terça-feira, abril 30, 2013

A Curiosa Política Italiana III

Enrico Letta tornou-se o Chefe de Governo italiano. Para isso houve uma grande coalizão, que passou por Berlusconi e Monti. Com o voto de confiança primeiro na Câmara e hoje no Senado, pode começar a tomar os primeiros passos.

O primeiro será uma viagem a Berlim para encontrar-se com Angela Merkel. Logo depois, Paris, e enfim Bruxelas. Letta é um político pró-União Européia, mas hoje provocou surpresa ao declarar que a Itália e outros países precisam abrandar as políticas de austeridade para enfrentar a crise. Sua conversa na Alemanha deverá colocá-lo de volta no prumo.

Mas como toda coalizão italiana, esta já começou a lidar com problemas. Berlusconi já adiantou que pode retirar seu apoio ao governo caso algumas de suas propostas não sejam absorvidas por Letta. Assumindo o governo, o Partido Democrático chegou ao poder, mas para manter-se lá precisa tanto do apoio de Berlusconi como do partido de Mario Monti, premiê que tirou a Itália do desespero no último ano. Uma sintonia difícil de ser alcançada.

Portanto, os desafios de Letta são enormes. Manter uma coalizão frágil calcada em adversários políticos, agradar seus partidários socialistas, além de enfrentar a crise européia com sua receita de flexibilização da austeridade. Parece impossível. Mas ele disse que consegue. Coisas que só a curiosa política italiana explica.

segunda-feira, abril 29, 2013

Aécio e Eduardo

Prestem atenção nesta foto. Nela pode estar o futuro da política brasileira. Certamente é um caminho que continuará pelo lado esquerdo da política, mas de alguma forma pode representar um período pós-petismo.

A política brasileira é conduzida muito mais por uma confluência de interesses do que por convicções políticas ou posicionamentos doutrinários. Se o PT souber acomodar aliados, repartir poder e verbas públicas, tem grande chance de continuar a dominar a política nacional. Do contrário pode ver seu poder ruir.

A hegemonia petista consolidou-se de tal forma que mudou a geografia política partidária do Brasil. Os efeitos mais claros foram a adesão do PMDB, praticamente sumiço do DEM, surgimento do PSD e o enxugamento do PSDB. Ganharam os partidos pequenos, o PSD e PMDB, destino dos parlamentares  que tentaram sobreviver a pressão petista.

Com uma oposição inexistente, o natural seria que a opção pós-petismo saísse dos quadros governistas. Veio do PSB, que cresceu, aproximou-se do empresariado e até agora jogou nos dois campos.

Mas interessante mesmo seria ver estes dois juntos. Aécio e Eduardo juntos poderiam vencer o PT. Na geografia eleitoral ambos atacam o eleitorado petista de frente nos bastiões que garantem a vitória presidencial petista: Nordeste e Minas Gerais.

Considerando-se que o Sul, Centro-Oeste e São Paulo são terrenos de resistência ao petismo (que sempre garantiu sua vitória no binômio Norte/Nordeste + Minas), Aécio e Eduardo quebram a estrela vermelha em seu principal vértice eleitoral.

Mas tudo depende ainda de interesses e acomodações, que não tardarão a bater na porta da dupla quando entenderem seu potencial de fogo.

domingo, abril 28, 2013

A Winston. Why not a Maggie?

A novidade trazida pelo Bank of England para a nota de £5 é magnífica. Trará Winston Churchill como figura principal.

As inúmeras qualidades de Churchill e tudo aquilo que ele representa para os britânicos justifica, sem dúvida alguma, esta homenagem. Os detalhes que virão na nota nota remetem ao líder inglês, como a figura do parlamento logo atrás dele, ou como o horário de seu famoso discurso, gravado no Big Ben da nova banknote de £5.

Lembrar de líderes determinantes, que tragam memórias importantes para a população é muito importante. Nas notas de libras escocesas (sim, são diferentes como tudo na Escócia), por exemplo, encontra-se Adam Smith. Não que a cidade industrial-sindical de Glasgow aprove, mas pelo menos é uma homenagem para que os escoceses lembrem de um passado quase esquecido.

Mas homenagem mesmo seria trazer Margaret Thatcher estampada em alguma nota de "pound sterling", afinal, ela foi a grande defensora da libra esterlina frente ao avanço europeu e talvez, sem sua presença, a moeda britânica fosse hoje apenas uma distante lembrança.

Os britânicos talvez passem a chamar a nota de £5 de simplesmente "a Winston". Nada mal seria seria ter também uma nota para chamar simplesmente de "A Maggie".

sexta-feira, abril 26, 2013

Desemprego na França

A França vive um momento delicado. Com uma enorme rede de proteção social, tem encontrado dificuldades em fechar as contas. Os pesados impostos pagos pela iniciativa privada, responsável por bancar o "Estado de Bem-Estar Social", têm estrangulado sua competitividade e inovação. Além disto, este sistema acaba por induzir os desempregados a seguir fora do mercado de trabalho.

A eleição de François Hollande é apenas mais um capítulo triste desta história. Sarkozy tentou reformar o sistema, mas logo entendeu que a acomodação de interesses é muito maior do que a força política de um Presidente. Foi mandatário de um termo. Os franceses ceifaram seu governo ao meio, assim como a possibilidade de reformar o sistema. Mais do que isso, os eleitores levaram para seu lugar um homem claramente disposto a aumentar ainda mais o sistema que mata a França aos poucos. 

Os decepcionantes resultados econômicos não demoraram a aparecer. A França vive uma crise sem precedentes. Não faltam analistas apostando em Paris como a bola da vez na Europa, ao invés de Roma ou Madri. Enquanto na Espanha e Itália reformas necessárias são realizadas, na França o sistema somente se alarga, sem controle, o que poderá levar a implosão do Euro e como consequência, da União Européia. 

Na França já são mais de 3,2 milhões de desempregados. Um recorde sem precedentes. Dependendo dos cálculos utilizados, o número pode chegar a alarmantes 4,7 milhões. No Brasil, por exemplo, cálculos artificiais jogam o desemprego abaixo dos 5%, mas se aplicarmos os mesmos cálculos da Europa e Estados Unidos, o desemprego no Brasil situa-se na faixa de 20%. Por certo, com 5% de desemprego, não haveria violência, o que evidencia a manipulação dos dados.

Enquanto isso, prestem atenção, a França, em pouco tempo, pode se tornar a bola da vez e neste momento, o Euro terá o seu grande teste.

quarta-feira, abril 24, 2013

A Curiosa Política Italiana II

Depois de uma reeleição polêmica em termos políticos, Giorgio Napolitano tornou-se mais uma vez Presidente da Itália. Missão cumprida, voltou-se ao executivo. Resolveu surpreender e precisou de muito menos tempo que todos imaginaram para designar o novo Chefe de Governo. Mostrou sensatez, mas agora jogou a responsabilidade nos ombros de seu escolhido, Enrico Letta.

As bolsas de apostas falavam em Giuliano Amato, de 74 anos, e nos últimos momentos surgiu com muita força o nome de Matteo Renzi, o prefeito de Florença, de 38 anos. Este teria, em tese, apesar de ser da esquerda, o apoio da direita.

Napolitano decidiu pelo meio termo. Enrico Letta é um homem forte dentro da esquerda, especialmente depois do enfraquecimento de Pier Luigi Bersani. Letta, de 46 anos, já foi eurodeputado e é muito bem visto na União Européia, o que pode ter sido um dos fatores decisivos em sua escolha.

Agora vem a parte difícil: formar um governo. Resta saber em que direção apontarão seus movimentos. Isto pode ser decisivo em relação a estabilidade e duração de seu governo. Seu ímpeto é reformista, mas para passar alterações fundamentais terá que conversar com a direita, comandada por Berlusconi. Será o momento de usar sua experiência de ter sido três vezes ministro e subsecretario do governo de Romano Prodi.

terça-feira, abril 23, 2013

A Curiosa Política Italiana

A Itália vive um impasse político. Desde que Berlusconi deixou o comando do governo, os partidos não se entendem. Mario Monti, o burocrata que governou a Itália nos últimos tempos, não obteve apoio para continuar no cargo. Como não é político, tampouco populista, foi massacrado na eleições. Um comediante, vejam só, foi a grande estrela das urnas.

Mais uma vez a Itália se dividiu e como sempre não consegue formar um governo. Vale lembrar que quando forma, em média dura um ano. O impasse levou toda atenção para a decisão do Presidente, Giorgio Napolitano.

A escolha do próximo Chefe de Governo da Itália é um assunto sério. Visto com desconfiança pela União Européia, o país pode se tornar a "bola da vez" da crise financeira que se espalha pela Europa e destroça economias desajustadas como a italiana.

Depois de Napolitano mostrar uma tendência em favor de Giuliano Amato, surge um nome da esquerda com apoio da direita (coisas que só acontecem na política italiana).  O nome é Matteo Renzi, prefeito de centro-esquerda de Florença e um político popular na Itália. Teria, vejam só, apoio de Berlusconi.

O risco para o mundo é o governo italiano sair da mãos de um burocrata competente, Mario Monti, e cair nas mãos dos políticos novamente. Bruxelas e Berlim certamente acompanham estes movimentos com atenção.

quinta-feira, abril 18, 2013

Números de Berlim

Apesar dos esforços de Angela Merkel, a economia da Alemanha crescerá menos do que o previsto. Imaginava-se chegar a 1%. Ficará nos 0,8%. A culpa, entretanto, está longe de Berlim. O problema econômico alemão atende pelo nome de Euro.

Se tudo corre bem em Berlim, o mesmo não pode-se dizer do resto da Europa. Oito economias da zona do Euro irão contrair-se, a saber: França, Itália, Espanha, Holanda, Grécia, Portugal, Eslovênia e Chipre. A grande questão é saber até que ponto os eleitores do países que custeiam a quebradeira pós-farra irão topar pagar a conta. O dia que decidirem parar, será o fim da moeda única.

O pior de tudo é entender que a crise ainda demorará muito tempo para passar. A Espanha, por exemplo, que paga um preço caríssimo pelos oito anos de irresponsabilidade econômica de Zapatero, chegará a um desemprego de 27,2% em 2014. Madri verá sua economia encolher 1,5% neste ano e tende a ficar estagnada ano que vem.

Enquanto segura a onda, a Alemanha mostra sinais internos de vigor, mas segue enfraquecida pelos sócios do clube europeu. Mesmo com todo o abalo, o desemprego alemão cairá para 6,7% este ano e tende a cair mais, para 6,4% em 2014.

Resta saber até quando os contribuintes alemães acreditam que vale sustentar os parceiros. Merkel enfrentará uma eleição duríssima, mesmo com os números positivos em meio a uma crise sem precedentes. Mas existe uma certeza: se Merkel perder, caiu o Euro e o projeto europeu. É preciso ficar muito atento aos movimentos políticos em Berlim, afinal, destes dependem a Europa e boa parte da economia mundial.



quarta-feira, abril 17, 2013

Inflação e reeleição

O aumento da taxa básica de juros chegou. Foi um movimento tímido, de apenas 0,25%, mas finalmente mostra que o governo Dilma resolveu tentar agir contra a inflação. O objetivo do movimento, não se iludam, é político.

A Presidente acreditou que o Brasil poderia crescer sem terminar as reformas de base do Plano Real, ainda inconclusas, sem inflação. Errou, assim como erraram os militares da década de 70. Explico. Além de não realizar as reformas estruturais para manter o Plano Real de pé, Dilma retrocedeu, avançando com o Estado na economia e gerando as mesmas distorções que levaram o país a viver a hiperinflação da década de 80.

O Brasil precisa terminar as reformas de implantação do Real antes de baixar os juros. É preciso uma reforma sindical, previdenciária, tributária e trabalhista. Infelizmente ninguém se arrisca a fazê-la, pois vivemos uma crise de estadistas e uma proliferação incansável de populistas. Ao invés da reforma trabalhista, surge a PEC das domésticas. Enfim, se não avançamos, infelizmente também regredimos.

O Brasil viveu a farra do crédito e o surgimento da classe C embalado pelos resultados do Real. Mas para o Plano, instituído em 1994, realmente vingar, é necessário fazer o serviço completo. O governo Dilma preferiu o caminho ilusório, ou seja, manipular a economia com isenções para fazê-la respirar. Vale por um tempo, entretanto, logo depois faz água.

Dilma, que encarará a disputa pela reeleição, não poderia chegar ao pleito com a inflação deteriorando o poder de compra. Preferiu aumentar os juros, o que afetará o crescimento e aumentará o desemprego. Nossa Presidente precisa aprender que os juros somente podem cair sem gerar inflação se forem feitas as reformas que mencionei. Mas infelizmente isto vai contra suas convicções políticas. Para tentar ficar mais quatro anos, a receita será a de sempre: juros nas alturas.

terça-feira, abril 16, 2013

Terror em Boston

O terror infelizmente atingiu Boston e mais uma vez os Estados Unidos. Existem certamente muitas perguntas ainda que devem ser respondidas, entretanto, a mais importante será a resposta do povo americano a mais uma tragédia.

Não há dúvida que foi um ato de terrorismo. A sistemática leva a acreditar que foi obra da Al Qaeda. Entretanto, sabe-se que a organização terrorista foi muito debilitada e seus principais líderes foram eliminados ou presos. Além disso, ações ordenadas pelo núcleo central geralmente levam a um número muito mais de mortes.

O atentado de Boston lembra muito em termos operacionais as ações em Londres e Madri, ou seja, de militantes com motivação islâmica, sem vínculo formal com a Al Qaeda, mas inspirados por Bin Laden.  

De qualquer forma, como disse, o mais importante será observar como a sociedade americana irá reagir. Hoje já fala-se de casos isolados de preconceito contra islâmicos e árabes. Este é o caminho errado. O terrorismo busca exatamente isto, ou seja, atingir os fundamentos da tolerância pacífica e instalar o medo. Enfrentar o terrorismo é não sucumbir ao medo que ele provoca. Mais uma vez a sociedade americana se enxerga em um momento de prova.

Depois de Boston existe mais uma grande oportunidade de vencer o terror e medo: mostrar os valores de sociedade tolerante e resiliente, traços que sabemos ser essenciais daquilo que formou os traços de liberdade da sociedade americana.

segunda-feira, abril 15, 2013

Amadurecendo o Golpe

Maduro venceu o pleito na Venezuela. Pelo menos é isto que dizem os resultados eleitorais oficiais. Sabe-se que havia uma máquina muito forte trabalhando por ele. Recebeu inúmeros apoios, até de Lula, na tentativa de sedimentar sua vitória. Entretanto, com mais um ou dois dias de campanha teria perdido. Se é que não perdeu realmente.

Capriles não reconheceu a derrota e fala em fraude. Não seria surpresa se fosse confirmada, especialmente falando-se sobre a Venezuela chavista.

Bem, o fato é que em seu discurso de vitória, Maduro tentou imitar o jeito de falar de Chávez, justificou sua estreita vitória como deu, agrediu os culpados de sempre, mas não convenceu e animou nem sua claque que escutava seu discurso. Ninguém se empolgou. Chegou a ser constrangedor. 

Enfim, percebe-se que Maduro não possui a pegada populista chavista. Foi escolhido por seu um subalterno leal, mas falta-lhe o dom do caudilhismo, que Chávez tinha de sobra. Maduro não terá a linha direta que seu antigo chefe tinha com o povo, abrindo um perigoso flanco para o avanço de outro oportunista sedento pelo poder que pode estar rondando o Palácio Miraflores. 

Se Maduro deseja terminar este mandato, a dica é buscar aliados nos militares, pois sem seu apoio, sofrer um golpe em um país maltratado institucionalmente será apenas uma questão de tempo. 

sexta-feira, abril 12, 2013

Estratégia britânica

E quem desembarcará na Alemanha este final de semana é o primeiro-ministro britânico David Cameron. Irá para residência de campo da chancelaria alemã - Schloss Meseberg. Terá uma extensa agenda com Angela Merkel.

Cameron tem planos concretos para o Reino Unido frente a União Européia. Deseja diminuir a influência política de Bruxelas em Londres, reformando alguns tratados europeus. Para tanto, meses atrás, Cameron jogou pesado e defendeu um referendo sobre a permanência de seu país na União em 2017.

Mas como sempre na política, o Primeiro-Ministro britânico jogou além do que queria para conseguir aquilo que desejava, ou seja, a revisão dos acordos já assinados pelo Reino Unido com a União Européia devolvendo maior autonomia para Londres.

Entretanto muitos problemas podem surgir no caminho. Cameron acendeu uma chama perigosa entre os britânicos e pode ser que em 2017 realmente os súditos da Rainha votem pela retirada de seu país da UE. Vale perguntar: Cameron combinou sua estratégia com os britânicos?

Assim, Cameron já procura negociar aquilo que realmente deseja. Para conseguir, precisa convencer Merkel (que enfrentará eleições duras em breve) e costurar um pacto com os pontos importantes de reforma dos estatutos. Se perder o timing, ele perde o acordo e a União Européia pode realmente perder o Reino Unido - vale lembrar, um vínculo que os britânicos, pelo visto, não fazem a menor questão em manter.

quinta-feira, abril 11, 2013

Recado para Pyongyang

Um dinamarquês desembarcou em Seul. A preocupação certamente se instalou em Pyongyang, porque o dinamarquês atende pelo nome de Anders Fogh Rasmussen. Se ele ainda fosse apenas o chefe de governo da Dinamarca, não causaria o mesmo receio, mas agora ele dá expediente em Bruxelas, como Secretário-Geral da Otan.

Mesmo que alguém se fizesse de desentendido em relação ao recado mandado para Coréia do Norte, de nada adiantaria, isto porque Rasmussen fez questão de mostrar a que veio, já que amanhã se reúne com o ministro da Defesa da Coréia do Sul, Kim Kwang-jin e com a Presidente sul-coreana, Park Geun-hye.

Vale lembrar que desde 1949, quando foi criada a Otan, nunca o Secretário-Geral havia visitado a península coreana.

Para não deixar dúvidas, de Seul, Rasmussen vai para Tóquio, outro capital que escuta ameaças vinda de Pyongyang.

Pensando bem, é melhor Kim Jong-un colocar as barbas (que ainda não tem) de molho.  

quarta-feira, abril 10, 2013

Uruguaios apóiam Mujica

O Presidente uruguaio, José Mujica, é conhecido por dizer o que pensa. Um tipo raro de político, que talvez somente encontre êxito em um local especial como o Uruguai.

O fato é que Mujica referiu-se a Cristina Kirchner, acreditando que os microfones não estivessem abertos, de maneira, digamos, pouco protocolar. Disse o Presidente uruguaio: "Esta velha é pior que o zarolho. O zarolho era mais político. Esta é obstinada". O zarolho em questão é o falecido Presidente Néstor Kirchner, outro pouco afeito aos protocolos e aos limites diplomáticos.

Mujica desculpou-se, mas os uruguaios fizeram o contrário. Em pesquisa divulgada hoje, 76% disseram apoiar a declaração de seu Presidente. Entre os homens este número é ainda maior, 86%.

O fato é que a Argentina sofre nas mãos de Cristina, que por meio de seu discurso populista acarreta apoios, mas destrói pouco a pouco a economia e a liberdade em seu país.

Mas como disse Mujica, Cristina é obstinada. Hoje mesmo ela congelou o preço da gasolina por seis meses. O objetivo é conter a inflação. Bem, aqui no Brasil sabemos como acaba esta história.

Pobre América Latina. Quando até o pacato Mujica reclama de Cristina é porque sabemos que a Argentina vai mal.

terça-feira, abril 09, 2013

FHC nega influência de Thatcher

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso negou, em entrevista, uma suposta influência das idéias de Margaret Thatcher em suas ações como Presidente do Brasil.

Por mais que soe estranho para muitos, FHC foi coerente em suas palavras. Seu governo possuiu um corte social-democrata, ao contrário do que se pensa. Taxado a maior parte do tempo de neoliberal, não soube explicar de forma efetiva suas reformas, sendo acuado pelo PT, que na época era oposição.

Fernando Henrique moveu-se em direção ao liberalismo, contudo nunca o adotou de forma plena. O Brasil não possuia mais capacidade de financiamento e vivia uma economia fortemente estatizada. Seu movimento foi de privatização de alguns setores, porém com forte regulação do Estado. Não enfretou sindicatos, nem foi além de privatizações pontuais. Fez o que era imperativo, necessário para economia naquele momento de implantação do Plano Real. Não traiu seus princípios.

FHC entregou um Brasil de cunho social-democrata para Lula, com as bases de um Estado forte com políticas de assistência social. Thatcher deixou um Reino Unido fincado em bases sólidas liberais para John Major, devolvendo a responsabilidade individual para os britânicos.

Cada um escolheu um caminho para modernizar a economia de seu País. Caminhos que não se confundem.

segunda-feira, abril 08, 2013

Recomeço

É um período de recomeço. Falo do plano pessoal, mas também do político. Com Obama reeleito e frente a eleições que se aproximam no Brasil, podemos dizer que vivemos praticamente um período pré-eleitoral. Assim, é um momento propício para análises de cenários que começam a se desenhar.

O mundo continua a não ser também um lugar sossegado. A política, que permeia o modo como se relacionam os atores desta realidade, cresce de relevância a cada dia. É preciso analisá-la, entendê-la, se desejamos prever o que ocorrerá daqui em diante.

O trabalho deste Blog recomeça. Nasceu como um olhar atento sobre Madri, em 2006. Transportou-se para o centro da Europa, em Viena, no ano seguinte. Seguiu seu rumo com a análise dos primeiros momentos da campanha presidencial americana e teve, antes desta última parada, seu pouso sobre a política de um modo geral, seja brasileira ou internacional.

A idéia é debruçar-se, todos os dias, sobre um assunto diferente, algo que chame a atenção no mundo da política e traduzir o que acontece, decifrar os caminhos e prever os passos que virão. Um recomeço.

Melhor, mais maduro e com olhos mirando no que virá. Aqui, novamente, temos os Diários da Política.