quarta-feira, outubro 24, 2007

Nacionalistas vencem com folga na Suíça

De Viena, Áustria. Foi maior do que se esperava. As pesquisas davam 27% para a UDC-SVP de Christoph Blocher, mas as urnas foram mais generosas e os suíços depositaram 29% dos votos na turma radical.

Mas a UDC-SVP não apenas venceu as eleições por ampla margem, mas alcançou, vejam só, a maior vitória na política suíça desde 1919. Isto é um indicativo interessante de algo sério que está em curso.

Com a vitória, a UDC-SVP passa a 62 deputados, seis a mais que na última eleição. O Partido Verde cresceu, acresentando cinco cadeiras a mais e chegando a 20 deputados. A soma dos outros partidos, como a Direita Clássica, Democratas-Cristãos e Radicais chegará a 35 deputados. Do outro lado, a maior derrota foi da esquerda, com a perda de nove representantes nas hostes do Partido Socialista, que chegará com 43 deputados.

Esta eleição foi um indicativo. É bom ficar de olho na Suíça. Quem conhece bem o país sabe do que estou falando. Mais do que um caso isolado, a Suíça pode ser uma tendência, uma grave tendência daqueles povos e vizinhos que tem uma queda por um regime, digamos, mais "nacionalista".

Como sempre disse, tão ruim quanto a esquerda radical é a direita radical, afinal de contas, dos dois lados extremos existem supressões de liberdades. No fundo são a mesma coisa, vide Stalin e Hitler, por caminhos opostos chegaram aos mesmos horripilantes e tenebrosos resultados (usando os mesmos meios, diga-se de passagem).

terça-feira, outubro 23, 2007

Novo Rumo na Polônia

De Viena, Áustria. A Polônia terá um novo Primeiro-Ministro. Jaroslaw Kaczynski e seu partido Lei e Justiça foram derrotados nas eleições de domingo.

Isto é uma boa notícia. A melhor é que os poloneses podem escolher entre uma direita conservadora e uma liberal. A mudança desta eleição foi o movimento do eleitorado dos conservadores para os liberais, dentro da direita.

Os irmãos Kaczynski tiveram muitos problemas. Chegaram ao poder com um discurso moralizador, mas exageraram na dose em suas atitudes conservadoras, arrumando inimigos por toda União Européia. Faltou especialmente a Jaroslaw Kaczynski, o gêmeo PM, muita habilidade política. Os aliados foram caindo pouco a pouco até que seu governo foi colocado em xeque. Foi obrigado a antencipar as eleições. Os Kaczynski confundiram o Estado com o governo e vice-versa, um pecado não tolerado em países sérios. Neste ponto os poloneses demonstraram enorme maturidade para os poucos anos de democracia recente.

O partido vitorioso, Plataforma Cívica, surge como uma agremiação de direita mais moderna, aberta, libertária. Procurará uma reconciliação com a Europa, especialmente com a Alemanha (com que os Kaczynski estavam estremecidos) e buscará recolocar a Polônia como um interlocutor ágil, de diálogo e conciliador. Neste ponto será o oposto do antigo governo, que possui uma política populista e de enfrentamento.

Donald Tusk herdará a Polônia em um momento ímpar. Por enquanto as torneiras da União Européia estão jorrando recursos para o país, que possui uma aliança estratégica com os Estados Unidos e voltará a se aproximar de Bruxelas. Se bem conduzido, será um interlocutor importante em ambos lados. O país cresce a taxas extraordinárias e Tusk é a favor da entrada da Polônia na zona Euro.

Em um Parlamento de 460 deputados, o Plataforma Cívica conquistou 209 cadeiras e com a coalizão chegará a maioria absoluta, passando dos 231 deputados necessários. O Lei e Justiça chegará combalido, com 166 deputados. A agenda da Polônia trocou de mãos assim como a cara do país.

O plano dos Kaczynski (eles sempre tem um plano, como costumo dizer) é usar a Presidência de Lech (o gêmeo Presidente) para inviabilizar as reformas de Donald Tusk. Se faltar habilidade, como já ocorreu, pode acontecer o inverso. As eleições para Presidência são em 2010.

Esta é a face brilhante do Parlamentarismo: o país não fica refém de políticos combalidos que se arrastam no poder e arrasam o país.

A Polônia, que já vinha no rumo certo da liberdade econômica, deu uma bela guinada em direção a liberdade individual. Pelo menos é o que parece. Vamos acompanhar.

segunda-feira, outubro 22, 2007

A Consagração de Räikkönen

De Sofia, Búlgaria. A vitória de Kimi Räikkönen e sua consagração como Campeão do Mundo de Fórmula 1 tem um sabor especial. Enquanto toda mídia estava focada no embate entre Alonso e Hamilton, Kimi soube fazer seu trabalho sem erros e chegar ao objetivo maior.

O resultado tem vencedores e vencidos. Alonso foi um pouco dos dois. Explico. Não levou o título, mas também ficou muito feliz por ter contribuido para que a McLaren, seu time, se desse mal. Se o seu triunfo se tornou impossível, nada melhor do que estragar qualquer possibilidade do time de Woking sair vencedor. Alonso teve um carro confiável toda temporada (não quebrou sequer uma vez), ao contrário de Hamilton (o carro falhou no momento crucial). Por vontade própria o espanhol já estaria fora da McLaren, entretanto possui um contrato assinado com a equipe e uma enorme multa a ser paga para sair de lá. Do lado da equipe, não vale a pena manter Alonso. Ele é manhoso, chato, arrogante e chorão. Precisa de atenção exclusiva e todos esforços da equipe para ele. Isto não ocorrerá na McLaren, que possui outro talentoso piloto, Hamilton. O espanhol sabotou o quanto pode a equipe, denunciando a McLaren para a FIA depois de se beneficiar dos dados sigilosos da Ferrari. Sua permanência na equipe é um risco desnecessário que o time teria no próximo ano. Alonso, para o bem da equipe, deve sair. Se ficar, causará danos. Virou um estranho no ninho da McLaren. Flavio Briatore, da Renault, deseja Alonso no seu time, e para isso tenta que a empresa espanhola Telefônica assine com sua equipe e banque Alonso e a multa da McLaren. Agora entende-se porque o espanhol anda alfinetando tanto a McLaren com o fim do campeonato. Quer se livrar da multa.

Hamilton foi vencido pela juventude, o carro e os erros da equipe. Faltou certamente maturidade de correr pelo campeonato e arriscar menos no começo da prova. Seu carro apresentou problemas. Aliando isto a três paradas no box (uma a mais do que os concorrentes) fez com que seu destino estivesse selado. Ao contrário de Alonso, que não foi traído sequer uma vez pelo carro, Hamilton padeceu com erros de estratégia da McLaren, como no Brasil e na China, além de um pneu estourado há poucos GP's, que lhe custou valiosos pontos que acabaram por tirar o campeonato de suas mãos. Seu erro, no momento final foi a falta de maturidade. Mas repito o que já disse aqui. Ali está um homem de caráter, honesto, confiável. Um excepcional piloto que certamente será um grande Campeão.

Massa é um dos grandes nomes da Fórmula 1 e foi uma pena não estar disputando o título. Ao contrário dos outros pilotos, Massa não teve um carro confiável durante o ano. Vi pessoalmente seu carro se arrastar pelos últimos lugares no circuito de Hungaroring enquanto Räikkönen estava entre os primeiros. Seu abandono na Itália foi lamentável. Se tivesse um carro que não tivesse o traído pelo menos nessas duas vezes, teria chegado vivo para disputar o título no Brasil. Então a história seria outra. Massa, ao contrário do que foi dito, não foi o segundo piloto e trabalhou pelo time da mesma forma que Kimi faria em situação oposta.

Räikkönen foi o grande campeão. Fez valer seu apelido de Iceman. Teve tranquilidade e a sorte esteve ao seu lado quando precisou. Fez um campeonato na sombra das McLaren para assumir a ponta somente na última corrida, ou seja, somente quando precisava. O introspectivo e festeiro Kimi mereceu o título pelo seu trabalho, obstinação e paciência. Esperava o título há pelo menos 4 anos. A Ferrari, ao contrário da McLaren (em razão de Alonso) foi um verdadeiro time e isso levou Kimi ao título. O menos badalado e menos visado dos três chegou na frente. Gosto disso.

Foi um grande campeonato e fiquei muito feliz por Kimi. Feliz também pelo título não parar nas mãos sujas de Alonso, que não mostrou estatura moral para ser campeão. Podia ser Massa, podia ser Lewis, mas estes dois grandes pilotos terão muitas oportunidades no próximo ano. Parabéns ao competente Kimi Räikkönen. Além de tudo, para vencer é preciso ter estrela e os Deuses do automobilismo certamete estavam ao seu lado. Finalmente a Fórmula 1 voltou aos bons velhos tempos.

sábado, outubro 20, 2007

Eleições na Suíça

É bom ficar atento ao resultado das eleições suíças de amanhã. O país, que parece ser muito tranqüilo, especialmente em matéria de política, enfrentou uma de suas mais polêmicas campanhas de sua história.

O partido que deve vencer as eleições, segundo as pesquisas, é o UDC-SVP, nacionalista, liderado pelo atual ministro da Justiça e Polícia, Christoph Blocher. Seu partido tem posições duras no que tange a imigração e despertou repulsa de todos os lados pela polêmica campanha em que um cartaz mostrava duas ovelhas brancas expulsando uma negra de seu território. Blocher e seus colegas são fortemente contrários a entrada da Suíça na União Européia - devemos imaginar a razão..

Se confirmada a vitória dos nacionalistas, Blocher pode se tornar Presidente da Suíça em breve, dentro do sistema rotativo que existe por lá.

É curioso como de tempos em tempos surge um nacionalista com forte apoio popular nesta região da Europa. Na vizinha Áustria ocorreu o mesmo, com a coalizão que trouxe Jörg Haider ao protagonismo da política nacional. Quem pensa que a discriminação e xenofobia foram varridas desta parte do mundo com as feridas deixadas pela Segunda Guerra, está muito enganado. A dissimulação ainda é a melhor estratégia usada por aqueles povos que levam pessoas como Haider e Blocher ao poder.

A conferir o resultado das urnas suíças e seus 4,6 milhões de eleitores.

sexta-feira, outubro 19, 2007

O Tratado de Lisboa e o futuro da Uniao Européia

De Viena, Áustria. A bela capital portuguesa empresta seu nome para o Tratado que nasceu para substituir o projeto da falida Constituição Européia, rechaçada por holandeses e franceses. Nasceu finalmente o Tratado de Lisboa, a mais recente e importante peça do concerto Europeu. Mas o que isto quer dizer?

A arquitetura política foi intensa nos últimos dias e os resutados são os vistos: politicamente tangíveis e economicamente caros.

Do lado político foi possível acomodar os novos Estados membros e suas demandas, como as da Polônia, que conta com um governo em plena crise. Ainda na esfera política, alguns países aproveitaram o movimento para literalmente se dar bem. A Itália, por exemplo, desejava mais poder político, enquanto a Áustria desejava incomodar com temas irrelevates e a Bulgária, com questões formais. No final, todos foram atendidos. Agora o Parlamento Europeu passará a ter 750 deputados e a pesada burocracia de Bruxelas passará por uma reformulação (não necessariamente para melhor..). E quem pagará a conta será o cidadão europeu. Esta é a parte economicamente cara.

A Cúpula de Lisboa alinhavou um novo corpo politico para a UE. Cria até que enfim o cargo de Presidente da UE, com mandato de 2 anos e meio, podendo ser renovado uma vez. Também será criado o cargo de Alto Representante para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, que será ao mesmo tempo Vice-Presidente da Comissão Européia. Além disso, mais e mais novos Eurodeputados. Parece que o vício de abrir espaços e mais burocracia para conciliar interesses entre os membros infelizmente ainda está presente nas decisões da UE.

Muito barulho por nada? Talvez. Felizmente o Tratado Constitucional foi sepultado e algo novo, mais tangível, chega em seu lugar com o Tratado de Lisboa. É preciso saber se a nova estrutura funcionará. Será que a União finalmente terá uma única voz, pelo menos no que tange a polítca exterior? Isto é uma incógnita com uma tendência a uma resposta negativa.

A União Européia é uma estrutura política muito mais delicada do que se imagina.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Chega ao fim o casamento de Cecilia e Nicolas Sarkozy

De Viena, Áustria. O Presidente francês está oficialmente solteiro, mas segundo disse Tony Blair, que jantou com Sarkozy ontem, parece estar reagindo muito bem.

Na realidade a separação de Cecilia e Nicolas Sarkozy era uma questão de tempo. A bela e charmosa Primeira-Dama há tempos dava sinais e o Presidente disse que dirigir a França era fácil, difícil era lidar com sua esposa. Entretanto é um fato a enorme paixão que Sarkozy nutre por Cecilia.

As especulações são de que havia um acordo político, que sustentasse sua candidatura ao Elysée. Não acredito. Sarkozy sempre fez de tudo para ter Cecilia ao seu lado e nas últimas semanas tentou incansavelmente, segundo algumas fontes, evitar a separação. Os papéis foram assinados na segunda e daqui há seis semanas deve ser encerrado todo o procedimento.

Os franceses não estão supreendidos. No Le Figaro 81% dos leitores não demostram surpresa com a notícia. Ou seja, era esperado, faltava só combinar a data.

As maiores preocupações são relativas ao estado emocional do Presidente francês, mas como disse Tony Blair, ele deve estar se recuperando bem. Se de um lado Cecilia era uma fonte de equilíbrio para Sarkozy, de outro foi também fonte de incomodação e preocupação. Ao final, certamente ele superará mais essa.

E para coroar a notícia, a sempre bela (e complicada) Cecilia está na capa da Paris Match.

terça-feira, outubro 16, 2007

Ambientalismo Cético

De Amsterdã, Holanda. Para quem ainda não teve a felicidade de ler a obra do professor associado do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Aarhus da Dinamarca, Bjorn Lomborg, "O Ambientalista Cético", existem outras formas de se informar de forma correta sobre as questões ambientais.

Realmente não acredito nas asneiras ambientalistas de Al Gore & Cia. Na semana passada, o Presidente tcheco Vaclav Klaus esteve em nosso instituto aqui em Viena e em grandiosa exposição deixou os amibientalistas sem argumentos. Socialistas travestidos de ambientalistas que buscam na causa uma justificativa para aumentar a regulação, intervenção, impostos e o poder do Estado.

Deixo aqui uma sugestão, na realidade fornecida pelo meu amigo e colunista do Parlata, Rodrigo Constantino. É um vídeo que está no You Tube. Esta sim é uma verdade inconveninete. Segue a indicação nas palavras do próprio Rodrigo:

"Para quem realmente tem interesse em se informar sobre o tema aquecimento global, evitando conclusões precipitadas e dogmáticas sem a devida reflexão, sugiro o documentário The Great Global Warming Swindle, cujo link no YouTube é: http://www.youtube.com/watch?v=1JCVjg7H94s".

segunda-feira, outubro 15, 2007

União das esquerdas na Itália

E finalmente as esquerdas se uniram em um único partido na Itália. A nova agremiação se chama Partido Democrático e já é o partido de sustentacão do governo Prodi no Parlamento.

Entretanto, o novo líder não é o Primeiro-Ministro da Itália. O prefeito de Roma foi escolhido por 76% dos eleitores para liderar a nova força política. Tudo indica que Walter Veltroni poderá concorrer a sucessão de Prodi pelas esquerdas.

Mas é bom não esquecer o outro lado. Os conservadores também articulam a união em um novo partido, forte e grande, como aquele fundado neste final de semana pelo grupo de Prodi.

Seria o começo de um sistema bipartidário na Itália? Só o tempo dirá.

Agora é esperar pelo show de Berlusconi e a bela "La Rossa" Michela Vittoria Brambilla com o Partido da Liberdade.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Al Gore leva o Nobel da Paz

De Bruxelas, Bélgica. O comitê designado pelo parlamento norueguês decidiu hoje, aqui na Europa, dividir o Nobel da Paz deste ano entre Al Gore e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, e seu presidente, o indiano Rajendra Pachauri.

A justificativa é o tal do suposto aquecimento global.

Gore afirmou que doará a sua parte do prêmio de US$ 1,5 milhão à Aliança para a Proteção do Clima, organização da qual é presidente.

O prêmio para Gore era de se esperar, afinal de contas, em tempos de politicamente correto, é o que se tem feito.

Fica o registro, apesar de não acreditar em Gore, aquecimento global e quaisquer dessas teorias ou balelas politicamente corretas. Por sinal, um juiz da Alta Corte britânica identificou "nove erros científicos" no filme de Gore e outros documentários provam cientificamente que ele estaria errado. Mas como disse, em tempos de politicamente corretos..

quinta-feira, outubro 11, 2007

50 anos de Atlas Shrugged

De Glasgow, Escócia. Atlas Shrugged, um dos livros mais importantes de todos os tempos, chega aos 50 anos. É com muito entusiasmo que esta data é comemorada por todos aqueles que acreditam e valorizam o indivíduo como motor da sociedade e o respeito quanto a liberdade individual como um dos pilares de uma sociedade próspera. A celebração inclui releituras e grupos de estudo e discussão da obra de Ayn Rand, como aquele promovido pelo Ayn Rand Institute, no estado da Carolina do Sul, do qual participei em junho passado.

Ayn Rand, a fabulosa escritora e filósofa, que introduziu os conceitos do objetivismo, morreu em 1982, mas sua teoria está na forma de romance em várias obras, entre elas a fabulosa "The Fountainhead" e "Atlas Shrugged".

Se você, estimado leitor, ainda não teve o prazer de ser apresentado ao universo de Dagny Taggart, Hank Rearden, Howard Roark, Dominique Francon e Gail Wynand, esta é uma ótima oportunidade para iniciar a leitura de qualquer um dos seus livros - todos mexem profundamente com os leitores. Depois é só responder a pergunta: Quem, afinal, é John Galt?

Deixo um trecho de Atlas Shrugged para recordação ou incentivo:

"Você procura escapar da dor. Nós procuramos a conquista da felicidade. Você existe pela razão de escapar da punição. Nós existimos pela razão de conquistar o nosso próprio sustento. Ameaças não nos farão funcionar; o medo não é o nosso incentivo. Não é a morte que nós queremos escapar, mas a vida que nós queremos viver." Atlas Shrugged, 1957.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Sarkozy, Putin e a habilidade política internacional

De Calais, França. Foi um encontro entre dois pesos-pesados da política internacional. O encontro entre Nicolas Sarkozy e Vladimir Putin em Moscou mostra, de forma clara, as duas principais lideranças européias do momento, uma do leste, outra do oeste.

Também é o encontro de duas nações que tem poder real em relação ao Irã e suas perigosas intenções nucleares. Ao fim Sarkozy disse que Putin fez um movimento importante em prol dos esforços ocidentais com o objetivo de dissuadir o regime dos aiatolás em construir armas nucleares. O que realmente Putin fará não ficou claro, mas Sarkozy estava especialmente feliz.

"Super Sarko", como é chamado por aqui, chegou a Moscou depois de receber vários líderes do Leste Europeu em Paris, como autoridades da Ucrânia, Polônia e República Tcheca. Antes de chegar a Rússia, esteve na Bulgária, Polônia e Hungria, país de nascimento de seu pai. Todos esses são países que um dia estiveram sob influência da Rússia, durante o regime socialista. Hoje, todos realizam fortes movimentos em relação ao ocidente, inclusive com a entrada na UE.

A França, que certamente tem interesses comerciais nesses países, pode atropelar os investimentos austríacos na região, que por enquanto se divertem sem concorrência real nos países do Leste. A farra austríaca felizmente pode estar com os dias contados.

Mas voltando a Putin e Sarkozy. O mais curioso foi enxergar um encontro visto com muito ceticismo, ser encerrado com tal entusiasmo. Considerando que temos Putin e Sarkozy como atores deste cenário e que ali não existem ingênuos, mas políticos altamente hábeis, a única conclusão é que muito mais foi discutido dentro das portas do Kremlim e talvez alguns importantes acordos possam ter sido selados.

Parlata em manutenção

Caros leitores,

Uso nosso Blog Diários do Velho Mundo para avisar que o Parlata está passando por uma manutenção técnica.

O site foi alvo de hackers e devido a isto resolvemos mudar alguns itens de segurança. A manutenção deve terminar no dia 17.10.2007.

Até lá agradeço a compreensão de nossos leitores. Estamos deixando o Parlata melhor e mais seguro. As tentativas de invasão provam que o site anda cumprindo seu papel de informar de forma livre e consistente. Se estamos incomodando é porque estamos no caminho certo.

O Parlata a partir desta mesma data poderá ser acessado a partir do endereço www.parlata.org. Isto faz parte de uma estratégia mais ampla que será divulgada com mais detalhes em breve.

Um forte abraço,

Márcio Coimbra
Editor-Executivo
Presidente do Conselho Editorial
Parlata - Política, Economia e Conjuntura
www.parlata.com.br
www.parlata.org

sexta-feira, outubro 05, 2007

Brown pensa em seu futuro político

Este final de semana será importante para Gordon Brown. Ele deve decidir se antecipará ou não as eleições no Reino Unido.

Brown está tentado a fazê-lo, o que na minha opinião é um erro político. A legislatura está praticamente na metade, ou seja, Brown tem pela frente pelo menos mais um ano e meio a dois anos de governo. Há muito que fazer se deseja realmente implementar sua agenda.

Mas a tentação vem do timing. Os números são, digamos, simpáticos para o Primeiro-Ministro, mas deve-se obeservá-los com cuidado. Apesar dos inúmeros acertos de Mr. Brown e dos erros de Mr. Cameron, o risco de os tories vencerem, mesmo que por uma pequena margem são reais. Além disto Brown nunca sofreu o teste das urnas na condução do trabalhistas. Seria sua primeira vez.

Mas vejamos. Se Brown sai derrotado, sua biografia política está enterrada. Passará para a história como o PM que chegou a Downing Street pelos votos de Blair e saiu derrotado pelos conservadores. Seria o homem que teria dado um fim ao período do "New Labour" do carismático Tony Blair.

Do outro lado, uma vitória forneceria uns poucos anos a mais em Downing Street e sua afirmação como um líder e um PM que venceu nas urnas.

Dizem por aqui na Europa que seus assessores mais próximos estão muito entusiasmados com os números e que Brown estaria sob a influência deste grupo. Apesar do ufanismo destes, é bom lembrar que a diferença entre tories e trabalhistas caiu para dois pontos e alguns institutos apontam um empate.

O risco é grande. Brown deveria aproveitar o tempo para governar, algo que tem feito muito bem e retirar da pauta do encontro com a Rainha semana que vem a ingenuidade de antecipação das eleições. Se precisar de um bom conselheiro político, é melhor ligar para Tony Blair.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Aznar, demolidor em Madrid

Dizem que aqueles que já viveram em Madrid levarão para sempre a paixão pela capital espanhola dentro de si. Mais do que isso, aqueles que são tocados pelo amor à Espanha, certamente levarão para sempre um pouco da Espanha dentro si. Este Blog, portanto, que antigamente já se chamou "Diários de Madrid" está sempre atento ao que ocorre por lá.

Por tudo isso choca a atitude da queima de fotos da família real, em especial do Rei Juan Carlos, na Catalunha, além da retirada da foto do Rei da sala de plenos da Prefeitura de Barcelona. Isto mostra o estado frágil em que o atual governo deixou a Espanha no tocante a sua unidade institucional. Todos lembram da Guerra Civil espanhola e ninguém deseja reviver tais sentimentos seja em que medida for. O pior é saber que Zapatero, com sua inoperância e corpo-mole contribui para desagragação do país.

Por isso Aznar foi tão duro em suas palavras hoje à noite em Madrid. A Fundación FAES, presidida por ele, apresentou o livro "España en primer plano. Ocho años de política exterior (1996-2004)", escrito pelo senador do PP Alejandro Muñoz-Alonso. A história de um período em que a Espanha passou a ser vista como um aliado fiel, um parceiro confiável e uma potência econômica.

Aznar em suas palavras foi demolidor, seco e direto, como é de costume. Lembrou a importância da monarquia constitucional e do que isto representa para a Espanha. Foi além e acusou Zapatero e seu governo de ser conivente e incentivar sentimentos nacionalistas desagregadores, reproduzindo um sistema que levou a Espanha ao pior momento de sua história, a Guerra Civil. Há muito que agradecer ao Rei, disse Aznar. Zapatero calou-se diante da brutalidade vista nas ruas da Catalunha.

Aznar cumpriu na noite de ontem mais uma vez o papel de um autêntico Presidente de Governo, ou seja, saiu em defesa da Espanha, da Monarquia e da unidade nacional. Zapatero, como sempre apequenou-se diante da gravidade dos fatos. Mas pensando bem, este não é o papel somente de um Presidente de Governo, é a atitude de qualquer cidadão espanhol sincero, honesto com a história de seu país e ciente da importância da unidade espanhola e sentida até por aqueles que sempre carregarão um pouco da Espanha dentro de si.

Este Blog solidariza-se com o Rei Juan Carlos e repudia todos os atos contra a monarquia espanhola e seus símbolos.

terça-feira, outubro 02, 2007

Putin mostra o jogo e prepara volta

Para quem esperava o movimento de Putin para manter o poder na Rússia, já pode ficar tranquilo. Tudo indica que ele deu sinais definitivos da manobra que arquitetava. O Presidente russo encabeçará as listas de seu partido para a Duma.

Isto significa que Putin deseja tornar-se Primeiro-Ministro da Rússia, preparando a volta, no outro termo, ao cargo de Presidente. Contorna, desta forma, a limitação constitucional de dois mandatos consecutivos.

As peças do jogo começam a encaixar e tudo passa fazer sentido. A indicação recente de Viktor Zubkov para o cargo de Primeiro-Ministro indica que realmente Putin deseja lançá-lo ao Kremlin. Zubkov, leal a Putin, seria o nome perfeito para ocupar "temporariamente" a Presidência, pois não possui envergadura política para fazer sombra ao chefe. Com 66 anos, Zubkov seria eleito facilmente com o apoio de Putin e se por ventura não terminar seu termo, por qualquer motivo que seja, renúncia, falecimento ou qualquer coisa parecida, as portas do Kremlin já estarão abertas para Putin, inclusive para terminar o mandato de seu fantoche.

Sim, Zubkov é apenas um fantoche de Putin, fraco suficiente para não fazer sombra e forte o suficiente para barrar outros afoitos candidatos que desejam estar no comando do Kremlin.

Enquanto isso, Putin ocupará o cargo de Primeiro-Ministro catapultado por uma votação estrondosa que seu partido deve alcançar, já que seu nome encabeçará as listas.

A questão que fica é: o que fazer com os aliados Seguei Ivanov e Dmitri Medvedev, virtuais pretendentes ao cargo que Putin deixa e pretende retomar? Estes já devem estar bem encaminhados, com acordos selados e lugares estrategicamente reservados. Putin não faria o anúncio de seus planos antes de ter todas as arestas políticas aparadas. E lembrem-se, existe uma lealdade entre o grupo de São Petesburgo. Os "siloviki" dão as cartas.

Mesmo assim, mesmo com São Petesburgo, mesmo com "siloviki", todo cuidado é pouco, afinal estamos falando da Rússia e de acordos selados por políticos russos. O diferencial, o avalizador dos acordos que gera a confiança em seus compromissos ainda é o Presidente.

Por isso, Putin, que tem todos na manga, prepara seu retorno, sem sequer ter deixado o poder.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Vitória laranja em Kiev

Confesso que não esperava uma recuperação política de Yuliya Tymoshenko como ficou provada neste domingo. Os números ainda não são exatos, mas são claros. Os donos da Revolução Laranja pró-Ocidental que movimentou a Ucrânia receberam mais uma chance dos eleitores.

A Ucrânia estava dividida. Desde o rompimento do bloco laranja, Viktor Yanukovych, o derrotado nas Presidenciais de 2004, havia retornado triunfalmente ao poder como Primeiro-Ministro. Isto rachou o país uma vez mais: de um lado o PM Yanukovych, pró-Rússia, do outro, o Presidente Yushchenko, pró-Ocidente. A Ucrânia estava estagnada politicamente, refém de um agenda antagônica, de rivais políticos que dividiam o poder. A saída seria uma eleição para reagrupar as forças no Parlamento. O sistema parlamentarista felizmente possui essas variações que ajudam a preservar a democracia.

Estas eleições poderiam gerar dois cenários. No caso de vitória de Yanukovych seria o início do fim do período laranja, já que o nome do PM sairia fortelecido para disputar a Presidência. A Ucrânia, nesta caso, penderia mais para Moscou. Já no caso de vitória de Yuliya Tymoshenko, como foi o que ocorreu, o Presidente Yushchenko sai fortalecido e o governo de Kiev tenderá mais para Bruxelas e Washington.

Apesar da aliança vitoriosa ser laranja, tudo indica que o partido mais votado será o de Yanukovych. Existe um equilíbrio de forças delicado a ser negociado.

Caberá a bela e esperta Yuliya Tymoshenko e ao Presidente Yushchenko obter uma convivência pacífica que resulte nas reformas necessárias para modernização e abertura da Ucrânia, que já cresce mais de 7% ao ano. Se a aliança laranja vacilar uma vez mais como no passado, Yanukovych surgirá com mais força. Por enquanto, Yuliya deve ser confirmada como a nova PM mais uma vez.

Yuliya e Viktor, donos de um casamento político tenso e regado a interesses econômicos, tem uma segunda chance para selar um belo futuro para um país espetacular e com enorme potencial.