segunda-feira, dezembro 28, 2009

Serra e Marina?

Começa a tomar forma uma operação que pode alterar de forma substancial a eleição presidencial. Primeiro discutida reservadamente entre tucanos e depois já divulgada pela imprensa, uma possível aliança entre Serra e Marina.

A possibilidade surge com a desistência de Aécio de ser companheiro de chapa de Serra e com o desgaste do DEM com o caso Arruda. O PPS, também aliado, é candidato a fornecer um nome, mas nenhum cairia tão bem quanto o de Marina Silva.

As chances reais do projeto se concretizar ainda são pequenas, mas se for fechada, a aliança do PV com o bloco oposicionista indicando a candidata a vice, causaria danos irreparáveis para a candidatura Dilma.

Além de Marina ser mulher e neutralizar este aspecto na candidatura Dilma, o nome da ex-ministra de Lula quebraria a estratégia central da candidatura petista, que é o caráter plebiscitário do pleito, comparando as presidências de Lula e FHC. Serra e Marina juntos fornecem a continuidade das duas gestões e a manutenção daquele aspecto ético do petismo que levou Lula até a Presidência e que foi perdido durante sua gestão.

Marina tem aquilo que falta a Serra e ele exatamente aquilo que completa Marina. Seria uma forte dupla. No governo, será a grande possibilidade de ex-ministra ver sua agenda realmente implementada.

Uma aliança Serra/Marina alteraria o jogo presidencial de forma definitiva.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Os ventos do Sul

Como a influência dos palanques regionais para a sucessão presidencial é grande e os primeiros nomes nas disputas para os governos já despontam, as primeiras pesquisas já começam a apontar cenários.

No sul as tendências aparecem já de forma clara. No Paraná a disputa está acirrada entre Beto Richa (40%) e Osmar Dias (38%). O candidato do governador Requião, Orlando Pessuti, patina nos 5%. Dilma deve descer no palanque de Dias, do PDT, e o candidato tucano, provavalmente Serra, no de Beto Richa. O problema para Dilma é que Álvaro Dias, irmão de Osmar, é um dos mais ferrenhos opositores do governo federal. Algumas peças ainda podem se mover. A conferir.

Em Santa Catarina, Ângela Amin, do PP, sai na frente, com 31%. Depois vem Raimundo Colombo, do DEM, com 18% e Ideli Salvati, do PT, com 14%. Resta saber para que lado irá a candidatura de Ângela, já que Dilma deve desembarcar com Ideli e Serra com Colombo. Vale lembrar que Ideli chega ao fim de seu mandato no Senado nesta eleição. Avaliará se vale a pena ir para o sacrifício para garantir um palanque para Dilma ou disputar a reeleição para o Senado, uma tarefa mais fácil e que renderá mais oito anos em Brasília.

No Rio Grande do Sul, PMDB e PT devem ir para disputa direta. Tarso e o PT nem cogitam aliança com o PMDB para fortalecer Dilma. O consórcio eleitoral PMDB/PT rachou no Rio Grande. Fogaça, prefeito de Porto Alegre, buscará o governo e o anúncio de sua candidatura catapultou seu nome para os 30%. Tarso caiu e alcança os mesmos 30%. Yeda, atual governadora, tem parcos 5% e o PSB de Beto Albuquerque, 7%. A disputa será como sempre no Rio Grande do Sul, voto a voto. Serra e Dilma tem palanques bem definidos.

Como vemos, alguns movimentos poderiam mudar sensivelmente o cenário. Se Lula enquadra o PT no Rio Grande, sorte de Dilma, e se Aécio fosse o candidato, poderia forçar uma derrota histórica para Dilma no Paraná e Santa Catarina. Mas de acordo com que se apresenta, o cenário de saída já está posto.

terça-feira, dezembro 22, 2009

A Eleição passa por Minas

Assim como teremos disputa presidencial no próximo ano, o mesmo ocorrerá nos estados. A influência eleitoral de um pleito sobre o outro começa a tomar forma.

São Paulo, até o momento, constitui-se no estado mais dramático para Dilma. Lá, em todos os cenários, os tucanos vencem no primeiro turno, seja com Alckmin ou Serra. Além disso, o Governador possui um alto patamar de transferência de votos, avaliado em 39%.

Já o Rio de Janeiro é motivo de preocupação para os tucanos. Estes esperavam que Fernando Gabeira disputasse o governo. Engano. Gabeira vai mesmo disputar o Senado. Lá, Sérgio Cabral, aliado de Lula e Dilma, lidera com 37%. Garotinho, outro aliado do petismo, alcança 24% e Lindberg Farias (que não deve disputar) chega a 8%. Os tucanos não tem postulante ao Palácio Guanabara. César Maia aparece com 13%, mas não sairá candidato, prefere o Senado. No Rio, Dilma já abre vantagem sobre Serra.

Minas Gerais será outro estado interessante. A posição de Aécio é estratégica e deve impulsionar os números de Anastasia, que atualmente bate em 10%. Hélio Costa, que lidera as pesquisas e teoricamente é aliado de Lula, deve sair pelo PMDB e o PT hesita entre Patrus Ananais e Fernando Pimentel. Um embate entre PMDB e PT em Minas pode beneficiar Serra, ainda mais se Aécio realmente se empenhar na campanha.

Os números destes estados devem ser considerados porque seu movimento pode decidir a eleição. Se a margem aberta por Serra for ampla em São Paulo, será muito difícil reverter o quadro, ainda mais se Aécio mostrar resultados em Minas. Cabe aos tucanos, de forma urgente, encontrar uma saída para o Rio de Janeiro. No caso petista, a vantagem vem do Rio, mas encontrará em Minas uma situação a ser resolvida.

Enfim, mais uma vez a eleição para por Minas e no cenário atual Aécio pode ser o grande eleitor da sucessão.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Datafolha

A pesquisa realizada pelo Datafolha mostra uma acomodação dos números, especialmente com a saída de Heloísa Helena da disputa. Se compararmos com a pesquisa anterior, vemos um direcionamento dos votos de Heloísa para Marina e Dilma, sem reflexos para Serra.

Com Ciro Gomes na disputa, o novo cenário traz Serra na dianteira com 37%, Dilma sobe para 23%, Ciro atinge 13% e Marina 8%. Sem o nome de Ciro, Serra chega a 40%, Dilma crava 26% e Marina 11%. Vemos que para garantir a realização de um segundo turno, neste momento, a presença de Ciro é indispensável. Sem ele, Serra liquida a fatura no primeiro turno.

O crescimento de Dilma é um fato interessante, mas é preciso ser confirmado pelos outros institutos. O importante é enxergar que nos cenários apresentados ela rompe a barreira dos 20%, mas é preciso entender que Heloísa Helena deixou a disputa, portanto, estes podem ser votos herdados e não conquistados pela Ministra de Lula. Isto precisa ser verificado.

Nas simulações de segundo turno, Serra (respectivamente 49% e 51%) bate com folga tanto Dilma (34%) quanto Ciro (28%).

Dois dados interessantes. Dilma possui seus melhores números entre os de maior renda e possui fraco desempenho entre as mulheres. Se conseguir melhorar sua performance nas camadas mais baixas com a ajuda de Lula e fazer valer sua condição de mulher, pode subir mais um pouco.

Entretanto, se o PT não conseguir penetrar em São Paulo, de nada adiantará seu esforço. Mas este é um assunto para mais adiante.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

O Jogo de Aécio

Aécio Neves é mineiro. Neto de Tancredo Neves. A política em Minas é feita de modo peculiar e é preciso entendê-la. Aécio desistiu de buscar a indicação do PSDB neste momento, o que não quer dizer que não continue no jogo.

Ontem, no twitter, publiquei que Serra disse que será candidato apenas se as chances de vitória forem “muito concretas”. Se até março Dilma decola e Serra não sente-se seguro, todos se voltarão para Aécio. O Governador de Minas diz que esta chance não existe, uma vez que ele perderia o timing da costura de uma aliança mais ampla.

Talvez sim, talvez não. Aécio precisa romper as barreiras de Minas, tornar-se um nome nacional para conseguir atingir o Planalto no futuro. Esta campanha o deixaria de evidência.

O DEM já circulou a tese de que apoiaria uma chapa Serra-Aécio. Mais uma vez os holofotes voltam-se para o Governador mineiro. Mesmo se não for o vice, ele carrega os valiosos votos de Minas Gerais. Como vemos, em todas as situações, Aécio, saindo agora de cenário, torna-se o bem mais valioso em disputa na política nacional.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Festa em Timisoara

As comemorações na cidade romena de Timisoara tem razão de ser. Foi ali que há 20 anos começou a revolta que colocaria fim ao brutal regime socialista do ditador Nicolau Ceausescu.

Tudo foi muito rápido. Depois da Queda do Muro de Berlim, os regimes comunistas foram caindo um a um em 1989. Na Romênia tudo começou com a resistência do pastor Laszlo Toekes, transferido de forma arbitrária para uma área rural, onde não ofereceria risco ao regime de exceção socialista.

A população revoltou-se. Em pouco tempo o movimento cresceu e chegou as ruas de Bucareste. A repressão foi violenta. Apenas em Timisoara, 118 pessoas foram mortas. Exército, polícia e a Securitate, que contava com mais de 700 mil informantes, não foram páreo para a revolta popular contra o socialismo.

Nicolau Ceausescu e Elena, sua esposa, foram executados em praça pública pela população no dia de Natal. Era o fim dos tempos sombrios na Romênia.

Possuo muitos amigos romenos, muitos deles fugiram dos horrores do comunismo. Em Bucareste existe a Piata Revolutiei (Praça da Revolução), para lembrar a vitória contra o comunismo em 1989, passagem obrigatória de todas aqueles que visitam a bela capital romena.

Por isso as comemorações em Timisoara renovam-se a cada ano. Lembrar o fim de um pesadelo é a melhor maneira de evitar sua repetição.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Ato Falho de Dilma



Este é o vídeo do momento no You Tube. A ministra Dilma Rousseff fala durante a COP15 em Copenhague. Suas palavras foram as seguintes: "O Meio-Ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável e isso significa que é uma ameaça para o futuro do nosso planeta e dos nossos países".

Quem conhece Dilma e sabe das batalhas que travou contra Marina Silva, quando esta ocupava a pasta do Meio-Ambiente, entende que é de duvidar se realmente a candidata de Lula se enganou.

Como se não fosse o bastante, Dilma entrou em rota de colisão com Carlos Minc, ministro do Meio-Ambiente, desautorizando-o em plena conferência. Agora, segundo fontes, o ministro circula isolado pelos corredores da COP15.

O temperamento da ministra, mais uma vez, tem sido apontado como seu pronto fraco e tudo leva a crer que o trabalho de sua equipe de campanha será duríssimo.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Aécio, o conciliador

José Dirceu disse que Aécio Neves já comunicou ao grão-tucanato que não será candidato a Presidente. Aécio rebateu alegando que ainda busca a indicação do partido e que sua estratégia de ampliar o leque de apoios em torno do seu nome continua em curso, incluindo aí partidos da base do governo petista.

A alegação de Dirceu deu margem para Aécio ir além, pois segundo ele é preciso tirar o escopo plebiscitário do pleito e adiantou seu discurso de campanha, no estilo da política mineira: "(...) O que está em jogo não é ser contra ou a favor o presidente Lula. O que está em jogo é quem tem melhores condições de fazer o governo menos aparelhado pela burocracia partidária, mais oxigenado do ponto de vista da qualidade, dos objetivos".

Em Minas, Pimentel ganhou a disputa interna do PT, mas Hélio Costa ganhou no PMDB. Se o PT não se entender com o PMDB e houver um racha, pode surgir um palanque inusitado em Minas para o candidato tucano.

Aécio trabalha nos bastidores, como sempre faz com habilidade. A sucessão, como sempre digo, não pode deixar de passar pelas Minas Gerais.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Chile: Piñera e Frei no segundo turno

Eduardo Frei, candidato da Concertación, chega nos últimos dias que antecedem a eleição, com 31% dos votos. O ex-Presidente (e agora candidato) não conseguiu transformar a aprovação de 80% do governo de sua aliada Bachelet em intenções de voto até o momento.

Do outro lado, o empresário Sebastian Piñera parece caminhar tranquilamente para o segundo turno, trazendo na bagagem 44% das intenções de voto. Ao contrário de Joaquim Lavín, que tinha tudo para vencer Lagos no pleito de 1999, tudo indica que Piñera irá confirmar a tendência e ser eleito no segundo turno.

Ominami que parecia surgir, em princípio, como uma terceira alternativa, não vingou como candidato viável e deve terminar em terceiro lugar, na faixa dos 20%. Para um provável segundo turno, devem passar Piñera, um pouco além dos 40% e Frei por volta dos 30%.

A Concertacíon vem perdendo espaço. Nas primeiras eleições pós Pinochet, Alwin obteve com 55,17%. Em 1993 Frei venceu com tranquilidade, chegando a 57,99% ainda no primeiro turno. Em 1999, depois de um empate no primeiro turno, Lagos venceu Lavín por estreita margem no segundo turno, alcançando 51,31%. Bachelet também enfrentou um segundo turno, desta vez contra Piñera, e venceu com 54,50%.

Com a exceção da eleição Lagos X Lavín, esta é a primeira vez que os partidos conservadores chegam com reais chances de vitória. A Coalición por el Cambio de Piñera, aliança da Unión Demócrata Independiente (UDI), Renovacíon Nacional e Chile Primero, por projeções e tendências, deve ultrapassar os 50% no segundo turno e vencer a eleição.

Um marco na política chilena, com o amadurecimento das instituições democráticas, está sendo escrito. Mas, antes disso, o primeiro turno, que acontece neste final de semana.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

O Realismo de Obama

Para quem foi eleito pregando idealismo, especialmente nas relações internacionais, é incrível ver as mudanças pelas quais Obama tem passado.

Na entrega do Nobel da Paz, hoje em Oslo, Obama, que disse ter recebido o prêmio cedo demais, fez um discurso realista. Sua visão dos conflitos internacionais e dos meios para resolvê-los tem tomado ares cada vez mais pragmáticos, apesar de rejeitar, inteligentemente, qualquer rótulo.

Obama trouxe, em um bem costurado discurso, a idéia de "Guerra Justa" e citou exemplos históricos, dizendo que o pacifismo, por si mesmo, não teria vencido o Nazismo, por exemplo, apesar das boas intenções. Obama acaba de mandar mais 30.000 soldados americanos para o Afeganistão.

De qualquer forma, o discurso reposiciona Obama nas relações internacionais, assume uma postura claramente realista e mostra porque manteve no Pentágono o Secretário de Defesa do governo Bush, Robert Gates. Mesmo recebendo o Nobel da Paz, para atingí-la, agora ele defende uma guerra justa, seja no Iraque ou no Afeganistão.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

A pesquisa IBOPE

A pesquisa do Ibope agrega valores importantes para avaliação do cenário eleitoral em 2010.

Serra mantém sua margem na liderança, consolidando-se no patamar de 38%, pois apresentou crescimento acima da margem de erro desde a última pesquisa, onde aparecia com 35%.

Dilma também cresceu, mas como sempre digo aqui, ainda é necessário que ela ultrapasse a barreira dos 20%, que é a base de transferência de votos diretos do Presidente. Ela, que tinha 15%, subiu para 17%. Movimentou-se dentro da margem de erro. O preocupante para Dilma é seu grau de rejeição, que bateu em 41%. Sabemos dentro da ciência política que um candidato com 40% de rejeição torna-se inviável. Ela chegou neste perigoso patamar. Vamos ver se as inserções comerciais e o programa eleitoral na TV na próxima quinta alteram este cenário.

Ciro foi quem apresentou queda mais acentuada. Desceu de 17% para 13%. Com Aécio no lugar de Serra, Ciro chega a 26% (já teve 28%) e assume a dianteira. Muitos dos votos de Serra deslocam-se para Ciro (e não para Aécio), como vemos. É preciso avaliar para onde escoarão os votos de Ciro caso ele desista da disputa. Se for no mesmo ritmo, Serra claramente será beneficiado e poderá resolver a eleição no primeiro turno.

Marina segue com seu percentual menor do que 10%. Desceu de 8% para 6%. Precisa ainda dizer a que veio.

Os números mostram uma clara vantagem de Serra e a tendência de a eleição ser decidida no primeiro turno caso venha a se tornar plebiscitária, como deseja o PT. Dilma ainda não emplacou como candidata e possui uma rejeição preocupante. Dentro do ninho tucano não há números que justifiquem a escolha por Aécio Neves. Serra, neste momento, mostra-se como o nome natural e mais viável para o PSDB voltar ao Planalto.

terça-feira, dezembro 08, 2009

COP15 e as promessas de sempre

Declarações políticas são meras cartas de intenções. A conferência sobre mudança climática em Copenhague possui o mérito de chamar a atenção para o problema e inserir dentro de um mesmo ambiente líderes mundiais com o simples objetivo de discutir questões relativas ao clima e ao futuro do planeta. Entretanto, a falha está na possibilidade de implementação das políticas moldadas nestas reuniões.

O ponto central reside nas políticas de diminuição das emissões de carbono, algo que remonta a tempos antigos, mais precisamente na reunião de cúpula sobre a matéria no Rio de Janeiro, em 1992. De lá para cá foram diversas cartas de boas intenções, muitas promessas e pouco efetivamente realizado.

O problema neste campo não é meramente político, mas também econômico. As políticas atuais de diminuição das emissões de carbono não são viáveis economicamente a ponto de o mundo continuar, no mesmo ritmo atual, a gerar o desenvolvimento necessário para retirar milhões de pessoas da pobreza. Este é apenas um dos argumentos. Perguntem a Índia e China o que pensam sobre o assunto.

Além do mais, as políticas alternativas de energia não suprem de forma satisfatória a demanda atual e ficarão ainda mais defasadas no futuro. A diminuição das emissões de carbono depende diretamente do incremento de formas alternativas de energia, que atualmente são caras e ineficientes. E continuará assim. Países, como o Japão, aplaudidos por alegar que baixarão as emissões em 25%, sabem que suas projeções são irreais.

Diminuir as emissões de carbono é fundamental e constitui-se no principal pilar da conferência sobre o clima. As respostas até o momento são inviáveis nos campos tecnológico, politico e econômico, como lembrou Bjørn Lomborg em artigo na Der Spiegel. Ele está certo. Os políticos podem fazer promessas, mas certamente estas não serão cumpridas mais uma vez. O planeta certamente não agradece, assim como as gerações futuras.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Definição em Porto Alegre

O prefeito José Fogaça acaba de anunciar sua candidatura ao governo do estado do Rio Grande do Sul. Apesar de ser esperado, é o primeiro grande racha oficial no consórcio PMDB/PT que pretende lançar o nome de Dilma ao Planalto.

O Rio Grande do Sul é um dos estados onde esta aliança não tinha a menor chance prosperar. Lá, PMDB e PT são adversários históricos. Assim como lá, outros estados devem seguir o mesmo rumo e formalizar o racha na aliança patrocinada por Lula. Ou seja, vários estados estão na fila, e desta vez os gaúchos saíram frente.

José Fogaça é o mesmo que terminou com a hegemonia de 16 anos do PT na Prefeitura de Porto Alegre e agora terá um páreo duro pela frente. Da última vez que um prefeito da capital decidiu renunciar para concorrer ao governo do estado, a punição do eleitorado veio a galope. Nesta ocasião Tarso Genro foi derrotado por Germano Rigotto. O trunfo de Fogaça pode estar no PDT, que deve ser seu parceiro e fazer a diferença no interior do estado.

O ex-Governador, aliás, que era o único empecilho no caminho de Fogaça, decidiu que irá concorrer a uma vaga no Senado, que será também disputadíssima.

A boa notícia vem para José Serra, que terá em Fogaça um forte palanque estadual, em um dos estados com maior número de eleitores do Brasil. Dilma desembarca no palanque de Tarso e Serra no de Fogaça. Falta convencer a desgastada Governadora tucana a desistir de tentar sua reeleição. Envolvida em escândalos, as chances de Yeda são nulas, e sua candidatura apenas prejucaria o PSDB em nível nacional. Ninguém tem a intenção de carregar seu cadáver político em pleno ano eleitoral.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

UE preocupada com a Ucrânia

A Ucrânia deseja fazer parte da União Européia, bem, pelo menos parte da Ucrânia. Entretanto, o governo de Kiev, pró-europeu, não tem avançado nos esforços necessários para convencer Bruxelas.

Em Kiev, José Manuel Durão Barroso cobrou um esforço maior da Ucrânia. Nada feito. Kiev continua excessivamente dependente de sua política de energia e de sua posição geopolítica estratégia para fazer circular petróleo e gás. A ausência de mudanças nessa área é responsável por uma carga burocrática assustadora, aliada sempre da corrupção, que anda de mãos dadas com o dirigismo estatal.

A ausência de mudanças somente chama a atenção da Rússia, com os interesses de sempre na Ucrânia.

E as eleições vem por aí, em janeiro de 2010. Apesar do ministro de Relações Exteriores ter dito que independementemente do resultado nada muda a marcha da Ucrânia em direção a UE, é bom ter certa cautela: a Revolução Laranja ficou para trás e a sombra da influência russa pode mostrar sua força novamente.

Por isso a preocupação da União Européia, com toda razão.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Mensalão do DEM?

O DEM pode estar sendo tragado para uma perigosa armadilha. Aquilo que supostamente seria o mensalão do Governo Arruda está sendo tratado como mensalão do DEM.

O partido tem culpa até o momento por ter evitado a expulsão sumária do Governador. Este era o desejo de parte do partido, expressada de forma clara pelo deputado Ronaldo Caiado e os senadores José Agripino Maia e Demóstenes Torres. Existe previsão no estatuto do partido para tal, como uma medida preventiva, o que acarreta posterior defesa e reintegração ao quadro partido em caso de inocência. Mas infelizmente não foi esta a opção do DEM.

Ao invés de cortar o mal pela raiz, o partido preferiu sangrar junto com o Governador. Evitou a expulsão sumária e foi tragado para o noticiário como o articulador das práticas empregadas por Arruda.

Arruda teria deixado no ar um tom de ameaça em caso de expulsão sumária. Teria dito que se o partido radicalizasse com ele, ele também radicalizaria. A cúpula do DEM preferiu a abertura de processo sem expulsão sumária.

Faltam outros membros do DEM, como o vice-governador Paulo Octávio, envolvido nas denúncias, mas que até o momento mantém distância do escândalo. Circula a tese de que ele estaria sendo blindado para ser um Plano B para a disputa do governo em 2010, entretanto, é uma operação extremamente arriscada.

A contaminação, infelizmente, foi realizada. O mensalão de Arruda, agora é do DEM. Os reflexos eleitorais da equivocada operação em evitar a expulsão sumária de Arruda serão sentidas em 2010. O partido perdeu sua principal bandeira de campanha.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Honduras Venceu

A eleição ocorrida em Honduras, de forma normal e pacífica, atestada por um sem número de observadores internacionais, coloca um ponto final em todo o embróglio político causado pela tentativa de Zelaya de subverter a ordem constitucional para permanecer no poder e sua posterior destituição.

Na verdade não importava qual o eleito, desde que a vontade do povo hondurenho fosse respeitada. Tudo indica que será. Peru, Colômbia, Costa Rica e Panamá, os principais vizinhos, já reconheceram o triunfo de Porfírio Lobo. Espanha e Estados Unidos já se juntaram ao grupo.

O que ocorreu em Honduras é a prova cabal de que instituições fortes podem e devem evitar manobras que visam subverter a ordem constitucional e atacar a democracia. Zelaya, que arquitetava um golpe, foi deposto constitucionamente. Micheletti, Presidente do Poder Legislativo, assumiu o cargo com vistas a encaminhar o processo eleitoral.

Honduras sofreu pressões de todos os lados, inclusive dos apoiadores internacionais do ex-Presidente golpista, onde infelizmente o Brasil se perfilou. Agora que as eleições ocorreram e que existe um vencedor, reconhecido e legítimo, restaura-se a estabilidade política. Honduras, seguidamente classificada como uma "República de Bananas" mostrou a todo o mundo uma das maiores lições de respeito a lei e as instituições.

Ao Brasil, coube um papel lamentável, como lembrou Oscar Arias, que criticou nosso governo, taxando-o de possuir "dupla moral": "Acho que é uma dupla moral reconhecer as eleições iranianas, que não foram limpas e onde houve uma série de casos, e até um candidato resolveu desistir do segundo turno, e não reconhecer as hondurenhas".

Não poderia ter sido mais preciso.