sexta-feira, outubro 30, 2009

A Estratégia de Aécio

A discussão em torno da escolha do candidato do PSDB está na pauta de dicussões políticas do país. Durante esta semana as movientações nos bastidores foram intensas, gerando alguns recados públicos enviados pelos principais candidatos pela imprensa.

Aécio Neves se movimentou muito. Esteve em Brasília e conversou com diversos partidos, do DEM ao PDT passando pelo PR, PMDB e PV. Seu objetivo é criar uma possibilidade de aliança em torno do seu nome caso seja ungido candidato pelo PSDB.

Assim, ele transmite a noção de que carrega a seu favor um aspecto aglutinador. Segundo sua idéia, uma grande coalizão poderia se formar em torno do seu nome, fornencendo a propulsão necessária para avançar nas pesquisas e vencer a eleição.

Por isso Aécio luta tanto pela definição imediata do candidato tucano. A demora na definição, prejudica sua estrtégia, já que enquanto o PSDB não define seu candidato, os virtuais apoiadores de Aécio seguem fechando alianças com outros partidos e candidatos, como Dilma.

Tomando a estratégia de Aécio por base, a demora na definição do candidato favorece Serra, que do alto dos seus 41% de intenções de voto, não tem interesse em apressar o debate eleitoral. Entretanto, a aceleração no processo decisório do PSDB favorece o Governador mineiro, que já colocou seu projeto em movimento.

Se tomarmos como exemplo a estratégia vencedora de Aécio para a Presidência da Câmara, sabemos que as chances de seu projeto prosperar são reais.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Merkel Recomeça

Angela Merkel foi empossada para seu segundo termo pelo Presidente da Alemanha, Horst Koehler, depois de receber 323 votos favoráveis a formação de seu governo no Bundestag.

Ela começará um audaz projeto de reformas, impulsionado principalmente pelo seu parceiro de coalização, o FDP, liderado pelo agora vice-chanceler, Guido Westerwelle. Para começar, já foi anunciado um brutal corte de impostos, de cerca de 24 bilhões de Euros.

O projeto, logicamente, não tem apoio dos socialistas, que buscam manter a carga tributária elevada e assim deixar o Estado responsável pela indução do desenvolvimento e de políticas assistencialistas e clientelistas, responsáveis pela letargia e ostracismo na economia. Mas o plano de Merkel e Westerwelle é exatamente o oposto, deixar o dinheiro dos contribuintes alemães em suas próprias mãos para que cada alemão decida o que fazer com seus próprios recursos.

Seu projeto já foi apoiado publicamente por Sarkozy, que vê na medida a única forma de a Alemanha diminuir seu enorme deficit, gerado por um Estado pesado e ineficiente que cobra mais impostos do que devia.

Como vemos, Merkel recomeçou muito bem seu segundo mandato, agora em coalizão com seus verdadeiros parceiros políticos. Os parceiros do FDP trouxeram novos e saudáveis ares para o governo.

terça-feira, outubro 27, 2009

Segundo Turno no Uruguai

Muitos acreditavam que o Frente Amplo levaria a melhor já no primeiro turno no Uruguai. Mas diversos fatores apontavam em sentido contrário.

O primeiro problema de José Mujica, candidato do Frente Amplo, foi a falta de apoio do popular presidente Tabaré Vazquez. O candidato do presidente atual perdeu a disputa interna e Vazquez não fez muita questão de apoiar Mujica. O Presidente atual ostenta 65% de popularidade e o candidato de seu partido obteve 47,5%.

Outro problema de Mujica foi o aumento das intenções de voto dos Independentes, mas especialmente dos Colorados, que depois de saírem enfraquecidos do último pleito nacional, encontraram novamente o rumo de uma boa campanha e cresceram consistentemente. Se em 2004, alcançaram somente 10%, desta vez seu candidato, Pedro Bordaberry, chegou a 18%.

Os Blancos, que vão disputar o segundo turno com o Frente Amplo, chegaram a 29%. Lacalle, ex-Presidente, chegou ao segundo turno, mas viu seu partido perder votos em relação a última eleição, onde haviam chegado com 34%.

Mas a sensação ainda é Mujica, que com 47,5%, tem fortes chances de vencer, mesmo sem o claro apoio de Tabaré Vazquez.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Itamar, o nome do PPS?

O PPS, que há três meses filiou o ex-presidente Itamar Franco, acaba de conduzí-lo a Vice-Presidência do partido.

Aécio, se não sair candidato a Presidente pelo PSDB, estimulará a composição de Serra com Itamar na vice. Isso elevaria o PPS a condição de principal sócio na chapa oposicionista. Resta saber o que o DEM pensa disso tudo.

Do outro lado, Itamar é um dos maiores propulsores da candidatura de Aécio Neves e estimula que ele não desista de suas pretensões de vir a disputar o Planalto encabeçando a chapa tucana em 2010.

O certo é que se Itamar apóia Aécio, o Presidente do PPS, deputado Roberto Freire, reconduzido ao cargo, apóia José Serra.

O que parece estar bem desenhado até o momento é a presença mineira na chapa presidencial dos tucanos. Se não emplacar o candidato, tudo indica que leva a vice. E quem entende de política, sabe, que uma eleição nacional passa necessariamente pelas Minas Gerais.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Os rumos do PDT

Para quem articulava a vice na chapa de Ciro Gomes, muito mudou. Existem descontentes dentro do PDT com os rumos que tem tomado o partido.

Muitos amadureciam a idéia de apoiar Ciro, inclusive indicando seu vice, como os trabalhistas já fizeram no passado. O nome cogitado era o do ministro Carlos Lupi, imaginem, o mesmo articulador do apoio que o PDT daria para Dilma.

O fato é que tudo indica que Lupi fechou realmente com a candidatura do PT e isto irritou muito os senadores do PDT, já que o apoio não teria sido negociado, nem sequer discutido com os parlamentares. A atitude de Lupi causou desconforto.

Se o PDT marcha serenamente para Dilma, sem maiores exigências no mínimo programáticas, terá seu espaço reduzido em caso de vitória. Além disso, fere perigosamente a candidatura de Ciro Gomes, que sem outros partidos aliados, marcharia isolado com o PSB para a campanha presidencial.

Por tudo isso entende-se a indiganação dos senadores do partido com o ministro Lupi. Resta saber se a candidatura Ciro é mesmo para valer ou se tudo não passa de um jogo já muito bem ensaiado com desfecho previsível. Com a palavra, o ministro Carlos Lupi.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Serra abre vantagem, aponta Ibope

Os tucanos encomendaram pesquisa ao Ibope, como foi divulgado pela Folha. Serra subiu novamente, rompendo a barreira dos 40%. Cravou 41%. Isto fortalece o nome do Governador paulista dentro do PSDB.

A outra constatação da pesquisa foi que a disputa pelo segundo lugar embolou de vez. Dilma subiu dois pontos e chegou a 17%, ultrapassando Ciro, que desceu um ponto e aparece com 16%. Na margem de erro, estão empatados. Os números mostram mais uma vez a suspeita de que Lula pode não conseguir transferir votos, algo temerário para a candidata petista.

Enquanto isso ganhou força a tese de que Ciro realmente deixará a disputa presidencial de lado, conforme pediu Lula. Pode até ser, mas quem conhece Ciro sabe que se ele enxergar chance de vencer ou se seu nome estiver consolidado em segundo lugar, ninguém o convence a deixar o páreo.

Os números de Serra são interessantes. Subiu de 35% para 41%. Mostra principalmente sua capacidade de reação, recuperando seis pontos mais do que significativos, especialmente porque também foi mostrado aos eleitores uma cartela que apresenta Aécio como vice do Governador de São Paulo.

Circula nos bastidores que o expressivo apoio recebido por Aécio entre os parlamentares do DEM pode levar o Governador de Minas a aceitar o lugar de vice na chapa oposicionista. Sairia por cima e teria lugar de destaque, respaldado pelos partidos aliados. Aécio deve enxergar esta tendência com sabedoria política, especialmente quando vemos que o nome do mineiro valorizou a chapa tucana.

Com Serra nas alturas e Aécio com prestígio interno, existe sim chances reais de vermos uma chapa tucana puro-sangue e café com leite na eleição presidencial.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Menos uma candidata

As indicações, como havia comentado aqui, eram fortes. Agora o rumo dado por Heloísa Helena a sua candidatura corrobora aquilo esboçado aqui. Ela realmente tende a deixar a disputa da Presidência de lado e tentará retornar ao Senado por Alagoas.

Sua sugestão é que seu partido, o PSOL, inicie conversas para uma composição com o PV de sua amiga Marina Silva. As duas são realmente muito próximas, entretanto, as diferenças que separam os dois partidos, em nível programático e ideológico é abissal. Portanto é compreensível que parte do PSOL veja com ressalvas a sugestão de Heloísa Helena.

Esta deve abrir vaga para uma suplente na Câmara de Vereadores de Maceió, já que deve deixar o cargo se eleita para o Senado, pois até o momento lidera as pesquisas. Como são duas vagas, sua eleição é praticamente certa.

Heloísa Helena tem seu preferido, caso a composição com o PV faça água. É o deputado Milton Temer, que se escolhido, deve fazer papel de mero coadjuvante na campanha, sem alterar de forma substancial o equilíbrio de forças, coisa que a candidatura de Heloísa Helena, se bem conduzida, poderia fazer.

Mais do que a formalização da aliança entre PT e PMDB e a adesão de consórcio de partidos menores em direção a Dilma, a notícia política do momento é a desistência de Heloísa Helena, dada praticamente como certa. Isto altera o quadro de forças e seu potencial apoio para Marina, se confirmado, pode impulsionar mais um pouco os números da candidata do PV.

Vale lembrar um fator. Marina Silva tem sérias restrições quanto a Dilma, assim como Heloísa Helena. Vamos aguardar as pesquisas.

segunda-feira, outubro 19, 2009

PSDB decide esperar

Para aqueles que esperavam uma definição do PSDB em breve, é bom saber que os tucanos decidiram esperar um pouco mais. A definição do candidato ficará mesmo para 2010.

Circulam muitas teses pelos corredores de Brasília, inclusive de que haveria pressão dos partidos aliados para uma rápida definição da candidatura para que assim fosse definido os rumos daquele que poderia ocupar a vice na chapa.

Nem tanto. Os tucanos agem com prudência. É ingenuidade política lançar um candidato agora, a não ser que o nome fosse completamente desconhecido, assim como é Dilma ou precisasse de exposição para consolidar-se, como Ciro. Ainda assim, a operação exigiria atenção redobrada.

Se o PSDB optar por Serra, o que indica a tendência, expor o Governador de São Paulo neste momento seria um movimento que somente beneficiaria Dilma, pois apresentaria-se o adversário direto para a polarização do confronto, assim como deseja o PT.

Mantendo a discussão acesa, o PSDB colhe inclusive mais atenção da mídia, que tende a cobrir os desdobramentos para a escolha do candidato. Política tem dessas coisas e o timing talvez seja a mais importante delas.

A escolha do vice dependerá de uma conjuntura política que deve formar-se com a escolha do candidato. Acredito que uma chapa "puro-sangue" com Serra/Aécio, ou vice-versa, teria chances reais, entretanto, a tendência é que o vice saia de um dos partidos da aliança oposicionista.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Parceiro confiável?

O PT trabalha incansavelmente para trazer o PMDB ao seu lado na candidatura Dilma Roussef. Entretanto, é preciso avaliar o quanto vale a parceria do PMDB como companheiro de chapa.

Argumentos a favor não faltam. Maior tempo de televisão durante a campanha, presença em uma infinidade de municípios Brasil afora, sem contar os apoios dos caciques que direcionam votos em seus estados. Mas existem também fatores negativos que devem ser levados em conta.

O PMDB fará parte do próximo governo, não importa quem vença a disputa presidencial e seus caciques estão cientes disto. Tanto Serra quanto Dilma, ou até Ciro, precisarão compor com o partido para fazer maioria no Congresso.

O PMDB é um partdo muito grande e heterogêneo e aquilo que pode ser seu maior atrativo, pode também transformar-se em grande pesadelo em uma campanha. Levar o PMDB unido para uma disputa nacional é tarefa impossível. Se o PMDB compor com Dilma, vários caciques já anunciaram que romperão o acordo para apoiar o PSDB de Serra. Se a candidatura Dilma der sinais de desgaste já na largada ou pouco depois disso, corre o risco de ser "cristianizada" pelos novos companheiros, coisa que o PMDB sabe muito bem como fazer.

Em suma, em 2002 o PSDB apostou suas fichas na mesma composição que o PT tenta hoje. Deu no que deu. É hora de PT abrir o olho e avaliar muito bem a aliança que está para ser sacrementada, pois o PMDB sabe que com Dilma ou sem Dilma, em 2011 seu naco de poder já está garantido, seja quem for o vencedor da corrida ao Planalto. Existem outros fatores em jogo? Sem dúvida, mas tudo deve ser minuciosamente avaliado.

quinta-feira, outubro 15, 2009

A popularidade de Obama...e Hillary

Obama ganhou o Nobel da Paz, mas popular mesmo é Hillary. Enquanto Obama é festejado mundo afora, nos Estados Unidos não é a primeira vez que sua popularidade dá sérios sinais de desgaste.

O Gallup, em sua mais recente pesquisa, mostrou que Obama já despencou 22 pontos desde o auge de sua popularidade. Tem 53% de avaliação positiva. Outros institutos mostram Obama ainda em situação pior, como Rassmussen e Fox News, com respectivamente 48% e 49%. Mas na média, ele tem aprovação de 52,6% e desprovação de 40,8%.

Hillary, ao contrário, não apresenta o mesmo desgaste. Sua popularidade bate em 62% e ela já teve que desmentir que busque ainda chegar a Casa Branca.

Obama precisa abrir o olho. No próximo ano o Congresso será renovado e os republicanos estão atentos ao pouco resultado prático do governo, assim como a opinião pública.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Os novos sócios

A União Européia pretende ampliar suas fronteiras. Os candidatos já pré-aprovados são Croácia e Islândia. A primeira evidencia o avanço em direção aos Balcãs e a segunda no país que esteve no epicentro da crise financeira.

A Croácia se adiantou em relação a outros candidatos e efetuou as reformas necessárias para fazer parte do clube. Ainda existe trabalho a ser feito, contudo, no tocante a reforma judicial, combate a corrupção e ao crime organizado, muitos avanços foram alcançados.

Quanto a Islândia, que deve ser admitida junto com a Croácia, muito pouco precisa ser feito, a não ser a adequação de alguns parâmetros jurídicos ao sistema europeu.

A entrada da Croácia abre uma porta importante nos Balcãs. A Macedônia já abriu negociações para sua adesão, além da Albania e Montenegro já terem solicitado também seu ingresso. Esta expansão é um importante capítulo da União Européia e é vista com entusiasmo em Bruxelas.

Enquanto isso, a Turquia, que ainda sofre com a oposição clara de França e Alemanha, precisa avançar em muitos pontos antes de chegar lá. Por enquanto, somente Croácia e Islândia já tem presença quase garantida em Bruxelas em breve.

terça-feira, outubro 13, 2009

Cai o governo da Romênia

A democracia e especialmente o parlamentarismo tem dessas coisas. Dez meses depois de chegar ao poder, o Primeiro-Ministro conservador da Romênia terá que deixar o cargo.

A moção de censura que derrubou o governo de Emil Boc prosperou porque sua coalizão se rompeu. Foi ungido ao cargo em parceria com os social-democratas, que retiraram seu apoio ao governo, quando seu ministro do Interior foi demitido.

A vingança dos social-democratas veio de forma contundente no Parlamento (258 X 176), uma vez que a ruptura da coalizão deixou o governo de Boc em minoria.

Em Bucareste circula a tese de que a demissão do Ministro do Interior foi, na realidade, arquitetada pelo Presidente do país, Traian Basescu (do mesmo partido de Boc), com vistas a influenciar o processo eleitoral presidencial de 22 de novembro. Algo que estava nas mãos dos social-democratas, até então.

Agora Basescu deve indicar um novo Primeiro-Ministro. Caberá ao mesmo Parlamento que retirou Boc do cargo, aprovar a indicação. Uma coisa é certa, todos miram na eleição de novembro.

segunda-feira, outubro 12, 2009

O futuro da União Européia

Depois do "sim" irlandês ao Tratado de Lisboa, o Presidente Lech Kaczynski ratificou em Varsóvia o mais recente e importante documento europeu. Assim a Polônia cumpriu o que prometeu e valorizou seu passe no jogo político.

A cúpula da UE aproveitou a oportunidade para mostrar sua cara na cerimônia em Varsóvia. Os pesos pesados da política européia estiveram na Polônia para prestigiar a ratificacão, como José Manuel Barroso pela Comissão, Jerzy Buzek pelo Parlamento e primeiro-ministro sueco Fredrik Reinfeldt, Presidente rotativo do bloco. O Presidente polonês Lech Kaczynski, em seu discurso, foi além e disse que a União não pode descartar novas expansões "não só os Balcãs mas também países como a Geórgia". Uma luz vermelha deve ter acendido em Moscou naquele momento.

As atenções voltam-se agora para Praga. O presidente Vaclav Klaus é um opositor assumido do Tratado de Lisboa e precisa assinar o documento, que já foi ratificado pelo Parlamento tcheco. Ele diz que espera uma decisão da Corte Constitucional de seu país, contudo, sabe-se que ele exige a inclusão de uma cláusula no tratado para evitar que os alemães expulsos da antiga Tchecoslováquia, após a Segunda Guerra Mundial, peçam indenizações junto ao Tribunal Europeu de Justiça.

A UE, que já advertiu Klaus pela pressão, precisa resolver este assunto e mudar sua triste história recente de "oito anos perdidos, dois tratados inúteis, três rotundas negativas em plebiscitos nacionais, dez promessas quebradas de realizar referendos e a sensação crescente de ser ignorado pelos Estados Unidos e a China" como bem assinalou a The Economist na edição desta semana.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Nobel de Literatura histórico. Parabéns, Herta!

O Nobel de literatura para Herta Müller é um fato histórico. Ela foi uma escritora que lutou muito para que seu trabalho pudesse ser publicado. Sua luta na Romênia foi quase em vão, já que seus livros traziam uma visão crítica ao regime totalitário esquerdista de Nicolae Ceaucescu.

Os problemas enfrentados por Herta Müller não foram diferentes daqueles que lutaram contra os regimes de exceção socialistas ao redor do mundo. Foi demitida de vários trabalhos, como de tradutora em uma fábrica em Timisoara. Perseguida profissionalmente acabou deixando a Romênia em 1987 com seu marido para residir na Alemanha.

O trabalho de Herta é único pelas suas origens. Apesar de nascer em um país de raiz linguistica latina, a Romênia, sua família trazia uma origem alemã. Estudante de filologia alemã e romena, foi responsável por aproximar as duas culturas literárias.

Já recebeu vários prêmios, onde o Nobel surge como um elemento completar e mais importante. Ainda sofrendo a preseguição do socialismo de Ceaucescu foi distinguida internacionalmente com o Prêmio Aspekte. Em 1995 recebeu o prêmio europeu de literatura Aristeion e foi eleita para a Academia Alemã para Língua e Poesia. Em 1998 foi a vez de a Irlanda premiá-la com o IMPAC e depois com o Prêmio Franz Kafka. Em 2003 recebeu o Prêmio Joseph Breitbach de literatura alemã, seguido por aquele concedido pela Fundação Konrad Adenauer e, em 2006, com o Prêmio Würth de literatura européia.

Herta é uma dessas mulheres especiais, uma escritora memorável. Além de trabalhar pela aproximação entre as línguas de origem latinas e alemãs, possui uma literatura fascinante. Sua luta contra o socialismo e a favor da liberdade ecoa em seu trabalho, agora por todos os cantos do planeta.

Infelizmente ela possui somente um romance publicado no Brasil, "O compromisso" (Ed. Globo), que narra a história de uma operária da indústria têxtil perseguida pela polícia secreta romena. Literatura obrigatória para aqueles que, a despeito da história, ainda são seduzidos pelas idéias socialistas.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Blair Presidente?

O esperado "sim" dos irlandeses quanto ao Tratado de Lisboa levantou uma questão importante. Faltando somente o aceite final da Polônia e República Tcheca, a pergunta que paira na União Européia neste momento é quem ocupará o novo e chamativo posto de Presidente da UE?

Tony Blair é um nome que frequenta todas as listas. Apesar de ser um nome forte, seu país, o Reino Unido, não é, digamos, grande entusiasta do concerto europeu. Os britânicos não fazem parte do acordo Schengen de livre-circulação de pessoas e preferiu manter sua libra esterlina e deixar a zona do Euro de lado. O país não é fundador da UE e entrou no clube bem mais tarde, em 1973. Por outro lado, se Blair assume o comando europeu, talvez isto propicie uma aproximação em Londres e Bruxelas.

Os dois sócios fundadores, Alemanha e França, podem apoiar Blair. Circula a tese de que Sarkozy inclusive já endossou o nome do ex-premiê. Merkel prefere a cautela, e dizem que ela pode apoiar Jan-Peter Balkenende, primeiro-ministro holandês, mas se o nome de Blair tiver muitos apoios e consistência, Berlim tende a confirmar seu nome. Ou seja, Blair precisa de boa estratégia política para vencer as resistências e novos concorrentes, como o ex-Primeiro-Ministro espanhol Felipe González, que já se movimenta nos bastidores.

Os Tories britânicos são aqueles que menos desejam que Blair assuma o posto. Virtuais vencedores das próximas eleições, David Cameron não deseja dividir holofotes com o líder trabalhista no plano internacional.

Como se vê, é um jogo delicado e um xadrez político que deve ser movimentado com extrema habilidade. Blair seria um bom nome. Com trânisto entre conservadores e esquerdistas, teria habilidade e densidade política para falar em nome da UE, além de possuir uma figura marcante o suficiente para representar os 27 sócios em qualquer foro internacional.

terça-feira, outubro 06, 2009

Giorgios Papandreou vence na Grécia

Na inversão da tendência política européia, os socialistas venceram na Grécia. O Movimento Socialista Pan-helénico (PASOK) conquistou 160 cadeiras no Parlamento, o que dará maioria absoluta ao novo gabinete.

O governo atual, do Nea Dimokratia, de Kóstas Karamanlís, já tinha uma estreira margem quando venceu as últimas eleições por diferença de apenas duas cadeiras. Desta vez mostrou desgaste, chegando apenas a 91 cadeiras.

O sociólogo Giorgios Papandreou, que é nascido nos Estados Unidos, traz uma nova formatação para o governo grego. As principais mudanças serão no âmbito da formatação do gabinete. Ele anunciou um novo cargo de vice Primeiro-Ministro que acomodará o antigo chefe da diplomacia grega, Teodoros Pangalos e o próprio Papandreou comandará também a pasta de Relações Exteriores, em acúmulo com a chefia de governo.

O novo executivo deve se submeter ao voto de confiança do novo Legislativo em duas semanas.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Yeda pode complicar PSDB

A pesquisa do Ibope mostra os apuros em que se meteu a governadora Yeda Crusius. Sua rejeição bateu em 60% e suas intenções de voto para reeleição patinam entre 4% e 5%.

Yeda cria agora um grande problema a ser solucionado pela cúpula nacional do PSDB, pois ela deseja concorrer a reeleição. Suas chances são nulas, dada a sua rejeição. Pior, pode contaminar a candidatura nacional do PSDB no Rio Grande do Sul. José Serra lidera nas sondagens, com 34%, mas seria extremamente inconveniente carregar o cadáver político de Yeda campanha adentro.

Enquanto isso, o PT segue na dianteira no Sul para o governo do Estado. Tarso Genro alcança 37%, seguido do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, com 28% e menor taxa de rejeição, 9%.

No Rio Grande do Sul, por enquanto, Serra bate Dilma e Ciro no cenário nacional e Tarso bate Fogaça e Rigotto em nível estadual. Caberá a Tarso turbinar os números de Dilma e a Serra a articulação certa para não ser atingido pela rejeição de Yeda.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Não houve golpe em Honduras

A mídia, de forma geral no Brasil, se refere ao governo "de facto" de Honduras como "golpista". Esta argumentação está permeada de avaliações ideológicas e não condiz com o que dispõe a Constituição hondurenha.

Não houve golpe em Honduras. A Constituição hondurenha balisou suas disposições exatamente com o objetivo de evitar governos golpistas, assim limitou o período presidencial, proibiu reeleições, inserindo estas disposições como cláusulas fundamentais. Assim, qualquer Presidente que avançasse sobre esses pontos, incorreria em crime e poderia ser afastado de imediato do desempenho de seu cargo.

Zelaya tentou avançar sobre a Constituição hondurenha. Propôs a mudança das disposições que mencionei aqui. O Poder Judiciário de pronto freou suas intenções. Entretanto, dando de ombros ao Judiciário, ele deu início a sua campanha para um plebiscito com o objetivo de se manter no cargo. Recebeu material de campanha da Venezuela, evidenciando o apoio de Chávez ao golpe que já estava em curso. As instituições mais uma vez tentaram frear Zelaya, e o Judiciário recolheu seu material de campanha. Assim, Zelaya trocou o comandante do Exército com o objetivo de enfrentar as instituições. Estas, cientes de que o pior estava por vir, fez funcionar os sistemas legais, constitucionais e democráticos da República e por incorrer em crime, Zelaya foi destituído do cargo pela Suprema Corte fazendo ser cumprida a Constituição que o próprio Zelaya prometeu cumprir e tentava violentar.

Assumiu o poder o próximo na linha sucessória, o Presidente do Poder Legislativo, Roberto Micheletti, que manteve a normalidade democrática e garantiu que o calendário eleitoral não mudava e as eleições de novembro estavam confirmadas. Foi investido Presidente dentro das regras constitucionais, como mostra a foto acima.

Destituído pelos meios legais, Zelaya acusa o governo constitucional de golpista e tenta voltar ao poder, agora instalado na Embaixada brasileira, que guarda dentro de seus muros um ex-Presidente deposto por tentativa de subverter a ordem constitucional. Existem mandados de prisão contra Zelaya. Se ele deixar a Embaixada brasileira será preso e terá que enfretar as leis que tentou violentar.

Honduras prova que não é uma "Repúbica de Bananas". Talvez esteja se mostrando exatamente um país maduro, onde as leis valem mais do que homens. Honduras, ao contrário de inúmeros países da América Latina, não foi seduzido pelo discurso fácil do populismo.

Como vemos, não houve golpe em Honduras.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Partidarização Diplomática

Celso Amorim, diplomata de carreira do Itamaraty, que ocupa atualmente o cargo de Ministro das Relações Exteriores, anunciou sua filiação ao PT. Infelizmente, mais uma vez uma tradição de nossa diplomacia foi quebrada, pois aquilo que já se supunha, a partidarização do Itamaraty, agora tomou contornos definidos.

A diplomacia de um País deve servir ao Estado, executando uma política de governo. Assim, os diplomatas possuem, tradicionalmente, uma posição de equidistância no que tange a ideologias ou políticas partidárias no exercício de suas funções. Constitui-se, ou deve constituir-se, em um corpo técnico de alta capacidade analítica da política internacional. Esta sempre foi nossa tradição, desde o Barão do Rio Branco.

Uma diplomacia séria não deveria deixar de lado diplomatas de carreira, de longa contribuição ao Brasil, por simples falta de sintonia ao modelo político-ideológico ditado pelo PT enquanto governo.

A lógica inverteu-se e hoje a diplomacia brasileira, outrora profissional e por isso festejada, apequenou-se em um círculo ideológico. A filiação de Celso Amorim ao PT é o exemplo mais lamentável disso tudo.

Roberto Freire, do PPS, pediu a exoneração de Amorim para "preservar a dignidade da diplomacia brasileira" pois "o diplomata brasileiro não é de um governo nem de um partido". Ele tem toda razão.