quarta-feira, setembro 30, 2009

Vitória Socialista em Portugal

Portugal também foi as urnas no último final de semana. A vitória foi dos socialistas de José Sócrates, o atual Primeiro-Ministro.

A ala conservadora foi mais uma vez derrotada. O principal problema dentro do PSD até o momento foi não ter encontrado equilíbrio desde a saída de Durão Barroso, o que jogou o partido em profunda crise. Barroso, eleito em 2002, fazia um ótimo governo, mas renunciou em 2004, para assumir a chefia da Comissão Européia, deixando o comando em Lisboa nas mãos de Pedro Santana Lopes, que não durou quatro meses no cargo. Foram chamadas, então, eleições. José Sócrates venceu e segue no comando do país.

O PS, que somou 36,5%, perdeu sua maioria absoluta, entretanto. Formará governo com o Bloco de Esquerda e a CDU, que totalizaram, juntos, 54,2% dos votos, 127 deputados.

O bloco conservador seguirá buscando uma liderança forte, assim como uma identidade clara, que leve seus partidos de volta ao governo. O PSD ficou nos 29,1%, enquanto a CDS/PP alcançou apenas 10,5%. Terão 39,6% do Parlamento, ou seja, 99 deputados.

Resta saber os rumos que serão tomados pelo moderado José Sócrates, um antigo membro do PSD, e agora líder dos socialistas, já que o PS governará em minoria em coalizão com grupos mais de esquerda.

terça-feira, setembro 29, 2009

Mudanças em Berlim

Angela Merkel foi reeleita. Seu partido, a CDU, manteve sua média de votos. Mas tudo muda na Alemanha com o resultado das eleições.

Tudo muda porque agora desfaz-se a bizarra "Grande Coalizão" entre o consórcio democrata-cristão CDU/CSU e os socialistas do SPD. Durante os últimos quatro anos os dois principais partidos alemães conviveram no mesmo governo, sob o comando de Merkel, já que nenhum havia conseguido a maioria legislativa para formar um governo.

O recado das urnas deste domingo foi outro. O SPD, cada vez mais fraco, vem perdendo votos. Despencou de 34,2% em 2005, para 23% agora. Os dissidentes do SPD, no Die Linke, alcançaram 12,8% e seus aliados, Verdes, chegaram a 10,2%.

Do lado conservador, apesar do CDU/CSU ter mantido seu patamar de votos em torno de 34%, o diferencial ficou ao lado dos Liberais do FDP, que subiram de 9,8% para 14,7%. Agora, o CDU/CSU não precisará formar governo de coalizão com o SPD, podendo formar um governo com seus reais aliados do liberal FDP. Juntos, seus partidos agora formam maioria no Bundestag.

Merkel deve muito ao líder do FDP, Guido Westerwelle, que tende a chegar finalmente a Vice-Chancelaria. Se ela tinha a desculpa de não implementar sua agenda por completo em razão da coalizão com o SPD, agora tudo muda. Merkel terá maioria para levar a cabo toda sua agenda reformista. Aqueles que entregaram a vitória em suas mãos, o FDP, estará atento para que ela não vacile.

Merkel foi reeleita, mas tudo mudou em Berlim neste domingo.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Meirelles vem aí

Não é supresa que Henrique Meirelles almeja mesmo a Presidência da República. Este é o seu projeto desde que voltou ao Brasil. Entretanto, ele sabe que não será desta vez.

Quando retornou ao Brasil, em 2002, ingressou no PSDB e foi candidato a Deputado Federal por Goiás. Foi eleito. Convidado por Lula a assumir o Banco Central, renunciou a sua vaga no Congresso Nacional e deixou o PSDB. Como na questão monetária foi o PT que tornou-se tucano e não o inverso, Meirelles não abandonou suas convicções, e tocou o Banco Central no mesmo ritmo de austeridade dos governos FHC.

Assim, Meirelles abriu um interessante canal direto com a cúpula do PT e com Lula, sem deixar de lado sua boa relação com os líderes do DEM e seus antigos companheiros tucanos. Isso tudo aliado a sua competência técnica, torna Meirelles um importante coringa no jogo político.

Como era de se esperar, com o fim do governo Lula, Meirelles pensa em seu futuro político. O problema é que Goiás, seu território político natal é de uma complexidade política peculiar. Ele vinha conversando com o PP, do governador Alcides Rodrigues, sob os auspícios do DEM, liderado por Ronaldo Caiado. Quando tudo parecia alinhavado, Lula resolveu intervir e colocou o PMDB no tabuleiro pelo passe de Meirelles. Depois de uma conversa com Temer, o aval de Iris Rezende e um empurrão de Lula, concretizou-se a ida do Presidente do Banco Central para o bom e velho PMDB.

Como disse, Meirelles aspira a Presidência. Dizem que existe a possibilidade de composição de seu nome como vice de Dilma. Seria um enorme erro político. Se ele almeja postos mais altos, talvez seja o momento de pavimentar seu caminho. O PMDB pode ser esse caminho, mas também pode ser um obstáculo. O PMDB é o partido certo para alguém que equilibra-se entre situação e oposição, contudo, eivado de caciques pode se tornar também um obstáculo para chegar ao Planalto.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Netanyahu desmascara Ahmadinejad na ONU

Mahmoud Ahmadinejad mais uma vez despejou sua ira contra os judeus e o estado de Israel, ao negar novamente a ocorrência do Holocauso. Mais uma vez, acertadamente, várias pessoas deixaram a Assembléia em protesto aos seus desatinos.

Quando chegou a vez do discurso do Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, este mostrou evidências claras do Holocausto, documentos nazistas onde estão contidos os planos de extermínio dos judeus, bem como dos campos de concentração. Como se provas desses bárbaros e notórios crimes fossem necessários. Mesmo assim, Netanyahu fez questão de mostrá-los.

Como se a diplomacia brasileira não fosse capaz de acertar pelo menos uma vez, articulou um encontro reservado entre Lula e Ahmadinejad ainda ontem. Por óbvio o Brasil e Lula foram motivo de duras críticas ao redor do mundo. Não pegou nada bem.
E quando perguntado sobre o caráter anti-semita do Presidente do Irã, Lula declarou: “Não sou obrigado a não gostar de alguém (Ahmadinejad) porque outros (judeus) não gostam". Lamentável. Sem comentários.

Já Netanyahu deixou uma mensagem muito importante para o mundo em seu discurso, que deve ser ouvida por todos: "Talvez vocês pensem que este homem (Ahmadinejad) e seu terrível regime representam apenas uma ameaça aos judeus. Se vocês pensam assim, estão terrivelmente enganados". O Primeiro-Ministro de Israel tem toda a razão.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Revés diplomático

Nossa diplomacia, outrora admirada e eficaz, e desde a ascensão de Lula ao Planalto, administrada sob um viés exclusivamente ideológico, levou nosso país a um lamentável posicionamento na eleição à Direção-Geral da Unesco. O resultado não poderia ser pior. Derrotado e isolado, como em outras instâncias internacionais, pouco a pouco nos parecemos mais com aqueles com os quais temos nos alinhado.

Infelizmente o caso Unesco não é uma exceção, mas a regra. Assim como em outros episódios, o Itamaraty preteriu brasileiros para se alinhar com aqueles governados por regimes de exceção ou pseudo-democracias. No caso Unesco, preferiu apoiar o candidato egípcio, Farouk Hosni, sabe-se lá com que pretexto, que defendeu nada menos que a queima de livros de Israel das bibliotecas do Egito. Ele concorria, vale lembrar, à Direção-Geral da agência da ONU para Educação e Cultura.

Felizmente Farouk Hosni foi derrotado e infelizmente, por apoiá-lo, o Brasil sai com uma péssima imagem desta eleição, pior do que aquela que possuía. Uma derrota para a postura ideológica reinante no Itamaraty, mas sobretudo com reflexos amplamente negativos para a figura do País no exterior.

Para o mundo, a eleição da embaixadora da Bulgária na França, Irina Bokova, ao invés de Farouk Hosni, é um alívio, já que EUA e Japão, cortariam verbas da Unesco caso ele fosse eleito, como lembrou o brasileiro Márcio Barbosa, vice-diretor-geral da entidade, que emendou: "O Brasil se sai muito mal porque se alia a países que praticam uma política que não imaginamos como uma democracia".

terça-feira, setembro 22, 2009

Ciro entra na disputa

A pesquisa Ibope era esperada para medir a força que Marina Silva tinha a apresentar de saída. Isto foi constatado. Ela parte de um patamar interessante e apesar de rejeição alta, possui instrumentos para neutralizar seus pontos fracos e seguir adiante.

Mas quem esperava que o nome do jogo nesta altura do campeonato seria Marina, enganou-se. O nome em evidência é Ciro Gomes, que apesar do temperamento forte, pode ter aprendido como chegar lá com chances de vitória. Com a exposição na TV, ele mostrou que possui força política mais consistente e eleitorado próprio, com direito a avançar mais algumas casas dentro do tabuleiro presidencial em pouco tempo. Sem Serra na disputa, Ciro chega a 25 pontos e assume a liderança na pesquisa.

A soma Marina + Ciro causou arrepios no Planalto. Sem um nome forte e consistente na disputa, o petismo deve estar refletindo. Dilma possui uma rejeição que pode invibializar sua candidatura. Perdeu terreno e mais uma vez mostra que seu teto de 20% iguala-se ao patamar de transferência de votos de Lula, ou seja, a Ministra até agora não mostrou musculatura própria. Muitos duvidam que tenha.

Dilma come poeira de Ciro em todos os cenários. Com os números mostrados será muito difícil convencê-lo a desistir em favor da Ministra.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Erro diplomático

O refúgio dado pelo Brasil ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, é um grave erro diplomático, permeado de ilegalidades.

O Brasil tem por tradição uma postura diplomática cautelosa e sempre elogiada no mundo da política externa. O rompimento desta tradição no atual governo coloca em xeque a imagem do Brasil e nossa identidade diplomática histórica.

Apesar das posturas pouco recomendáveis de apoio a governos de exceção e ditaduras ao redor do mundo desde que o Presidente Lula assumiu o Planalto, o Brasil não tem em seu currículo qualquer histórico de ingerência na política interna de outros países. Nossa Constituição, em seu artigo 4º, determina que nas relações internacionais o Brasil deve seguir os seguintes princípios: independência nacional, autodeterminação dos povos, não-intervenção e solução pacífica dos conflitos.

Portanto, a postura diplomática brasileira, neste caso, desrespeita a Constituição e a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA). O acolhimento de Manuel Zelaya na Embaixada brasileira em Tegucigalpa, com aval presidencial, seria classificado como crime de responsabilidade em qualquer país sério e decente do mundo.

Um erro diplomático, cercado de ilegalidades. O Brasil envolveu-se em um problema que não é seu e colocou-se na condição de propulsor de um possível conflito civil em outro país. Nada mais longe daquilo que um dia sonhou o Barão do Rio Branco.

quinta-feira, setembro 17, 2009

UE à espera da Irlanda

As pesquisas mais recentes dizem que os irlandeses dirão "sim" ao Tratado de Lisboa, que desenha o futuro da União Européia. Entretanto, uma negativa dos irlandeses no referendo do dia 2 de outubro pode criar problemas para Bruxelas.

A Polônia, por exemplo, diz que espera a posição dos irlandeses para tomar a sua. Em Dublin, apesar da últimas pesquisas, ainda reina uma visível incerteza. O governo, que no momento goza de pouca popularidade, diz que será uma disputa apertada.

O Irish Times, por exemplo, fala em 46% de apoio ao Tratado, enquanto o Sunday Business Post fala de 62% a favor. As pesquisas não coincidem, e aliada ao baixo apoio do governo do Fianna Fáil em face da crise econômica e ao apoio deste ao Tratado, a dúvida quanto a decisão dos irlandeses persiste.

A tendência é de ratificação, mas não podemos esquecer que em 2008, quando tudo indicava uma vitória do "sim", os irlandeses disseram um rotundo "não" a Bruxelas. É esperar para ver que ventos soprarão de Dublin.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Barroso reeleito

Ele surgia como o José María Aznar de Portugal. Propôs reformas profundas nas arcaicas estruturas do Estado português. Reformas eram necessárias e Barroso estava disposto e realizá-las, assim como foram feitas pelo seu parceiro espanhol do Partido Popular.

Tudo corria bem em Lisboa até que um chamado de Bruxelas fez com que Barroso deixasse a chefia de governo e rumasse para liderar a Comissão Européia. O Primeiro-Ministro era um nome de consenso em 2004 e soube, de forma cautelosa e eficaz, construir linhas de diálogo nesses cinco anos, mesmo depois de parecer desgastado antes do recesso de verão europeu.

Houve uma tentativa de desgastar Barroso há alguns meses. Ele era o candidato do grupo majoritário, o Popular Europeu, além de ter a chancela dos 27 países do bloco. Entrou o verão em baixa, mas usou o período para exercitar sua desenvoltura política e chegou ao dia de hoje com o apoio de parte dos socialistas, em especial espanhóis e portugueses, estes últimos seus adversários locais. Somados ao seu grupo de apoio, foi suficiente para chegar a maioria absoluta com 382 votos.

Liderará um período crucial, com uma agenda cheia, em especial com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Barroso, reeleito, consolida-se como o grande nome de unidade da UE e mostra a força política do grupo Popular, que seguirá dando das cartas na política comunitária.

terça-feira, setembro 15, 2009

Hatoyama chegou lá

A eleição de Hatoyama é um marco na política japonesa, pois retira do poder o Partido Liberal Democrático, que governou o Japão desde sua fundação, em 1955.

A incógnita sobre o futuro do Japão reside nas mãos de Hatoyama. Eleito com o discurso de ruptura e mudança, no fundo Hatoyama sabe exatamente onde está pisando. Ele já foi do PLD no passado, já exerceu seis vezes o mandato parlamentar e sua família tem um logo histórico na política japonesa. Seu avô, Ichiro Hatoyama, foi Primeiro-Ministro e seu pai foi Ministro das Relações Exteriores.

A dúvida está nos rumos que Hatoyama e seu partido desejam dar ao Japão. A última experiência do Partido Democrático no poder, entre 1993 e 1994, foi um fracasso. Cabe ao novo gabinete sepultar os fantasmas do passado e fazer um governo digno dos votos recebidos.

O caminho que Hatoyama deve seguir começa pela esquerda, pois governará em coalizão com a Esquerda Social-Democrata e o "Novo Partido do Povo". Ou seja, sabemos de onde parte o novo governo, mas onde este chegará ainda é uma incógnita. Hatoyama chegou lá. Agora deve mostrar a que veio.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Kassab fora do jogo em São Paulo

Kassab tinha uma ambição. Mirava no Palácio dos Bandeirantes já nas próximas eleições. Serra, contudo, deixou claro ao prefeito que os projetos são outros.

Kassab, um dos mais importantes herdeiros políticos de Serra em São Paulo, deve terminar seu mandato e deixar Geraldo Alckmin assumir a disputa pelo governo do Estado. Kassab ainda se movimentou nos bastidores, mas a tendência é se confirmar a estratégia de Serra.

Se o atual governador paulista vencer as eleições presidenciais, certamente terá planos para Kassab quando este terminar seu mandato de prefeito.

O certo é que Serra, neste momento, dá as cartas na sucessão paulista, no tucanato e na aliança eleitoral que desenha-se com o DEM, que já declarou que Kassab não será candidato e fará aquilo que for melhor para o Governador paulista. Serra, cada vez mais, consolida-se como a opção natural da aliança na disputa presidencial.

sexta-feira, setembro 11, 2009

Trabalho para Merkel

A eleição mais esperada do ano ainda está por vir. É na Alemanha. Chega ao fim a legislatura em que Merkel, do consórcio CDU/CSU, liderou um governo de coalizão com os socialistas do SPD. Agora os dois blocos seguem para o confronto eleitoral direto.

Se tomarmos como exemplo as eleições européias do meio do ano, a vantagem de Merkel é incontestável. O bloco do CDU/CSU angariou nada menos que 37,9% dos votos e seus parceiros liberais do FDP chegaram a incríveis 11%, mais do que o dobro conseguido pelo partido no último pleito. Se CDU/CSU e FDP construírem uma vitória por maioria absoluta, a Alemanha, por fim, chegará a um governo liberal-conservador pleno, sendo desnecessária a bizarra coalizão atual com o SPD.

A única chance de um gabinete totalmente socialista está em torcer por um resultado que deixe em vantagem os Verdes, o novo partido intitulado "A Esquerda" e o próprio SPD, em uma coalizão.

A incógnita está no comparecimento dos eleitores, que não mostram-se muito empolgados com a campanha, o que abre uma pequena vantagem para os socialistas. Do outro lado, os democrata-cristãos apostam na alta popularidade de Merkel e nos musculos políticos evidenciados na eleição européia pelos liberais e seu líder, Guido Westerwelle, que deseja muito o cargo de Vice-Chanceler em um novo governo Merkel.

Por enquanto, as pesquisas dão pequena vantagem ao grupo liderado pela atual Chanceler, entretanto não o necessário para evitar uma surpresa desagradável para ambos lados, que poderia renovar por mais quatro anos a bizarra aliança com o SPD. Uma tarefa que talvez somente Merkel possa reverter.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Os Kirchner querem calar o Clarín

Percebemos que um governo perde as rédeas da situação quando começa a intimidar a imprensa. Foi o que fez Cristina Kirchner na Argentina.

Um batalhão de 180 a 200 inspetores da Administração Federal de Ingressos Públicos (Afip) fez uma devassa no grupo composto pelos jornais Clarín, Olé e La Razón, que não comungam das mesmas idéias dos Kirchner e fazem uma cobertura independente da política argentina, sem afagos e benesses da Casa Rosada.

Foi uma violência. Uma invasão para a realização de uma devessa fiscal como forma de intimidar, na imprensa, quem não é benevolente com o governo. Um absurdo em uma democracia.

A violência do Estado argentino contra a imprensa seguiu em outras empresas do grupo. Jornalistas relataram que nunca viram tamanha intimidação, nem no período de exceção.

Os Kirchner, que não conseguem vencer nas urnas, agora querem calar a imprensa.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Obama na sala de aula

Obama gerou polêmica no início do ano escolar nos Estados Unidos. Sua idéia era fazer um discurso para os alunos em seu primeiro dia de aula. A repercussão negativa se espalhou, especialmente em um país como os Estados Unidos, que não é dado a esse tipo de coisa.

Assim sendo, a Casa Branca divulgou previamente o teor do discurso para que os pais pudessem decidir se mandariam ou não seus filhos para escola no dia que seria transmitida as palavras do Presidente. Houve manifestações em frente a muitas escolas por toda a América e muitos pais realmente deixaram seus filhos em casa, afinal de contas, nenhum aluno é obrigado a ouvir Obama.

A transmissão não foi obrigatória e o discurso foi ameno e tranquilo, evitou polêmicas e soou bem aos ouvidos, inclusive de alguns republicanos. Mas nada que afaste o ato em si, repudiado por muitos que buscam preservar o senso de liberdade e democracia no País.

Passada a polêmica, agora Obama fala para gente grande. Quer aprovar a reforma do sistema de saúde custe o que custar. Será que consegue? Além de amaciar os republicanos, terá que convencer uma importante parte de sua base democrata.

terça-feira, setembro 08, 2009

A pesquisa CNT/Sensus

A mais recente pesquisa CNT/Sensus, divulgada nesta terça, mostra que Serra segue líder absoluto em todos cenários. Faltou, entretanto, uma simulação, talvez a mais importante, que conta com todos os nomes que tendem a disputar a Presidência no próximo ano.

Sem Dilma, e com Ciro em seu lugar, Marina traz um nocaute para o governo. Tira 40% dos votos de Ciro, que cai de 14,3% para 8,7% e assume o segundo lugar, com 17,4%. Heloísa Helena teria 10,7% e Serra 40,5%. Mas como disse, não é este cenário que deve se confirmar. Por exemplo, Heloísa Helena não abrirá mão da vaga praticamente certa no Senado, onde tem mais exposição, e tende a deixar a disputa presidencial de lado.

O cenário mais provável e não testado teria que mostrar Serra, Dilma, Ciro e Marina.

O fato mais importante da pesquisa foi o desgaste de Dima, já presente nos números. Ela caiu em todos os cenários, o que mostra real desgaste da candidata. Ela, até o momento, não conseguiu estourar consistemente a barreira dos 20%, que seriam as intenções de voto espontâneas de Lula, e o voto que conta-se como diretamente transferível pelo Presidente. Ela precisa de musculatura própria para estourar esta barreira, mas não tem conseguido. O episódio Lina Vieira, por exemplo, afetou sua imagem.

Apenas uma nota sobre o cenário onde aparece Palocci. Sem qualquer exposição ou aval de Lula, ele chega a 8,5%. Se ele fosse o candidato de Lula, certamente já teria ultrapassado a barreira dos 20%, pois vemos pelos números que ele realmente acumula popularidade e musculatura política própria, coisa que Dilma ainda desconhece.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Piñera na frente no Chile

A eleição presidencial é só no final do ano, mas o quadro político chileno começa a tomar contornos mais definidos. Tudo indica que depois de governar o Chile desde a saída de Pinochet, o consórcio político de esquerda "Concertación" pode não vencer as eleições.

O El Mercurio divulgou mais uma pesquisa e Sebastián Piñera permanece em um sólido primeiro lugar, com 37% das intenções de voto. O ex-Presidente Eduardo Frei aparece com 17% e a novidade desta eleicão, que retira a polarização entre Alianza por Chile e Concertación, Enriquez-Ominami, surge também com 17%.

O maior risco de Piñera é o segundo turno. Em 1999, Lavín, da UDI, perdeu por apenas 200.000 votos para Ricardo Lagos, da Concertación. Piñera, que perdeu também um segundo turno, em 2005 contra Bachelet, tomou as precauções devidas desta vez, acomodando aliados de seu partido, Renovación Nacional e a UDI. Para vencer, sua coalizão, Alianza por Chile, não pode estar rachada e deve unir forças de todas as correntes.

A direita chilena, um dos raros grupos conservadores sobreviventes na América do Sul, tem amadurecido eleitoralmente e tudo indica que desta vez as chances são grandes e reais.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Ciro candidato?

Pelo jeito vai fazendo água os planos de Lula transformar a eleição presidencial de 2010 em uma disputa plebiscitária, do estilo, Dilma versus Serra.

O tom do programa eleitoral do PSB mostrou que Ciro está na briga e almeja muito mais do que o governo paulista. Ciro mira na cadeira de Lula. O problema é o de sempre. Se Ciro fosse eleito, as chances de Lula volta seriam mínimas. Assim, ele tenta jogar Ciro para fora da disputa.

No cenário apresentado por Ciro, no estilo herdeiro de Lula e capaz de promover os ajustes necessários para seguir adiante, tudo leva a crer que Dilma levará fogo-amigo se ele for candidato e dividirá votos. Ciro não entra em disputa para brincar.

Soma-se a tudo isso a candidatura de Marina Silva e aí sim a intenção de Lula realmente começa a ir por terra. Serra, Dilma, Ciro e Marina. É tudo que Lula menos queria.

quarta-feira, setembro 02, 2009

O tropeço político de Uribe

Uribe faz um belo governo na Colômbia. Avança sobre as Farc e suas ações terroristas sem concessões ou negociações como aquelas já realizadas pelos antecessores. Suas ações trouxeram maior tranquilidade para os negócios e a vida cotidiana. A economia respondeu, crescendo forte e saudável nos últimos anos.

Quando seu primeiro mandato chegava ao fim, a Constituição foi modificada para que Uribe pudesse concorrer a reeleição. Foi reeleito com facilidade. Agora que o segundo termo chega aos derradeiros meses, sua base de apoio aprovou um referendo que autoriza Uribe a buscar um novo mandato como Presidente.

Uribe é um governante único na América do Sul. Responsável, sério e dedicado, representa a antítese do populismo que eclode por diversos países da região. Ao autorizar sua base de apoio a buscar um novo mandato, comete um tropeço político-institucional.

O pecado político de Uribe foi não ter formado um partido forte e coeso que representasse as idéias que defende e assim, aos poucos, deixar que o partido defendesse suas bandeiras políticas ideológicas. A falta deste elemento faz com que o próprio Uribe materialize essas bandeiras, tornando aquilo que seria um projeto partidário em um projeto político guiado por um líder.

Uribe é um governante exemplar, entretanto, faltou-lhe o toque político como forma de trazer estabilidade institucional-partidária a Colômbia. Espero que ainda seja tempo. Pelo visto ele terá um terceiro termo se deseja tentar seguir este caminho.

terça-feira, setembro 01, 2009

Pré-Campanha

Atrás do Pré-Sal esconde-se a candidatura de Dilma. Toda a cena por trás do anúncio do marco regulatório já faz parte da campanha de Dilma. O discurso de Lula em pleno ataque a Era FHC já faz parte da candidatura Dilma.

Ou seja, apesar de a discussão ser necessária, a festa em torno do Pré-Sal, de forma ufanista (e seria diferente?), chamado por Lula de "a nova independência do Brasil" é apenas um pano de fundo para a propagar sua candidata por aí.

Agora a discussão vai para o Congresso e discussão do tempo de tramitação apenas deixa o tema por mais tempo em evidência, assim como o nome da ministra da Casa Civil.

O tema foi posto em timing perfeito, ou seja, em tempo para estar fresco para a campanha presidencial de 2010. O tom de Lula no lançamento do marco regulatório, em ataques desmedidos ao governo tucano mostra que Lula sabe o que está fazendo: não é Pré-Sal, é Pré-Campanha mesmo.