sexta-feira, abril 30, 2010

Economia e Política na Europa

A vitória do FIDEZS nas eleições húngaras sinaliza uma tendência do bloco europeu aos partidos reformistas, posicionados a centro-direita do espectro político. A equação é muito simples. Os países governados por socialistas enfrentam os resultados de excessivos gastos do governo. O desequilíbrios de suas contas, em um cenário pós-crise, colocam a saúde da economia em xeque.

A situação econômica da Grécia é a mais alarmante. Entretanto, já vemos preocupação real com as contas de Portugal e Espanha, que assim como Atenas, possuem partidos socialistas no comando do Estado.

A Hungria, que também era governada pelos socialistas, levou o grupo de centro-direita ao poder com uma votação impressionante. As sondagens em Portugal e Espanha mostram governos socialistas desgastados e partidos opositores reformistas como PSD e PP já com vantagem clara nas intenções de voto.

No Reino Unido, a tendência clara é a saída dos trabalhistas do governo e a volta dos Conservadores nas eleições da próxima semana. Assim como a Alemanha, que recentemente referendou um segundo mandato para a CDU de Merkel, agora aliada ao FDP, de clara linha política e econômica liberal.

Na Polônia, as eleições presidenciais devem confirmar a chegada do grupo de Tusk também a Presidência, com Bronisław Komorowski, dos reformistas liberais do Plataforma Cívica.

Muito países europeus, inclusive aqueles que se recuperam mais rapidamente da crise, descobriram nas opções de centro-direita governos que sabem lidar de maneira mais eficaz com a economia. Apesar de cortar benefícios, existe uma agenda clara de corte de impostos, produzindo políticas que desoneram o empreendedor, responsáveis pela geração de empregos e sustentabilidade de uma economia saudável no longo prazo.

O movimento no espectro político é claro, neste caso, claramente influenciado pela economia.

quinta-feira, abril 29, 2010

Debate Final em Birmingham

Acabo de assistir o último debate da corrida eleitoral britânica. Com um nível excelente, Cameron, Brown e Clegg mostraram que existem grandes diferenças entre os seus partidos e projetos para o Reino Unido.

Foi um debate de dinâmica rápida, objetivo e um elevado nível político. Cameron saiu vitorioso. É isso que os primeiros números apontam. Clegg saiu-se muito bem e Gordon Brown, ainda abatido pelo fiasco político de ontem, perdeu o ritmo de campanha. As primeiras sondagens do Angus Reid mostram que 37% do Reino Unido diz que Cameron saiu-se vitorioso hoje. Clegg alcançou 29% e Brown ficou nos parcos 23%. O YouGov aponta 41% para Cameron, 32% para Clegg e 25% para Brown.

A The Economist decidiu dar seu apoio para David Cameron, que pouco a pouco constrói sua vitória. A respeitada publicação britânica divulgou artigo em que justifica seu posicionamento pró-Tories nesta eleição, enquanto analisa as propostas de cada partido. Vale conferir aqui.

Por certo a repercussão do debate por vezes é mais importante que o próprio. Por isso as equipes dos três partidos estão, neste momento, trabalhando freneticamente pelos corredores justificando sua vitória na mídia. Os números de ontem davam Cameron na frente com 34%, Clegg com 28% e Brown com 27%.

A campanha ainda não acabou. Na reta final, entretanto, tudo indica que o momentum se moveu na direção de David Cameron e os Conservadores.

quarta-feira, abril 28, 2010

Microfone derruba Brown

Tudo leva a crer que Gordon Brown está com os dias contados em Downing Street. Em meio a uma eleição difícil ele pode ter selado seu futuro em um erro básico.

Brown fazia campanha em Rochdale. Interpelado por uma eleitora, gentilmente respondeu seus questionamentos. Depois, de volta ao carro, disparou: "Aquilo foi um desastre, eles nunca deveriam ter me colocado com aquela mulher. De quem foi esta ideia? Foi ridículo...ela era só um tipo de mulher intolerante que disse que costumava (votar para) os Trabalhistas. Quer dizer, foi ridículo". O microfone que Brown carregava, não é preciso dizer, estava ligado.

Um desastre político que praticamente leva sua campanha ao fim, as vésperas do debate final. De nada adiantaram os pedidos de desculpas na rádio e na casa da eleitora, para onde se dirigiu depois. O estrago já estava feito.

Depois do episódio, o Labour deve chegar mesmo em terceiro nas eleições, mas entende-se que fará um bom número de deputados mesmo assim. Em caso de vitória de Clegg, sabe-se que Brown, na composição, ficará de fora.

Mas a balança tende, pouco a pouco, para os Tories (4-8 pontos de vantagem), que dependendo da margem de vitória, podem ter dificuldade em formar um governo.

Por tudo isso, o debate de amanhã é imperdível e pode definir a eleição. Entretanto, todos os cenários apontam o fim do governo Brown.

terça-feira, abril 27, 2010

Os Problemas de Dilma

A campanha de Dilma parece enfrentar problemas. Os principais surgem da própria candidata e sua falta de habilidade com a política.

Os fatos são os mais variados. Dilma tropeçou em Minas, andou pelo Ceará de Ciro e até seu twitter sofre com os erros de português. O cenário se confirma com episódios lamentáveis como aquele em que Dilma é apontada como Normal Bengell em uma foto. Isto sem falar nos desmentidos e desculpas atrapalhadas posteriores e os tropeços em relação aos números do PAC.

O sinal de alerta foi acionado. Dilma foi chamada ao Alvorada para uma conversa com Lula na sexta-feira. Diminuirá sua agenda, como já estava sendo arquitetado. Precisa de mais treinamento. Os tropeços precisam parar. Seu discurso precisa de encaixe. A tática comparativa entre Lula e FHC não tem a penetração esperada.

Agora Dilma terá gravações com respostas prontas para assuntos pré-determinados em seu site. Passará a leitura de declarações previamente escritas por assessores, como na reunião de hoje com os sindicalistas. Ficou artificial, mas pelo menos não tem gafe.

A campanha de Dilma precisa de coordenação. Da forma como se apresenta, fica a suspeita da falta de comando. Os erros atuais, aliados a soberba da certeza de vitória, na vida política, é o caminho certo para o fracasso.

segunda-feira, abril 26, 2010

Ciro, o Preterido

Apesar de Dilma ser uma pesssoa melhor, Serra é mais preparado, mais legítimo e mais capaz de ser Presidente. Acredite se quiser, mas estas são palavras de Ciro Gomes em relação a José Serra.

Ciro é um homem ferido e traído. Acreditou (e foi levado a acreditar) que poderia ser o candidato do Planalto. Não entendeu que é considerado um cristão-novo no reino petista. Não teve as bençãos dos cardeais que poderiam selar seu nome.

Ele acreditou que poderia mostrar musculatura eleitoral e viabilizar-se caso Dilma não alçasse vôo. Pensou também que mesmo sem possibilidade de vitória, poderia ao menos credenciar-se como vice. Cogitou que sua candidatura assegura o segundo turno. Nada disso. Não contava com as cartadas petistas e a voracidade e determinação do PMDB para fechar com Lula.

O PSB, seu partido, também o abandonou quando atendeu pedido expresso de Lula: queria Ciro fora da disputa. Os socialistas atenderam a solicitação e aderiram a Dilma.

Ciro, sentindo-se traído por Lula, pelos socialistas e petistas, disparou que o Presidente "sente-se como um todo poderoso". Este pode ser apenas o aperitivo do que vem por aí. Por isso, a base governista quer Ciro fora do País por uns tempos para, quem sabe, estudar ou algo do gênero, já que seu apoio a Dilma será, "apenas discreto", como frisou.

A saída de Ciro, em princípio, beneficia Serra. É bom lembrar que ele é amigo de Aécio e o Ceará é um dos colégios eleitorais mais importantes do Nordeste.

quarta-feira, abril 21, 2010

50 anos de Brasília

É impossível falar de política sem falar de Brasília. É impossível viver a política sem viver Brasília e neste aniversário de 50 anos, nada mais natural do que falarmos de nossa capital.

A cidade é algo do qual muitos falam, mas poucos conhecem. Contestada por muitos, Brasília é muito mais do que um centro nervoso do poder. Com seus traços modernos e arrojados, transformou-se em referência urbanística internacional. Colecionou ao longo do tempo imigrantes, pessoas acima de tudo corajosas, que levaram para a cidade sua cultura junto com seus sonhos.

Críticas existem. Dizem que deixou o mundo político fora do alcance do povo e sua arquitetura tem claros traços de uma cidade socialista. A capital, contudo, também soube se reinventar. Foi palco de protestos e de acordo com as demandas de mercado soube adequar tendências ideológicas de sua arquitetura a soluções inovadoras e inteligentes.

Brasília é hoje muito maior do que se imaginava. Contrariou aqueles que teimavam em não acreditar no projeto do visionário JK, de erguer uma nova capital no interior. A cidade aproximou o Brasil, no sentido de relacionar culturas e mostrar, neste mosaico, a verdadeira cara de nosso País.

Apesar de não ter nascido em Brasília, sou uma daquelas pessoas que, mesmo sendo crítico, acabou se rendendo a tudo que a cidade representa. Minha história desde muito tempo, assim como as de diversas outras que chegaram ao Planalto Central, confunde-se com cada parte de uma cidade que tornou-se também nosso lar.

Idealizada, criada e erguida pelo homem, Brasília é uma das mais belas cidades do mundo, portanto uma jóia rara da arquitetura e do urbanismo, um local de uma beleza única no planeta, algo que devemos nos orgulhar. Por isso cabe a cada um de nós, brasilienses ou não, preservá-la, seja por meio de nosso voto ou nossas ações. Afinal de contas, Brasília é um pouco de cada um nós.

terça-feira, abril 20, 2010

Obama regula, popularidade despenca

Obama segue obstinado em seu projeto de realizar todas as reformas históricas para o Partido Democrata. Depois da batalha no sistema de saúde, agora ele volta suas baterias para o sistema financeiro.

Ele pretende ampliar a supervisão dos bancos e suas práticas financeiras. Não será tarefa fácil. Se sua popularidade saiu combalida na reforma anterior, angariar apoios para esta será uma tarefa quase impossível.

O povo americano, ao contrário do brasileiro, não gosta da palavra regulação, pois sabe que a conta da intervenção do governo cedo ou tarde é cobrada de seu bolso. Ele pode tentar uma brecha política, com habilidade, se usar a crise financeira como discurso para as reformas - mas não poderá lembrar que foi exatamente a intervenção governamental de Clinton que criou a bolha que explodiu pouco antes de Obama chegar a Casa Branca.

Enquanto isso, a popularidade do Presidente norte-americano segue em queda livre. Apenas 22% confiam no governo e só 19% mostram-se contentes com a situação atual. Este é o nível mais baixo de confiança popular em um governo americano em meio século. Trabalho para Obama, já que o Congresso irá se renovar nas eleições de novembro.

segunda-feira, abril 19, 2010

Na espera do Ibope

Causou estranheza nos meios políticos os resultados trazidos pela pesquisa do Instituto Sensus na última semana. A sondagem trouxe um empate entre Serra e Dilma, mais precisamente 32,7% x 32,4%.

A expectativa ficou pelos resultados de outra pesquisa, esta do Datafolha, no final da semana. Os números chegaram bem diferentes daqueles mostrados pelo Sensus.

Pelos dados do Datafolha, Serra ampliou a vantagem. No cenário com Ciro, Serra segue oscilando para cima. Há um ano, ele tinha 35%. Chegou a perder três pontos, caindo para 32% no começo de 2010. Entretanto, desde então viu seus números subirem, para 36% e agora 38%.

Dilma estagnou no mesmo patamar. Tinha 28%, caiu para 27% e voltou aos 28%. A diferença entre os dois aumentou e agora chegou a 10 pontos.

No cenário sem Ciro, Serra também ampliou a vantagem. Tinha 40% e agora chegou a 42%. Dilma segue no mesmo patamar, 30%. Como Marina tem 12%, a presença de Ciro continua a assegurar a ocorrência de um segundo turno. De outro modo, Serra poderia vencer no primeiro turno.

As divergências entre os institutos são fortes. Fica especialmente difícil de conceber um desgaste tão forte de Serra exatamente no momento de lançamento de seu nome, como apontou o Sensus. Caberá a pesquisa do Ibope, que será divulgada esta semana, dirimir as dúvidas.

domingo, abril 18, 2010

Liberal Democrats lideram no Reino Unido

Apenas uma atualização deste domingo. Por essa nem Nick Clegg esperava. Os números que são divulgados neste momento no Reino Unido mostram que a onda amarela, dos Liberal Democrats, continua crescendo.

Nick Clegg e seu partido tomaram a liderança dos Tories. Os Lib Dems surgiram com 33% neste domingo, deixando os Conservadores em segundo com 32% e os Trabalhistas com 26%.

Consolidando-se as tendências atuais, a eleição toma novos contornos dentro do sistema parlamentarista britânico: um Parlamento dividido em três forças principais, onde nenhuma delas alcança maioria absoluta.

Os votos anti-Tories canalizam-se, neste momento, para os Liberal Democrats, o que deixa a situação de Gordon Brown cada vez mais dramática.

Tudo indica que a disputa pela liderança ficará mesmo entre David Cameron e Nick Clegg.

sexta-feira, abril 16, 2010

Reviravolta em Londres

Enquanto as cinzas vindas da Islândia fechavam o espaço aéreo do Reino Unido, os líderes dos três principais partidos britânicos travavam uma disputa memorável em um debate visto por mais de 10 milhões de pessoas no país. Há tempos uma eleição não mobilizava tanto o eleitorado.

A surpresa do debate foi Nick Clegg do Liberal Democrats. Se seu partido já vinha subindo pouco a pouco nas pesquisas, sua performance fez com que uma eleição polarizada entre Gordon Brown e David Cameron tomasse novos ares e considerasse de forma real uma terceira-via.

Nick Clegg tansitou com tranquilidade entre o embate de Brown e Cameron e assim conquistou uma importante parte do eleitorado. Seu partido tira votos dos Conservadores e dos Trabalhistas, além de mobilizar uma parte do eleitorado já desacreditado com a política. Clegg e os Liberal Democrats não poderiam esperar uma onda e um momento tão favorável em um timing melhor do que este.

Nick Clegg foi considerado o vencedor do debate por 51% do eleitorado, seguido de Cameron com 28% e Brown com 19%.

O impacto do resultado do debate mexeu profundamente com o quadro eleitoral. Antes, o cenário previa 37% para os Conservadores, 31% para os Trabalhistas e 22% para os Liberal Democrats. A primeira sondagem após o debate mostra que além de deixar os Trabalhistas para trás, Nick Clegg e seu partido encostaram nos Conservadores. Os Tories aparecem com 33%, Liberal Democrats com 30% e Trabalhistas com 28%.

Se antes Nick Cregg aparecia somente como figurante no cenário eleitoral e depois como a força que daria governabilidade ao vencedor, impondo sua agenda, agora aparece com chances reais de vencer. O Reino Unido, divido em três correntes políticas, caminha certamente para um governo de coalizão, resta saber entre quais partidos.

quinta-feira, abril 15, 2010

PMDB mostra as garras

O PT tem cozinhado o PMDB em banho-maria. Existem pendências em mais de uma dezena de estados e até o momento o partido de Lula parece não se mobilizar para resolvê-los.

Alguns nomes fortes do PMDB já entenderam o recado e estão dispostos a engrossar a pressão para cima de Lula. Os deslizes de Dilma, associados com a falta de disposição dos petistas, fez soar um alerta vermelho no alto comando do PMDB.

Lula dá a eleição como favas contadas e toca o PMDB como um sócio minoritário. Serra, de outra lado, exige cautela, e diz que será uma eleição difícil. A soberba de Lula pode fazer com que sua candidata deslize em meio a tanta alta-confiança.

O nome de Temer como vice de Dilma já tem data para chegar ao grande público, em meados de maio, antes, portanto, da convenção. Se Temer entender, entretanto, que precisa de mais tempo para pressionar o PT, pode adiar o anúncio e deixar Lula sob pressão até a convenção.

O PT precisa negociar a situação nos Estados com o PMDB, a começar por Minas Gerais, onde o petismo mineiro dá sinais que não deseja fechar em torno de Hélio Costa, que já disse que poderá apoiar Serra.

Uma coisa é certa. Em termos de articulação, o PMDB tem muito mais cancha que os colegas petistas, que tem outras qualidades, mas não possuem a sintonia fina com o poder que calibra as posturas do PMDB. Caso o PT não dê a devida atenção ao PMDB, pode colocar a eleição de Dilma em risco. Excesso de soberba, na política, é o caminho certo para a derrota.

quarta-feira, abril 14, 2010

Le Pen sairá de cena

No último domingo, Jean Marie Le Pen anunciou que, em janeiro de 2011, a Frente Nacional deve escolher um novo líder. Não deixa de ser emblemático que em um período de renascimento dos nacionalismos e regionalismos europeus,o principal líder nacionalista francês decida sair de cena.

O Le Figaro pontuou que ele não deve se apresentar nas próximas eleições. A Frente Nacional deverá ser liderada por sua filha, Marine Le Pen, ou pelo antigo colega de partido, Bruno Gollnisch.

A força eleitoral da Frente Nacional francesa não pode ser desprezada, especialmente no atual período por que passa a Europa. Partidos nacionalistas tem angariado votos por todo o continente e já são parte de um grupo político nada desprezível em nível europeu. Tanto Marine Le Pen, quanto Bruno Gollnisch são eurodeputados.

De qualquer forma, a escolha do sucessor de Le Pen, que já chegou ao segundo turno nas eleições presidenciais, é muito importante para seu grupo. Sua personalidade excêntrica carrega muito do apelo da Frente Nacional. Somente um novo líder, de dimensões similares, poderá continuar o trabalho de Le Pen. Com a palavras os filiados, que devem escolher o sucessor em 2011.

terça-feira, abril 13, 2010

Direita vence com folga na Hungria

Depois de oito anos de governo socialista, a Hungria resolveu mudar radicalmente. A vitória da centro-direita húngara neste final de semana foi arrasadora. Se nas eleições de 2006 tinha chegado a apenas 42,06% dos votos, em 2010 os conservadores do FIDESZ chegam a incríveis 52,7%.

O desgastado governo dos socialistas do MSZP ainda levou os nacionalistas do Jobbik (Movimento para uma Hungria Melhor) a ultrapassar a cláusula de barreira dos 5%, consolidando-se com 16,7%.

Nas mãos dos socialistas, os resultados obtidos pela Hungria não tem sido satisfatórios. Recorde de gastos e aumento de impostos fizeram com que o desemprego fosse o maior desde 1994, em 11,4% e uma retração econômica chegasse a 6,3%. Somaram-se os escândalos de corrupção no governo dos socialistas e a falta de habilidade em lidar com a economia, mesmo antes da crise.

A resposta foi contundente. A Direita terá sua grande chance. Com a ampla maioria conquistada no Parlamento, poderá levar adiante um audacioso plano de reformas.

segunda-feira, abril 12, 2010

Serra, o conciliador

José Serra mostrou o tom de sua campanha. Se alguém esperava trazê-lo para uma campanha beligerante, precisará rever suas estratégias.

Transitando entre a crítica pontual e o discurso propositivo, esboçou idéias claras e um posicionamento político conciliador.

Falou sobre a política de divisão da nação, exatamente a estratégia de confronto que se articula contra sua candidatura nos corredores dos atuais inquilinos do Planalto.

O tom final veio com sua mensagem de campanha, "O Brasil pode mais".

A presença e o discurso de Aécio foram importantes, passaram a idéia da união que o partido precisava. Serra agora começará sua campanha por Minas.

Para ter impacto semelhante ao encontro do PT que lançou Dilma, Serra precisaria ter ocupado as capas dos principais revistas semanais no mesmo final de semana de seu discurso, como ocorreu com a candidata oficial.

Duas pesquisas sairão nesta semana. A atenção recairá sobre o Datafolha, que deve ser divulgado no final da semana. Mas uma coisa é certa, o impacto do encontro que selou o nome de Serra, teve menor repercussão na mídia do que o encontro do PT que fez o mesmo com Dilma.

Entretanto, Serra trouxe seu tema de campanha para a berlinda. Caberá ao PT reagir da maneira certa. O manual da estratégia política mostra que Dilma, depois do tom mostrado por Serra, talvez precise rever sua atual tática de campanha.

domingo, abril 11, 2010

Tristeza em Varsóvia

"Há 70 anos, em Katyn, os soviéticos mataram as elites polonesas. Hoje, a elite polonesa morreu quando ia a Katyn homenagear os poloneses mortos". As palavras do ex-presidente Lech Walesa sintetizam a dor que atingiu a Polônia. No avião onde estava o Presidente Lech Kaczyński, também estavam comandantes das Forças-Armadas, incluindo altos oficiais do Estado-Maior, Marinha, Exército, Aeronáutica e das Forças Especiais, além de oficiais veteranos da inteligência, renomados historiadores e os mais importantes formuladores da política externa do Partido Lei e Justiça.

Sou um admirador incondicional da Polônia. Seu povo, que sofreu nas mãos do nazismo e depois do comunismo, emergiu como a nação com a economia mais pujante do Leste Europeu na história recente. Minha admiração pelos poloneses só aumentou quando meu trabalho felizmente levou-me a estar no país e enxergar traços admiráveis em um povo sério, honesto e apaixonado. Varsóvia, como tradução desta nova realidade, reinventa-se como cidade, que quando bela e admirada, foi invadida e destruída, e hoje mostra-se moderna e pujante, reflexo de um povo que valoriza seu passado e orgulha-se de suas tradições.

Assim, o impacto da perda de importante parte da elite polonesa neste desastre aéreo é incalculável, pois foram-se muitos daqueles que lutaram para que a Polônia encontrasse sua tão sonhada liberdade, agora já felizmente consolidada.

Os reflexos políticos são brutais para o partido de Kaczyński, que enfrentaria duras eleições ainda este ano. Assume o cargo interinamente o presidente da Câmara Baixa (Sejm), Bronisław Komorowski, adversário dos irmãos Kaczyński, e aliado do Primeiro-Ministro Donald Tusk. As chances de Komorowski concorrer e vencer são grandes, uma vez que seu nome já era dado como certo nas eleições de outubro, além de representar Tusk, que dirige um governo sólido, coerente e que colhe ótimos resultados.

Enquanto isso, a Polônia terá que mais uma vez superar uma difícil etapa de sua história. Mas somente grandes nações tem a força para enfrentar grandes dificuldades e a Polônia é um desses raros exemplos admiráveis.

sexta-feira, abril 09, 2010

Alencar decide não concorrer

Tudo indicava que o vice-presidente José Alencar enfrentaria as urnas novamente este ano. Foi contundente quando perguntado pelo Presidente Lula, dizendo que gostaria de voltar ao Senado. Flertou também com o governo de Minas, mas por fim, decidiu se retirar do cenário político.

Com 78 anos e ainda em tratamento contra o câncer, ele disse que não seria honesto concorrer sem estar plenamente curado. Certamente não seria e se este foi o real motivo, tomou a decisão correta.

Politicamente, Alencar resolveu um problema para Lula, pois passará a assumir a Presidência em suas ausências, evitando o desgaste de transmissão do cargo temporariamente para José Sarney.

Em Minas, a retirada de seu nome tem reflexos na sucessão. Para o Governo, consolida a candidatura de Hélio Costa, e para o Senado deixa aberta uma vaga que seria certamente sua. Como Aécio é dado com candidato imbatível ao Senado, a segunda vaga pode acabar no colo de Itamar Franco.

Como vemos, a decisão de Alencar começa a definir o cenário nas Minas Gerais. Já no Planalto trará a tranquilidade que Lula tanto desejava para engajar-se com mais força na campanha de Dilma.

quinta-feira, abril 08, 2010

"Dilmasia, Anastadilma, qualquer coisa assim"

Longe de Lula, Dilma tem o hábito de meter os pés pelas mãos em campanha. Sugeriu, em Minas, sem pensar nas consequências políticas com seus aliados, uma aliança branca com o candidato a Governador de Aécio Neves, Antônio Anastasia. Chamou sua idéia de "Dilmasia, Anastadilma, qualquer coisa assim".

O que une ambos é a dependência crônica de seus padrinhos políticos para suas candidaturas. Mas Dilma enxergou no fato uma possibilidade de desestabilizar o ninho tucano, que depende de Minas e da boa vontade de Aécio para vencer as eleições presidenciais. Errou o foco. Provocou fogo amigo.

A estratégia, tudo indica, não surtiu os melhores resultados, já que o pretenso candidato do governo, Hélio Costa, saiu atirando. Disse que preferia o voto "Serrélio", ou seja, Serra para Presidente e Hélio Costa para Governador. Isso sem falar na dupla Pimentel-Patrus, do ninho petista e do vice José Alencar, todos com ambições em Minas.

O problema é que Dilma causou tensão e desconforto transitando em um terreno onde não possui qualquer habilidade. Solta, tende a gerar fatos que podem prejudicar sua candidatura e colocar em dúvida alianças estratégicas, como em Minas.

Em tempo, Antônio Anastasia disse que apóia o pré-candidato do PSDB a Presidente, José Serra. "Minas está firme com ele”, completou.

terça-feira, abril 06, 2010

Sarney is Back

Como já havíamos previsto por aqui, José Sarney voltaria ao Planalto, mesmo que interinamente em função do calendário eleitoral.

Como Lula estará ausente do País e o vice, José Alencar, pretende se candidatar, o natural seria que o Presidente da Câmara assumisse o cargo. Mas como Michel Temer pretende ser candidato na chapa de Dilma, também não pode assumir, sob o risco de tornar-se inelegível.

O próximo na linha sucessória é José Sarney, presidente do Senado, que voltará ao Planalto no próximo domingo, 20 anos depois de deixar a Presidência da República.

Assim, sob as bençãos de Lula, Sarney is back. Não será somente por uma vez, o Presidente do Senado deve assumir a cadeira presidencial por várias vezes até as eleições. Desgaste eleitoral para o PT? Não acredito. Como vemos, a política reserva várias vidas para seus pares, como lembrou Churchill.

quinta-feira, abril 01, 2010

Dia do Fico

E Henrique Meirelles, depois de ser cotado para concorrer a Vice-Presidência da República, decidiu não ser candidato a coisa alguma e ficará no comando do Banco Central.

As justificas técnicas não escondem os motivos políticos. Meirelles filiou-se ao PMDB sob a orientação de Lula para tentar emplacar como vice de Dilma. Era seu desejo. Mas o PMDB foi inflexível e como já era esperado deixou Henrique Meirelles de fora.

O PMDB quer Michel Temer como vice de Dilma e assim será. Se o partido marchará unido é outra história, mas ficou claro que o PMDB tem comando e que Michel representa este grupo.

Quanto a Meirelles, nem uma candidatura em Goiás emplacou. Os destinos seriam o Governo ou o Senado. Íris Rezende será candidato ao governo e dependendo da composição, uma candidatura ao Senado poderia não se concretizar.

Ao filiar-se no PMDB, Meirelles selou seu destino político nas próximas eleições. Virou apenas mais uma carta do baralho político produzido pelo Planalto. Temer agradece.