis na Polônia.

No fundo acredito que é uma boa mudança. Estarei em Varsóvia nos próximos dias para acompanhar os primeiros passos da nova política de Tusk e do Plataforma Cívica. Por enquanto, cabe aos gêmeos Kaczynski, especial ao irmão Lech, que segue na Presidência, um pouco mais de moderação e equilíbrio e respeito pelas liberdades individuais.

sexta-feira, novembro 16, 2007

A volta do Partido Único na Rússia?

De Viena, Áustria. Este cartaz ao lado faz parte da campanha do patido de Valdimir Putin para as eleições parlamentares que ocorrerão em dezembro. Como já disse aqui, a tática anunciada por Putin para manter o poder passa pela Duma.

Proibido constitucionalmente de concorrer a um terceiro mandato, Putin anunciou que encabeçará as listas de seu partido para as eleições parlamentares. Isto leva a uma situação inusitada. Com altas taxas de popularidade, Putin será uma locomotiva de atração de votos para seu partido, Rússia Unida. Este fato servirá praticamente para extingüir o pluripartidarismo no país.

A lei eleitoral russa fixa uma cláusula de barreira de 7% para os partidos políticos. Na atual situação, com Putin encabeçando as listas da Rússia Unida (RU), este atingiria 67% dos votos, ou 372 deputados. O único outro partido capaz de ultrapassar a cláusula será o comunista, com 14%. Vale lembrar que a Duma possui 450 deputados.

Portanto, a impossibilidade de um terceiro mandato consecutivo servirá de justificativa para a avassaladora vitória da Rússia Unida, pelas mãos de Putin. Depois de conseguir praticamente o controle total do parlamento, o atual Presidente poderá voltar ao Kremlin.

A disputa presidencial para escolha daquele que esquentará o lugar para a volta de Putin ao poder está equilibrada. Serguei Ivanov tem 25% e Dmitri Medvedev 24%. Mas aposto minhas fichas em um candidato mais fraco, que não faça sombra para a volta de Putin, o atual Primeiro-Ministro Victor Zubkov, que já possui 20% e será catapultado a uma vitória com a ajuda do Presidente, se for escolhido como candidato dos "siloviki".

Dezembro poderá ser o mês da grande virada sonhada por muitos na Rússia, o dia em que o país voltará aos tempos de partido único, praticamente institucionalizando a lei dos "siloviki". Mas como sempre digo, por enquanto, "nyet faktov, tolko versii". A conferir, com extrema atenção. Vale lembrar que observadores internacionais não serão admitidos para acompanhar as eleições.

quinta-feira, novembro 15, 2007

O primeiro grande teste de Sarkozy

De Viena, Áustria. Como prometido pelos sindicatos, finalmente a onda de greves começou na França. O objetivo é frear uma reforma no sistema de previdência proposto pelo governo de Nicolas Sarkozy. Este, entretanto, é o primeiro ato de um processo que deve continuar pelos próximos anos, já que esta é apenas a primeira reforma robusta que Sarkozy pretende passar contra os privilégios de certos grupos na economia francesa. Depois da previdência, virá a grande e profunda reforma, no próxima ano: a trabalhista.

Mas um fato deve ser ressaltado nesta semana de agitações pela França: o apoio recebido pelo seu Presidente. A maioria dos franceses está ao lado de Sarkozy e até os jornais mais identificados com a esquerda, como o Libération, mostram pesquisas que apontam quase 60% de apoio da população em relação as medidas. O apoio certamente é maior do que isso.

Além do mais, Sarkozy não entrou despreparado nesta guerra. Primeiro, vale lembrar, foi eleito pela imensa maioria dos franceses com a promessa de acabar com os resquícios de 1968 e de reformar as arcaicas estruturas paternalistas francesas, que em diversos casos acabam com a inovação, dinamismo e oportunidades. "A França precisa trabalhar mais e melhor", disse Sarkozy na campanha. Sua estratégia está sendo posta em prática.

Vale lembrar também que os protestos já estão cedendo e que a adesão está abaixo do esperado, especialmente perdendo terreno para aqueles que aos poucos voltam ao trabalho. A possibilidade de se criar uma frente única contra Sarkozy perde força, apesar da paralisação de várias universidades, cerca de 1/3. A líder estudantil Julie Coudry, da Confederação Nacional dos Estudantes, que colocou Chirac de joelhos há 18 meses, está ao lado de Sarkozy e contra a paralisação. Pelo visto as chances de uma frente única contra o Presidente se dissipam na medida que o movimento se enfranquece e suas frentes apresentam fissuras.

Mas como disse, tudo isso é um teste. Sarkozy tem reformas muito audaciosas pela frente e estas manifestações servem apenas como um teste para sua rede de apoios que sustentarão o grande passo e a profundas reformas que vem pela frente.

quarta-feira, novembro 14, 2007

SPD precisa se entender na Alemanha

De Viena, Áustria. Pobre do SPD alemão. O partido de esquerda anda destroçado (assim como suas políticas) desde que deixou o comando do país. As perspectivas são cada vez piores, assim como as intenções de voto que recebe nas pesquisas. O partido não soube renovar-se e tampouco fazer diferença positiva na grande coalizão que governa a Alemanha.

Do outro lado, na coalização democrata-liberal-conservadora-cristã, liderada pela CDU e seu habitual parceiro sediado em Munique, o CSU, os ventos parecem ser cada vez mais favoráveis especialmente pela popular administração de Angela Merkel frente ao pais. O CSU enfrenta problemas na Bavária, com Edmund Stoiber, o que já não é novidade, mas a fortaleza que o partido possui na região certamente garante sua sobrevivência tranquila nas esferas de poder. Portanto, com uma administração elogiada, uma presença internacional admirável e uma política interna de sucessos, Merkel tem tudo para conseguir facilmente a reeleição.

Este é o ponto de fricção na Alemanha, as próximas eleições. Com um SPD enfraquecido e um governo (de coalizão com os social democratas) popular pelas mãos de Merkel, tudo leva a crer que a grande aliança que dirige a Alemanha pode romper e CDU/CSU passarem a governar sozinhos a partir de 2009.

O debate está posto porque o Vice-Chanceler social democrata de Merkel, Franz Müntefering, acaba de deixar o governo (para cuidar de sua esposa com um grave problema de saúde) e isto abriu uma guerra de acomodações no SPD. A ala mais a esquerda, representada por Andrea Nahles, deseja controlar mais o governo de Merkel. Entretanto, o novo Vice-Chanceler do SPD, Frank-Walter Steinmeier não pensa da mesma forma, já que seu nome desponta talvez como a única possibilidade (mesmo que remota) de pelo menos manter a coalizão e um naco do poder federal alemão.

Vale a pena acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Merkel é extremamente hábil e entende os prós e contras em ter o SPD como aliado. Entretanto, se o SPD começar a jogar pesado, seu jogo poderá levá-lo para longe de Berlim e das decisões do governo federal.

terça-feira, novembro 13, 2007

Dinamarca: Três vezes Rasmussen!

De Dublin, Irlanda. A centro-direita vence mais uma eleição na Europa. Anders Fogh Rasmussen liquidou a fatura em uma eleição que deveria ocorrer em 2009, mas que foi adiantada para finais deste ano.

Rasmussen é um dos grandes líderes da centro-direita mundial e admiro muito seu governo, que se aproxima muito de minhas convicções políticas. Seu trabalho frente ao partido liberal levou a quebra da hegemônia das esquerdas que governavam o país há anos e sua vitória representa a primeira vez que os liberais ganham três eleições consecutivas.

O parlamento dinamarquês terá maioria formada pela coalizão liderada por Rasmussen, que alcançou 50,5% dos votos. Entretanto fica ums dúvida no sentido de descobrir como o Partido Liberal deseja formar sua coalizão e neste ponto entra o jogo político, onde a senha se chama imigração.

Se a coalizão receber o apoio do Danish People’s Party (DPP), mesmo fora do governo, apenas de forma pontual, estará selando um acordo com um partido que se opõe claramente a qualquer tipo de imigração. Vale lembrar que Rasmussen foi reeleito no embalo de suas políticas liberais que geraram, naturalmente, uma economia próspera e saudável e que já apresenta falta de pessoas que ocupem postos de trabalho - faltam trabalhadores e sobra trabalho na Dinamarca. A única forma conhecida de preencher este vazio no curto prazo é via imigração.

Bem, os desafios são grandes e a bela líder da oposição, a social-democrata Helle Thorning-Schmidt disse que derrotará Rasmussen nas próximas eleições - algo improvável, por dois motivos. Tudo indica que Rasmussen está de malas prontas para Bruxelas e não deve terminar este mandato, além disso, os social-democratas não agregaram votos de forma sensível desta vez. Uma mudança de estratégia é necessária na esquerda dinamarquesa, atropelada pela terceira vez pela coalizão liberal-conservadora. Rasmussen aplicou uma mudança de fundo na política dinamarquesa, aliado a um sucesso administrativo brutal, algo que a esquerda ainda não assimilou.

Portanto, para entender o caminho que seguirá a Dinamarca, é melhor ficar atento aos movimentos e coalizões que devem ser fechadas na formação do terceiro (e provavelmente último) governo de Rasmussen em Copenhague.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Ainda sobre Washington

De Madrid, Espanha. A semana passada, que por coincidências profissionais passei em Washington, foi a semana dos líderes europeus nos Estados Unidos.

Certamente a visita mais comentada foi a de Sarkozy, que comentei em algumas postagens. A visita de Angela Merkel também tem amplo significado, já que o Irã esteve na pauta. Ela esteve no rancho dos Bush, em Crawford, no Texas.

Veremos resultados sobre isso esta semana, no encontro entre Sarkozy e Merkel. Algumas definiçoes importantes podem surgir depois do encontro com Bush.

Uma visita menos comentada foi a do Primeiro-Ministro truco Recep Tayyip Erdoğan. Ele e seu partido são peças fundamentais no xadrez político do Oriente Médio. A Turquia, secular, de maioria islâmica, membro da Otan, faz fronteira com o Iraque e tem sofrido com as açoes do PKK, algo que ainda pretendo tratar neste espaço.

Esta será a semana de acompanhar os movimentos da Turquia e os resultados do encontro entre Merkel e Sarkozy.

domingo, novembro 11, 2007

"¿Por qué no se calla?"

De Madrid, Espanha. Depois da visita histórica realizada a Ceuta e Melilla, o Rei Juan Carlos foi ao Chile participar da reunião de cupúla Iberoamericana, um foro idealizado pelo monarca.

O tom do encontro ficou marcado pela brilhante atitude íntegra do Rei espanhol. Hugo Chávez, que não encontra limite ou bom senso e abusa da molecagem, interrompeu por várias vezes o chefe de governo da Espanha em seu discurso e em uma delas para atacar o ex-presidente Aznar, chamando-o de fascista. Zapareto reagiu e saiu em defesa de Aznar, o que surpreendeu, mas o Rei interrompeu Chávez e foi direto:

"¿Por qué no se calla?"

Quem conhece o Rei Juan Carlos sabe de sua conduta serena e democrática. Chávez tomou um puxão de orelha moral que nunca esquecerá.

Em ato contínuo, o presidente Daniel Ortega, mais uma das marionetes de Chávez, como o cocaleiro-presidente Evo Morales, atacou as empresas espanholas. Era o que faltava. O Rei espanhol levantou-se e deixou a reunião em sinal de protesto.

Juan Carlos atuou como estadista. Acabo de chegar em Madrid e a notícia é capa de todos os jornais, exaltando a atitude do Rei. Digno de um homem de estado que não se apequena frente aos insultos de corruptos pseudo-ditadores de esquerda latino americanos. Ele estava representando todos os espanhóis e evitou que a nação ficasse desmoralizada. Há muito que aprender com os colonizadores.

PS: Aznar ligou para Zapatero e ao Rei Juan Carlos para agradecê-los.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Sarkozy ovacionado em Washington

De Washington, DC, EUA. Sessão conjunta em um Capitólio lotado. 500 parlamentares americanos. 25 interrupções com calorosos aplausos. Este foi o cenário onde Nicolas Sarkozy selou a reconciliação da França com a América.

O Chefe de Estado francês foi cortês, amável e sincero. Falou de sua admiração pela América, do agradecimento eterno que a Franca possui com os Estados Unidos, que libertaram seu país na Segunda Guerra e de que espera que uma parceria madura e histórica seja consolidada, uma relação que começou a indepedência e que deve persistir sempre, afinal França e Estados Unidos defendem a liberdade e a democracia.

Não faltaram temas difíceis, como o retorno da França a Otan, 11 de Setembro, Irã, Kosovo e economia. Os americanos ouviram com atenção. Foram palavras inspiradoras, especialmente no que tange a paz entre Israel e Palestina e a ajuda internacional para que o Líbano tenha um governo soberano e democrático, escolhido por seu próprio povo.

Foi memorável, um acontecimento histórico que no futuro será tratado com a devida importância.

Sarkozy foi ovacionado e retorna a Paris com o principal movimento de sua política externa consolidado.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Rendez-vous com a América

De Washington, DC, EUA. Durante a noite de ontem a Atlas Economic Research Foundation realizava seu Annual Freedom Dinner, no hotel The Willard InterContinental. Distante cerca de 800 metros de nós, na mesma Pennsylvania Ave, Sarkozy era recebido na Casa Branca por George Bush.

A capital americana abriu suas portas para Sarkozy. A imprensa deixou isto muito claro. Aqui em Washington ainda existe um ressentimento pela forma dura e instransigente de Chirac em relação ao Iraque, mas as feridas parecem ter cicatrizado e o atual Presidente francês é o responsável por isto.

Mas isso não significa submissão ou apoio incondicional. Quem viu a postura e a lição que Sarkozy passou na jornalista americana Lesley Stahl do programa "60 Minutes" da CBS não tem dúvida disso. O Presidente francês apresenta-se sobretudo como um bom amigo dos EUA. Defendem os mesmos valores e ideiais e por isso naturalmente convergem em posições políticas comuns.

O fato é que as relações entre França e Estados Unidos estão em outro patamar e o discurso de Sarkozy hoje aqui em Washington certamente deixará isto claro. Vamos acompanhar como será recebido no Capitólio.

terça-feira, novembro 06, 2007

Sarkozy dá lição de agilidade diplomática em Zapatero

De Madrid, Espanha. O Presidente de Governo da Espanha, José Luis Rodrigues Zapatero, não sabia o que dizer. O ministro de Assuntos Exteriores, Miguél Ángel Moratinos, não sabia onde se esconder.

Afinal de contas, quem libertou as aeromoças espanholas no Chade foi o Presidente da França, Nicolas Sarkozy.

Aliás como era de se esperar, enquanto o governo de Madrid não sabia o que dizer nem fazer, enviando um cônsul de Camarões ao Chade para tentar negociar alguma coisa sem qualquer possibilidade de êxito, a França tomou a frente. Sarkozy embarcou no avião presidencial até o Chade e resolveu o assunto pessoalmente. Enquanto Zapatero cruzava os braços, o francês tomou as rédeas da situação.

Aznar, que aprovou a solução de Sarkozy, sentiu-se humilhado pela inoperãncia do governo espanhol em acudir seus nacionais em perigo. A imprensa espanhola também não poupou o atrapalhado governo Zapatero. Inclusive o esquerdista El País, que sempre está ao lado do PSOE, criticou fortemente o governo espanhol, alertando para a cena humilhante de Moratinos tentando "aparecer na foto" da chegada de Sarkozy com as aeromoças espanholas.

Presas há 10 dias acusadas de serem cúmplices da tentativa de uma ONG de levar 103 crianças africanas para a Europa, as aeromoças foram libertadas por Sarkozy, juntamente com três jornalistas franceses. Ainda seis voluntários franceses, diretamente envolvidos, juntamente com três espanhóis da tripulação seguem presos em N'Djamena, capital no Chade.

Mas o trabalho ainda não terminou. Segundo Sarkozy, sua meta é "buscar todos que ainda estejam no Chade, não importa o que tenham feito" e ainda acrescentou: "O papel do chefe de Estado é cuidar de todos os franceses".

Mais uma vez ficou evidente a falta de liderança de um passivo Zapatero e a agilidade eficaz de Sarkozy, que apesar de ser classificado como hiperativo, parece ser um dos poucos líderes mundiais que realmente atuam com a rapidez e segurança esperada de grandes Estadistas.

A França aos poucos retoma seu lugar de direito no mundo, gracas ao seu hiperativo Presidente.

domingo, novembro 04, 2007

Reis espanhóis visitam Ceuta e Melilla

De Madrid, Espanha. D. Juan Carlos I e a Rainha Sofia visitarão as cidades de Ceuta e Melilla no decorrer desta semana. É uma viagem emblemática que mexe com os brios dos marroquinos e suas relações com a Espanha.

As duas cidades, encravadas no limite da África são um entre os vários pontos de discórdia que existem entre Espanha e Marrocos. A visita do Chefe de Estado espanhol tem um significado forte.

As primeiras retaliações já iniciaram com o retorno temporário a Rabat do Embaixador marroquino em Madrid. O governo enxerga a visita como uma afronta. Não deveria, afinal de contas as duas cidades fazem parte da Espanha e inclusive contam com deputados no Congresso.

Ceuta tem raízes ibéricas desde 1415 quando foi conquista por Portugal e desde 1668 faz parte formalmente da Espanha. Melilla depende da Coroa de Castilha desde 1497 e teve suas fronteiras com o Marrocos definidas pelo Tratado de Wad-Ras em 1860.

Mas a polêmica está posta e certamente ocupará o espaço político desta semana na Espanha. Valerá a pena acompanhar as repercussões, afinal, apesar de D. Juan Carlos ter visitado as cidades em 1970, este ainda não era Rei. O último monarca espanhol a visitar Ceuta e Melilla foi Afonso XIII em 1927.

sábado, novembro 03, 2007

O fim da tolerância na Itália

De Madrid, Espanha. Tudo indica que a paciência dos italianos se esgotou. O alvo são os romenos, acusados de cometer uma onda de crimes na Itália. Os imigrantes deste antigo país socialista, que tornou-se pobre e triste durante a ditadura de esquerda de Ceauşescu, já chegam a 500.000.

O governo de Romano Prodi tomou uma decisão drástica, mediante um decreto urgente. A partir de agora, cidadãos membros de países da UE poderão ser expulsos da Itália. A varredura começou pelos romenos: aviões e ônibus já partem em direção a Bucareste cheios de cidadãos daquele país.

O italianos parecem satisfeitos com a medida, mas os romenos honestos sofrem a pressão pelos atos daqueles que danificam sua imagem. Uma equação difícil de resolver, mas já levada adiante por Prodi. A onda de crimes assustou os italianos, mas fica a dúvida sobre se esta é a melhor medida, afinal de contas em que sentido se move a União Européia? Afinal de contas, coisas como essas deveriam ter sido levadas em consideração quando a Romênia foi aceita na União. O Primeiro-Ministro romeno, Calin Tariceanu, já está com viagem marcada para Roma.

Agora acusam os italianos de xenófobos. Certamente os que fazem essas acusações aos italianos não passaram ainda uma temporada em Viena...

Ao fim e ao cabo fica a pergunta: quantas UE's existem dentro da UE? E neste caso, existe realmente uma UE?

quinta-feira, novembro 01, 2007

O massacre de Madrid, sem autoria intelectual

De Turin, Itália. Finalmente o julgamento do massacre de 11 março em Madrid, aquele que matou 191 pessoas, e levou os socialistas ao poder na Espanha, chegou ao fim.

O resultado é decepcionante, muito aquém do que todos esperavam, especialmente as famílias daqueles que padeceram frente a carnificina dos terroristas.

Sempre aprendi, que para descobrir o autor de qualquer ato, mesmo que seja oculto, é preciso perguntar-se quem ganha e quem perde. Está claro quem ganhou e perdeu com o 11-M em Madrid. O ETA tirou a política agressiva anti-terrrorista do Partido Popular do caminho, reorganizando-se e rearmando-se nestes quatro anos de Zapatero. O radicais islâmicos conseguiram que os militares espanhóis deixassem a missão no Iraque. Os socialistas e Zapatero foram alçados ao poder. A Espanha caiu de joelhos, acovardou-se frente ao terrorismo e cedeu a suas chantagens calibradas com bombas, quando elegeu o PSOE.

Muito ocorreu naqueles dias. Os socialistas, abastecido com fontes no serviço de inteligência, recebiam informações mais rapidamente que o Ministério do Interior, e assim conseguiram manipular a opinião pública. Altos dirigentes socialistas, inclusive antigos valetes do partido, foram a uma penitenciária visitar o antigo chefe de inteligência de Felipe González. Repito, muito ocorreu entre 11 e 14 de março de 2004.

Os ataques não tiveram característica suicidas. Eram somente islâmicos? E os encontros entre o ETA e terroristas islâmicos na Argélia antes dos ataques?

O resultado do julgamento, como disse, decepcionou. O primeiro ponto triste está claro: não foi possível determinar a autoria intelectual do atentado - exatamente o ponto fulcral para encontrar algum vestígio do ETA. Mohamed, "o egípcio" não foi condenado por isso. Hassan el Haski e Yousef Belhadj não foram condenados por serem cérebros do atentado. Emilio Suárez Trashorras, Jamal Zougam e Otman el Gnaoui condenados apenas pela materialidade. A pergunta permanece: Quem planejou o atentado?

Vejam a fellicidade dos terroristas na foto, enquanto era lida a sentença. A foto fala por si. Entendo, portanto a indignação de uma das mães das vítimas, que disse: "¿Qué mierda de justicia es ésta?"

Quem quiser entender mais sobre este brutal atentado, sugiro que assista ao vídeo: "11 M - Tras la masacre" no seguinte endereço:
http://documentos.fundacionfaes.info/es/multimedia/show/M00004-00