segunda-feira, dezembro 28, 2009

Serra e Marina?

Começa a tomar forma uma operação que pode alterar de forma substancial a eleição presidencial. Primeiro discutida reservadamente entre tucanos e depois já divulgada pela imprensa, uma possível aliança entre Serra e Marina.

A possibilidade surge com a desistência de Aécio de ser companheiro de chapa de Serra e com o desgaste do DEM com o caso Arruda. O PPS, também aliado, é candidato a fornecer um nome, mas nenhum cairia tão bem quanto o de Marina Silva.

As chances reais do projeto se concretizar ainda são pequenas, mas se for fechada, a aliança do PV com o bloco oposicionista indicando a candidata a vice, causaria danos irreparáveis para a candidatura Dilma.

Além de Marina ser mulher e neutralizar este aspecto na candidatura Dilma, o nome da ex-ministra de Lula quebraria a estratégia central da candidatura petista, que é o caráter plebiscitário do pleito, comparando as presidências de Lula e FHC. Serra e Marina juntos fornecem a continuidade das duas gestões e a manutenção daquele aspecto ético do petismo que levou Lula até a Presidência e que foi perdido durante sua gestão.

Marina tem aquilo que falta a Serra e ele exatamente aquilo que completa Marina. Seria uma forte dupla. No governo, será a grande possibilidade de ex-ministra ver sua agenda realmente implementada.

Uma aliança Serra/Marina alteraria o jogo presidencial de forma definitiva.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Os ventos do Sul

Como a influência dos palanques regionais para a sucessão presidencial é grande e os primeiros nomes nas disputas para os governos já despontam, as primeiras pesquisas já começam a apontar cenários.

No sul as tendências aparecem já de forma clara. No Paraná a disputa está acirrada entre Beto Richa (40%) e Osmar Dias (38%). O candidato do governador Requião, Orlando Pessuti, patina nos 5%. Dilma deve descer no palanque de Dias, do PDT, e o candidato tucano, provavalmente Serra, no de Beto Richa. O problema para Dilma é que Álvaro Dias, irmão de Osmar, é um dos mais ferrenhos opositores do governo federal. Algumas peças ainda podem se mover. A conferir.

Em Santa Catarina, Ângela Amin, do PP, sai na frente, com 31%. Depois vem Raimundo Colombo, do DEM, com 18% e Ideli Salvati, do PT, com 14%. Resta saber para que lado irá a candidatura de Ângela, já que Dilma deve desembarcar com Ideli e Serra com Colombo. Vale lembrar que Ideli chega ao fim de seu mandato no Senado nesta eleição. Avaliará se vale a pena ir para o sacrifício para garantir um palanque para Dilma ou disputar a reeleição para o Senado, uma tarefa mais fácil e que renderá mais oito anos em Brasília.

No Rio Grande do Sul, PMDB e PT devem ir para disputa direta. Tarso e o PT nem cogitam aliança com o PMDB para fortalecer Dilma. O consórcio eleitoral PMDB/PT rachou no Rio Grande. Fogaça, prefeito de Porto Alegre, buscará o governo e o anúncio de sua candidatura catapultou seu nome para os 30%. Tarso caiu e alcança os mesmos 30%. Yeda, atual governadora, tem parcos 5% e o PSB de Beto Albuquerque, 7%. A disputa será como sempre no Rio Grande do Sul, voto a voto. Serra e Dilma tem palanques bem definidos.

Como vemos, alguns movimentos poderiam mudar sensivelmente o cenário. Se Lula enquadra o PT no Rio Grande, sorte de Dilma, e se Aécio fosse o candidato, poderia forçar uma derrota histórica para Dilma no Paraná e Santa Catarina. Mas de acordo com que se apresenta, o cenário de saída já está posto.

terça-feira, dezembro 22, 2009

A Eleição passa por Minas

Assim como teremos disputa presidencial no próximo ano, o mesmo ocorrerá nos estados. A influência eleitoral de um pleito sobre o outro começa a tomar forma.

São Paulo, até o momento, constitui-se no estado mais dramático para Dilma. Lá, em todos os cenários, os tucanos vencem no primeiro turno, seja com Alckmin ou Serra. Além disso, o Governador possui um alto patamar de transferência de votos, avaliado em 39%.

Já o Rio de Janeiro é motivo de preocupação para os tucanos. Estes esperavam que Fernando Gabeira disputasse o governo. Engano. Gabeira vai mesmo disputar o Senado. Lá, Sérgio Cabral, aliado de Lula e Dilma, lidera com 37%. Garotinho, outro aliado do petismo, alcança 24% e Lindberg Farias (que não deve disputar) chega a 8%. Os tucanos não tem postulante ao Palácio Guanabara. César Maia aparece com 13%, mas não sairá candidato, prefere o Senado. No Rio, Dilma já abre vantagem sobre Serra.

Minas Gerais será outro estado interessante. A posição de Aécio é estratégica e deve impulsionar os números de Anastasia, que atualmente bate em 10%. Hélio Costa, que lidera as pesquisas e teoricamente é aliado de Lula, deve sair pelo PMDB e o PT hesita entre Patrus Ananais e Fernando Pimentel. Um embate entre PMDB e PT em Minas pode beneficiar Serra, ainda mais se Aécio realmente se empenhar na campanha.

Os números destes estados devem ser considerados porque seu movimento pode decidir a eleição. Se a margem aberta por Serra for ampla em São Paulo, será muito difícil reverter o quadro, ainda mais se Aécio mostrar resultados em Minas. Cabe aos tucanos, de forma urgente, encontrar uma saída para o Rio de Janeiro. No caso petista, a vantagem vem do Rio, mas encontrará em Minas uma situação a ser resolvida.

Enfim, mais uma vez a eleição para por Minas e no cenário atual Aécio pode ser o grande eleitor da sucessão.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Datafolha

A pesquisa realizada pelo Datafolha mostra uma acomodação dos números, especialmente com a saída de Heloísa Helena da disputa. Se compararmos com a pesquisa anterior, vemos um direcionamento dos votos de Heloísa para Marina e Dilma, sem reflexos para Serra.

Com Ciro Gomes na disputa, o novo cenário traz Serra na dianteira com 37%, Dilma sobe para 23%, Ciro atinge 13% e Marina 8%. Sem o nome de Ciro, Serra chega a 40%, Dilma crava 26% e Marina 11%. Vemos que para garantir a realização de um segundo turno, neste momento, a presença de Ciro é indispensável. Sem ele, Serra liquida a fatura no primeiro turno.

O crescimento de Dilma é um fato interessante, mas é preciso ser confirmado pelos outros institutos. O importante é enxergar que nos cenários apresentados ela rompe a barreira dos 20%, mas é preciso entender que Heloísa Helena deixou a disputa, portanto, estes podem ser votos herdados e não conquistados pela Ministra de Lula. Isto precisa ser verificado.

Nas simulações de segundo turno, Serra (respectivamente 49% e 51%) bate com folga tanto Dilma (34%) quanto Ciro (28%).

Dois dados interessantes. Dilma possui seus melhores números entre os de maior renda e possui fraco desempenho entre as mulheres. Se conseguir melhorar sua performance nas camadas mais baixas com a ajuda de Lula e fazer valer sua condição de mulher, pode subir mais um pouco.

Entretanto, se o PT não conseguir penetrar em São Paulo, de nada adiantará seu esforço. Mas este é um assunto para mais adiante.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

O Jogo de Aécio

Aécio Neves é mineiro. Neto de Tancredo Neves. A política em Minas é feita de modo peculiar e é preciso entendê-la. Aécio desistiu de buscar a indicação do PSDB neste momento, o que não quer dizer que não continue no jogo.

Ontem, no twitter, publiquei que Serra disse que será candidato apenas se as chances de vitória forem “muito concretas”. Se até março Dilma decola e Serra não sente-se seguro, todos se voltarão para Aécio. O Governador de Minas diz que esta chance não existe, uma vez que ele perderia o timing da costura de uma aliança mais ampla.

Talvez sim, talvez não. Aécio precisa romper as barreiras de Minas, tornar-se um nome nacional para conseguir atingir o Planalto no futuro. Esta campanha o deixaria de evidência.

O DEM já circulou a tese de que apoiaria uma chapa Serra-Aécio. Mais uma vez os holofotes voltam-se para o Governador mineiro. Mesmo se não for o vice, ele carrega os valiosos votos de Minas Gerais. Como vemos, em todas as situações, Aécio, saindo agora de cenário, torna-se o bem mais valioso em disputa na política nacional.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Festa em Timisoara

As comemorações na cidade romena de Timisoara tem razão de ser. Foi ali que há 20 anos começou a revolta que colocaria fim ao brutal regime socialista do ditador Nicolau Ceausescu.

Tudo foi muito rápido. Depois da Queda do Muro de Berlim, os regimes comunistas foram caindo um a um em 1989. Na Romênia tudo começou com a resistência do pastor Laszlo Toekes, transferido de forma arbitrária para uma área rural, onde não ofereceria risco ao regime de exceção socialista.

A população revoltou-se. Em pouco tempo o movimento cresceu e chegou as ruas de Bucareste. A repressão foi violenta. Apenas em Timisoara, 118 pessoas foram mortas. Exército, polícia e a Securitate, que contava com mais de 700 mil informantes, não foram páreo para a revolta popular contra o socialismo.

Nicolau Ceausescu e Elena, sua esposa, foram executados em praça pública pela população no dia de Natal. Era o fim dos tempos sombrios na Romênia.

Possuo muitos amigos romenos, muitos deles fugiram dos horrores do comunismo. Em Bucareste existe a Piata Revolutiei (Praça da Revolução), para lembrar a vitória contra o comunismo em 1989, passagem obrigatória de todas aqueles que visitam a bela capital romena.

Por isso as comemorações em Timisoara renovam-se a cada ano. Lembrar o fim de um pesadelo é a melhor maneira de evitar sua repetição.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Ato Falho de Dilma



Este é o vídeo do momento no You Tube. A ministra Dilma Rousseff fala durante a COP15 em Copenhague. Suas palavras foram as seguintes: "O Meio-Ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável e isso significa que é uma ameaça para o futuro do nosso planeta e dos nossos países".

Quem conhece Dilma e sabe das batalhas que travou contra Marina Silva, quando esta ocupava a pasta do Meio-Ambiente, entende que é de duvidar se realmente a candidata de Lula se enganou.

Como se não fosse o bastante, Dilma entrou em rota de colisão com Carlos Minc, ministro do Meio-Ambiente, desautorizando-o em plena conferência. Agora, segundo fontes, o ministro circula isolado pelos corredores da COP15.

O temperamento da ministra, mais uma vez, tem sido apontado como seu pronto fraco e tudo leva a crer que o trabalho de sua equipe de campanha será duríssimo.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Aécio, o conciliador

José Dirceu disse que Aécio Neves já comunicou ao grão-tucanato que não será candidato a Presidente. Aécio rebateu alegando que ainda busca a indicação do partido e que sua estratégia de ampliar o leque de apoios em torno do seu nome continua em curso, incluindo aí partidos da base do governo petista.

A alegação de Dirceu deu margem para Aécio ir além, pois segundo ele é preciso tirar o escopo plebiscitário do pleito e adiantou seu discurso de campanha, no estilo da política mineira: "(...) O que está em jogo não é ser contra ou a favor o presidente Lula. O que está em jogo é quem tem melhores condições de fazer o governo menos aparelhado pela burocracia partidária, mais oxigenado do ponto de vista da qualidade, dos objetivos".

Em Minas, Pimentel ganhou a disputa interna do PT, mas Hélio Costa ganhou no PMDB. Se o PT não se entender com o PMDB e houver um racha, pode surgir um palanque inusitado em Minas para o candidato tucano.

Aécio trabalha nos bastidores, como sempre faz com habilidade. A sucessão, como sempre digo, não pode deixar de passar pelas Minas Gerais.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Chile: Piñera e Frei no segundo turno

Eduardo Frei, candidato da Concertación, chega nos últimos dias que antecedem a eleição, com 31% dos votos. O ex-Presidente (e agora candidato) não conseguiu transformar a aprovação de 80% do governo de sua aliada Bachelet em intenções de voto até o momento.

Do outro lado, o empresário Sebastian Piñera parece caminhar tranquilamente para o segundo turno, trazendo na bagagem 44% das intenções de voto. Ao contrário de Joaquim Lavín, que tinha tudo para vencer Lagos no pleito de 1999, tudo indica que Piñera irá confirmar a tendência e ser eleito no segundo turno.

Ominami que parecia surgir, em princípio, como uma terceira alternativa, não vingou como candidato viável e deve terminar em terceiro lugar, na faixa dos 20%. Para um provável segundo turno, devem passar Piñera, um pouco além dos 40% e Frei por volta dos 30%.

A Concertacíon vem perdendo espaço. Nas primeiras eleições pós Pinochet, Alwin obteve com 55,17%. Em 1993 Frei venceu com tranquilidade, chegando a 57,99% ainda no primeiro turno. Em 1999, depois de um empate no primeiro turno, Lagos venceu Lavín por estreita margem no segundo turno, alcançando 51,31%. Bachelet também enfrentou um segundo turno, desta vez contra Piñera, e venceu com 54,50%.

Com a exceção da eleição Lagos X Lavín, esta é a primeira vez que os partidos conservadores chegam com reais chances de vitória. A Coalición por el Cambio de Piñera, aliança da Unión Demócrata Independiente (UDI), Renovacíon Nacional e Chile Primero, por projeções e tendências, deve ultrapassar os 50% no segundo turno e vencer a eleição.

Um marco na política chilena, com o amadurecimento das instituições democráticas, está sendo escrito. Mas, antes disso, o primeiro turno, que acontece neste final de semana.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

O Realismo de Obama

Para quem foi eleito pregando idealismo, especialmente nas relações internacionais, é incrível ver as mudanças pelas quais Obama tem passado.

Na entrega do Nobel da Paz, hoje em Oslo, Obama, que disse ter recebido o prêmio cedo demais, fez um discurso realista. Sua visão dos conflitos internacionais e dos meios para resolvê-los tem tomado ares cada vez mais pragmáticos, apesar de rejeitar, inteligentemente, qualquer rótulo.

Obama trouxe, em um bem costurado discurso, a idéia de "Guerra Justa" e citou exemplos históricos, dizendo que o pacifismo, por si mesmo, não teria vencido o Nazismo, por exemplo, apesar das boas intenções. Obama acaba de mandar mais 30.000 soldados americanos para o Afeganistão.

De qualquer forma, o discurso reposiciona Obama nas relações internacionais, assume uma postura claramente realista e mostra porque manteve no Pentágono o Secretário de Defesa do governo Bush, Robert Gates. Mesmo recebendo o Nobel da Paz, para atingí-la, agora ele defende uma guerra justa, seja no Iraque ou no Afeganistão.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

A pesquisa IBOPE

A pesquisa do Ibope agrega valores importantes para avaliação do cenário eleitoral em 2010.

Serra mantém sua margem na liderança, consolidando-se no patamar de 38%, pois apresentou crescimento acima da margem de erro desde a última pesquisa, onde aparecia com 35%.

Dilma também cresceu, mas como sempre digo aqui, ainda é necessário que ela ultrapasse a barreira dos 20%, que é a base de transferência de votos diretos do Presidente. Ela, que tinha 15%, subiu para 17%. Movimentou-se dentro da margem de erro. O preocupante para Dilma é seu grau de rejeição, que bateu em 41%. Sabemos dentro da ciência política que um candidato com 40% de rejeição torna-se inviável. Ela chegou neste perigoso patamar. Vamos ver se as inserções comerciais e o programa eleitoral na TV na próxima quinta alteram este cenário.

Ciro foi quem apresentou queda mais acentuada. Desceu de 17% para 13%. Com Aécio no lugar de Serra, Ciro chega a 26% (já teve 28%) e assume a dianteira. Muitos dos votos de Serra deslocam-se para Ciro (e não para Aécio), como vemos. É preciso avaliar para onde escoarão os votos de Ciro caso ele desista da disputa. Se for no mesmo ritmo, Serra claramente será beneficiado e poderá resolver a eleição no primeiro turno.

Marina segue com seu percentual menor do que 10%. Desceu de 8% para 6%. Precisa ainda dizer a que veio.

Os números mostram uma clara vantagem de Serra e a tendência de a eleição ser decidida no primeiro turno caso venha a se tornar plebiscitária, como deseja o PT. Dilma ainda não emplacou como candidata e possui uma rejeição preocupante. Dentro do ninho tucano não há números que justifiquem a escolha por Aécio Neves. Serra, neste momento, mostra-se como o nome natural e mais viável para o PSDB voltar ao Planalto.

terça-feira, dezembro 08, 2009

COP15 e as promessas de sempre

Declarações políticas são meras cartas de intenções. A conferência sobre mudança climática em Copenhague possui o mérito de chamar a atenção para o problema e inserir dentro de um mesmo ambiente líderes mundiais com o simples objetivo de discutir questões relativas ao clima e ao futuro do planeta. Entretanto, a falha está na possibilidade de implementação das políticas moldadas nestas reuniões.

O ponto central reside nas políticas de diminuição das emissões de carbono, algo que remonta a tempos antigos, mais precisamente na reunião de cúpula sobre a matéria no Rio de Janeiro, em 1992. De lá para cá foram diversas cartas de boas intenções, muitas promessas e pouco efetivamente realizado.

O problema neste campo não é meramente político, mas também econômico. As políticas atuais de diminuição das emissões de carbono não são viáveis economicamente a ponto de o mundo continuar, no mesmo ritmo atual, a gerar o desenvolvimento necessário para retirar milhões de pessoas da pobreza. Este é apenas um dos argumentos. Perguntem a Índia e China o que pensam sobre o assunto.

Além do mais, as políticas alternativas de energia não suprem de forma satisfatória a demanda atual e ficarão ainda mais defasadas no futuro. A diminuição das emissões de carbono depende diretamente do incremento de formas alternativas de energia, que atualmente são caras e ineficientes. E continuará assim. Países, como o Japão, aplaudidos por alegar que baixarão as emissões em 25%, sabem que suas projeções são irreais.

Diminuir as emissões de carbono é fundamental e constitui-se no principal pilar da conferência sobre o clima. As respostas até o momento são inviáveis nos campos tecnológico, politico e econômico, como lembrou Bjørn Lomborg em artigo na Der Spiegel. Ele está certo. Os políticos podem fazer promessas, mas certamente estas não serão cumpridas mais uma vez. O planeta certamente não agradece, assim como as gerações futuras.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Definição em Porto Alegre

O prefeito José Fogaça acaba de anunciar sua candidatura ao governo do estado do Rio Grande do Sul. Apesar de ser esperado, é o primeiro grande racha oficial no consórcio PMDB/PT que pretende lançar o nome de Dilma ao Planalto.

O Rio Grande do Sul é um dos estados onde esta aliança não tinha a menor chance prosperar. Lá, PMDB e PT são adversários históricos. Assim como lá, outros estados devem seguir o mesmo rumo e formalizar o racha na aliança patrocinada por Lula. Ou seja, vários estados estão na fila, e desta vez os gaúchos saíram frente.

José Fogaça é o mesmo que terminou com a hegemonia de 16 anos do PT na Prefeitura de Porto Alegre e agora terá um páreo duro pela frente. Da última vez que um prefeito da capital decidiu renunciar para concorrer ao governo do estado, a punição do eleitorado veio a galope. Nesta ocasião Tarso Genro foi derrotado por Germano Rigotto. O trunfo de Fogaça pode estar no PDT, que deve ser seu parceiro e fazer a diferença no interior do estado.

O ex-Governador, aliás, que era o único empecilho no caminho de Fogaça, decidiu que irá concorrer a uma vaga no Senado, que será também disputadíssima.

A boa notícia vem para José Serra, que terá em Fogaça um forte palanque estadual, em um dos estados com maior número de eleitores do Brasil. Dilma desembarca no palanque de Tarso e Serra no de Fogaça. Falta convencer a desgastada Governadora tucana a desistir de tentar sua reeleição. Envolvida em escândalos, as chances de Yeda são nulas, e sua candidatura apenas prejucaria o PSDB em nível nacional. Ninguém tem a intenção de carregar seu cadáver político em pleno ano eleitoral.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

UE preocupada com a Ucrânia

A Ucrânia deseja fazer parte da União Européia, bem, pelo menos parte da Ucrânia. Entretanto, o governo de Kiev, pró-europeu, não tem avançado nos esforços necessários para convencer Bruxelas.

Em Kiev, José Manuel Durão Barroso cobrou um esforço maior da Ucrânia. Nada feito. Kiev continua excessivamente dependente de sua política de energia e de sua posição geopolítica estratégia para fazer circular petróleo e gás. A ausência de mudanças nessa área é responsável por uma carga burocrática assustadora, aliada sempre da corrupção, que anda de mãos dadas com o dirigismo estatal.

A ausência de mudanças somente chama a atenção da Rússia, com os interesses de sempre na Ucrânia.

E as eleições vem por aí, em janeiro de 2010. Apesar do ministro de Relações Exteriores ter dito que independementemente do resultado nada muda a marcha da Ucrânia em direção a UE, é bom ter certa cautela: a Revolução Laranja ficou para trás e a sombra da influência russa pode mostrar sua força novamente.

Por isso a preocupação da União Européia, com toda razão.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Mensalão do DEM?

O DEM pode estar sendo tragado para uma perigosa armadilha. Aquilo que supostamente seria o mensalão do Governo Arruda está sendo tratado como mensalão do DEM.

O partido tem culpa até o momento por ter evitado a expulsão sumária do Governador. Este era o desejo de parte do partido, expressada de forma clara pelo deputado Ronaldo Caiado e os senadores José Agripino Maia e Demóstenes Torres. Existe previsão no estatuto do partido para tal, como uma medida preventiva, o que acarreta posterior defesa e reintegração ao quadro partido em caso de inocência. Mas infelizmente não foi esta a opção do DEM.

Ao invés de cortar o mal pela raiz, o partido preferiu sangrar junto com o Governador. Evitou a expulsão sumária e foi tragado para o noticiário como o articulador das práticas empregadas por Arruda.

Arruda teria deixado no ar um tom de ameaça em caso de expulsão sumária. Teria dito que se o partido radicalizasse com ele, ele também radicalizaria. A cúpula do DEM preferiu a abertura de processo sem expulsão sumária.

Faltam outros membros do DEM, como o vice-governador Paulo Octávio, envolvido nas denúncias, mas que até o momento mantém distância do escândalo. Circula a tese de que ele estaria sendo blindado para ser um Plano B para a disputa do governo em 2010, entretanto, é uma operação extremamente arriscada.

A contaminação, infelizmente, foi realizada. O mensalão de Arruda, agora é do DEM. Os reflexos eleitorais da equivocada operação em evitar a expulsão sumária de Arruda serão sentidas em 2010. O partido perdeu sua principal bandeira de campanha.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Honduras Venceu

A eleição ocorrida em Honduras, de forma normal e pacífica, atestada por um sem número de observadores internacionais, coloca um ponto final em todo o embróglio político causado pela tentativa de Zelaya de subverter a ordem constitucional para permanecer no poder e sua posterior destituição.

Na verdade não importava qual o eleito, desde que a vontade do povo hondurenho fosse respeitada. Tudo indica que será. Peru, Colômbia, Costa Rica e Panamá, os principais vizinhos, já reconheceram o triunfo de Porfírio Lobo. Espanha e Estados Unidos já se juntaram ao grupo.

O que ocorreu em Honduras é a prova cabal de que instituições fortes podem e devem evitar manobras que visam subverter a ordem constitucional e atacar a democracia. Zelaya, que arquitetava um golpe, foi deposto constitucionamente. Micheletti, Presidente do Poder Legislativo, assumiu o cargo com vistas a encaminhar o processo eleitoral.

Honduras sofreu pressões de todos os lados, inclusive dos apoiadores internacionais do ex-Presidente golpista, onde infelizmente o Brasil se perfilou. Agora que as eleições ocorreram e que existe um vencedor, reconhecido e legítimo, restaura-se a estabilidade política. Honduras, seguidamente classificada como uma "República de Bananas" mostrou a todo o mundo uma das maiores lições de respeito a lei e as instituições.

Ao Brasil, coube um papel lamentável, como lembrou Oscar Arias, que criticou nosso governo, taxando-o de possuir "dupla moral": "Acho que é uma dupla moral reconhecer as eleições iranianas, que não foram limpas e onde houve uma série de casos, e até um candidato resolveu desistir do segundo turno, e não reconhecer as hondurenhas".

Não poderia ter sido mais preciso.

segunda-feira, novembro 30, 2009

Arruda e o fim da linha

"Gente, eu errei, eu não quero ser igual aos outros políticos que erram e ficam mentindo.Então vou falar a verdade logo, eu vi mesmo a lista. Não matei, não roubei e não desviei recursos públicos"
José Roberto Arruda, na tribuna do Senado, em maio de 2000, chorando e renunciando ao mandato, depois da quebra do sigilo do painel na votação secreta que cassou Luiz Estevão

As denúncias contra o Governador do Distrito Federal são sérias. As provas são robustas e contundentes. Envolvem, além de Arruda, o vice Paulo Octávio, o Presidente da Câmara Distrital, além de outros parlamentares e dos principais secretários de Governo do GDF.

As imagens são de alto impacto. Arruda recebe dinheiro vivo durante a campanha, parlamentares de sua base de apoio recebem maços de dinheiro, o Presidente da Câmara Distrital esconde reais em suas meias. Cenas que devem levar Arruda a lona, bem como metade da classe política de Brasília.

O mensalão de Arruda ainda não foi divulgado em sua totalidade. Segundo fontes em Brasília ainda há mais para ser divulgado. Tudo está surgindo a conta gotas e deve ser mantido assim.

Práticas ilegais devem ser repudiadas, não interessa o partido. Arruda e seu grupo devem responder por todas as denúncias da "Operação Caixa de Pandora". Seu próprio partido cobra sua renúnica ou sua expulsão. Os demais envolvidos deveriam tomar o mesmo caminho.

Neste caso, Arruda estará em maus lençóis. Considerado até a semana passada um nome imbatível para as eleições de 2010 no Distrito Federal e até considerado como um possível nome para ocupar a candidatura a Vice-Presidência na chapa de Serra ou Aécio, Arruda desce novamente até as profundezas do inferno político, como fizera em 2000, quando mentiu publicamente no caso do painel do Senado e acabou renunciando ao mandato de Senador.

Pediu uma segunda chance e obteve uma nova oportunidade de fazer a coisa certa. Não fez. Sucumbiu mais uma vez as velhas práticas da política e seguro de si, expôs sua imagem, seu governo e seu partido a uma situação, no mínimo, indesejável.

É uma pena. Arruda fazia um bom governo em Brasília, moderno e propositivo. Infelizmente sua prática política foi o oposto, o que decepcionou muitos que como eu, apoiaram sua candidatura. Deve perder a legenda do DEM, que avalia sua expulsão, e assim não poderá concorrer a cargo eletivo em 2010. O partido, que não deseja velar e carregar um cadáver político em ano eleitoral, quer seu desligamento, mas tudo indica que Arruda pode ter colocado o DEM "na parede", assim como outras agremiações que querem deixar o governo.

Em caso de explusão, se tornará um cidadão comum, sem imunidades, podendo ter sua prisão decretada por qualquer juiz de primeira instância.

A OAB já pediu seu impeachment. Mas como pode prosperar qualquer iniciativa que deve ser julgada por uma Casa envolvida diretamente no escândalo?

Arruda diz que vai até o fim, mas parece que o fim já chegou.

sexta-feira, novembro 27, 2009

Irã condenado pela AIEA

Esta é a notícia do dia, especialmente na semana em que o governo Lula recebeu Mahmoud Ahmadinejad no Brasil.

Em Viena, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) acaba de aprovar uma resolução de condenação ao Irã devido a sua falta de cooperação com os observadores internacionais em relação ao seu programa nuclear. O país enriqueceu urânio secretamente.

Venezuela, Cuba e Malásia ficaram ao lado do Irã. Do outro lado, 25 países votaram com o parecer da AIEA condenando Teerã, inclusive aliados tradicionais como a China e Rússia. O Brasil e outros cinco países preferiram a abstenção. Pegou mal depois de Lula ter defendido publicamente o programa nuclear iraniano para fins pacíficos. Na ótica da AIEA, o programa iraniano nada tem de pacífico.

Como vemos, a comunidade internacional felizmente começa a fechar o cerco em torno do Irã.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Racha no PMDB

Enquanto uma ala do PMDB se desdobra para fechar acordos com o PT em diversos estados, outro grupo agora avança com a tese da candidatura própria. Reunidos em Curitiba, lançaram o nome do governador Roberto Requião e lembram que uma das bandeiras de Michel Temer, quando eleito para dirigir a sigla, foi a tese da candidatura própria. Hoje, Temer flerta com o governo para ser o candidato a vice na chapa de Dilma.

Parte do PMDB deseja a aliança com o PT, entretanto, outros são seus ferrenhos adversários em vários estados. Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco são exemplos e dificilmente seguirão a orientação de aliança com Dilma. Em outros estados, os dirigentes petistas e peemedebistas terão que suar a camiseta para fechar acordos, como no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pará, Mato Grosso do Sul, Paraná e Ceará. Alguns desses, sem intenveção rápida, podem tornar-se casos perdidos como os citados anteriormente.

Em Curitiba, Pedro Simon, Luiz Henrique, Roberto Requião, Neudo do Conto, Orestes Quércia e dirigentes de 15 diretórios estaduais seguem em clima de entrosamento e já planejam o registro da pré-candidatura de Requião, a discussão de temas nacionais para um plano de governo e uma agenda de viagens pelo Brasil do governador do Paraná.

Quem conhece Requião, sabe que ele não está somente fazendo barulho. Suas palavras foram as seguintes: "Sou amigo do Lula. Sou amigo pessoal da Dilma. Sou companheiro de militância e de juventude do Serra. Mas, antes de tudo, sou peemedebista e brasileiro". Se o PMDB deseja mesmo uma aliança com Dilma, é melhor começar a abrir o olho.

terça-feira, novembro 24, 2009

A Pesquisa CNT/Sensus

Pesquisas precisam ser olhadas com cuidado e profundidade. Seus números escondem, muitas vezes, informações valiosas que podem ser extremamente importantes em uma campanha eleitoral.

A pesquisa CNT/Sensus trouxe informações importantes. Primeiro é preciso avaliar os cenários. Serra (31,8%), Dilma (21,7%), Ciro (17,5%) e Marina (5,9%). Este é o principal cenário pré-eleitoral até o momento. Constata-se que Ciro Gomes estabilizou seus números perto daqueles atingidos por Dilma e que Marina, depois do fato novo, o lançamento de seu nome, ainda patina em patamares por volta de 5%.

Entretanto, se colocarmos Aécio no lugar de Serra, Dilma não assume a ponta. Ela mantém o segundo lugar e Ciro Gomes pula na frente, herdando muitos eleitores do Governador paulista: Ciro (25%), Dilma (21,3%), Aécio (14,7%), Marina (7,3%).

Vemos, portanto, que uma faixa do eleitorado flutua entre Ciro e Serra e que a saída deste da disputa não favorece a segunda colocada, impulsionando exatamente aquele que estava em terceiro lugar. Já Aécio, apesar da fama de agregador, não consegue manter o patamar de Serra. Se poderá reverter durante a campanha, é outra história.

Um terceiro cenário foi testado sem Ciro Gomes: Serra (40,5%), Dilma (23,5%) e Marina (8,1%). Segue a mesma lógica. Dilma não é diretamente beneficiada com a saída de Ciro e seus eleitores tendem, na sua maioria, a apoiar José Serra.

Mais um dado interessante. 20,1% dos entrevistados disseram que o candidato indicado por Lula seria o único em que votariam. Este patamar assemelha-se as intenções de voto obtidas por Dilma em todos os cenários testados. Ou seja, Dilma ainda não estourou a bolha dos 20%, estando circunscrita ao voto lulista. Resta saber se, conhecida pelo resto do eleitorado, poderá, por méritos próprios ainda avançar.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Equívoco Histórico

A visita de Ahmadinejad é um equívoco político em diversos aspectos. Vale lembrar a constitucional e histórica tradição diplomática brasileira de respeito e defesa dos valores democráticos e sua posição equidistante e cautelosa nas relações exteriores, que muitas vezes credenciou nosso país a mediar e encontrar soluções inteligentes na esfera internacional.

Ahmadinejad representa aquilo que uma nação democrática, tolerante, pacífica e aberta mais repudia. O Presidente do Irã prega a destruição de Israel e nega o Holocausto, uma das maiores bárbaries da história da humanidade. Nosso país foi destino de um incontável número de judeus, que aportaram no Brasil em rota de fuga dos campos de concentração. Foram recebidos de braços abertos e hoje, brasileiros há gerações, são parte fundamental e importante de nossa história. As culturas entrelaçaram-se de tal forma que hoje não é possível mais dissociá-la. Negar o Holocausto é negar o horror pelo qual passaram os antepassados de milhares de brasileiros.

Ahmadinejad não defende a democracia. Persegue seus opositores, encarcera seus rivais políticos, reprime manifestações públicas contra o governo, limita o acesso a informação, censura a imprensa, prende jornalistas, persegue homosexuais, minorias religiosas e fuzila vozes dissonantes ao regime dos aiatolás. Como se não fosse o bastante, sua eleição está sob forte suspeita de fraude.

Ahmadinejad é exatamente o oposto daquilo que defendemos em nossa história e nossas leis. Nossa história repudia tudo aquilo que Ahmadinejad representa. Nossas instituições, que deveriam estar acima dos homens, deveriam evitar que um equívoco histórico fosse cometido.

Receber Ahmadinejad no Brasil, sob qualquer ótica, é um atentado aos nossos valores pacíficos e democráticos, um desrespeito aqueles que também, como todos imigrantes que por aqui aportaram, construíram de forma honesta e digna nossa nação.

Que o mundo enxergue que os valores reais da nação brasileira são pacíficos, democráticos e mais dignos do que aqueles defendidos por quem temporariamente exerce o poder.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Os Movimentos de Aécio

A estratégia já está em curso há algum tempo. Aécio movimenta-se na tentativa de viabilizar seu nome como candidato dentro do PSDB. Na tentativa de barrar a candidatura de Serra, que alcança sólidos 40% das intenções de voto, o Governador de Minas optou por uma estratégia peculiar. Ele tenta mostrar-se agregador, podendo ampliar a aliança para além de PSDB, DEM e PPS. Aécio acha que uma grande frente em torno de seu nome seria a forma de evitar uma eleição plebiscitária e atingir no âmago a estratégia eleitoral petista.

É preciso, contudo, avaliar até que ponto sua estratégia é passível de vitória ou se a oposição pode estar sendo tragada para uma armadilha criada pelas hostes governistas.

Enquanto isso, Aécio colhe a simpatia de empresários, políticos e até da imprensa. Carlos Lupi do PDT é sensível em torno da candidatura do Governador de Minas. Hélio Costa, ministro de Lula pelo PMDB mineiro, também, e até o presidente do PSDB declarou que acha Aécio mais agregador. Isso sem falar em parte do DEM e no suposto receio de Lula, que teria declarado: "Se o Aécio for o nome do PSDB mesmo, ele bagunça a base governista". Até Ciro Gomes, sempre beligerante e inflexível, diz que desistiria de sua candidatura em favor de Aécio.

Como vemos, Aécio tem colhido apoios de diferentes lados ultimamente. Eles surgem inclusive da base governista, que apesar de estar fechada com Dilma, flerta com o Governador mineiro, incluindo o grande desafeto dos tucanos, Ciro Gomes. Na realidade, diferentemente de Serra, Aécio não representa risco de ruptura para os grupos políticos. Este é seu grande trunfo, mas também é a debilidade que pode comprometer um futuro governo seu. O contrário serve para Serra.

Entretanto, em razão disso, não deixam de surgir rumores que Aécio, no afã de viabilizar-se como candidato tucano, esteja abrindo um perigoso flanco para que o governo desestabilize o projeto da oposição.

A linha que separa ambas possibilidades é muito tênue e Aécio deve transitá-la com muito cuidado, sob pena de rachar o PSDB, como fez Geraldo Alckmin em 2006, e colocar o projeto dos tucanos em risco.

terça-feira, novembro 17, 2009

Jogo Perigoso

O contato político estabelecido entre Aécio Neves e Ciro Gomes está cheio de significados e articulações internas. Ciro é ex-tucano e nutre um ardente desprezo pelos antigos companheiros de partido, especialmente aqueles que gravitam dentro do núcleo paulista do partido, liderado por Serra, seu desafeto.

Mesmo assim, a chegada de Ciro a Belo Horizonte traz um novo fator. Em primeiro plano tudo sugere que o governador de Minas Gerais tenta ampliar um leque de apoios, que evidencia Aécio como um líder agregador e facilitador de uma grande frente em torno de seu nome.

Ficam, no entanto, questões no ar, caso um acordo fosse viabilizado. Se Aécio for o candidato do PSDB, deve-se perguntar como reagiria Ciro Gomes, um dos mais contundentes críticos dos tucanos, no sentido de equilibrar o discurso entre FHC e Lula.

Este, no entanto, não é o maior obstáculo a ser transposto. Nesta mesma hipótese, Ciro Gomes, que na impossibilidade de sair candidato a Presidente, disputaria o governo de São Paulo, o faria contra seu maior desafeto, José Serra, o principal nome do partido de Aécio.

Mas os questionamentos são ainda mais profundos e a aproximação de Aécio com cardeais governistas, mesmo que no intuito de construir uma candidatura mais agregadora, pode gerar efeitos negativos em seu próprio ninho tucano.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Alerta Vermelho

Se o destempero da ministra Dilma, durante sua passagem pelo Rio, não havia sido suficiente para gerar preocupação, sua coletiva pós-apagão certamente fez soar um importante alerta em sua base de apoio.

O principal receio é que seu tom possa colocar em risco sua candidatura. Muitos lembram do exemplo de Ciro Gomes, que não conseguiu calibrar sua língua quando crescia nas pesquisas, e teve sua candidatura abatida em seu melhor momento.

Dilma conta com ótimos marqueteiros e uma boa rede de apoio que está sendo tecida por Lula. Entretanto, de nada adiantará se seu temperamento explosivo e professoral não for domado. Sua reação irônica com uma repórter na coletiva pós-apagão é o melhor exemplo de como um candidato não deve se portar.

Ministros e líderes de partidos que apóiam a candidatura petista já questionam se a candidata terá traquilidade e estabilidade emocional durante uma campanha que tende a ser duríssima. Circulou hoje, por exemplo, uma nota sobre o ríspido corretivo que a Ministra aplicou em seu colega Carlos Minc, do Meio-Ambiente. Suas broncas, além de ministros, já atingiram inclusive parlamentares de sua base de apoio.

Certamente os parceiros do consórcio governista que tendem a embarcar em sua candidatura estão preocupados, pois se Dilma não domar seu temperamento, correrá o risco de ser "cristianizada" em plena corrida presidencial.

quinta-feira, novembro 12, 2009

A Pesquisa Vox Populi

Em uma semana agitada por vários fatos políticos, não é possível deixar de comentar a pesquisa encomendada pela Band ao instituto Vox Populi.

Os números mostram um crescimento da ministra Dilma e uma queda do governador Serra. Entretanto, a pesquisa pecou pelos cenários apresentados, tendo em vista que o mais provável desenho da sucessão não foi testado.

O primeiro cenário mostra Serra (36%), Dilma (19%), Ciro (13%), Heloísa Helena (6%) e Marina (3%). Este não é um cenário provável, já que Heloísa disputará uma vaga no Senado por Alagoas. O segundo cenário traz Aécio no lugar de Serra. Novamente traz Heloísa Helena entre as opções: Dilma (20%), Ciro (19%), Aécio (18%), Heloísa (8%) e Marina (4%).

É preciso apurar com precisão o destino dos votos de Heloísa, que tende a apoiar Marina, mas não deve levar de maneira integral os votos deixados pela representante do PSOL.

A saída de Heloísa Helena da disputa precisa ser adicionada aos cenários, bem como o teste de uma opção com Ciro Gomes candidato e outra sem o pré-candidato do PSB, que tende a disputar o governo de São Paulo, como garantiu o presidente Lula a interlocutores esta semama.

quarta-feira, novembro 11, 2009

O Pecado da Soberba

Candidatos devem medir o tom de suas palavras, especialmente em suas declarações públicas. Dilma, que já possui uma imagem pouco palatável ao eleitor, cometeu um sério deslize durante o evento de batismo do navio Skandi Ipanema de Eike Batista, ocorrido em Niterói, no Rio.

Dilma partiu para o confronto, alfinetando o governo FHC, fazendo comparações futebolísticas, como "O governo anterior perde de 400 a zero", e classificando de "patética" a comparação do Bolsa-Família com os programas do governo FHC. Disse ainda que entendia o "nervosismo" da oposição e terminou com um tom forte demais, dizendo "Agora pegamos o gosto, e tudo o que nós queremos é comparar".

Dilma precisa lembrar que não é Lula. O Presidente, que é dado a este tipo de discurso, e possui um forte carisma pessoal, ainda impulsionado pelo bolsa-família, sabe até onde pode ir, mas isto não cacifa Dilma a ter o mesmo tom.

Um deslize mais sério pode colocar a perigo todo o trabalho de construção de imagem que está sendo realizado em torno de sua figura e colocar em risco todo o projeto político ao seu redor.

Sobre o Apagão

O Brasil sofreu o maior apagão de sua história na noite de ontem, especialmente se tomarmos por base sua duração e extensão.

Segundo as primeiras informações, o estado mais atingido foi o Rio de Janeiro e a região Sudeste sofreu os maiores danos. Além dos fluminenses, o apagão chegou com força a São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Entretanto, outros estados foram atingidos, especialmente Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco e o Distrito Federal. Também foram sentidos reflexos no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Alagoas, Rondônia e Acre.

O apagão atingiu, em termos de PIB, cerca de 80% do País.

Os órgãos competentes avaliam onde foi o problema, que tem características de ter ocorrido na trasmissão.

A imprensa internacional deu destaque ao problema ocorrido no Brasil, lembrando sempre que o País sediará a Copa do Mundo e a principal cidade atingida, o Rio de Janeiro, sediará as Olimpíadas. A multiplicação dos arrastões por vários bairros da cidade foi destaque. Não se via polícia na rua. A falta de infra-estrutura do País já está sendo apontada como um problema pela imprensa internacional.

Politicamente, a reação do governo será importante, uma vez que a presidenciável do PT, a ministra Dilma Rousseff ocupou por anos a pasta de Minas de Energia. O setor segue controlado em segundo e terceiros escalões e estatais de energia por aliados e indicados da Ministra e do PT, que direta ou indiretamente estão implicados no caso.

A oposição precisa estar atenta, articular-se e cobrar explicações do governo de forma pública e transparente. Não há como deixar de lembrar que a Venezuela tem enfretado apagões diários com Hugo Chávez. Será que a oposição terá a eficácia do PT nos tempos de FHC? O tema certamente renderá politicamente. Resta saber quem terá mais competência na condução do debate.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Muro da Vergonha

Há 20 anos terminava um dos períodos mais sombrios da história.

A queda do Muro de Berlim representou, na Europa, o fim de um regime que precisava cercar suas fronteiras para que seus habitantes não fugissem. Entre 1949 e 1961 foi o que mais de dois milhões e meio de pessoas fizeram. A antiga parte socialista da Alemanha até hoje sofre com os retrocessos que foram impostos pelo regime ditatorial de esquerda.

Uma nova Europa renasceu das amargas cinzas do socialismo. Aqueles, que tiveram experiência semelhante, de conhecer cada um dos países da antiga Cortina de Ferro, conhecem também os detalhes das prisões políticas, das violações aos direitos humanos e do luxo que cercava os membros dos partidos socialistas.

A Alemanha dá uma grande lição em lembrar que o pesadelo não será esquecido e que a liberdade surgida com a queda do Muro de Berlim deve ser festejada e lembrada como uma conquista não só dos alemães, mas também de húngaros, tchecos, poloneses, búlgaros, eslovacos, croatas, ucranianos e tantos outros que pereceram tentando fugir dos horrores do comunismo.

O Muro de Berlim construído pelos socialistas, que era formado por valas de cerca metálica, cabos e alarmes, trincheras, 300 torres de vigilância e 30 bunkers, felizmente se foi. Hoje felizmente existe somente uma Alemanha, livre a capitalista.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Heloísa embola disputa em Alagoas

A decisão de Heloísa Helena em sair candidata ao Senado complicou a disputa em Alagoas. É o que dizem as pesquisas.

Na disputa presidencial, Dilma patina com 13% e Serra lidera com folga, alcançando 44%. Até aí nenhuma surpresa, já que Alagoas foi o único estado onde Lula conheceu a derrota para Serra em 2002.

Entretanto, quanto a disputa pelas duas vagas ao Senado, a disputa toma outros contornos com a entrada de Heloísa Helena. Ela sai de 52% e o ex-governador Ronaldo Lessa alcança 44%. Se o quadro for mantido, isto significa que Renan Calheiros estaria fora do Senado, pois atualmente chega a apenas 34%.

O quadro está longe de ser definido, mas já fez soar o sinal de alerta. Se Renan sair em apoio a Dilma e esta não emplacar, isto pode inclusive dificultar sua campanha pela recondução ao Senado. Apesar de Renan ser um exímio articulador político, se quiser seguir no Senado, talvez a aliança atual do PMDB com o PT, não seja a mais indicada.

Alagoas é um estado muito interessante e vale a pena acompanhar de perto, afinal de contas, nada foi decidido ainda quanto as candidaturas ao governo do estado. Collor será candidato? Muito ainda pode acontecer.

quarta-feira, novembro 04, 2009

"Change is Hard"

E pouco a pouco a realidade vai tomando uma forma mais definida para Barack Obama. Há alguns dias, em New Orleans, ele trocou o slogan "Change we can believe in" por "Change is hard". Sem dúvida as tão propaladas mudanças são difíceis de realizar e, acreditem, ele ainda pode sentir saudades deste primeiro ano de governo.

Obama tem maioria no Congresso, pelo menos até o ano que vem, quando ele enfrenta as suas primeiras eleições parlamentares em meio de mandato. Se perder a maioria, a coisa pode complicar.

As chances de perder esta valiosa maioria é uma realidade. Ontem, apesar dos esforços pessoais de Obama, os democratas perderam os governos de dois valiosos estados: Virgínia e New Jersey, que passaram ao domínio republicano. Não seria preocupante se o segundo não fosse um feudo democrata onde o governador Jon Corzine tentava uma reeleição que não conseguiu. Na Virgínia, os republicanos terminaram com um reinado de oito anos dos democratas no comando do estado.

Apenas para recordar: Obama venceu McCain em ambos estados nas eleições presidenciais. Sem dúvida, o Presidente está certo, "change is hard".

terça-feira, novembro 03, 2009

Um vice para os Tucanos

Confirmando-se a escolha de José Serra para concorrer pelo consórcio oposicionista, abre-se a vaga de vice, naturalmente, se assim desejar, de Aécio. Entretanto, aparentemente o Governador de Minas rejeita a idéia.

Neste caso, os partidos que apoiarão os tucanos, tentarão a todo custo emplacar alguém do seu grupo. Existe, como já escrevi aqui, a possibilidade de Aécio não aceitar a vice e indicar um nome seu, no caso Itamar Franco. O problema é que Itamar ocuparia espaço pelo PPS, algo que não agradaria de forma alguma o DEM.

Os Democratas tem uma vasta lista de nomes a apresentar a José Serra, mas todos também tem suas pretensões regionais e vôos políticos próprios. José Agripino Maia tende a disputar a reeleição para o Senado, o mineiro José Roberta Arruda tende a disputar a reeleição no Distrito Federal, César Maia indica que pode entrar na disputa pelo Senado no Rio e assim a lista cresce. Existem outros nomes não muito cogitados que seriam interessantes, como o deputado baiano José Carlos Aleluia e o Senador por Goiás, Demóstenes Torres. Os Democratas têm, como disse, uma vasta lista de nomes.

Mas insisto: a eleição passa por Minas Gerais e, caso Serra seja candidato, o vice deveria vir de Minas. Caberá aos tucanos o trabalho de convenver Aécio a aceitar a dobradinha. Se desejam vencer, os tucanos não podem vacilar como há quatro anos atrás.

segunda-feira, novembro 02, 2009

PSOL acena para Marina

Como já havia comentado por aqui, Heloísa Helena deixará o "sacrifício" de ser candidata a Presidente de lado e tentará um confortável assento no Senado Federal que lhe renderá oito anos de presença parlamentar.

Na acirrada disputa pelo Senado em Alagoas, Heloísa terá uma grande aliada, Marina Silva, que disputará o Planalto pelo PV. A troca de apoios parece seguir um curso natural e o PSOL deve apoiar os Verdes na campanha presidencial.

Os interlocutores de Marina no PSOL são, além da própria Heloísa, Ivan Valente (SP) e Chico Alencar (RJ) e o senador José Nery (PA). Apesar de o PSOL ser um partido pouco flexível a acordos políticos, este tem toda a chance de ser fechado, já que é o desejo de Heloísa Helena.

sexta-feira, outubro 30, 2009

A Estratégia de Aécio

A discussão em torno da escolha do candidato do PSDB está na pauta de dicussões políticas do país. Durante esta semana as movientações nos bastidores foram intensas, gerando alguns recados públicos enviados pelos principais candidatos pela imprensa.

Aécio Neves se movimentou muito. Esteve em Brasília e conversou com diversos partidos, do DEM ao PDT passando pelo PR, PMDB e PV. Seu objetivo é criar uma possibilidade de aliança em torno do seu nome caso seja ungido candidato pelo PSDB.

Assim, ele transmite a noção de que carrega a seu favor um aspecto aglutinador. Segundo sua idéia, uma grande coalizão poderia se formar em torno do seu nome, fornencendo a propulsão necessária para avançar nas pesquisas e vencer a eleição.

Por isso Aécio luta tanto pela definição imediata do candidato tucano. A demora na definição, prejudica sua estrtégia, já que enquanto o PSDB não define seu candidato, os virtuais apoiadores de Aécio seguem fechando alianças com outros partidos e candidatos, como Dilma.

Tomando a estratégia de Aécio por base, a demora na definição do candidato favorece Serra, que do alto dos seus 41% de intenções de voto, não tem interesse em apressar o debate eleitoral. Entretanto, a aceleração no processo decisório do PSDB favorece o Governador mineiro, que já colocou seu projeto em movimento.

Se tomarmos como exemplo a estratégia vencedora de Aécio para a Presidência da Câmara, sabemos que as chances de seu projeto prosperar são reais.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Merkel Recomeça

Angela Merkel foi empossada para seu segundo termo pelo Presidente da Alemanha, Horst Koehler, depois de receber 323 votos favoráveis a formação de seu governo no Bundestag.

Ela começará um audaz projeto de reformas, impulsionado principalmente pelo seu parceiro de coalização, o FDP, liderado pelo agora vice-chanceler, Guido Westerwelle. Para começar, já foi anunciado um brutal corte de impostos, de cerca de 24 bilhões de Euros.

O projeto, logicamente, não tem apoio dos socialistas, que buscam manter a carga tributária elevada e assim deixar o Estado responsável pela indução do desenvolvimento e de políticas assistencialistas e clientelistas, responsáveis pela letargia e ostracismo na economia. Mas o plano de Merkel e Westerwelle é exatamente o oposto, deixar o dinheiro dos contribuintes alemães em suas próprias mãos para que cada alemão decida o que fazer com seus próprios recursos.

Seu projeto já foi apoiado publicamente por Sarkozy, que vê na medida a única forma de a Alemanha diminuir seu enorme deficit, gerado por um Estado pesado e ineficiente que cobra mais impostos do que devia.

Como vemos, Merkel recomeçou muito bem seu segundo mandato, agora em coalizão com seus verdadeiros parceiros políticos. Os parceiros do FDP trouxeram novos e saudáveis ares para o governo.

terça-feira, outubro 27, 2009

Segundo Turno no Uruguai

Muitos acreditavam que o Frente Amplo levaria a melhor já no primeiro turno no Uruguai. Mas diversos fatores apontavam em sentido contrário.

O primeiro problema de José Mujica, candidato do Frente Amplo, foi a falta de apoio do popular presidente Tabaré Vazquez. O candidato do presidente atual perdeu a disputa interna e Vazquez não fez muita questão de apoiar Mujica. O Presidente atual ostenta 65% de popularidade e o candidato de seu partido obteve 47,5%.

Outro problema de Mujica foi o aumento das intenções de voto dos Independentes, mas especialmente dos Colorados, que depois de saírem enfraquecidos do último pleito nacional, encontraram novamente o rumo de uma boa campanha e cresceram consistentemente. Se em 2004, alcançaram somente 10%, desta vez seu candidato, Pedro Bordaberry, chegou a 18%.

Os Blancos, que vão disputar o segundo turno com o Frente Amplo, chegaram a 29%. Lacalle, ex-Presidente, chegou ao segundo turno, mas viu seu partido perder votos em relação a última eleição, onde haviam chegado com 34%.

Mas a sensação ainda é Mujica, que com 47,5%, tem fortes chances de vencer, mesmo sem o claro apoio de Tabaré Vazquez.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Itamar, o nome do PPS?

O PPS, que há três meses filiou o ex-presidente Itamar Franco, acaba de conduzí-lo a Vice-Presidência do partido.

Aécio, se não sair candidato a Presidente pelo PSDB, estimulará a composição de Serra com Itamar na vice. Isso elevaria o PPS a condição de principal sócio na chapa oposicionista. Resta saber o que o DEM pensa disso tudo.

Do outro lado, Itamar é um dos maiores propulsores da candidatura de Aécio Neves e estimula que ele não desista de suas pretensões de vir a disputar o Planalto encabeçando a chapa tucana em 2010.

O certo é que se Itamar apóia Aécio, o Presidente do PPS, deputado Roberto Freire, reconduzido ao cargo, apóia José Serra.

O que parece estar bem desenhado até o momento é a presença mineira na chapa presidencial dos tucanos. Se não emplacar o candidato, tudo indica que leva a vice. E quem entende de política, sabe, que uma eleição nacional passa necessariamente pelas Minas Gerais.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Os rumos do PDT

Para quem articulava a vice na chapa de Ciro Gomes, muito mudou. Existem descontentes dentro do PDT com os rumos que tem tomado o partido.

Muitos amadureciam a idéia de apoiar Ciro, inclusive indicando seu vice, como os trabalhistas já fizeram no passado. O nome cogitado era o do ministro Carlos Lupi, imaginem, o mesmo articulador do apoio que o PDT daria para Dilma.

O fato é que tudo indica que Lupi fechou realmente com a candidatura do PT e isto irritou muito os senadores do PDT, já que o apoio não teria sido negociado, nem sequer discutido com os parlamentares. A atitude de Lupi causou desconforto.

Se o PDT marcha serenamente para Dilma, sem maiores exigências no mínimo programáticas, terá seu espaço reduzido em caso de vitória. Além disso, fere perigosamente a candidatura de Ciro Gomes, que sem outros partidos aliados, marcharia isolado com o PSB para a campanha presidencial.

Por tudo isso entende-se a indiganação dos senadores do partido com o ministro Lupi. Resta saber se a candidatura Ciro é mesmo para valer ou se tudo não passa de um jogo já muito bem ensaiado com desfecho previsível. Com a palavra, o ministro Carlos Lupi.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Serra abre vantagem, aponta Ibope

Os tucanos encomendaram pesquisa ao Ibope, como foi divulgado pela Folha. Serra subiu novamente, rompendo a barreira dos 40%. Cravou 41%. Isto fortalece o nome do Governador paulista dentro do PSDB.

A outra constatação da pesquisa foi que a disputa pelo segundo lugar embolou de vez. Dilma subiu dois pontos e chegou a 17%, ultrapassando Ciro, que desceu um ponto e aparece com 16%. Na margem de erro, estão empatados. Os números mostram mais uma vez a suspeita de que Lula pode não conseguir transferir votos, algo temerário para a candidata petista.

Enquanto isso ganhou força a tese de que Ciro realmente deixará a disputa presidencial de lado, conforme pediu Lula. Pode até ser, mas quem conhece Ciro sabe que se ele enxergar chance de vencer ou se seu nome estiver consolidado em segundo lugar, ninguém o convence a deixar o páreo.

Os números de Serra são interessantes. Subiu de 35% para 41%. Mostra principalmente sua capacidade de reação, recuperando seis pontos mais do que significativos, especialmente porque também foi mostrado aos eleitores uma cartela que apresenta Aécio como vice do Governador de São Paulo.

Circula nos bastidores que o expressivo apoio recebido por Aécio entre os parlamentares do DEM pode levar o Governador de Minas a aceitar o lugar de vice na chapa oposicionista. Sairia por cima e teria lugar de destaque, respaldado pelos partidos aliados. Aécio deve enxergar esta tendência com sabedoria política, especialmente quando vemos que o nome do mineiro valorizou a chapa tucana.

Com Serra nas alturas e Aécio com prestígio interno, existe sim chances reais de vermos uma chapa tucana puro-sangue e café com leite na eleição presidencial.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Menos uma candidata

As indicações, como havia comentado aqui, eram fortes. Agora o rumo dado por Heloísa Helena a sua candidatura corrobora aquilo esboçado aqui. Ela realmente tende a deixar a disputa da Presidência de lado e tentará retornar ao Senado por Alagoas.

Sua sugestão é que seu partido, o PSOL, inicie conversas para uma composição com o PV de sua amiga Marina Silva. As duas são realmente muito próximas, entretanto, as diferenças que separam os dois partidos, em nível programático e ideológico é abissal. Portanto é compreensível que parte do PSOL veja com ressalvas a sugestão de Heloísa Helena.

Esta deve abrir vaga para uma suplente na Câmara de Vereadores de Maceió, já que deve deixar o cargo se eleita para o Senado, pois até o momento lidera as pesquisas. Como são duas vagas, sua eleição é praticamente certa.

Heloísa Helena tem seu preferido, caso a composição com o PV faça água. É o deputado Milton Temer, que se escolhido, deve fazer papel de mero coadjuvante na campanha, sem alterar de forma substancial o equilíbrio de forças, coisa que a candidatura de Heloísa Helena, se bem conduzida, poderia fazer.

Mais do que a formalização da aliança entre PT e PMDB e a adesão de consórcio de partidos menores em direção a Dilma, a notícia política do momento é a desistência de Heloísa Helena, dada praticamente como certa. Isto altera o quadro de forças e seu potencial apoio para Marina, se confirmado, pode impulsionar mais um pouco os números da candidata do PV.

Vale lembrar um fator. Marina Silva tem sérias restrições quanto a Dilma, assim como Heloísa Helena. Vamos aguardar as pesquisas.

segunda-feira, outubro 19, 2009

PSDB decide esperar

Para aqueles que esperavam uma definição do PSDB em breve, é bom saber que os tucanos decidiram esperar um pouco mais. A definição do candidato ficará mesmo para 2010.

Circulam muitas teses pelos corredores de Brasília, inclusive de que haveria pressão dos partidos aliados para uma rápida definição da candidatura para que assim fosse definido os rumos daquele que poderia ocupar a vice na chapa.

Nem tanto. Os tucanos agem com prudência. É ingenuidade política lançar um candidato agora, a não ser que o nome fosse completamente desconhecido, assim como é Dilma ou precisasse de exposição para consolidar-se, como Ciro. Ainda assim, a operação exigiria atenção redobrada.

Se o PSDB optar por Serra, o que indica a tendência, expor o Governador de São Paulo neste momento seria um movimento que somente beneficiaria Dilma, pois apresentaria-se o adversário direto para a polarização do confronto, assim como deseja o PT.

Mantendo a discussão acesa, o PSDB colhe inclusive mais atenção da mídia, que tende a cobrir os desdobramentos para a escolha do candidato. Política tem dessas coisas e o timing talvez seja a mais importante delas.

A escolha do vice dependerá de uma conjuntura política que deve formar-se com a escolha do candidato. Acredito que uma chapa "puro-sangue" com Serra/Aécio, ou vice-versa, teria chances reais, entretanto, a tendência é que o vice saia de um dos partidos da aliança oposicionista.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Parceiro confiável?

O PT trabalha incansavelmente para trazer o PMDB ao seu lado na candidatura Dilma Roussef. Entretanto, é preciso avaliar o quanto vale a parceria do PMDB como companheiro de chapa.

Argumentos a favor não faltam. Maior tempo de televisão durante a campanha, presença em uma infinidade de municípios Brasil afora, sem contar os apoios dos caciques que direcionam votos em seus estados. Mas existem também fatores negativos que devem ser levados em conta.

O PMDB fará parte do próximo governo, não importa quem vença a disputa presidencial e seus caciques estão cientes disto. Tanto Serra quanto Dilma, ou até Ciro, precisarão compor com o partido para fazer maioria no Congresso.

O PMDB é um partdo muito grande e heterogêneo e aquilo que pode ser seu maior atrativo, pode também transformar-se em grande pesadelo em uma campanha. Levar o PMDB unido para uma disputa nacional é tarefa impossível. Se o PMDB compor com Dilma, vários caciques já anunciaram que romperão o acordo para apoiar o PSDB de Serra. Se a candidatura Dilma der sinais de desgaste já na largada ou pouco depois disso, corre o risco de ser "cristianizada" pelos novos companheiros, coisa que o PMDB sabe muito bem como fazer.

Em suma, em 2002 o PSDB apostou suas fichas na mesma composição que o PT tenta hoje. Deu no que deu. É hora de PT abrir o olho e avaliar muito bem a aliança que está para ser sacrementada, pois o PMDB sabe que com Dilma ou sem Dilma, em 2011 seu naco de poder já está garantido, seja quem for o vencedor da corrida ao Planalto. Existem outros fatores em jogo? Sem dúvida, mas tudo deve ser minuciosamente avaliado.

quinta-feira, outubro 15, 2009

A popularidade de Obama...e Hillary

Obama ganhou o Nobel da Paz, mas popular mesmo é Hillary. Enquanto Obama é festejado mundo afora, nos Estados Unidos não é a primeira vez que sua popularidade dá sérios sinais de desgaste.

O Gallup, em sua mais recente pesquisa, mostrou que Obama já despencou 22 pontos desde o auge de sua popularidade. Tem 53% de avaliação positiva. Outros institutos mostram Obama ainda em situação pior, como Rassmussen e Fox News, com respectivamente 48% e 49%. Mas na média, ele tem aprovação de 52,6% e desprovação de 40,8%.

Hillary, ao contrário, não apresenta o mesmo desgaste. Sua popularidade bate em 62% e ela já teve que desmentir que busque ainda chegar a Casa Branca.

Obama precisa abrir o olho. No próximo ano o Congresso será renovado e os republicanos estão atentos ao pouco resultado prático do governo, assim como a opinião pública.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Os novos sócios

A União Européia pretende ampliar suas fronteiras. Os candidatos já pré-aprovados são Croácia e Islândia. A primeira evidencia o avanço em direção aos Balcãs e a segunda no país que esteve no epicentro da crise financeira.

A Croácia se adiantou em relação a outros candidatos e efetuou as reformas necessárias para fazer parte do clube. Ainda existe trabalho a ser feito, contudo, no tocante a reforma judicial, combate a corrupção e ao crime organizado, muitos avanços foram alcançados.

Quanto a Islândia, que deve ser admitida junto com a Croácia, muito pouco precisa ser feito, a não ser a adequação de alguns parâmetros jurídicos ao sistema europeu.

A entrada da Croácia abre uma porta importante nos Balcãs. A Macedônia já abriu negociações para sua adesão, além da Albania e Montenegro já terem solicitado também seu ingresso. Esta expansão é um importante capítulo da União Européia e é vista com entusiasmo em Bruxelas.

Enquanto isso, a Turquia, que ainda sofre com a oposição clara de França e Alemanha, precisa avançar em muitos pontos antes de chegar lá. Por enquanto, somente Croácia e Islândia já tem presença quase garantida em Bruxelas em breve.

terça-feira, outubro 13, 2009

Cai o governo da Romênia

A democracia e especialmente o parlamentarismo tem dessas coisas. Dez meses depois de chegar ao poder, o Primeiro-Ministro conservador da Romênia terá que deixar o cargo.

A moção de censura que derrubou o governo de Emil Boc prosperou porque sua coalizão se rompeu. Foi ungido ao cargo em parceria com os social-democratas, que retiraram seu apoio ao governo, quando seu ministro do Interior foi demitido.

A vingança dos social-democratas veio de forma contundente no Parlamento (258 X 176), uma vez que a ruptura da coalizão deixou o governo de Boc em minoria.

Em Bucareste circula a tese de que a demissão do Ministro do Interior foi, na realidade, arquitetada pelo Presidente do país, Traian Basescu (do mesmo partido de Boc), com vistas a influenciar o processo eleitoral presidencial de 22 de novembro. Algo que estava nas mãos dos social-democratas, até então.

Agora Basescu deve indicar um novo Primeiro-Ministro. Caberá ao mesmo Parlamento que retirou Boc do cargo, aprovar a indicação. Uma coisa é certa, todos miram na eleição de novembro.

segunda-feira, outubro 12, 2009

O futuro da União Européia

Depois do "sim" irlandês ao Tratado de Lisboa, o Presidente Lech Kaczynski ratificou em Varsóvia o mais recente e importante documento europeu. Assim a Polônia cumpriu o que prometeu e valorizou seu passe no jogo político.

A cúpula da UE aproveitou a oportunidade para mostrar sua cara na cerimônia em Varsóvia. Os pesos pesados da política européia estiveram na Polônia para prestigiar a ratificacão, como José Manuel Barroso pela Comissão, Jerzy Buzek pelo Parlamento e primeiro-ministro sueco Fredrik Reinfeldt, Presidente rotativo do bloco. O Presidente polonês Lech Kaczynski, em seu discurso, foi além e disse que a União não pode descartar novas expansões "não só os Balcãs mas também países como a Geórgia". Uma luz vermelha deve ter acendido em Moscou naquele momento.

As atenções voltam-se agora para Praga. O presidente Vaclav Klaus é um opositor assumido do Tratado de Lisboa e precisa assinar o documento, que já foi ratificado pelo Parlamento tcheco. Ele diz que espera uma decisão da Corte Constitucional de seu país, contudo, sabe-se que ele exige a inclusão de uma cláusula no tratado para evitar que os alemães expulsos da antiga Tchecoslováquia, após a Segunda Guerra Mundial, peçam indenizações junto ao Tribunal Europeu de Justiça.

A UE, que já advertiu Klaus pela pressão, precisa resolver este assunto e mudar sua triste história recente de "oito anos perdidos, dois tratados inúteis, três rotundas negativas em plebiscitos nacionais, dez promessas quebradas de realizar referendos e a sensação crescente de ser ignorado pelos Estados Unidos e a China" como bem assinalou a The Economist na edição desta semana.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Nobel de Literatura histórico. Parabéns, Herta!

O Nobel de literatura para Herta Müller é um fato histórico. Ela foi uma escritora que lutou muito para que seu trabalho pudesse ser publicado. Sua luta na Romênia foi quase em vão, já que seus livros traziam uma visão crítica ao regime totalitário esquerdista de Nicolae Ceaucescu.

Os problemas enfrentados por Herta Müller não foram diferentes daqueles que lutaram contra os regimes de exceção socialistas ao redor do mundo. Foi demitida de vários trabalhos, como de tradutora em uma fábrica em Timisoara. Perseguida profissionalmente acabou deixando a Romênia em 1987 com seu marido para residir na Alemanha.

O trabalho de Herta é único pelas suas origens. Apesar de nascer em um país de raiz linguistica latina, a Romênia, sua família trazia uma origem alemã. Estudante de filologia alemã e romena, foi responsável por aproximar as duas culturas literárias.

Já recebeu vários prêmios, onde o Nobel surge como um elemento completar e mais importante. Ainda sofrendo a preseguição do socialismo de Ceaucescu foi distinguida internacionalmente com o Prêmio Aspekte. Em 1995 recebeu o prêmio europeu de literatura Aristeion e foi eleita para a Academia Alemã para Língua e Poesia. Em 1998 foi a vez de a Irlanda premiá-la com o IMPAC e depois com o Prêmio Franz Kafka. Em 2003 recebeu o Prêmio Joseph Breitbach de literatura alemã, seguido por aquele concedido pela Fundação Konrad Adenauer e, em 2006, com o Prêmio Würth de literatura européia.

Herta é uma dessas mulheres especiais, uma escritora memorável. Além de trabalhar pela aproximação entre as línguas de origem latinas e alemãs, possui uma literatura fascinante. Sua luta contra o socialismo e a favor da liberdade ecoa em seu trabalho, agora por todos os cantos do planeta.

Infelizmente ela possui somente um romance publicado no Brasil, "O compromisso" (Ed. Globo), que narra a história de uma operária da indústria têxtil perseguida pela polícia secreta romena. Literatura obrigatória para aqueles que, a despeito da história, ainda são seduzidos pelas idéias socialistas.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Blair Presidente?

O esperado "sim" dos irlandeses quanto ao Tratado de Lisboa levantou uma questão importante. Faltando somente o aceite final da Polônia e República Tcheca, a pergunta que paira na União Européia neste momento é quem ocupará o novo e chamativo posto de Presidente da UE?

Tony Blair é um nome que frequenta todas as listas. Apesar de ser um nome forte, seu país, o Reino Unido, não é, digamos, grande entusiasta do concerto europeu. Os britânicos não fazem parte do acordo Schengen de livre-circulação de pessoas e preferiu manter sua libra esterlina e deixar a zona do Euro de lado. O país não é fundador da UE e entrou no clube bem mais tarde, em 1973. Por outro lado, se Blair assume o comando europeu, talvez isto propicie uma aproximação em Londres e Bruxelas.

Os dois sócios fundadores, Alemanha e França, podem apoiar Blair. Circula a tese de que Sarkozy inclusive já endossou o nome do ex-premiê. Merkel prefere a cautela, e dizem que ela pode apoiar Jan-Peter Balkenende, primeiro-ministro holandês, mas se o nome de Blair tiver muitos apoios e consistência, Berlim tende a confirmar seu nome. Ou seja, Blair precisa de boa estratégia política para vencer as resistências e novos concorrentes, como o ex-Primeiro-Ministro espanhol Felipe González, que já se movimenta nos bastidores.

Os Tories britânicos são aqueles que menos desejam que Blair assuma o posto. Virtuais vencedores das próximas eleições, David Cameron não deseja dividir holofotes com o líder trabalhista no plano internacional.

Como se vê, é um jogo delicado e um xadrez político que deve ser movimentado com extrema habilidade. Blair seria um bom nome. Com trânisto entre conservadores e esquerdistas, teria habilidade e densidade política para falar em nome da UE, além de possuir uma figura marcante o suficiente para representar os 27 sócios em qualquer foro internacional.