sexta-feira, dezembro 21, 2007

Blair, o Católico

Agora é oficial, mas há muito já se especulava. Tony Blair converteu-se ao catolicismo nesta sexta-feira em uma cerimônia íntima na presença do Cardeal Cormac Murphy-O'Connor.

A mulher e os filhos do antigo Primeiro-Ministro britânico são católicos, ele é escocês e muitas vezes atendia a serviços da igreja católica com a sua família. Com o fim de seu governo muitos esperavam que finalmente ele apresentasse formalmente sua conversão ao catolicismo.

A chefe da Igreja Anglicana, sabe-se, é a Rainha Elizabeth II. O Arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, delcarou: "Um grande católico do século passado escreveu que a única razão para mover-se de uma família cristã para outra é aproximar-se de Deus. Rezo para que esse seja o resultado da decisão de Tony Blair em sua vida pessoal" .

Blair, que foi responsável por avanços importantes nas negociações entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte sentiu-se livre finalmente para tomar uma decisão pessoal, mas que se tomada no governo, poderia trazer problemas que poderiam afetar o processo de paz.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Bélgica. Finalmente um governo?

Já eram sete felizes meses sem governo, mas a Bélgica insiste em formar um executivo, pelo menos para atender os assuntos mais urgentes.

O governo ainda é provisório e deve funcionar até finais de março e foi articulado pelo Primeiro-Ministro que já deveria ter deixado o governo, Guy Verhofstadt. A coalizão funcionará com cinco partidos.

Mas isto não termina com o impasse entre flamencos, que exigem mais autonomia, e francófonos do sul. A Bélgica, em termos de governo, respira por aparelhos. E isto não é necessariamente uma má notícia.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Putin, a Personalidade do Ano

Pois a Time divulgou hoje sua escolha para a Pesonalidade do Ano de 2007. O Presidente (e provável) futuro Primeiro-Ministro da Rússia, Vladimir Putin, foi o eleito.

A escolha é polêmica, ainda mais considerando que os outros candidatos eram nomes de peso, como Al Gore.

Enfim, Putin foi escolhido pela sua enorme capacidade de fornecer estabilidade para seu país quando este mais necessitava. Vale lembrar, entretanto, o alto custo desta estabilidade, como falta de liberdade de expressão e diria até várias liberdades civis.

Mas se abrir mão das liberdades para obter estabilidade é o que conta, Putin tem o que comemorar, pois aos poucos se torna o novo Czar russo.

Mas prefiro ficar com Hayek e todos os pensadores liberais. Nada justifica a ausência da liberdade. E para terminar, uma pequena frase de Benjamin Franklin, talvez esquecida por aí..

"Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança".

terça-feira, dezembro 18, 2007

Sarkozy sendo Sarkozy

Sarkozy assumiu, depois de mais de dois meses de separação de Cecília, que tem uma nova namorada, a bela Carla Bruni, de 39 anos.

Ela é italiana, já foi modelo, escreveu canções, cantou, gravou albuns. Tudo isto é o que menos interessa. O recado de Sarkozy chega a ser de um humor refinado, pois escolheu a parada de Natal na Euro Disney, nos arredores de Paris, para aparecer ao lado dela.

Se vai durar, não há como saber, mas Sarkozy deu o recado, no mesmo momento de timing político perfeito para um movimento que chamou a atenção da mídia. Afinal, era apenas Sarkô sendo Sarkô.

sábado, dezembro 15, 2007

Depois de Paris, Kadhafi na Espanha

(de cidade da Praia, Cabo Verde). Logo que deixei a Espanha fiquei sabendo que o Coronel Muammar Kadhafi estaria pousando em Sevilla para uma série de visitas oficiais. O líder líbio parece estar realmente determinado a construir uma nova imagem perante os líderes ocidentais.

Chegado de Paris, Kadhafi ficará quarto dias na Espanha, começando por Sevilha. Segundo os jornais ABC e El Mundo, de tendência mais conservadora, um encontro com o ex-Presidente de Governo José María Aznar deve ocorrer ainda hoje.

Nos dias restantes, Kadhafi encontra-se com o atual Presidente de Governo, José Luis Rodrigues Zapatero e almoça com o Rei Juan Carlos.

Ainda é muito difícil não ser cético em relação a Kadhafi, entretanto, se seus movimentos são genuínos, ele pode representar uma ponte geopolítica muito importante em relação ao mundo árabe.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

O Futuro do Kosovo passa por Belgrado

(de Tenerife, Espanha). O prazo chegou ao final e nada foi decidido. A idéia reinante em Bruxelas é no sentido que enxergar a União Européia como um mecanismo facilitador para qualquer tipo de acerto. O tema foi discutido no Conselho de Europeu dos Chefes de Governo durante esta semana.

O Kosovo deve ser independente, esta é a minha posição, ou seja, não é possível que o território volte ao domínio sérvio. Esta também é a opinião de muitos analistas e de alguns chefes de Estado, como Nicolas Sarkozy. O Presidente francês deixou claro sua posição em Bruxelas, quando disse que a independência do Kosovo é inevitável.

Para alcançar isso, a UE acenou com a possibilidade de barganhar com Belgadro um acesso rápido da Sérvia para o clube Europeu. Entretanto, mesmo antes de a oferta ser formalmente realizada, o Ministro sérvio de Relações Exteriores, Vuk Jeremic, disse que iria se opor a qualquer oferta neste sentido.

Acredito que a UE deve estar atenta aos reais oferecimentos dos russos para o governo de Belgrado em contrapartida, o que pode aumentar a barganha, já que Moscou deseja deixar a Sérvia como sua área de sua influência.

Os interesses econômicos são importantes, mas o negociadores devem estar cada vez mais atentos as raízes dos povos em questão, sua história e conexões culturais. Resta saber se Belgrado está mais próxima de Bruxelas ou de Moscou.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Dimitri Medvedev. O nome de Putin para governar a Rússia

(de Casablanca, Marrocos). Finalmente Putin escolheu o nome que representará seu grupo político nas eleições de 2 de março. Será Dimitri Medvedev.

Pode-se dizer que o nome do atual vice-primeiro ministro foi recebido com surpresa por uns e com naturalidade por outros. Explico. Especulava-se que Putin buscaria um nome fraco para ocupar a Presidência, enquanto prepararia sua volta – isto facilitaria enormemente o processo. Neste sentido o nome de Medvenev é uma surpresa, pois é um nome forte. Mas se de um lado as coisas são vistas desta forma, de outra, seu nome é encarado também como uma opção natural, já que era um dos dois principais colaboradores de Putin, juntamente com Ivanov.

Medvenev é de S. Petesburgo, ou seja, faz parte do grupo fiel a Putin e tem a mesma origem geográfica que o Presidente. Entretanto, Medvenev nunca fez parte dos quadros da KGB ou da sucessora, FSB, não sendo desta forma um silovoki puro, ou seja, o grupo oriundo dos serviços de inteligência que mantém o controle sobre a Rússia atualmente.

Com 42 anos, Medvenev é um nome com muito mais futuro que passado na política russa. Sua escolha, portanto, mostra o alto grau de confiança que Putin coloca em seu aliado. Naturalmente Medvenev já sugeriu o nome de Putin como Primeiro-Ministro se vencer as eleições. A avalassadora vitória do partido de Putin, “Rússia Unida”, nas eleições mostrou o peso da liderança do atual Presidente, que encabeçou as listas.

Finalmente a política russa começa a tomar os contornos idealizados por Putin. Os movimentos iniciados já fornecem uma idéia mas clara do que virá. Medvenev como Presidente, Putin como Primeiro-Ministro. Este é o caminho que seguirá a Rússia, pelo menos no curto prazo. Uma inversão destes papéis no futuro não pode ser descartada.

sábado, dezembro 08, 2007

Prodi pede voto de confiança na Itália

(de Málaga, Espanha). O governo de Romano Prodi sempre se equilibra de forma perigosa no poder. Desta vez não foi diferente. O Primeiro-Ministro italiano propõe mudanças substanciais na lei de imigração. O ponto polêmico é a possibilidade de expulsão de cidadãos de outros membros da UE que sejam considerados perigosos pela Itália.

A proposta de Prodi é polêmica, e na minha opinião equivocada. Primeiro porque é populista – uma lei desta calibre não pode basear-se apenas na situação detonada pelos imigrantes romenos. Além do mais expulsar pessoas de seu território não resolve problema algum, apenas pode passar a vaga sensação de que o governo está agindo. O outro motivo é a UE. A lei entra em choque com todos os elementos de integração na qual a União Européia é baseada.

Assim, as medidas foram atacadas tanto pela esquerda como pela direita italiana e Prodi pediu um voto de confiança ao Parlamento. Seu governo somente salvou-se (mais uma vez) da demissão porque os senadores vitalícios novamente salvaram o PM da degola. Foram 160 votos a favor e 158 contra. O processo da confiança foi vencido, mas agora a polêmica lei de imigração vai a votação.

A medida de Prodi pode ser um daqueles elementos que podem levar a deterioração da UE no longo prazo. Se a União deseja continuar a existir, deve se ater aos seus elementos fundamentais e basilares, de outro modo, a engenharia da UE, presente em um continente tão complicado e complexo como o Europeu, estará com os dias contados.

Bruxelas deve ficar com olhos bem abertos e atenta aos movimentos políticos atuais em Roma.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Yulia está de volta

(de Tunis, Tunísia). Yulia Timoshenko está de volta formalmente ao jogo do poder na Ucrânia. Este é um fato muito importante para o Oeste e para aqueles que defendem uma maior aproximação da Ucrânia com a União Européia e Estados Unidos.

Respeitando o resultado das eleições, Viktor Yushenko pediu ao parlamento que aceite o nome da bela Yulia como a nova Primeira-Ministra. É uma segunda chance para o grupo de Yushenko e Yulia, que não resistiu por muito tempo depois da Revolução Laranja.

Yanukovich deixa o poder e as relações com a Rússia devem passar por uma fase delicada. Cabe exclusivamente a Yulia e Yushenko acharem a sintonia fina necessária para que Ucrânia se mova definitivamente ao Ocidente. Talvez seja a mais preciosa e também última chance do grupo laranja.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

CDU reclama comando alemão pleno

(de Dubrovnik, Croácia). A "grande coalizão" que governa a Alemanha tende a dissolver-se em breve. O Congresso da CDU terminou ontem em Hannover com um grande show de Angela Merkel. Ela é, sem dúvida, a grande liderança do partido.

Merkel atacou o SPD, que se move em direção ao socialismo, de acordo com o termo cunhado no último congresso das esquerdas alemãs. As palavras de Merkel, que veio do Leste alemão, foram definitivas e reproduzo aqui porque considero impecáveis:

"O socialismo causou suficientes danos na Alemanha. Não queremos nunca mais o socialismo, não podemos nunca mais nos submeter e perder nossa liberdade. Socialismo democrático é uma contradição em si mesma, não encaixa na mesam lógica. O socialismo sempre acaba em totalitarismo".

Ela foi impecável. Merkel é fabulosa.