segunda-feira, agosto 31, 2009

Palocci entra no jogo

Era uma inocência anunciada. Há muito já se falava que o STF não acataria a denúncia do MP contra Antônio Palocci. Foi o que aconteceu, apesar do placar apertado.

Politicamente, Palocci é o melhor nome para disputar a Presidência da República pelo PT. Não tenho dúvida do seu potencial eleitoral, de sua habilidade política, seu bom trânsito no empresariado e boa aceitação de nome pela classe média em uma campanha. Entretanto, seu ponto fraco reside em suas qualidades. Explico.

Palocci, se eleito, teria habilidade para conduzir quatro anos de mandato que chancelariam seu nome naturalmente para uma reeleição em 2014. Lula busca um nome que não crie sombra para sua volta em quatro anos. Palocci certamente criaria. Lula precisa de um nome fraco, que seja eleito no calor de sua popularidade, e que não impeça sua tentativa de volta. O nome certo para sua estratégia é Dilma.

E como Lula passa longe de ser um estadista, coloca sua vontade pessoal acima do projeto do partido. Sobre isto o PT deve refletir.

Palocci aguarda os desdobramentos. Depois de superado o episódio do caseiro com o chancela do STF, Palocci entrou no jogo e, acreditem, tem musculatura para disputar a Presidência.

quarta-feira, agosto 26, 2009

Suplicy e o marketing

O senador Eduardo Suplicy não foi feliz em seu pronunciamento. Veio a público depois de encerrada a partida e apresentou literalmente um cartão vermelho ao presidente José Sarney. Chegou a causar risos entre os presentes.

A atitude de Suplicy foi classificada como marketing puro e falta de sinceridade pelo senador Heráclito Fortes. Ao contrário do que ouvi e vi pela mídia, Heráclito não defendeu Sarney, ao contrário, foi ao microfone cobrar coerência de Suplicy ao perguntar:

- É muito simples, contra fatos não há argumentos. V. Exª (senador Suplicy) não assinou o recurso que o Senador José Nery assinou! Por que V. Exª não assinou o recurso, se é tão sincero esse seu sentimento de agora? Por que V. Exª não assinou, para ter legitimidade de estar dizendo aqui hoje o que está dizendo?

Suplicy tentou se explicar. Perdeu a calma. Realmente contra os fatos não há argumentos. Se desejava mesmo agir contra o arquivamento das denúncias contra Sarney, Suplicy deveria ter assinado o recurso. Não assinou. Preferiu ir para a tribuna vociferar contra o Presidente do Senado. Uma clara peça de marketing.

E Heráclito continuou: "Cartão vermelho para o Lula, porque foi quem invadiu o campo aqui, foi quem invadiu as dependências do Senado. Cartão vermelho para o Presidente Lula, que deu cartão amarelo para o Líder do seu Partido, o Senador Mercadante. V. Exª não tem coragem de dar cartão vermelho a Lula. Por que não dá o cartão vermelho aí, para o País todo ver? Porque o responsável disso tudo, quem foi? Seja sincero. Quem foi o responsável por isso tudo?".

Suplicy obedeceu a disciplina partidária. Que não venha agora posar de ético quando houve a possibilidade de colocar sua assinatura no recurso contra Sarney e não o fez.

Realmente contra os fatos não há argumentos.

terça-feira, agosto 25, 2009

Bernanke reconduzido por Obama

Para quem espearava mudanças radicais, Obama, por vezes opera surpresas. Depois de manter Robert Gates no Departamento de Defesa, agora chegou a recondução da política monetária com a indicação de Ben Bernanke. Indicado primeramente por republicanos, terá um novo mandato de quatro anos à frente do Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed). É mais um nome trazido por Bush que brilha na constelação da administração do democrata.

Talvez Bernanke não fosse a primeira opção de Obama, mas dentro das circustâncias atuais, não convém realizar experimentações. Bernanke foi testado na crise atual e o anúncio de sua recondução seis meses antes do término do seu mandato sinaliza que Obama mira na estabilidade das políticas e diretrizes monetárias para vencer a crise.

Bernanke é criticado pela ala mais esquerdista do Partido Democrata, que o considera conservador, e pela ala conservadora do Partido Republicano que o considera um interventor. Mas no meio termo tem o apoio de republicanos e democratas que garantem uma tranquila recondução quando seu nome chegar ao Congresso.

Vamos torcer para que os ventos de um Banco Central independente soprem por aqui e assim como Bernanke, um Presidente de Banco Central brasileiro tenha um mandato fixo, deixando a política monetária a cargo de técnicos, longe da ingerência política. Agora, Bernanke terá sólidos quatros anos pela frente para trabalhar, sem pressões ou ingerências da Casa Branca.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Limpeza na Receita

O episódio Dilma/Lina continua a render manchetes. Nesta segunda o governo resolveu exonerar dois assessores ligados à ex-secretária Lina Maria Vieira. Seus nomes: Alberto Amadei Neto e Iraneth Maria Dias Weiler. Ele era seu assessor, ela, chefe de gabinete.

Em resposta ao cerco criado pelo governo, cinco superintendentes regionais, coordenadores, além do subsecretário de Fiscalização, Henrique Jorge Freitas da Silva colocaram seus cargos à disposição em protesto. Reação ao aparelhamento do Estado. Merecem aplausos.

O problema aqui é político. Lina Vieira foi retirada da Receita por questões políticas, assim como os dois funcionários exonerados nesta segunda-feira. Resta saber se um dia receberão polpudas indenizações por suas carreiras terem sido prejudicadas por não se alinhar ao lado daqueles que controlam a máquina pública.

Perseguição política, alguns podem pensar. Outros tem certeza.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Revogação da renúncia irrevogável

Depois de conversar com Lula, Mercadante cedeu. Era de se esperar. Dizem que o Presidente tem o dom do bom argumento "ao pé do ouvido". Mercadante disse aos petistas que fica.

Fica, mas enfraquecido, e o Senado certo de que Mercadante não comanda a bancada que lidera. O caso Sarney expôs que quem realmente manda no PT é Lula e Mercadante será mero instrumento de realização dos desejos emanados do Planalto. Foi enquadrado e seguirá enquadrado.

Ficou ruim para o Senador. Revogar a renúncia irrevogável pegou mal. Mesmo que seja para manter a legenda petista para concorrer em 2010, Mercadante desgastou-se desnecessariamente com seu eleitorado paulista.

Quem conhece o PT sabe como as coisas funcionam e Mercandante ousou virar-se contra a lógica partidária que comanda o grupo do qual faz parte, ou seja, obediência ou porta da rua. Mercadante preferiu seguir sendo petista.

quinta-feira, agosto 20, 2009

PT salva Sarney

Já se imaginava o que ocorreria no Conselho de Ética. O PMDB, liderado por Renan, articulou o salvamento de José Sarney. A oposição faria seu papel, apesar de alguns senadores do DEM terem afinidades com o acusado e terem balançado nas horas finais. Mas a estratégia de defesa estava bem costurada, especialmente com a representação contra Arthur Virgílio. Com o oposição de um lado, em cálculo preciso, e a tropa governista de outro, o fiel da balança seria o PT. E foi.

Lula chamou seu pessoal para uma conversa antes da reunião. Enquadrou os senadores do seu partido como era esperado. Mercadante, que se opôs a manobra de Lula, acabou deixando a liderança do partido, porque afinal de contas, não comandava a bancada. Lula exerceu o papel de líder do partido no Senado. Ordenou o voto pró-Sarney. Os senadores acataram.

O desconforto é grande entre alguns nomes do PT, como Flavio Arns. Os senadores Ideli e Delcídio procuraram ainda ser substituídos na última hora, não porque se opunham ao comando do Planalto, mas porque temem a retaliação em seus redutos eleitorais - ambos são candidatos em 2010. Nada feito. Teriam que ir para o "sacrifício". E foram.

Ao fim e ao cabo, saíram do PT os votos decisivos para manter na gaveta as 11 ações contra Sarney. Os petistas votam ao lado daqueles que um dia foram seus desafetos, mas que hoje são seus soldados na defesa do governo Lula, como Gim Argelo, Wellington Salgado, Gilvam Borges, entre outros.

Depois de tudo, Sarney disse acreditar que tudo se normalizará a partir de agora. Será mesmo? Ainda acredito haver enorme interesse do governo em manter Sarney pressionado. Bate e assopra. Ontem foi o dia de assoprar.

quarta-feira, agosto 19, 2009

Mercadante perde a linha

Lina Vieira já tinha exposto aquilo que desejava. A tropa de choque governista achou que os danos não eram lá tão graves e já batia em retirada. Neste momento entrou em cena Ideli Salvati despejando sua ira. Prevendo o desastre, Renan tentou alcamá-la, sem sucesso. A senadora jogou fogo em uma discussão que já estava morna, chamando Lina Vieira de mentirosa. Foi muito amadorismo. A partir daí, sentindo-se acuada, Lina subiu o tom.

Como se não fosse o bastante, Mercadante resolveu dar o ar de sua graça e partir para o ataque. Depois de ser agressivo com a depoente, envolveu-se desnecessariamente em uma polêmica com José Serra, que nem em Brasília estava. Tasso Jereissati chegou a dizer que o problema de Mercadante com Serra era freudiano. Pode ser. Tasso disse que Dilma mentiu em seu currículo - o que realmente ocorreu. Em ato contínuo Mercadante atacou Serra, acusando-o de faltar com a verdade no mesmo quesito, quando na verdade o senador petista é quem tinha telhado de vidro: mentiu em seu currículo na corrida ao Palácio dos Bandeirantes (que perdeu para Serra), dizendo-se Doutor pela Unicamp. Não era.

De São Paulo, Serra, envolvido de graça na polêmica, devolveu a grosseria. Chamou Mercadante de mitônomo (viciado em mentir), e concluiu: "Eu acho que é um caso de psicanálise, não de política".

Mercadante, de maneira infantil, acirrou os ânimos na CCJ, gerou atrito com os tucanos, antecipou o debate eleitoral e jogou os holofotes da mídia em José Serra. Péssimo para o PT. O senador paulista mais uma vez perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. Com Mecadante na linha de frente, o Planalto não precisa de inimigos.

terça-feira, agosto 18, 2009

Alguém Mentiu

A oposição esperava munição contra o governo. A tropa de choque governista estava pronta para a intimidação. Lina Vieira esteve na CCJ do Senado esta terça-feira e reafirmou aquilo que havia falado aos jornais, ou seja, Dilma Rousseff teria pedido para "agilizar" a fiscalização do filho de Sarney na Receita Federal.

Para a oposição o mais importante foi a confirmação de que sim, ela esteve com a ministra Dilma. Como a Ministra da Casa Civil nega tal encontro, alguém está mentindo. Se confirmada a mentira, em um país sério, Dilma teria que sair que cena. No Brasil, dorme na Câmara dos Deputados um pedido do deputado Ronaldo Caiado para liberação das imagens de segurança do Planalto que mostram com quem está a verdade.

Para o governo, o mais importante foi Lina Vieira dizer que não sentiu-se pressionada. Tudo bem, mas se não sentiu-se pressionada, tal encontro existiu, e neste caso, a Ministra Dilma faltou com a verdade quando negou o encontro.

Além disso, acredito que por "agilizar" a fiscalização do filho de Sarney, entende-se prejudicá-lo, ao contrário do que foi entendido. Sou partidário da tese de que o governo é quem realmente joga e trama contra Sarney nos bastidores.

Mas bom mesmo seria ver a acareação entre Dilma e Lina. Esta última já topou, resta saber o que fará o Planalto. Para evitar a ida de Dilma, o governo precisa do PMDB e o PMDB precisa dos votos do governo para manter Sarney na Presidência. Já sabemos o final dessa história.

Voltando a Lina e Dilma. Alguém mentiu. Entretanto só uma delas tem histórico neste quesito.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Quase ex-Petista

Marina Silva anda desgostosa com o PT. No Ministério do Meio Ambiente pouco pode fazer. Seus seguidos embates com a antiga ocupante da pasta das Minas e Energia, Dilma Rousseff, tiraram sua empolgação com o governo Lula. Seu desafeto virou a toda poderosa da República, e agora, candidata ao Planalto.

Marina esperava um governo legitimamente de esquerda quando assumiu sua pasta. No poder, Lula juntou o clientelismo da década de 80 com a pragmatismo servil do Bolsa Família. Nada de idéias novas, apenas práticas antigas. Sobrou pragmatismo ao petismo Lulista ou esquerdismo ao petismo de Lula?

Bem, de qualquer forma, se Marina encarar o jogo a sucessão, pode trazer dor de cabeça exatamente para seu desafeto, Dilma.

Marina pode entrar para o PV, mas também possui as portas abertas do Psol de Heloísa Helena, que precisa reforçar o partido, mas quer mesmo é voltar ao cenário nacional pelas mãos do Senado.

O certo é que Marina, deixando o PT para trás, tem agenda, carisma e empatia para trazer problemas ao seu quase ex-partido. Se entrar para o jogo, desequilibra a partida.

terça-feira, agosto 11, 2009

Hillary irritada

A secretária de Estado, Hillary Clinton, perdeu a esportiva durante uma entrevista na República Democrática do Congo.

Foi questionada sobre a posição de Bill Clinton em relação a um acordo entre aquele país e a China. A perguntou foi diretamente naquilo que mais incomoda Hillary, a sombra do ex-presidente Bill Clinton em sua carreira política.

Hillary respodeu, objetivamente: "Meu marido não é secretário de Estado, eu sou. Se você quer saber a minha opinião, te responderei minha opinião, mas eu não serei um canal para o meu marido".

O vídeo passou a circular freneticamente por aí. Tá certo. Bill Clinton é muito articulado politicamente e sabe como ninguém ocupar espaços e seduzir os interlocutores. Apesar de ser muito hábil, Hillary carece de um dos mais importantes atributos de Clinton, o charme pessoal, daí ser facilmente confundida como um canal ao marido.

Talvez esta pequena diferença tenha sido a maior responsável pela derrota de Hillary nas primárias. Obama, assim como Bill Clinton, nasceu com o dom que falta a Secretária de Estado.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Chapa Puro-Sangue

José Serra e Aécio Neves estão juntos aqui no Rio de Janeiro na abertura do 16º Congresso Nacional do PPS, no hotel Guanabara. Certamente o PPS caminhará ao lado do PSDB na sucessão, assim como o DEM. Entretanto, aqui e ali sempre surgem comentários sobre a formação da chapa de oposição em 2010.

Serra possui mais força dentro do partido e tem tudo para levar a indicação, mas quem ocuparia o cargo de vice? O caminho natural é buscar um vice dentro dos partidos aliados, mas não deve-se desconsiderar a possibilidade de Aécio Neves ocupar este posto.

O caminho de uma eleição presidencial passa por Minas Gerais, sempre defendi isso. O trabalho torna-se muito mais difícil sem uma passagem obrigatória por Belo Horizonte. Aécio Neves já está no segundo mandato e possui uma administração com aprovação recorde. Seu nome impulsiona e traz para a candidatura onde desembarcar o valioso peso das Minas Gerais, segundo colégio eleitoral do Brasil.

Serra vem de São Paulo, berço do tucanato, com aprovação recorde, conta com a força de Kassab (cria do próprio Serra) na capital e um candidato para continuidade de seu projeto, Geraldo Alckmin, que oscila entre 53% e 63% das intenções de voto. O desespero de Lula é tamanho com São Paulo que escalou Ciro Gomes como candidato, com o claro objetivo de dividir votos e dar a chance de praticar seu esporte preferido: bater nos tucanos.

Contudo, com Serra e Aécio juntos, o grupo liderado pelos tucanos sai com larga vantagem em São Paulo e Minas Gerais, as duas maiores jóias da coroa de uma campanha presidencial.

Nada de procurar um vice no Nordeste. Acredito que a chapa de oposição deve calcar fortemente seus esforços nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O Nordeste, refém do bolsa-família e do assistencialismo do governo do PT, com ou sem campanha forte, deve desgarregar caminhões de votos no candidato ou candidata do Lulismo. No Norte e Nordeste pode-se apanas contar com os palanques regionais.

Ainda lembro da campanha de 2006, Alckmin (com vice de Pernambuco) rumo a Manaus no segundo turno para fazer campanha, onde Lula alcançou 80% dos votos, enquanto esquecia dos estados do Sul, onde além de não ganhar, perdeu votos que havia recebido no primeiro turno.

Se bem articulada com os aliados, e calcada em palaques regionais consistentes, Serra e Aécio podem largar com uma valiosa vantagem na mão. Com a estratégia política certa, podem ser uma chapa com clara e consistente chance de vitória em 2010. Lembro: com movimentos políticos corretos, as chances da Oposição são maiores do que se imagina.

quinta-feira, agosto 06, 2009

O Contra-Ataque

Não demorou muito para a tropa de choque pró-Sarney colocar sua estratégia em curso. Renan Calheiros assumiu a frente do grupo e apresentou representação contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio, que é um dos mais ferrenhos críticos do presidente Lula e desde o início tem defendido a saída de Sarney.

A estratégia visa intimidar a oposição a Sarney atacando seu mais ferrenho líder de forma calculada. Vale lembrar que o grupo pró-Sarney mantém o controle do Conselho de Ética - e agora ameaça Virgílio com a cassação de mandato.

O clima de confronto foi instalado. Renan e Tasso Jereissati trocaram acusações que chegaram ao limite da quebra de decoro.

Depois de tudo, o politicamente correto Cristóvam Buarque leu um manifesto dos líderes do PDT, PSDB, PSOL e DEM pedindo o afastamento de Sarney.

Aloízio Mercadante, líder do PT, e Antônio Carlos Valladares, líder do PSB, não assinaram a carta. Mantém distância regulamentar. Jogam, como já disse, nos dois times.

Assim, enquanto PSDB e PMDB trocam farpas e acusações, o governo assiste de camarote o desgaste da oposição e dos aliados indesejados de ocasião. Nada mais saboroso para o Planalto.

quarta-feira, agosto 05, 2009

Clinton na Coréia do Norte

Esses aí nas fotos são o ex-presidente Bill Clinton e o ditador Kim Jong Il, da Coréia do Norte.

Clinton fez o que foi chamado de "uma visita privada" a Pyongyang, acompanhado de seu antigo Chefe de Gabinete, John Podesta. O objetivo era a libertação de duas americanas, jornalistas, Euna Lee and Laura Ling, presas políticas do regime comunista da Coréia do Norte quando trabalhavam na fronteira com a China.

A Casa Branca negou qualquer idéia de que Clinton estivesse agindo como emissário de Washington, mas sabe-se que Podesta dirige o Centre for American Progress, think tank ligado a administração Obama. Além disso, a Coréia do Norte sugeriu o oposto, além de nas fotos vermos negociadores do país asiático ao lado de Bill Clinton.

Na verdade, tudo indica que Clinton fez uma viagem diplomática, de traços previamente acertados, como o repatriamento das americanas, e fotos programadas. Ficou bom também para o ditador coreano, que mostrou ao mundo que ainda dirige o país, e internamente com o discurso oficial de que um estadista recebeu o ex-presidente dos Estados Unidos.

Todos ficaram bem na foto. Mas se Bill Clinton levou alguma mensagem de Obama, fica a pergunta: dá para confiar em Kim Jong Il?

terça-feira, agosto 04, 2009

Collor reage

Com o Senado de volta, o senador Pedro Simon foi responsável por colocar fogo no plenário. Foi a tribuna e exigiu a renúncia de Sarney, como um "gesto de grandeza".

Sarney, que havia presidido o início da sessão e já havia se retirado, foi defendido por Renan Calheiros. A discussão entre ambos foi acalorada e Simon mirou na honra de Renan, acusando-o de ter traído o presidente Fernando Collor. Erro de cálculo político do senador gaúcho.

Neste momento o presidente Collor entrou no plenário para defender-se, afinal de contas, seu nome havia sido citado. Passou um corretivo em Simon, daqueles memoráveis ("parlapatão que é", segundo Collor), de forma enfática, veemente: "Peço encarecidamente, que por favor, antes de citar o meu nome desta tribuna, vossa excelência engula, digira e faça dela o uso que julgar conveniente".

Collor passou então a defesa de Sarney, relembrando os terríveis momentos que passou acoado pela mídia: "Esta Casa não pode e não haverá de se agachar aquilo que a mídia ou certa parte da mídia deseja. (...) Eu sei o que é isto, porque por isto eu passei, em muito maior escala. Eu sei como essas coisas funcionam, eu sei como tudo isso é feito, como tudo isso é forjado, eu sei como tudo isso nasce, como tudo isso desabrocha e a quem tudo isso interessa".

Acima de defender Sarney, Collor defendia o Senado, o que poucos entenderam. O Senado, em sua opinião, não pode cair de joelhos, e aquele escolhido pelos senadores, deve cumprir integralmente seu mandato. Collor, em outras palavras, está disposto a não deixar acontecer com o Senado aquilo que fizeram com sua Presidência. Memorável.

domingo, agosto 02, 2009

Bolsa Paraguai

O Brasil não sabe lidar com seus vizinhos. O viés ideológico mais uma vez cegou a política externa brasileira, cada vez mais pautada por uma visão partidária dos governantes brasileiros com os grupos políticos de esquerda aliados ao PT em diferentes países da América Latina, o propolado Foro de São Paulo.

Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela, só para ficar entre os vizinhos, são os exemplos mais claros da ingênua política externa brasileira que acredita que nosso país possa trocar beneplácito financeiro por simpatia e servidão na política externa. Vale lembrar que nenhum ato de benevolência com nossos vizinhos resultou em benefícios para o Brasil até o momento. Eles não estão nem aí para o Brasil.

Já disse, no início de um governo Lula, que a diplomacia brasileira trilhava o lamentável caminho de um imperialismo tupiniquim que apenas enfraquece o papel do Brasil no exterior. Acreditar que os países estrangeiros são como os beneficiários do bolsa-família, convertido em um bolsa-vizinho, e simplesmente serão liderados pelo Brasil por gratidão, ultrapassa a ingeniuidade sobre a cenário internacional. O bolsa-família pode funcionar para direcionar votos nas eleições brasileiras, entretanto, acreditar que pode-se dosmeticar a política externa da mesma forma que se fez com o povo brasileiro é ignorância diplomática.

Pela revisão do acordo acertada entre Fernando Lugo e Lula, o pagamento feito pelo Brasil ao Paraguai aumentará dos atuais US$ 120 milhões para US$ 360 milhões por ano, ou seja, são US$ 240 milhões a mais por ano. Além disso, O Brasil bancará a criação de fundo binacional e realizará o financiamento da construção de uma linha de transmissão de Itaipu a Assunção, orçada em US$ 450 milhões, que inicialmente era responsabilidade do Paraguai. Nossos vizinhos, a partir de agora, também poderão vender energia de Itaipu e de outras usinas no mercado livre brasileiro gradualmente e sem a intermediação da Eletrobrás.

Estão entregando o Brasil. As amizades políticas externas parecem ser mais importantes que a soberania nacional. Existe uma perigosa e temerária inversão de valores que trará danos irremediáveis ao Brasil, para sempre.

"O favor é a antesala da ingratidão", já dizia Ulysses Guimarães.