sexta-feira, julho 30, 2010

Racha na Itália

A coalizão que sustenta o governo de Silvio Berlusconi pode ceder em breve. A saída de Gianfranco Fini para a criação de um novo partido, o Azione Nazionale (AN), pode ser o ponto inicial de uma crise no gabinete italiano.

Fini veio de um partido chamado Aliança Nacional, que se fundiu com o Forza Italia de Berlusconi para formar o Povo da Liberdade (PdL). Agora o movimento foi inverso e Fini leva para o novo partido pelo menos 35 deputados e oito senadores. Neste ponto reside o problema da governabilidade. A questão está em saber até que ponto este movimento desestabiliza o gabinete e a maioria parlamentar.

A situação não parece tão grave quanto mostra a imprensa italiana, mas inspira cuidados. Será preciso ter muita habilidade política para que o governo consiga se manter sem a convocação de eleições antecipadas, que deveriam ocorrer apenas em 2013. Berlusconi estaria confiante, mas é preciso sentir o ambiente político, já que na Itália a linha que divide o poder entre esquerda e direita é muito tênue e qualquer erro político pode ser fatal nas eleições.

quinta-feira, julho 29, 2010

Coisas da Política

Quem poderia imaginar o seguinte jingle de campanha: "É Lula apoiando Collor, é Collor apoiando Dilma, pelos mais carentes. É Lula apoiando Dilma, é Dilma apoiando Collor, para o bem da nossa gente. É Lula apoiando Dilma, é Dilma apoiando Collor, e os três para o bem da gente". Pois é. Existe e expressa a linha central da campanha de Collor para o governo de Alagoas.

O ex-Presidente não está fazendo feio. Muito pelo contrário. Tudo indica um clara e forte chance de vitória. As últimas pesquisas mostram Collor na liderança isolada com 38% das intenções de voto.

Apesar do jingle, o PT não está formalmente coligado com Collor em Alagoas. A aliança do partido de Lula é com o PDT de Ronaldo Lessa, que também tenta angariar votos por meio de um jingle que diz: "É Lessa, é Lula juntos por Alagoas". Lessa tem 26%.

Na oposição, liderada pelo governador Teotônio Vilela, existe preocupação, não só porque ele permanece nos 21%, mas porque Alagoas foi o único estado em que Lula perdeu para Serra em 2002 e se as coisas vão mal em Alagoas para os tucanos, no restante do Nordeste não parecem ser nada boas.

Na disputa pelo Senado, Heloísa Helena deve confirmar sua volta e Renan deve confirmar mais oito anos em Brasília.

Enquanto isso, é Lula apoiando Collor, é Collor apoiando Dilma..

quarta-feira, julho 28, 2010

Rebeldia Catalã

O ato de rebeldia da Catalunha em proibir as touradas não tem sido visto pela ótica real do que representa. Na verdade representa apenas isto, uma rebeldia de Barcelona frente à Espanha, na tentativa de ferir a unidade nacional depois da Corte Nacional declarar a inconstitucionalidade de parte das leis autonômicas catalãs.

A decisão nada tem a ver com a proteção ao direito dos animais, democracia, meio-ambiente ou qualquer um dos grupos que comemoraram a proibição. A diretriz vinda de Barcelona tem um cunho político, de corte profundo, em um tema delicado, que é o equilíbrio autonômico entre os territórios regionais que formam a Espanha.

O Presidente do Partido Popular sintetizou a posição de muitos espanhóis em uma frase: "Sou a favor da liberdade. Os que quiserem ir às touradas que vão. Divisão e separação não é o que a Catalunha, a Andaluzia e nem ninguém precisam".

A votação foi apertada, vencendo a proibição por 68 contra 55 votos. Gerou forte discussão porque argumentos equivocados foram usados para politizar uma questão que deveria ser avaliada de outra forma.

Ferir uma tradição nacional foi a forma encontrada por alguns políticos da Catalunha para impulsionar um movimento separatista e se cacifar para as eleições regionais no outuno. Perdeu-se uma grande oportunidade de discutir um tema importante dentro de sua verdadeiro âmbito.

terça-feira, julho 27, 2010

"Carta-Compromisso"

Depois de toda confusão gerada pela divulgação de um programa de governo um tanto quanto radical, parece que o PT busca contornar a situação com uma estratégia de consenso entre os aliados. A idéia é divulgar os pontos de um novo programa no estilo de uma "Carta-Compromisso" contendo as diretrizes básicas do que seria um governo Dilma.

Existe também a idéia do lançamento de propostas setoriais, separadas por vértices de importância estratégica, como saúde, segurança, educação e infra-estrutura. Entretanto, todo o material deve estar pronto e divulgado até 17 de agosto, quando entram no ar os programas eleitorais no rádio e TV. Mas é melhor a coligação se apressar, já que o primeiro debate será antes disso.

Por falar em debate, Dilma está em fase de aprendizado intensivo com os ministros de Lula. Todos aqueles responsáveis por áreas importantes e estratégicas do governo tem suprido a candidata de informações e números sobre a administração pública. O treinamento tem sido intenso. É preciso que, abastecida de números, Dilma abandone o tom professoral e soberbo que a caracteriza, pois caso não seja domado, poderá influenciar de forma negativa sua imagem.

Bem que a preparação de Dilma para os debates poderia ser acompanhada de um Plano de Governo consistente, pois na falta dele, esta é uma fraqueza que pode ser muito explorada por José Serra.

segunda-feira, julho 26, 2010

Repercussão no New York Times

A imprensa internacional repercutiu os esforços de Lula em fazer o sucessor. O New York Times publicou matéria que mostra a constante presença do Presidente em comícios e eventos em prol de Dilma e lembra que ele já foi multado em razão disso.

O jornal foi além e mostrou como o governo federal usou a máquina administrativa para fazer a candidata viável, por meio da entrega da coordenação das ações do multibilionário PAC, dando a visibilidade necessária para que ela se torne conhecida e para que Lula possa lhe transferir votos.

Sendo mais direta, a matéria continuou dizendo que o Presidente, além de desrespeitar as leis, creditou a Dilma programas e obras públicas realizados durante seu governo.

As críticas foram contundentes e fornecem uma idéia de como a eleição presidencial brasileira é vista internacionalmente. É uma lástima que o nossos lideres não brindem o país com um processo eleitoral que respeite as leis e as instituições, evidenciando a grandeza do Brasil.

Na matéria, que ainda lembra o fato de Lula ter passado dos limites, diz que a popularidade pode não ser suficiente para fazer o candidato do governo vencer, como ocorreu no Chile. Entretanto, no país andino, as instituições e a liberdade econômica fornecem uma menor dependência do governo que faz toda a diferença. Especialmente em matéria eleitoral.

sexta-feira, julho 23, 2010

PT mira no Senado

Além de trabalhar para fazer de Dilma Rousseff a sucessora de Lula, o PT trava uma uma outra batalha de alta importância estratégica. O foco é o Senado, onde o partido sofreu suas maiores derrotas durante o governo Lula.

Para tanto, a estratégia política foi mover os candidatos mais fortes do PT para disputar uma cadeira na Casa legislativa que atualmente é presidida por Sarney. Isto facilitou de forma importante também a formação dos palanques nos Estados. Aqui o PT abriu mão da cabeça de chapa e indicou para disputar uma cadeira no Senado candidatos que teriam envergadura para vencer a disputa pelo governo estadual.

Em 2006 o PT lançou 20 candidatos aos governos estaduais. Neste ano serão apenas 11. A coligação com o PMDB foi a parceria ideal para esta estratégia. Hoje o PT conta com 9 senadores, sendo que dois deles tem mandato até 2014. O partido projeta chegar a 18 e alcançar a maioria da Casa, já que o PMDB alcançará no máximo 17. Para ter candidatos com fortes chances de vitória, o PT inclusive afastou da disputa senadores em mandato que poderiam tentar a reeleição. O partido optou, nestes casos, por outros nomes com máxima chance de vitória.

Os resultados de uma êxito esmagador do PT para as cadeiras no Senado terão um impacto grande nos planos do próximo governo, independentemente de quem vença. Se a vencedora for Dilma Rousseff, o caminho estará aberto para reformas mais profundas, inclusive de âmbito constitucional.

quinta-feira, julho 22, 2010

Marina na América

Em uma eleição polarizada entre PT e PSDB, Marina Silva tenta firmar seu nome como uma real alternativa para eleitores que rejeitam a tese de uma eleição plebiscitária. Trabalha muito para isso. Nesta semana ela está em Nova York e fala com postura de candidata competitiva e com discurso sintonizado com os temas globais.

Já ouvi de muitos formadores de opinião que falta uma terceira-via consiste na campanha presidencial. Marina tenta se viabilizar neste nicho e caso encontre ressonância poderia ver sua candidatura alçar vôo.

No New York Palace ela disse que o Brasil precisa ser cuidadoso, mesmo com crescimento em alta, que uma agenda clara de desenvolvimento, certamente sustentável, é necessária. O País precisa evitar recuperações cíclicas e se direcionar em um crescimento equilibrado e permanente, disse ela.

Marina ainda defendeu sistema de metas de inflação, austeridade fiscal e um regime de câmbio flutuante. Temas positivos para retirar o rótulo de candidata de um tema só: Meio-Ambiente.

Sua campanha caminha de maneira consistente. Cresce nos segmentos mais escolarizados das grandes cidades e a escolha de Guilherme Leal para vice foi um acerto que abriu as portas do meio empresarial. Falta para a campanha de Marina uma maior entrada nas cidades pequenas e até médias, onde só entram candidatos com uma forte máquina partidária por trás.

Marina trouxe os grandes temas para o debate e posicionou-se de forma consistente sobre eles, mas para se viabilizar como um nome competitivo, sem estrutura partidária, precisa se transformar em um fenômeno da terceira-via. Esta é sua única chance de vencer.

quarta-feira, julho 21, 2010

Pesquisas internas

O Vox Populi trata de analisar as tendências de uma pesquisa eleitoral feito sob encomenda para o PT. Mostra Dilma com larga margem de vantagem, algo em torno de 7 pontos de dianteira.

No PSDB os trackings mostram algo diferente, ainda com Serra pouco acima de Dilma, o que evidencia um claro empate técnico. Logo é preciso abrir a pesquisa e estudá-la. Todas tendências que são passíveis de avaliação trazem informações importantes. O Vox introduziu, ainda em 1989, para Collor, as pesquisas qualitativas, que foram fundamentais para que o então governador de Alagoas chegasse ao Planalto.

Como pesquisas mostram direcionamentos eleitorais, é possível realizar, por meio de seus números, correções de rumo, mudanças de discurso, foco de propaganda e orientação de onde se deve investir os recursos de campanha.

É o que o PT está fazendo, debruçado nos números trazidos pelo Vox Populi, não somente com seus analistas, mas com os grão-duques que mandam no partido e coordenam a campanha de Dilma. Os tucanos deveriam seguir o mesmo caminho.

terça-feira, julho 20, 2010

Gillard sai na frente na Austrália

Julia Gillard é a Primeira-Ministra da Austrália há apenas poucas semanas, mas já colocou sua estratégia em prática. Sua idéia é renovar o mandato dos Trabalhistas frente ao governo antes do final do atual mandato.

As eleições foram convocadas e Julia conseguiu mover as peças de maneira inteligente. Os índices alcançados pelo seu antecessor eram pífios, típicos de um governo impopular. Desde que os Trabalhistas trocaram Kevin Rudd por Julia Gillard, entretanto, algo mudou. O partido conseguiu respirar novos ares e parte para o embate eleitoral com chances de vitória.

As primeiras pesquisas mostraram liberais e trabalhistas empatados, o que já era um grande resgate de popularidade para o atual governo. Mas as pesquisas dos últimos dias mostram que os Trabalhistas abriram vantagem. Isto significa uma pequena tendência em prol de Julia, mas que ainda está longe de se consolidar como liderança.

No sistema político australiano, a vantagem em termos de pesquisa é relativa. Os distritos é que são decisivos e dentro desta conta é que os liberais, liderados por Tony Abbot, fazem suas projeções. Eles precisam de apenas nove cadeiras para atingir maioria e formar um novo governo.

A nova roupagem trazida por Julia ao Partido Trabalhista serviu para trazer o jogo a um patamar de igualdade. Ela sai com pequena vantagem, mas agora é que a campanha propriamente dita começa.

segunda-feira, julho 19, 2010

A Força do Estado nas Eleições

O Globo publicou matéria neste final de semana que mostra a dimensão do peso do Estado brasileiro na conta final da eleição. Pelas contas feitas pelo jornal, 48,8 milhões de brasileiros dependem diretamente do dinheiro advindo da arrecadação de impostos. Considera-se nesta conta os beneficiados pelo seguro-desemprego, bolsa-família, funcionários públicos e aposentados.

Por certo este número é maior, especialmente se considerarmos que existem famílias dependentes destes recursos. Portanto, de saída este número pode dobrar, batendo na casa dos 100 milhões de brasileiros que dependem exclusivamente do Estado para viver. Isto constitui-se em um fato eleitoral com impacto que não pode ser desprezado.

Mas a conta pode ir além, se considerarmos estruturas que passam pelo Estado para sobreviver e de suas benesses para se manter. Exemplos claros são as ONGs e movimentos sociais que dependem de verbas públicas, sem contar os sindicatos. Logo vemos que poder de fogo, bem como a estrutura eleitoral de longo prazo que o governo montou, é decisivo quando se fala em vencer eleições.

De acordo com os fatos pode-se considerar inviável qualquer candidato que afete os interesses daqueles que recebem sua renda dos cofres públicos. Vimos isto na última eleição, quando Alckmin foi acusado de "privatista", o que logo o levou a sair na defesa do papel estratégico do Estado, suas empresas e benesses.

Isto explica porque os candidatos alinhados com Lula tem mais votos onde mais se depende do governo para viver, nas regiões Norte e Nordeste. Também explica porque o mesmo grupo sofre para vencer eleições em locais como o Sul e São Paulo, onde se depende menos do governo e existe maior presença da iniciativa privada.

A estrutura criada pelo grupo que atualmente comanda máquina pública conseguiu articular-se em todas as frentes. Para o grande empresariado e a imprensa, acena com subsídios, obras e polpudas verbas publicitárias. Na classe média, proliferam-se aqueles que procuram os concursos públicos e para as faixas de baixa-renda, acena-se com programas como o Bolsa-Família. Isto sem falar na estrutura sindical e das ONGs.

Vencer a estrutura das benesses do Estado torna-se cada mais difícil no Brasil. Vota-se naqueles que defendem a manutenção do sistema. Um modelo de que alimenta-se de si mesmo em um perigoso ciclo vicioso que afeta diretamente a existência da democracia, uma vez que domestica os eleitores, em todos os níveis.

sexta-feira, julho 16, 2010

Popularidade em Queda

A popularidade de Obama continua em queda. Em ano de eleições legislativas, isto realmente não é uma boa notícia. Mas a sorte, de alguma forma, acompanha o Presidente americano, já que o desgaste de seu governo, que contamia o Partido Democrata, pode não ser suficiente para a impôr a derrota especulada por muitos analistas.

Para vencer, é preciso primeiro não perder. Pode ser que o Partido Democrata não esteja passando pelo seu melhor momento, mas isto não quer dizer que os republicanos estejam preparados para vencer. Sem uma liderança consistente e uma forte guinada interna para sua vertente mais conservadora, muitos votos podem ser perdidos. Se os moderados não embarcarem na onda conservadora republicana, o partido pode sair do pleito com números mais pífios do que se espera.

Se a união dos republicanos fosse mais simples, um cenário promissor poderia surgir. Obama se esforça para manter sua popularidade cada dia a níveis mais baixos. 60% dos americanos, segundo o jornal Washington Post, publicação que apoiou entusiasticamente a eleição de Obama, disseram não ter confiança no Presidente democrata. Em relação a economia, 54% desaprovam sua gestão. 61,6% acreditam que o país segue no rumo errado. No geral, a desaprovação bateu em 47%. Na média de todos os institutos, a sensação negativa em relação ao governo democrata de Obama já ultrapassa o percentual de aprovação.

Mas do lado dos republicanos a situação não é muito melhor. 72% dos eleitores não confiam nos parlamentares republicanos, enquanto 68% dizem o mesmo sobre os congressistas democratas. Ocorre uma pequena vantagem no geral para os republicanos quando olhamos para os números da eleição de novembro. 45% tendem a votar no GOP e 41,7% nos democratas.

Isto mostra que existe espaço para uma campanha que transite entre os dois partidos, já que a percepção negativa é grande de parte a parte. Mas falta aos republicanos a percepção de mudança no discurso, apesar de saber que a força interna do partido vem de sua ala mais conservadora. Um grande desafio para o Grand Old Party.

quinta-feira, julho 15, 2010

Progressitas fecham com Dilma

Esta é mais uma da série de episódios que atestam o potencial de vitória da candidatura Dilma. Desta vez foi o PP que caiu nos braços da candidata governista. Na verdade o partido rachou, mas o resultado do racha é benéfico para Dilma.

O Partido Progressista, que é o sucessor do PPB, PPR, PDS e mais atrás da Arena, antes de decidir apoiar quase integralmente a chapa petista, por pouco não foi oficialmente acomodado no ninho tucano. O Presidente do PP, Francisco Dornelles, foi cotado para ser o vice de Serra, mas não emplacou. O partido levará para a coligação de Dilma e Temer o apoio de 20 diretórios estaduais. Cinco fecharão com Serra e dois permanecerão neutros.

Dilma não ficará com o tempo de TV do PP, já que não existe uma coligação formal, mas o peso da opção do partido por Dilma terá reflexos eleitorais. Os resultados políticos na ocupação dos espaços já começaram a aparecer. O PP integrará os três grandes núcleos da campanha: político, programa e mobilização.

Os progressistas, que compõe um dos principais partidos envolvidos no mensalão petista de 2005, é um daqueles grupos políticos que entendem o sentido do vento favorável em uma campanha eleitoral. Pretende estar ao lado do vencedor.

Dentro da lógica eleitoral brasileira, hoje vemos o PT cortejando a antiga Arena, outrora o "maior partido político do ocidente", a cerrar fileiras ao lado de Dilma. O governo jogou com todo peso de sua máquina mais uma vez e venceu. Parte do PP, que já faz parte do governo Lula, alinha-se agora a parcela do PTB e até ao PSC, que recentemente mudou de lado. Todos apoioarão Dilma. O fato político criado pela adesão dos pepistas é mais um golpe para os tucanos. Um fato com peso político, especialmente quando sabemos que o Presidente do PP, Francisco Dornelles, é primo de Aécio Neves.

quarta-feira, julho 14, 2010

Derrota amarga no Japão

Quem esperava um governo audacioso quando o Partido Democrático do Japão chegasse ao poder, tem se decepcionado. Yukio Hatoyama teve uma passagem breve pelo comando do país. Seu sucessor, Naoto Kan, pode trilhar o mesmo caminho.

O PDJ chegou ao poder cercado de expectativas. Hatoyama liderou uma campanha vitoriosa ao lado de Ichiro Ozawa. Seu governo não completou um ano. Kan, seu sucessor, que tentou afastar-se de Ozawa, agora sente a mão pesada da eminência parda do partido. As eleições para a Câmara Alta do Parlamento, apenas seis semanas após a escolha de Kan para governar o Japão, tinham tudo para se tornar difíceis para o PDJ. Foram piores do que se imaginava.

O Partido Democrático esperava fazer 60 cadeiras, depois baixou a expectativa para 50. Fez 44. O resultado foi pífio e Kan, agora líder do partido, passou a ser responsabilizado.

A derrota do partido de Kan tem dois vértices. O primeiro é Ichiro Ozawa, que deseja recuperar seu prestígio interno e tenta mostrar sua força. Do outro lado está o PDL, que esteve no poder japonês pelas últimas décadas. A máquina partidária-eleitoral dos liberais entrou em operação com Shinjiro Koizumi, filho de Junichiro Koizumi, como um dos expoentes. Os liberais conquistaram 51 cadeiras.

Agora Kan encontra-se sem maioria na Câmara Alta. Na Câmara Baixa, falta-lhe a maioria de 2/3 para passar qualquer reforma importante. Precisará fazer concessões aos liberais. Governar tornou-se uma tarefa árdua para o PDJ.

O Primeiro-Ministro tem pouco tempo para mostrar serviço. Em setembro terá que renovar sua liderança perante o partido, que sabemos, sofrerá influência Ichiro Ozawa. Kan precisa de resultados concretos para sua manutenção na Chefia de Governo. Sem a maioria na Câmara Alta, tudo ficou ainda mais difícil.

terça-feira, julho 13, 2010

Sarkozy sob pressão

Sarkozy defendeu seu governo durante os 60 minutos de entrevista no canal de televisão pública France 2. Suas palavras não foram diferentes daquelas usadas por qualquer governo que sofre acusações. Seu objetivo principal foi evitar que o assunto ganhe maior repercussão política e tome contornos mais agudos.

O Presidente francês entende que os desdobramentos da atual crise podem refletir-se nas próximas eleições presidenciais francesas e a UMP, sem o controle de governos regionais, é refém única e simplesmente, do nome de Sarkozy, se deseja renovar seu mandato presidencial.

Depois de estar sem rumo, ao perder o pleito nacional em 2007, os socialistas conseguiram unir suas forças e se renovar, criando condições reais de chegar ao poder nacional. As vitórias eleitorais deste ano fazem parte deste cenário.

Do outro lado, a UMP enfrenta o desgaste do governo Sarkozy e denúncias como o atual caso Woerth-Bettencourt. As iniciativas estão nas mãos do Presidente, que precisa agir de forma coerente e consistente, equilibrando-se entre a pressão dos aliados e a resposta necessária para a população. Setores empresariais, que já davam como certa a reeleição de Sarkozy, começam a considerar outros cenários.

O remédio usado até o momento por Sarkozy para debelar a crise não foi eficiente, inclusive com a entrevista desta segunda. Woerth deixará cargo de tesoureiro da UMP, mas permanece ministro. Neste caso, não basta. É preciso agir de forma mais contundente. O timing da crise é perfeito para os adversários políticos da UMP. Ainda há tempo hábil para uma reação política vinda do Elysée, entretanto, precisa ser realizada de maneira certeira, sem erros.

segunda-feira, julho 12, 2010

High Society

Pense o que poderia reunir Lucy Barreto, Hildegard Angel, Carmen Mayrink Veiga, Ângela Gutierrez, Magali Cabral, Andrea Agnelli, Beth Floris, Lenny Niemeyer, Nélida Piñon, Maria da Conceição Tavares, Jandira Feghali, Alcione entre mais de 50 nomes de mulheres da sociedade carioca sob o teto do emblemático casarão do Cosme Velho onde reside Lily de Carvalho Marinho, viúva de Roberto Marinho? A resposta é simples: a candidata Dilma Rousseff.

D. Lily convidou todas para ouvirem as idéias da candidata de Lula. No cardápio, além educação, família, cultura e comentários sobre operações plásticas, tartare de salmão com maçã e funcho e filé de cherne com banana caramelada, passas e urucum feitos pelo chef Claude Troisgos. Pelo salão circulavam garçons de luvas brancas que serviam champanhe Dom Perignon. Dilma teve seu batismo nos salões da sociedade carioca e transitou com impressionante desenvoltura para uma pessoa com seu passado. Sua campanha tem realizado um trabalho profissional.

O que menos importa, neste caso, é teor do que foi discutido, mas a mensagem enviada pelo simbolismo do ato. Depois de passar pelos salões da sociedade paulistana, Dilma foi recebida pela sociedade carioca. Existe reconhecimento de seu potencial de vitória e já inicia-se, também deste modo, a acomodação de interesses futuros. Nos salões de D. Lily estavam, além de esposas influentes, acadêmicas, jornalistas, escritoras, empresárias, políticas e artistas.

Ao final, a anfitriã, que ofereceu o almoço para homenagear "a senhora D, a senhora democracia", declarou que "se votasse, seria na Dilma". Confiante, a candidata petista devolveu: "Te espero na minha posse".

Alguns sinais mostram a tendência de movimento das peças no xadrez político. Os recentes encontros de Dilma com figuras representativas do establishment brasileiro, evidenciam esta percepção. Se a oposição deseja vencer, já passou da hora de acordar.

sexta-feira, julho 09, 2010

Crise no Elysée

Os franceses estarão de olho no canal de televisão pública France 2 na próxima segunda-feira. Sarkozy finalmente irá falar sobre o caso Woerth-Bettencourt, referente as supostas doações ilegais para sua campanha presidencial em 2007.

Sarkozy enfrenta um período difícil de seu governo. Depois do desgaste sofrido pela UMP, com inúmeras derrotas nas eleições regionais, e a impossibilidade de colocar em curso todas as reformas que imaginava, tudo tem se tornado mais difícil. Os sindicatos pressionam, boatos se espalham pela imprensa e tudo isso gera reflexos em sua popularidade, que chegou a níveis muito baixos.

O caso mais recente, que envolve a herdeira da l'Oréal e o ministro do Trabalho, é apenas mais um episódio de desgaste. De forma curiosa, tudo ocorreu exatamente nas vésperas da apresentação do projeto de reforma das aposentadorias, criticado pelos socialistas e atacado pelos sindicatos. O projeto é articulado por Eric Woerth, titular da pasta do Trabalho, aquele que está no epicentro da crise. Não deixa de ser uma coincidência peculiar.

Pelo que conheço da política local, especialmente pelo que vi acompanhando a campanha presidencial de 2007 in loco, algo se esconde ainda por trás disso tudo. De qualquer forma, Sarkozy tentará trazer toda sua habilidade política para frente das câmeras na segunda. Acompanharei para comentar aqui.

Se Sarkozy deseja alcançar mais um termo frente ao Elysée, precisa começar a mudar radicalmente. Além da economia, ele precisa reformar as práticas políticas francesas, a começar por dentro de casa. A UMP precisa reagir.

quinta-feira, julho 08, 2010

Desafio para Kan

Naoto Kan apenas começou seu governo no Japão, mas já enfrenta o primeiro teste. Pela primeira vez como líder do Partido Democrático, enfrentará as urnas. A disputa será para a Câmara Alta do Parlamento e será fundamental para testar a força de Kan.

O partido do recém empossado Primeiro-Ministro perdeu a confortável distância que mantinha do rival Partido Liberal Democrático. Dos 10,5% de vantagem, o partido de Kan despencou nas vésperas do pleito para uma diferença de apenas 6,4%. Mais importante do que os números propriamente ditos, é a tendência de queda para o partido do governo. Já fala-se que o Partido Democrático desistiu de chegar as 60 cadeiras, contentando-se com possíveis 50, exatamente na margem para formar maioria.

O teste nas eleições para o Senado é também um teste para o jovem gabinete de Kan. Depois de chegar ao governo pela renúncia de Yukio Hatoyama, Naoto Kan tem muito a provar frente a seu partido. Busca implementar reformas e também levar seu partido a terminar a legislatura ainda na liderança do país. Ele precisa provar que lidera um governo forte, como comentei neste espaço anteriormente.

Desde que Junichiro Koizumi deixou o poder, a lista de breves Primeiro-Ministros no Japão não deixa de aumentar. Shinzo Abe, Yasuo Fukuda, Taro Aso e Yukio Hatoyama. Kan enfrentará a primeira batalha para não seguir o mesmo destino de seus antecessores.

quarta-feira, julho 07, 2010

Netanyahu em Washington

A visita de Netanyahu a Washington está permeada de significados e ocorre exatamente porque ambas partes compreendem que os dividendos políticos do seu entendimento são maiores do que os movimentos atuais.

Registrei aqui a visita de Rahn Emanuel, o influente Chefe de Gabinete de Obama, a Israel. Este foi apenas o primeiro passo. A Casa Branca entende que precisa mover-se no sentido de uma reaproximação de Israel. Obama busca, com este movimento, obter mais apoio no Capitólio e garantir suporte do eleitorado judaico nas eleições de novembro. O Presidente americano entendeu também o recado de Israel, que não tolerará uma política ambígua, diferente daquela histórica, construída ao longo dos anos entre os dois países. Israel sabe mudar o tom se preciso.

Isso tudo fornece a Netanyahu uma segunda chance de construir boas relações com a Casa Branca de Obama. A recepção em Washington foi diferente de março. Desta vez, o Primeiro-Ministro de Israel apareceu ao lado de Obama para uma coletiva e teve um encontro privado com o Presidente no Salão Oval. Obama, entretanto, almeja mais.

Os afagos em Netanyahu serviram para que fosse entendido que ele precisa se mover na direção de fazer concessões dentro da política externa de Obama para a região, se deseja continuar a ser um convidado de honra em Washington. O Primeiro-Ministro se move em uma linha tênue, pois sofre pressão em casa para não ceder e, se o fizer, a coalizão política que mantém seu gabinete pode ruir. Precisa negociar o quanto irá se mover nesta aproximação.

As relações bilaterais, que estremeceram desde que Obama chegou a Casa Branca, pode ter dado sinais de recuperação. Mesmo que forçado pelas circunstâncias, uma boa oportunidade para ambas partes.

terça-feira, julho 06, 2010

Alianças no México

A política realiza casamentos improváveis não somente no Brasil. Acabamos de ver um resultado inusitado no México. Enquanto o PRI lutava sozinho pelos seus votos, os outros dois principais partidos, PAN e PRD, se uniram para derrotá-lo. Não seria inusitado se os dois não representassem forças políticas completamente antagônicas.

O centrista PRI triunfou em nove dos 12 governos regionais em disputa. Levou, inclusive dois governados pelo PAN, Aguascalientes e Tlaxcala, além do único do PRD, Zacatecas. As vitórias, entretanto, foram amargas. Unidos, o partido do presidente Calderón e de seu adversário, Lopes Obrador, triunfaram em três jóias da coroa que eram governadas pelo PRI: Oaxaca, Sinaloa e Puebla.

O golpe sofrido pelo PRI com a perda desses três governos regionais explica-se pela ótica orçamentária-política. Os recursos financeiros recebidos pelos partidos no México são calculados pelo número de eleitores. Assim sendo, o PRI ganhou 2,7 milhões de eleitores, mas perdeu três estados com 9,8 milhões.

O PRI pretendia uma vitória completa, ampla no sentido de sedimentar seu caminho rumo as eleições presidenciais de 2012. Com receio dessa estratégia, PAN e PRD se uniram para evitar seu próprio fracasso político em dois anos. O primeiro passo foi dado.

Resta saber como Calderón, do conservador PAN, irá lidar com este intrincado xadrez político, uma vez que necessita do apoio do PRI para governar, especialmente em um momento de crescente violência no México.

Possuo muitos bons amigos na política mexicana, alguns com os quais já tive o prazer de trabalhar em pleitos disputados e interessantes. Eles alertam que, pelo menos por enquanto, é improvável falar de uma aliança nacional entre PAN e PRD para 2012. Mas sabemos que na política alianças improváveis são possíveis, especialmente quando existe um adversário comum. Caso contrário, o PRI seguirá como fiador da estabilidade política.

segunda-feira, julho 05, 2010

Direita Liberal vence na Polônia

Em 2007, quando trabalhava em Viena, fui até Varsóvia assim que Donald Tusk venceu as eleições com o Plataforma Cívica. Pretendia ver o impacto das mudanças que seriam implementadas e monitorar a escolha do gabinete, de fundamental importância para entender a guinada pela qual a Polônia estava passando. Fiz os registros neste Blog.

Percebi uma direção liberal clara, ou seja, o governo continuaria nas mãos da Direita, assim como era com o Lei e Justiça, mas a chegada do Plataforma Cívica trazia, além de uma nova geração, a concretização de uma maior aproximação com a Europa e a implementação de reformas liberalizantes na economia.

O recente falecimento de Lech Kaczynski, deixando vago o cargo de Presidente, abriu a possibilidade de renovação de poder também na Chefia de Estado. Era a chance do Plataforma Cívica concluir o ciclo que começou com a vitória de 2007. Apesar do cargo de Presidente não ser fundamental para o exercício do poder na Polônia, sua conquista traria tranquilidade para o partido concluir as reformas sem qualquer forma de veto da Chefia de Estado.

Assim, a vitória de Bronislaw Komorowski, do Plataforma Cívica, sobre Jaroslaw Kaczynski, do Lei e Justiça, nas eleições presidenciais deste domingo tem um significado muito importante na política polonesa. Foi uma mensagem de confiança da população no governo liderado por Donald Tusk e uma consolidação do rumo reformista adotado pelo seu gabinete.

Do outro lado, os 47% alcançados por Jaroslaw Kaczynski mostram que a Direita Conservadora ainda tem capital eleitoral para mobilizar-se visando as eleições legislativas de 2011. O Lei e Justiça disputará essas eleições para vencer, mas Tusk, além do Presidente, tem a seu favor uma economia que não sofreu abalos durante a crise e deve entrar com louvor na zona do Euro antes do pleito. Caberá ao Plataforma Cívica manter a vantagem que Bronislaw Komorowski atingiu nesta disputada eleição.

sexta-feira, julho 02, 2010

O Empate

Depois da pequena dianteria de Dilma nas pesquisas, tudo indica um recuo e um empate. O Datafolha mostra Serra agora com 39% e Dilma logo atrás com 38%. Marina segue estagnada nos 10%.

Isto se dá devido a maior exposição de Serra na TV. Dilma subiu até aqui pelo mesmo caminho. Serra perdeu uma grande oportunidade de ocupar maior espaço na mídia mediante a escolha de seu vice, que poderia ter sido melhor costurada. A presença de Serra na mídia foi muito maior devido a indefinição na escolha do nome que o acompanharia na chapa e as brigas internas que levaram a escolha de Índio da Costa.

Dilma apareceu sempre de forma mais positiva. O Planalto tem trabalhado a todo vapor para fechar palanques nos estados que impulsionem os números de sua candidata. Para isso o PT cortou na própria carne, intervindo quando necessário e agindo nos bastidores com enorme contundência, tanto para atrapalhar os planos dos tucanos, como no Paraná, como para fechar acordos com um PMDB rebelde em alguns estados.

Se a eleição fosse hoje, Dilma teria vantagem com o empate em função de dois fatores. O primeiro reside na maior consistência e articulação de seus palanques estaduais, especialmente fortalecido com o homogêneo apoio que o PMDB tem demonstrado. Temer, fiador e elo do acordo, entrega aquilo que promete. Dilma agradece. O segundo ponto reside na capacidade de mobilização. Aprendi, durante o período que trabalhei na Espanha, que partidos como o PT, em reta final, se empatados, conseguem alcançar a vitória. Sua capacidade de mobilização, articulada com setores organizados da sociedade, como igreja e sindicatos, catapultam os números finais para além do esperado.

Portanto, se Serra deseja vencer, precisa chegar com alguma folga nos momentos finais. Isto será fundamental para vitória. Caso chegue empatado, como mostra o retrato de hoje, as chances de perder são grandes.

Amanhã o Ibope solta números que devem confirmar estes do Datafolha, zerando o jogo em termos de pesquisas, mas sabemos que em articulação nacional a chapa PT/PMDB sai na frente. Vale lembrar que estes números não trazem ainda o impacto da escolha do nome de vice de Serra, seja para o lado positivo ou negativo.

quinta-feira, julho 01, 2010

Ainda sobre o Vice

Gostaria de voltar aqui ao tema da escolha do candidato a vice de José Serra e tecer alguns comentários.

No caso da chapa do PSDB, a escolha do vice deveria recair em algum nome que, de forma estratégica, pudesse agregar na campanha. Índio da Costa pode ser um bom deputado e ter boas idéias, entretanto, não se encaixa dentro do perfil necessário para vencer uma disputa da forma que esta eleição presidencial se apresenta.

José Serra precisava de um nome do cento país, como já coloquei aqui. Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Mato Grosso são os estados chave dentro desta idéia. Poderia se buscar um vice ligado ao agronegócio, que também unisse a base e impulsionasse a campanha para o Centro-Oeste.

Descartado o nome de Aécio, de projeção nacional, deveria se oferecer ao ex-Governador de Minas Gerais a possibilidade de ele mesmo indicar um nome de seu estado para a vice. Isto traria inevitavelmente Aécio para dentro da disputa presidencial, sem correr o risco de ver seu eleitorado debandar no pleito nacional, como ocorreu em 2006. Em caso de negativa de Aécio, poderia-se buscar dentre os partidos que compõe a aliança.

Dentro do DEM, Demóstenes Torres, Ronaldo Caiado e Kátia Abreu exerceriam o papel com muita competência. Carregariam o Centro-Oeste, tem história política, projeção nacional e uniriam a base. Os dois últimos, ainda carregariam com entusiasmo o agronegócio para o coração da campanha.

Ainda se faltassem nomes dentre os aliados e o PSDB voltasse seu foco para a formação de um chapa pura, os tucanos poderiam fazer a opção pelo discurso da ética e alçar Flávio Arns para a posição. Seria uma jogada de mestre. Ex-membro do PT, Arns representaria um resgate ético de valor inestimável para a chapa, trazendo inclusive votos petistas para José Serra.

Enfim, as opções eram as mais variadas, dependendo da estratégia de campanha. A primeira opção seria Aécio, ou um nome mineiro indicado por ele, passando-se pelos bons nomes do DEM e aliados e aterrisando, quem sabe, em um nome com o balisamento ético de Arns, levando a campanha para águas onde o PT não deseja navegar. Faltou a José Serra tomar as rédeas da escolha de seu vice. Sem planejamento estratégico dos rumos de campanha, não foi possível fazer este desenho. Agora, com a imposição dos fatos sobre qualquer forma de estratégia, encara-se a campanha.