terça-feira, agosto 31, 2010

O Peso do PMDB

Os sinais de que Dilma pode vencer no primeiro turno fez soar um sinal de alerta no PMDB. Isto indica que a onda Lula foi realmente o diferencial que trouxe a candidata até aqui e joga o partido de seu vice para uma natural situação de desvantagem na montagem do governo.

Para o PMDB seria até interessante a realização de um segundo turno, quando Dilma tivesse que olhar com mais atenção para seus parceiros e o PT enxergasse a real necessidade de juntar-se ao partido de Temer de formal integral e coesa. Assim o PMDB poderia mostrar força e entregar resultados eleitorais para Dilma dependentes de sua própria militância e importância.

No caminho atual, o PMDB parte para um eventual governo Dilma com uma importância menor do que a desejada. Deverá disputar poder com outras agremiações governistas, como PSB, PDT, PP, PR, PRB, PC do B e outros tantos que pularam no barco de Dilma. Por certo o PMDB é o aliado mais importante, entretanto, converter esta situação em poder real na política é outra história.

Para concretizar seu objetivo, o PMDB deve caminhar coeso. Coincidentemente o partido nunca esteve tão unido e deve seguir assim se pretende dar as cartas em um governo Dilma. De outro modo, a fome dos aliados, somada a patrola petista, pode reservar ingratas surpresas para os pares de Michel Temer. Mas o PMDB sabe fazer política no Brasil, como poucos.

sábado, agosto 28, 2010

Onde está Serra?

A pesquisa Ibope divulgada neste sábado mostra que a campanha presidencial virou um massacre de petistas sobre tucanos. Quem pensava que a eleição iria ser resolvida em Minas Gerais e imaginava um pleito disputado, estava errado. A eleição se tornou um passeio para Lula. Dilma, além de ter consolidado o eleitorado natural do Nordeste e Norte, avança com força para São Paulo e o Sul, onde já mostra-se na frente de Serra.

Se o PSDB deseja levar a eleição para um segundo turno, pelo menos, precisa agir de forma urgente. Os programas de TV de Serra estão em uma linguagem inferior e ultrapassados. A linguagem televisiva evoluiu nos últimos anos, mas esta notícia parece não ter chegado aos ouvidos dos tucanos. É preciso mudar para evitar um vexame no dia 3 de outubro.

As consequências da queda de Serra se traduzem em parcos apoios nos estados, inversão de apoios locais, agora pró-Dilma, e uma diminuição na arrecadação de fundos para a campanha.

Serra precisa aparecer e fazer o que até agora não fez. Não se faz propaganda política para o Brasil como se faz para o eleitorado paulista. Ele precisa modificar sua linguagem no rádio e TV, resgatar a força no Sul e São Paulo, para então avançar e tentar jogar a eleição para um segundo turno. Pode começar a articulação com os candidatos ao Senado e governos de Estado, foco principal das ações petistas, que já consideram a eleição presidencial favas contadas.

Serra precisa aparecer, pois de sua performance depende a eleição da bancada de oposição, em caso de vitória de Dilma. Seu fraco desempenho já tem reflexos nas disputas estaduais. Um partido que se apresenta como alternativa real de oposição, tem obrigação de mostrar mais do que está sendo visto até agora.

Apenas para registro: se contarmos apenas os votos válidos, Dilma chegou a 59%. Serra teria 32%. Um passeio.

sexta-feira, agosto 27, 2010

Vantagem de Dilma

A cada pesquisa a distância entre Dilma e Serra parece maior. A tendência já é de uma vitória em primeiro turno. O PT virou o jogo para cima de Serra e a cúpula tucana deve estar atônita com o vem assistindo. A derrota que se avizinha corre o risco de ser humilhante.

O principal trunfo da campanha de Dilma é a televisão. Foi nela que a candidata de Lula deu o mais importante passo para subir nas pesquisas. Ali, ambos apareceram juntos dando uma idéia do que ainda estava por vir. Os tucanos não entenderam o recado.

O programa de TV apresentado por Dilma é dinâmico, direto e impactante. Trouxe uma nova linguagem, moderna e objetiva. A presença de Lula sedimenta todo o processo. Ela pouco fala, mas os projetos e realizações são apresentados com uma clareza que atinge diretamente seu público.

Já o programa do PSDB situa-se em um patamar inferior. Não causa impactos, tampouco emociona. Patina ao tentar passar mensagens. Enquanto Dilma vende um país grandioso, Serra optou pela cadência simples e normal dos programas eleitorais do passado. Serra teria muito a mostrar, mais do que Dilma. Como Deputado, Senador, Ministro, Prefeito e Governador teve projetos e conquistas impactantes. Falta saber passar a mensagem. Na política talvez importe mais como a mensagem é passada do que a própria veracidade da mensagem.

Assim a distância aumenta. Acredito ser menor do que as pesquisas mostram, entretanto, não há como negar o momento pró Dilma. A TV apenas deixa claro que a diferença de qualidade visual se consolida em intenções de votos reais. Pior para Serra.

quarta-feira, agosto 25, 2010

Dilma fora dos Debates

O confortável primeiro lugar nas pesquisas trouxe cautela para a campanha de Dilma Rousseff. O comando da campanha pretende preservar a imagem da candidata ao invés de expor Dilma frente a frente com os adversários. Neste momento ela somente teria a perder apresentando-se nos debates. Desta forma ela termina talvez com a última carta que José Serra ainda poderia jogar na tentativa de virar a eleição.

A estratégia pode servir para a candidata petista, visto que ela não é conhecida do eleitorado, sendo no momento apenas uma versão apresentada por Lula para concorrer em seu lugar. Na verdade, Dilma não tem votos. Estes são de Lula, que apenas transfere sua popularidade para a ex-ministra. Neste caso, qualquer tropeço de Dilma poderia balançar a imagem criada sobre ela, visto que a candidata não possui uma identidade própria na cabeça do eleitor. A candidata em si é a maior fraqueza da campanha, pois não tem intimidade com os holofotes e a política, portanto, melhor deixar Dilma isolada e Lula continuar o processo de transferência de votos. Esta é a estratégia.

Serão ainda mais cinco debates até o dia da eleição: Estadão e TV Gazeta, CNBB, Rede TV, Rede Record e por fim o da TV Globo. Ela deve aparecer somente na Globo e mesmo que não aparecesse, talvez não afetasse de forma significativa sua perspectiva de vencer no primeiro turno. Existe no momento uma onda criada a favor de Dilma, que bem aproveitada pode fazer com que a margem atual em seu favor seja mantida. Com programas de TV milionários e extremamente bem feitos, com a presença de Lula ao seu lado e cada vez lideranças regionais querendo colar sua imagem com a do Presidente e sua candidata, está cada vez difícil de Lula, digo, Dilma perder esta eleição.

terça-feira, agosto 17, 2010

Programas de TV

Agora começa uma nova fase de campanha com os programas de rádio e TV. Na última eleição presidencial foi neste período que Alckmin se aproximou de Lula e conseguiu jogar a disputa para o segundo turno. Serra espera uma recuperação, mas corre risco, uma vez que Dilma subiu nas pesquisas exatamente quando surgiu na TV ao lado de Lula.

O programa de Dilma esboçou a sua linha de campanha. Foi possível perceber como o PT está disposto a jogar as fichas em sua eleição, todas elas. O partido tornou-se um player profissional da política. O programa foi caprichado e direcionado para onde é necessário. Foi impecável em quase todos os aspectos. Lula aparece como o grande cabo eleitoral. Faz a diferença.

Serra fez um programa bem pautado, mas sem o dinamismo e o entusiasmo que pautaram o programa do PT. Os tucanos apostaram na questão da saúde, o ponto forte de Serra e que atinge sua camada mais vulnerável de votos, as classes mais baixas. Falta, entretanto, achar a sintonia. Resta agora ao PSDB achar onde seu programa pode fazer a diferença.

Marina foi mais do mesmo. Se deseja ser mais do que uma candidata monotemática, precisa mudar o disco, inserir seu vice, mostrar suas propostas e dar dinamismo ao seu programa.

segunda-feira, agosto 16, 2010

Os Números

As mais recentes pesquisas eleitorais devem estar deixando o alto comando da campanha de José Serra extremamente preocupado. No Datafolha Dilma chegou a 41%, deixando Serra com 33%. Na pequisa anterior, o tucano ainda estava na frente, com o placar de 37%, contra 36% da ex-ministra. Houve, portanto, segundo o instituto, uma movimentação significativa de votos que mostra uma tendência.

Os institutos de pesquisas estão emparelhando seus números para o início do horário eleitoral. No Ibope a situação é semelhante ao Datafolha. Serra caiu para 32% e Dilma subiu para 43%. Aqui a situação é um pouco mais confortável, já que sinaliza uma possível vitória de Dilma ainda no primeiro turno.

Hoje, a candidata do PT está com 47% dos votos válidos e Serra com 37%. Se compararmos estes números com os da última eleição, Lula entrava no período de propaganda eleitoral com 55% e Alckmin com 24%, em curva descendente. O resultado do primeiro turno foi Lula com 48% e Alckmin com 41%. Ou seja, naquele cenário, o período que está por iniciar foi mais benéfico para os tucanos.

Mas naquela época Lula não era tão popular e apesar de Serra desafiar a criatura de Lula e não o próprio, o Presidente está disposto a jogar pesado com sua imagem e margens de aprovação do governo para impulsionar Dilma. Os aliados de agora tem mais densidade, como o PMDB, completamente envolvido na campanha. Existe uma base mais ampla no leque de alianças.

Além de tudo, vale lembrar que Dilma começou a avançar de forma consistente quando Lula apareceu ao seu lado nos programas de TV do PT. A formula se repetirá a partir de agora.

sexta-feira, agosto 13, 2010

Debate com os Vices

Sempre deixados em segundo plano, os vices tem procurado ter mais voz. Dentre todos os postulantes, o mais experiente do ponto de vista político é Michel Temer. Ele é o valioso elo que liga o PT a um pacificado PMDB. Como fiador da aliança, é sobretudo aquele que terá mais importância em um futuro governo. Seria um importante articulador dentro e fora do seu partido.

Índio da Costa, o vice de Serra, deseja um debate entre os vices. Será uma ótima oportunidade para discutir com Temer a paternidade do projeto Ficha Limpa. O vice de Dilma diz que foi o grande patrocinador do projeto. Uma discussão que não deve trazer nada de novo para campanha além do fato de que, se bem articulado, pode desgastar Índio da Costa.

Guilherme Leal, por muitos considerado o melhor candidato a vice, deve participar com os outros dois do debate no Estado de S. Paulo na próxima terça. Será uma boa oportunidade para o vice de Marina falar e ser ouvido. Tem muito a contribuir para a campanha e pode fazer Marina crescer em uma parte do eleitorado ainda não atingida pela candidata do Partido Verde.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Serra no JN

Dos três candidatos entrevistados pelo Jornal Nacional, a presença de Serra foi talvez a mais segura. O candidato do PSDB falou com tranquilidade e tom sereno, explicou os temas com a simplicidade necessária para o alcance do programa. Pode ter ganhado pontos junto ao eleitorado.

O grande problema de José Serra, no momento, é enfrentar a forte máquina política do PT, montada dentro do Estado, e fazer frente a uma campanha onde um popular Lula apresenta-se como fiador de sua candidata. Sobre isso ele também comentou: "Lula não está concorrendo comigo. Não é candidato (...) Não há presidente que possa governar na garupa, ouvindo terceiros ou sendo monitorado por terceiros". O recado foi dado e tinha destinatário certo.

Por mais que não faça uma campanha perfeita, Serra se porta diante da imprensa, em entrevistas, debates e questionamentos de forma correta, longe do candidato que foi em 2002. Entretanto, as forças a serem enfretadas tem um poder exepcionalmente maior nos dias de hoje.

Serra tentou pautar o debate em uma era pós-Lula, de forma acertada, "O governo Lula fez coisas positivas, outras coisas deixou de fazer. A discussão não é Lula. É o que vem pela frente".

Saiu-se bem da saia justa criada por Bonner quando foi mencionado o PTB e soube justificar a escolha de Índio da Costa como vice, por mais difícil que isso possa ser.

Reitero que o problema de Serra é de ordem política, dentro da articulação. Os tucanos não entendem como enfrentar este novo PT, agora no comando da máquina do Estado e pragmáticos no fechamento de alianças.

Serra foi muito melhor do que em 2002 no Jornal Nacional. O cenário, entretanto, é outro. Seria bom que todos seus aliados estivessem tão preparados e dedicados como ele.

quarta-feira, agosto 11, 2010

Marina no JN

Marina Silva também compareceu ao Jornal Nacional. Não conseguiu ir muito além de onde estava, ou seja, sua presença não serviu para ampliar sua base de votos, tampouco para empolgar seus apoiadores.

Faltou a Marina duas vertentes. A primeira no sentido de trazer propostas de país mais concretas do que vem apresentado. Ficou restrita a temas gerais e não conseguiu direcionar a entrevista, caindo no caráter defensivo. O segundo foi treinamento mesmo. Somente aos nove minutos de entrevista Marina olhou para a câmera. Mesmo assim não ficou plenamente confortável. Depois de concentrar nesta, voltou aos entrevistadores e esqueceu dos telespectadores novamente.

Na falta de um caráter mais propositivo, como falar da experiência administrativa de seu vice, Marina foi mais defensiva. Tentou explicar o inexplicável, no caso do mensalão, e seguiu pouco simpática, mantendo seu caráter sisudo e fechado, que em nada ajuda em sua imagem.

Marina falou para seu público, ou seja, para seus 10%. Não comprometeu, mas perdeu uma grande oportunidade de subir um pouco mais nas pesquisas.

terça-feira, agosto 10, 2010

Fatos e Versões de Dilma

Durante sua entrevista no Jornal Nacional, Dilma fez várias afirmações, algumas indicando números, outras fatos. Acontece que muitos deles foram desmentidos logo após sua exposição no JN. A imprensa tratou de repercutir o que não era verdadeiro, mas como o impacto político, neste caso, refere-se mais a versão exposta do que ao fato propriamente dito, tudo deve ficar por isso mesmo.

A candidata segue o script pré-determinado pela assessoria. Precisou de muito treinamento para não vacilar nas respostas e apesar de nervosa conseguiu passar, sem maiores arranhões, uma versão pessoal e parcial para o grande público. Foi bem orientada.

Os temas relativos a inflação herdada de FHC, dados relativos ao saneamento, obras do PAC e tantos outros, podem ser melhor explorados nos debates que ainda estão por vir. Por exemplo, disse que o governo investiu R$ 270 milhões na Rocinha, mas o valor real não chega a 30% disso. O excesso de versões dos números e fatos apresentados pela candidata é um farto arsenal para Serra usar mais adiante.

A estratégia, contudo, tem dado certo. Dilma sobe nas pesquisas embalada por uma campanha com Lula a tiracolo, baseada em fatos e versões não tão críveis assim. Mas na política praticada atualmete no Brasil, infelizmente aquilo que é, na verdade é o que menos conta, mas a versão do que parece ser é o mais importante.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Dilma no JN

Depois do debate, Dilma teve a segunda prova de fogo em menos de uma semana, desta vez no Jornal Nacional. É sabido na política que a bancada do JN pode ser dura, como já ocorreu no passado, logo, as atenções voltaram-se para o desempenho de Dilma.

Considerando-se que Dilma não possui experiência política, pode-se dizer até que foi bem, mas levando-se em conta que estamos tratando de uma eleição presidencial, ficou claro que ainda falta muita cancha para a candidata petista sentir-se confortável diante dos holofotes.

William Bonner e Fátima Bernardes tocaram em pontos sensíveis. A estratégia foi responder outra coisa, fugindo da questão principal. Dilma suava muito, estava nervosa. Cometeu erros, disse inverdades, entretanto, nenhuma que possa atingir verticalmente sua imagem como candidata. Falar como mãe dos brasileiros (na tentativa de imitar Lula) não pegou bem. Ela não passa essa impressão maternal. Reforçou sua simbiose com Lula. Era isso. Para ela foi positivo, pois poderia ser bem pior.

A tensão ficou no seguinte trecho em que foi desmentida por Bonner:

"Dilma Rousseff: Não, o presidente não falou em maltratar, o presidente falou que eu era dura.

William Bonner: Não, ele disse isso. A senhora me perdoe, mas o discurso dele está disponível. Ele disse assim: as pessoas diziam que foram maltratadas pela senhora"

A bancada do JN segue entrevistando outros candidatos no decorrer da semana.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Sinal de Alerta

A pesquisa CNT/Sensus traz muitas falhas, mas não deixa de uma certa forma de confirmar uma tendência. Dilma sobe e Serra desce. Tem sido assim nos últimos meses. O sinal mais importante da pesquisa é indicação de um padrão de comportamento do eleitorado, mesmo que seus números não sejam exatos e plenamente confiáveis.

Os últimos levantamentos devem ter feito soar um sinal de alerta na campanha de José Serra. Ele vem caindo onde era mais forte, especialmente em São Paulo, onde a diferença se mostra cada vez menor. Isso sem falar onde já vinha mal. São sinais de que algo deve ser mudado e a estratégia de campanha reavaliada. Alguns acreditam que nada deve ser mudado e que os debates e o horário eleitoral ajudarão a campanha a tomar fôlego. É arriscado. Pode ocorrer o inverso, dada a franca exposição de Lula ao lado de Dilma. Um Plano B deveria estar na manga da coordenação de campanha tucana.

Os números atuais fazem aliados debandarem, desestimulam palanques regionais e o desânimo pode contaminar toda a campanha. Inclusive tucanos tradicionais preferiram a alianças regionais que garantam sua recondução, mesmo que ao lado de oposicionistas no plano nacional. Do outro lado já discuti-se a formação do ministério de Dilma. Salto alto? Pode ser, mas o empresariado e as instituições já trabalham com a possibilidade real deste cenário.

A campanha é pesada. O governo está jogando todas suas fichas no projeto de continuidade. O trabalho do tucano é muito difícil, porém, não é impossível. Acredito que Serra, assim como seu slogan, pode mais. Mas o timing da reação pode estar passando da hora.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Falta de idéias

Os rumos desta campanha presidencial são preocupantes. Campanhas servem, via de regra, como instrumentos para apresentar um projeto de País, idéias, confrontar ideologias políticas. Tudo isso falta nesta campanha presidencial, infelizmente.

A certeza de vitória de Dilma, impulsionada pela convicção de Lula e entusiasmo dos aliados históricos e dos parceiros de ocasião do governo atual, fecharam a disputa. Evitam a discussão de um projeto de país, tornando a eleição uma simples disputa de poder. O jogo pesado contra a Lei Eleitoral e a desenvoltura com que se descumpre os preceitos básicos do jogo democrático de forma impune mostram muito sobre o cenário brasileiro atual.

Nos prognósticos políticos usamos as campanhas como fonte de coleta de informações sobre os rumos que um novo governo deve trilhar. No caso brasileiro, a situação se complica especialmente em função da falta de orientação política clara de muitos partidos, que simplesmente orientam suas decisões em decorrência de conveniências políticas de ocasião, geralmente ao lado do governo, que controla a máquina.

Nos mercados escuta-se que existe uma preferência por Dilma, já que a regra do jogo não mudaria. É preciso avaliar com cautela tal afirmação. Em caso de vitória, um eventual governo Dilma pode e deve ser muito diferente de Lula. Virá a maioria governista no Senado, o temperamento e a falta de habilidade política da ocupante do Planalto, a perspicácia de Temer, as pressões por cargos do PMDB, a influência externa de Lula. Enfim, muitos caciques para pouca experiência política. A acomodação pode ser mais delicada do que imaginamos e talvez em um eventual governo Serra seja muito fácil de prever o que vem por aí.

Pelo menos se fossem debatidas idéias e projetos de País, tudo já ficava mais claro.

terça-feira, agosto 03, 2010

Divisão de Poder

O Senado foi, durante o governo Lula, o único significativo foco de resistência da oposição. Se em algum momento o governo sofreu algum revés nos últimos oito anos, foi no Senado. Isto começou a mudar. O PT entende a importância do Senado para levar adiante as reformas que pretende implementar se Dilma sair vencedora. Mais um movimento foi realizado neste sentido.

Gim Argello, político de Brasília e suplente de Joaquim Roriz, foi durante muito anos desafeto dos petistas na política local. Entretanto, desde que chegou ao Senado, passou a circular com muita desenvoltura nos corredores palacianos. Hoje é o vice-líder de Lula no Senado.

Se o PT se articula para formar uma base forte no Senado nestas eleições, trabalha também, mediante seus aliados, a manter sob sua influência, grande parte da Casa. Neste sentido, Gim Argello assumiu a responsabilidade. Organizou um almoço em sua casa na data de hoje onde compareceram 18 ministros e 38 parlamentares (dentre os quais nove candidatos a governos estaduais e 16 à reeleição). O Senadores governistas compareceram em peso.

Discutiu-se campanha, mas já se ampliou a discussão na direção da ocupação de espaços em um eventual governo Dilma. Todos ali estão certos da vitória petista no pleito presidencial e a divisão do bolo já estava em pauta, sob o comando de Gim Argello. Excesso de confiança e certeza na vitória pairavam no ar.

segunda-feira, agosto 02, 2010

Vantagem em Minas

Desde o princípio da campanha tenho alertado para a importância de Minas Gerais. É neste estado que a eleição presidencial será definida. A última pesquisa Ibope que mostra Dilma já na dianteira evidencia esta tese. Na medida que amplia a vantagem em Minas, a candidata de Lula vai abrindo vantagem nacionalmente.

Se nos estados do Sul Serra leva vantagem e nos do Nordeste Dilma sai na frente, é preciso atenção em duas frentes: Centro-Oeste e Sudeste. Nesta última, considerando os grandes colégios eleitorais, o PT leva vantagem no Rio de Janeiro, enquanto Serra carrega São Paulo. Em Minas reside a senha para a vitória.

Por lá, em 2006, ocorreu o fenômeno Lulécio, ou seja, Lula para Presidente e Aécio para Governador. Em 2010, vemos que 46% daqueles que votarão em Antônio Anastasia, preferem Dilma. Começa a ser gestado o chamado voto "Dilmasia", que pode ferir gravemente a candidatura Serra. O único capaz de evitar o naufrágio tucano em Minas é Aécio Neves. Seu eleitorado fiel está com Anastasia, mas não está com Serra. Dilma tem 44% no estado, contra 32% do tucano. São 1,2 milhão de votos de vantagem para a petista.

O candidato do PSDB tem outro problema. Falta a Serra também uma maior penetração política no Centro-Oeste. Escrevi aqui que ele deveria considerar um vice ligado ao agronegócio dentro desta região. Se olharmos os números, somando Norte/Centro-Oeste, Dilma já aparece na frente, com 40% das intenções de voto.

Serra precisa reforçar sua campanha em duas frentes: Minas e Centro-Oeste. Se não o fizer, Dilma caminhará para vitória, talvez até no primeiro turno.