sexta-feira, setembro 28, 2007

Sarkozy emplaca Strauss-Kahn no FMI

Este Blog muitas vezes parece ser mais "Diários de Paris" do que "Diários do Velho Mundo", tantas são as vezes que menciono os movimentos de Sarkozy.

Entretanto, o hiperativo Presidente francês não deixa de dar motivos para analisarmos seus movimentos políticos.

Sua mais nova vitória está no FMI. O socialista Dominique Strauss-Kahn, ex-ministro da Economia francês, foi eleito diretor-gerente da organização no lugar do competente Rodrigo Rato, antigo ministro da Economia de Aznar, que renunciou em meio ao mandato por razaões pessoais.

Sarkozy emplacou o novo diretor-gerente do FMI pouco depois de completar 100 dias de governo em Paris. Sua movimentação política e resultados são impressionantes e surpreendentes. Colheu apoio da UE, Estados Unidos e, acreditem, China. Venceu o candidato da Rússia, o antigo governador do Banco Central e ex-primeiro ministro da República Tcheca, Josef Tosovsky.

Sarkozy quebra mais uma parte da união entre os socialistas franceses e começa a transcender os limites de Paris. Sua influência chegou ao FMI. E poderá chegar muito mais longe. O show do pequeno Sarkô está apenas começando.

quinta-feira, setembro 27, 2007

França começa a colocar as contas em ordem

E Sarkozy deu mais um passo. O governo chefiado por François Fillon apresentou um plano de controle dos gastos públicos franceses, exatamente como prometeu Sarkozy durante sua campanha.

Segundo Fillon, a situação financeira do Estado francês é caótica. Se o governo impor um rigor orçamentário, a França pode felizmente entrar no mesmo caminho trilhado pela Espanha quando era governada por Aznar, que retirou o Estado do caminho e fez com que Madrid se tornasse uma referência de modelo econômico mundial.

Sarkozy rapidamente recoloca a França no lugar. Na ONU fez coro com a colega alemã, Angela Merkel, colocando limites claros para os sonhos iranianos de uma bomba nuclear.

Internamente faz o mesmo, agora com o equíbrio orçamentário. O melhor será quando descobrir que a melhor receita para aumentar a arrecadação é baixar os impostos, como fez Ronald Reagan.

Quem sabe os ares de Nova York façam Sarkozy lembrar dos ensinamentos do inesquecível Reagan. Não duvidem disso.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Merkel recebe Dalai Lama em Berlim

O fato foi no domingo e merece atenção. Coincidentemente e felizmente estava em Berlim neste dia histórico. A Chanceler Angela Merkel recebeu o Dalai Lama na bela capital alemã, mesmo debaixo da severa crítica do governo vermelho chinês. Merece aplausos pelo ato de bravura, coragem e humanidade. Assim são os grandes líderes, pessoas com postura moral elevada que não mudam de acordo com as circuntâncias políticas.

Foi a primeira vez que Sua Santidade o Dalai Lama foi recebido pela chancelaria alemã, apesar de assessores terem desaconselhado a Chanceler a encontrá-lo, por motivos polítcos. Apesar de o encontro ter sido classificado apenas de privado, Angela Merkel mandou um recado aos chineses, aqueles mesmos que foram descobertos recentemente espionando os computadores do governo alemão.

O Dalai Lama luta por mais autonomia para o Tibete, invadido, saqueado e arrasado pelos chineses esquerdistas de Mao Tse Tung desde 1959. Sua Santidade disse que não busca mais a independência e que os protestos da China demonstram a arrogância do poder, testando até onde podem ir.

O mais importante, além do belo e grandioso gesto de Merkel, foi ouvir as sábias palavras do Dalai Lama, que aplaudiu a Chanceler dizendo que sentia-se feliz ao lado de alguém que luta pelos Direitos Humanos e pela liberdade religiosa.

O terror imposto pela China comunista ao Tibete é um dos maiores crimes já cometidos na humanidade. Monastérios destruídos, monjes e monjas torturados, estupros, limpeza étnica e o desaparecimento de uma cultura inteira de um território. A causa tibetana é justa e merece todos os apoios possíveis. Nunca me cansarei de apoiar o Dalai Lama e todos os movimentos em prol da liberdade do Tibete.

Por isso, Merkel merece aplausos. Ela conheceu os horrores do socialismo na Alemanha Orienta e sabe a importância de seu atol. Seu gesto foi grandioso. Está de parabéns.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Em Londres, not flash, just Gordon

Tudo indica que meu amigo John Blundell, do Institute of Economic Affairs de Londres, estava correto. Gordon Brown surpreende.

Desde que assumiu em junho não teve trégüa. Foram ataques terroristas, inundações, febre aftosa e mercados financeiros em crise. Ele segue sem carisma e com seu jeito sério e carrancudo. Mas Brown conquista, desta forma, cada vez mais fãs. Do outro lado, nos Tories, David Cameron, esperado como a nova sensação da política britânica, coleciona erros na mesma medida em que Brown, eficiente, acerta sem medo.

Os trabalhistas estão oito pontos na frente dos conservadores, como mostram os diários britânicos desde domingo. O PM realmente acertou o tom e caprichou na política, recebendo até Margaret Thatcher em Downing Street.

Assim, ele chega ao primeiro congresso anual de seu partido realmente como um líder, apesar das dúvidas que pairavam. O evento em Bournemouth, no sul da Inglaterra, será como a consolidação de Brown, porque sua consagração mesmo viria com uma vitória trabalhista nas próximas eleições - que podem ser antecipadas para novembro ou outubro.

"Not flash, just Gordon". Esta é a mensagem. Um homem como qualquer outro dando o melhor de si pelo Reino Unido. Os marqueteiros do partido trabalhista estão de parabéns. E admito, Gordon também.

quinta-feira, setembro 20, 2007

The Police sublime em Viena

Foram somente cinco trabalhos entre 1978 e 1983, quatro deles atingindo o primeiro lugar no Reino Unido e todos atingindo platina nos Estados Unidos. Agora, 30 anos depois do nascimento da banda e mais de 20 após a última apresentação juntam-se novamente para uma série de shows que nos joga diretamente ao passado. Como disse Sting antes da primeira apresentação em 2007, "We are The Police and we're back!"

Em Viena eles apareceram como nas outras apresentações. Um palco sem luxo, sem grandes efeitos, simples, apenas com os três músicos da banda, seus instrumentos e uma lista infindável de sucessos antológicos. A força de Sting no palco continua a mesma, Andy Summers está melhor do que nunca na guitarra e Stewart Copeland, bem Copeland é um show na bateria e na percussão especialmente montada no fundo do palco - Wrapped Around Your Finger é seu ponto alto onde se divide entre tímpanos e xilofones.

O Police apresenta exatamente aquilo que se espera. É uma banda magnífica, formada por gênios da música que como ninguém souberam misturar ska, jazz, reggae e rock. Já se passaram trinta anos e agora eles estão mais maduros e ainda melhores, mantendo a irreverência e as brincadeiras no palco, como sempre - eles gostam muito do que fazem. Uma apresentação sublime. Inesquecível.

quarta-feira, setembro 19, 2007

O persuasivo Phelps em ação na Áustria

No final de agosto estive em Alpbach, aqui mesmo na Áustria, para o famoso Fórum Europeu que há 63 anos ocorre durante o final do verão na bela cidade situada nos alpes do Tirol.

Em meio ao calor que ainda pairava por lá, promovemos um encontro interessante durante um jantar. O Nobel de Economia, Edmund Phelps, Professor da Universidade de Columbia e Wilhelm Molterer, líder da ÖVP e vice-chanceler da Áustria. O registro foi feito e publico na foto desta postagem.

O jantar foi muito interessante, Phelps é muito bem humorado, e gerou um resultado prático mais interessante ainda.

Wilhelm Molterer neste domingo passou a defender a reforma do sistema de impostos, uma das bandeiras de Phelps, e foi além, defendendo o sistema de "Flat Tax" na Áustria - uma grata surpresa, já que diminui a carga tributária e taxa todos os cidadãos de forma igual, sendo muito mais justo. O modelo já é adotado em vários países do Leste Europeu, assim como na Rússia.

Phelps, além de ser um craque em economia, parece ser um sujeito muito persuasivo, e muito boa gente, isto eu posso garantir.

terça-feira, setembro 18, 2007

European Resource Bank Meeting em Bucareste, Romênia

Durante os últimos dias acompanhei o European Resource Bank Meeting em Bucareste, organizado pelo meu bom amigo Pierro Garello, Diretor do IES em Aix-en-Provence na França. A Romênia, terra de um povo cordial e bem-humorado, já é interessante por si mesma. Palco de uma verdadeira Revolução, como eles mesmos gostam de chamar, em 1989, que derrubou o comunismo.

Apesar de já ter escutado isso de amigos romenos que vivem aqui em Viena, pude ver claramente que aqueles que ainda vivem por lá tem orgulho de ter acabado com o regime de terror de Nicolae Ceauşescu. O Memorial do Renascimento, na foto ao lado, localizado no coração da bela e judiada Bucareste, mostra isso de forma clara.

Logo, não havia melhor lugar para receber os representates dos maiores Think Tanks europeus que defendem e trabalham pelo livre mercado. Estive representando o Instituto Hayek, de Viena.

O mais interessante é enxergar o esforço, dedicação e trabalho de muitos jovens em Think Tanks espalhados pelos antigos países comunistas. Havia, por exemplo, representantes da Estônia, que encontrou nas políticas de livre mercado o caminho para ser a nação mais desenvolvida e próspera do antigo Leste comunista. Mas também havia representantes de países que ainda lutam por diminuir o tamanho do Estado e sua interferência na economia, como Eslováquia, Bulgária, Polônia, Hungria, Lituânia, entre outros, além da própria Romênia, que nos recebeu muito bem.

Parece curioso, mas existem países que apesar de parecer prósperos, enfrentam uma luta brutal contra a interferência do Estado, que atua mediante pesados impostos, como a Noruega. Conversei longamente com o Deputado e Secretário Internacional do Partido Progressita (Fremskrittspartiet), Kristian Norhein, que mostrou diversos dados comprovando o peso do Estado norueguês.

Conversando com Yevgeny Volk, Diretor do escritório da Heritage Foundation em Moscou, tive a certeza que nossas análises neste Blog estão certas. Putin pode estar preparando alguma manobra séria para manter o poder.

É sempre bom conversar com pessoas que defendem a liberdade, especialmente com aqueles que mais prezam por ela, aqueles que já viveram os horrores de regimes de esquerda. Nada como viver o sob o regime socialista para passar desprezá-lo.

domingo, setembro 16, 2007

Alonso, o algoz do time de Woking

Alonso mais uma vez foi desleal, desta vez dentro da pista. O "empurrão" dado em Hamilton no começo da corrida deste domingo em Spa, na Bélgica, evidencia o caráter, ou a falta dele, do espanhol das Astúrias.

Mas como pergunta o jornal britânico The Times, o que você, caro leitor, faria se um empregado seu ameaçasse sua empresa com uma chantagem e gerasse uma multa de US$ 100 milhões? Bem, este é Alonso, que chantageou a equipe em Hungaroring, onde pessoalmente acompanhei a brilhante e perfeita vitória de Hamilton e o desencadear da crise. Em Budapeste, depois de prejudicar Hamilton nos treinos, o espanhol disse que contaria sobre os emails trocados com Pedro de la Rosa caso Ron Dennis não oferecesse preferência para o asturiano na equipe. Isto tem nome, se chama chantagem, Sr. Fernando Alonso. O curioso é que o próprio espanhol não foi punido exatamente por delatar a trama que o beneficiava diretamente e estava diretamente envolvido - o vazamento dos dados da Ferrari.

A Mclaren deu a Alonso o carro mais competitivo e rápido da temporada. Ele é o único dos quatro primeiros colocados no campeonato a somar pontos em todas as corridas - seu carro não quebrou sequer uma vez. Massa, por exemplo, teve um acerto sofrível em Hungaroring, que dava pena de ver, e em Monza recolheu seu carro aos boxes no começo da corrida. Alonso ainda recebe uma pequena fortuna para dirigir o carro de uma equipe legendária, pilotada por gênios como Alain Prost e Ayrton Senna. E o que a Mclaren ganhou em troca? Um comportamento infantil e temperamental de um menino que não sabe correr em desvantagem. Massa ou Räikkönen fariam o trabalho de Alonso muito melhor se estivessem dirigindo um Mclaren neste ano.

Alonso tem o patrocínio do banco espanhol Santander e isto, ao que tudo indica, segura sua posição na equipe esta temporada. Ano que vem, entretanto, a Mclaren quer vê-lo pelas costas, com razão. Já são cogitados os nomes de Nico Rosberg ou Jesson Button para seu lugar. Onde correria Alonso no ano que vem, já que se especula que ele tenha um pré-contrato com a Ferrari para 2009? A Renault seria uma opção e aí Nelsinho Piquet deve tomar cuidado, se realmente for confirmado como piloto - ser companheiro de equipe de alguém manhoso e sem caráter é difícil.

Resta saber se, depois de tudo que mostrou fora da pista, os italianos ainda vão querer o temperamental e difícil Alonso na escuderia em 2009. Se fosse Jean Todt, não correria esse risco.

E se uma vaga abrir na Mclaren, ao lado de Hamilton, porque não pensar em Massa? Um grande patrocinador brasileiro poderia ajudar, quem sabe um banco, como faz o Santander com Alonso? Afinal de contas, dinheiro é o que não falta aos bancos brasileros. Massa mereceria essa oportunidade.

sábado, setembro 15, 2007

Alemanha se opõe a imigração qualificada na Europa

Mais uma bola fora da Alemanha.

O vice-presidente da Comissão Européia, Franco Frattini, de forma inteligente apresentou em Lisboa uma proposta para aumentar imigração de mão-de-obra qualificada. A política é correta. As barreiras a imigração de pessoas qualificadas apenas serve de desestímulo aos bons imigrantes, que buscam outros países para se estabelecer, como Austrália e Canadá.

Atualmente a Europa apenas atrai imigrantes de baixa qualificação, e alguns aproveitadores, especialmente em razão de suas políticas assistencialistas e anistia para os ilegais que conseguem se manter por aqui por algum tempo.

A baixa taxa de natalidade em praticamente todos países europeus aliada a imigração ilegal de baixa qualificação em massa (e com altas taxas de natalidade) está, aos poucos, mudando a face da Europa. Expressões como Eurábia já são corriqueiras, especialmente devida a forte imigração muçulmana. Oriente Médio e África são os maiores exportadores de imigração ilegal para o Velho Mundo.

A saída mais sensata é tentar atrair imigração qualificada, adaptável a cultura européia e capaz de girar a economia de forma mais eficaz. Entretanto, a proposta encontrou uma forte barreira na Alemanha, em especial no partido democrata-cristão da Bavária, CSU, parceiro importante da coalizão da chanceler Angela Merkel. O ministro da Economia, Michael Glos (CSU), e seu correligionário, o ministro do Interior da Bavária, Günther Beckstein (CSU), são frontalmente contrários a adoção de novas regras. Segundo eles a Europa deve trabalhar para evitar a fuga de cérebros para os Estados Unidos, ao invés de repor tais perdas " com pessoas da África". Os ministros da CSU precisam estudar mais. A África é uma enorme fonte de imigração de baixa qualificação. Falta base aos fracos e eleitoreiros argumentos desses políticos despreparados.

A esquerda, representada pelo SPD disse que é preciso proteger o mercado de trabalho para os alemães. Um argumento desses só pode ser brincadeira...

A única voz sensata veio do diretor do Instituto de Investigação Econômica de Hamburgo, Thomas Straubhaar, afirmando que existe um déficit de profissionais qualificados que deve ser preenchido por imigração de alto nível.

A visão dos políticos alemães é torta, para não ir além, afinal de contas, sabemos que existem "partes do mundo", em especial na Europa, pouco receptivas a estrangeiros. Entretanto, a manutenção das regras atuais será responsável no futuro pelo pior pesadelo dos Europeus - a transformação da cultura de seu continente. A política atual, que incentiva a imigração de baixa qualidade ilegal e dificulta a entrada de legais qualificados, mudará a face da Europa. Desta forma, a Alemanha poderá acordar um dia nas mãos de um Chanceler muçulmano de origem turca. E apesar de politicamente corretos, acreditem, os alemães e vizinhos "próximos" não gostariam nada nada disso.

Enquanto isso, a Europa se transforma na Eurábia.

E uma dica para po políticos da CSU e SPD, leiam Giovanni Sartori e Jean François Revel - ajuda necessária para retirá-los do estado de ignorância plena.

sexta-feira, setembro 14, 2007

"Nyet faktov, tolko versii"

Mais um amigo de São Petesburgo. Putin, e os russos em geral, tendem a cercar-se de amigos de sua cidade natal e no caso do Presidente ajuda se for um membro do serviço de inteligência. O novo Primeiro-Ministro de funções vazias é, vejam só, de São Petesburgo (mas nada indica seja da FSB), um burocrata de 65 anos, diretor do serviço federal de monitoramento financeiro chamado Viktor Zubkov. O novo PM já foi confirmado pelo Congresso.

Isto acontece três meses antes das eleições para Duma e seis antes das eleições presidenciais. Quando todos acreditavam que Putin poderia sinalizar o nome de seu sucessor, nomeando Sergei Ivanov ou Dmitry Medvedev, o Presidente nomeia um burocrata sem peso político que teve destacada atuação no período obscuro do comunismo soviético.

O que deseja Putin é uma incógnita, mas podemos imaginar. Pode ser a preparação de uma transição tranqüila, mas também é possível que seja uma demonstração de força frente aos "siloviki", mas isto é menos provável. Vejamos os fatos, Putin está passando uns dias no Mar Negro e seus colegas próximos, tidos como fortes candidatos, Ivanov e Madvenev, parecem mais do que tranqüilos em Moscou.

Com aprovação de 80% e um partido que deve eleger 300 deputados, de um total de 450, para Duma em dezembro, Putin parece tranqüilo e algo no ar sugere que manobra uma forma de reter poder mesmo fora da Presidência. Os primeiros passos já foram dados, mas como sugere o título desta postagem, "Não existem fatos, apenas teorias..".

quinta-feira, setembro 13, 2007

Dama de Ferro é recebida em Downing Street por Gordon Brown

Lá estava ela uma vez mais, imponente frente ao número 10 de Downing Street. A baronesa Thatcher sempre exerceu fascínio naqueles que admiram a liberdade econômica e seus benefícios para a democracia. Comigo não foi diferente, sempre fui seu fã.

Desta vez ela foi recebida para um chá pelo atual PM Gordon Brown e sua esposa Sarah. A foto mandou recados para a Câmara dos Comuns.

Brown, que no passado foi um ferrenho crítico de lady Thatcher, disse recentemente que admirava a convicção política da Dama de Ferro, similar a sua. Segudo ele, Thatcher entendeu que o Reino Unido precisava de mudanças. Ganhou pontos na arena política.

A aproximação entre Brown e Thatcher ocorre na mesma semana que o líder atual dos Tories, cargo já ocupado no passado por ela, David Cameron, lançou um paper, por meio de seu grupo de estudos de políticas ambientais, chamado "Quality of Life". A visita de Lady Thatcher a Brown ofusca a iniciativa de Cameron.

Ocorre que o atual líder dos Tories não é da ala mais conservadora e liberal econômica do partido, como Thatcher. Muitos estão insatisfeitos com seu excesso de intervencionismo e alguns argumentos a favor de maiores impostos e regulações - tudo contra o que Thatcher mais lutou em seus anos de Downing Street. Além de tudo, pessoalmente acredito que a excessiva lorota ambientalista de Cameron já passou do razoável.

A visita de Thatcher serviu para Brown, reforçando sua imagem de líder - se saindo melhor do que pessoalmente esperava, além de ser um frontal aviso para Cameron. A Dama de Ferro sempre foi muito seletiva em seus apoios e visitas. Ela mandou um recado, em nome de uma parcela importante do partido. Cameron deve abrir o olho, reencontrar-se e voltar a ser um verdadeiro líder conservador na oposição, dentro da real agenda dos Tories.

Tudo indica que Cameron deseja, mas não refundará o partido. Talvez sua capacidade política esteja muito aquém daquela apresentada por Tony Blair frente ao partido Trabalhaista na década de 90.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Viktor Yushchenko acusa o Kremlin

Nunca escondi que possuo uma simpatia especial pela Ucrânia, assim como por vários países do Leste Europeu que conseguiram se livrar dos horrores do comunismo. Hoje, por exemplo, aqui em Bucareste, na Romênia, encontrei um monumento aos mártires que lutaram pelo fim do comunismo, na Revolução de 1989, que comentarei em uma postagem ainda esta semana.

A Rússia, entretanto, não aceita a independência de suas antigas repúblicas e países satélites que viviam sob sua influência durante os sombrios anos de socialismo. A Estônia já sofreu com ataques virtuais aos seus sistemas de computadores e a Ucrânia, bem a Ucrânia mais uma vez vive uma tensão com o Kremlin.

Na política ucraniana não existem santos, mas o presidente Viktor Yushchenko está muito mais próximo dos valores democráticos e ocidentais que seu rival político, o primeiro-ministro Viktor Yanukovych.

Yushchenko foi seqüestrado e sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento durante a campanha presidecial em 2004. O Kremlin, que apoiava abertamente Yanukovych, é o principal suspeito. Vale lembrar o antigo espião da FSB russa, Alexander Litvinenko, também foi envenenado, o que estremeceu as relações entre Rússia e Reino Unido, já que o crime ocorreu em Londres.

Muito se investiga sobre o que realmente ocorreu com Yushchenko e seria muito fácil encontrar a origem da fabricação do veneno que desfigurou o rosto do Presidente com as devidas informações, já que apenas três laboratórios o produzem no mundo. Dois deles já enviaram amostras. A Rússia dificulta as investigações e Putin não tem demonstrado vontade de ajudar.

Apesar de tudo vale lembrar das palavras do presidente Yushchenko: "A investigação sabe quem, quando, onde e qual substância foi usada". Chegar ao Kremlin pode ser uma questão de tempo.

terça-feira, setembro 11, 2007

Sarkozy e Merkel. A foto que fala por si

Esta é uma foto carregada de simbolismos. Ontem pela terceira vez Merkel e Sarkozy encontraram-se na qualidade de chefes, ela de governo, ele um híbrido, de Estado e governo, como sugere o modelo parlamentar francês.

O encontro foi no Palácio de Meseberg, nos arredores de Berlim e os temas foram os mais variados, mas a o que realmente marcou foi a sintonia entre os dois países fundadores da União Européia, França e Alemanha.

Ambos falaram de maior transparência nos mercados financeiros, sobre a participação da Siemens na francesa Areva e na constituição de um conselho de sábios que definiria o futuro da União Européia.

Particularmente não confio nesses conselhos, geralmente não funcionam. Mas a sintonia entre Merkel e Sarkozy dá um novo tom e fôlego para a União, por isto esta foto é tão importante. Falta certamente, apesar da boa intenção de Gordon Brown, um parceiro britânico a altura da ilha e de sua importância. Por enquanto França e Alemanha ainda são as estruturas basilares da União Européia.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Espionagem industrial na Fórmula 1

Repercute por aqui a atitude de Fernando Alonso, mesmo depois de vencer a corrida de Monza neste domingo.

Alonso, que é um bom piloto (não é extraordinário), é também muito mimado e não esconde sua insatisfação com a McLaren e a relação próxima que a escuderia possui com seu companheiro Lewis Hamilton.

Mas o caso todo é sobre espionagem industrial na principal categoria do automobilismo. O projetista-chefe da McLaren, Mike Coughlan, foi encontrado com 780 páginas de informações técnicas da Ferrari em sua casa na Inglaterra. Estas informações teriam sido repassadas pelo engenheiro Nigel Stepney, já demitido da escuderia italiana. Coughlan foi suspenso da Mclaren em julho. No mesmo mês, uma primeira audiência da FIA decidiu não impor nenhuma sanção à equipe inglesa, já que não poderia ser provado que o time teria se beneficiado dos dados sigilosos que vazaram da Ferrari.

E aqui entra em cena Alonso e sua vingaça barata contra o seu próprio time. A FIA apertou o cerco para descobrir algo mais e o asturiano entregou à entidade emails trocados com o piloto de testes da equipe, Pedro de la Rosa, que provam, em tese, que a McLaren se beneficiou dos dados da Ferrari.

A FIA prometeu uma espécie de "delação premiada" aos pilotos que entregassem informações, ou seja, somente puniria os times, deixando os pilotos de fora. Como Alonso deseja deixar a McLaren, a punição à equipe inglesa seria a brecha no contrato entre escuderia e piloto para que o espanhol deixasse o time. Alonso, desta forma, puniria a equipe, deixaria a escuderia, manteria os pontos e escaparia de qualquer punição. Um quadro perfeito.

Hamilton, ao contrário de Alonso, calou-se, assim como todos os outros envolvidos. O espanhol foi o único que cedeu a pressão da FIA.

O interessante é que Alonso alega motivos morais para "entregar" a McLaren. Pergunto qual a moral de Alonso para denunciar a McLaren se ele mesmo se beneficou de informações sigilosas da Ferrari para vencer corridas? Não há dúvidas de sua hiprocrisia neste caso. Se a McLaren possui culpa, ele também é culpado, não há como separar uma coisa da outra. Falta na realidade espírito de equipe para Alonso, honradez, alma de vencedor, atitude de um real desportista. Não há atitude moral em suas ações, mas vingança e malandragem para se esquivar de um contrato que não deseja cumprir.

A decisão será dia 13, em Paris. A McLaren, do sério e competente Ron Dennis, pode ser suspensa por dois anos - o que é difícil de acreditar que possa acontecer. As consequências sérias como quebras milionárias de contratos com a Mercedes, Vodafone, mecânicos, engenheiros podem ocorrer. Confesso que gostaria mesmo era de ver o time inglês demitir o espanhol ainda durante esta temporada. Hamilton daria conta do recado sem as frescuras e manhas do asturiano.

Por essas e outras a popularidade de Alonso se restinge à Espanha, quando muito.

sexta-feira, setembro 07, 2007

Reino Unido intercepta oito bombardeiros Tupolev-95 Bear russos

Vladimir Putin continua aprontando das suas. Desta vez oito bombardeiros russos Tupolev-95 Bear foram interceptados pela RAF britânica no momento que entravam em formação e condições para penetrar no espaço aéreo do Reino Unido.

Os aviões Tupolev-95 Bear não são pequenos, como mostra a foto e são considerados bombardeiros nucleares. Os russos, que vinham sendo seguidos por quatro F-16 da Noruega, foram interceptados por outros 4 jatos Tornado F3 da RAF britânica, quando estavam a poucos instantes de cruzar o espaço aéreo do Reino Unido. Assim que os russos avistaram os britânicos, resolveram voltar. O Kremlin explicou o fato como sendo um "exercício de rotina". Tá bem. Cruzar o norte da Europa pelo Mar de Barents, assustar a Noruega e voar em formação em direção ao Reino Unido não é rotina.

Os vôos russos tem se tornado cada vez mais frequentes perto das fronteiras de outros países. Este é o estilo Putin de mostrar as garras e fazer graça. O problema é alguém um dia levá-lo a sério nessas brincadeiras.

Os russos gostam de aprontar essas coisas, mas é a primeira vez que a brincadeira foi realizada com oito pesados bombardeiros com capacidade nuclear.

Putin manda recados. Enquanto isso, assinava na Indonésia um contrato de 1 bilhão de dólares para venda de helicópteros, caças e submarinos, logicamente, com um financiamento camarada de Moscou. E o povo se diverte com essas coisas. A popularidade e Putin sobe e a eleição de um camarada "siloviki" nas próximas eleições presidenciais está praticamente garantida.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Polêmica na Suíça

Além de péssimos motoristas ou suíços são figuras curiosas. O cartaz que aparece na foto é do partido do povo suíço, que possui a maioria no Parlamento atualmente.

A polêmica está instalada porque o poster mostra a ovelha branca expulsando a preta de cima da bandeira do país. A questão toda é relativa a proposta de uma lei que retiraria a cidadania suíça e expulsaria a família de imigrantes condenados por crimes violentos e os relativos a drogas e fraude. Vale lembrar que a cidadania suíça é de obtenção muito difícil, mais restritiva inclusive que a austríaca, onde vivo e conheço com mais profundidade, que não confere nacionalidade pelo nascimento no território, o Jus Soli.

Se fala pela Suíça que os estrangeiros e imigrantes cometem mais crimes. Além disso, com maior desemprego, vivem em guetos, o que proporciona maior criminalidade. Mas seria equivocado enxergá-los somente como "vítimas". Existe muita história para ser contada.

Está certo que existe discriminação, entretanto, os imigrantes contribuem muito para isto. Fechados em guetos e bairros onde os "nacionais" não são bem vindos, aliados a forte imigração de baixo nível educacional (culpa de políticas equivocadas), resulta em uma parcela que não deseja se integrar nem fazer parte do novo país, mas deseja viver as custas e benesses do estado de bem estar social europeu.

Países como a Suíça já começam a apresentar os primeiros sinais de reação. São aspectos da Euroabia, já comentada anteriormente aqui, que começam a tomar forma mais definida. Problemas sérios e motivo de preocupação no Velho Mundo.

Em Tempo: a maioria dos suíços apóia o projeto em questão.

quarta-feira, setembro 05, 2007

O alvo, desta vez, era a Alemanha

Como se não fosse o bastante a detenção da célula terrorista da Al Quaeda em Copenhague ontem, hoje a vez foi da Alemanha.

Hoje os detidos foram três e vejam só, dois deles com passaporte alemão. O mesmo problema que havia comentado na postagem de ontem. A facilidade com que os terroristas conseguem os passaportes europeus ou com que nacionais europeus, na maioria de origem islâmica, são recrutados por grupos terroristas é o fato mais preocupante. Um dos alemães era de Neu-Ulm, sudoeste do País. Ali, nesta região, encontram-se muitas mesquitas de tendência radical onde são recrutados futuros terroristas.

O ataque estava nas fases finais de preparação e teria dois alvos, pelo que se sabe. Um deles, o aeroporto de Frankfurt e o outro a base americana de Ramstein, a maior da Europa. A operação ainda prendeu 700 kilos de explosivos.

A conexão dos detidos de hoje parecem ser também com a Al Quaeda, provavelmente daqueles que estão escondidos no Paquistão. Esta notícia, se confirmada, leva a mesma preocupação da situação ocorrida na Dinamarca - uma conexão direta das células com a Al Quaeda.

terça-feira, setembro 04, 2007

Al Quaeda preparava atentado na Dinamarca

É a terceira vez nos últimos dois anos que a Dinamarca frustra um atentado.

Onze zonas de Copenhague foram vasculhadas pelo serviço de inteligência dinamarquês (PET) na noite passada. Foi dada atenção especial para os bairros de Ishoej e Nordvest, de grande concentração de imigrantes islâmicos. Foram detidos nacionais da Turquia, Afeganistão, Paquistão e Somália. Preparavam um atentado terrorista.

Os detidos estavam sendo acompanhados há meses pelo PET. Mas vejam só que curioso. Todos estavam legalmente no país, além de seis possuírem a nacionalidade dinamarquesa. Lembro que a Dinamarca é um dos países europeus com leis mais restritas em relação a imigração e concessão de nacionalidade.

Ainda foi divulgado que os presos teriam conexões com altos membros da Al Quaeda, ou seja, seriam um braço da organização terrorista. Esta informação é curiosa, uma vez que a Al Quaeda, como organização patrocinadora de atentados, está seriamente afetada. Atentados geralmente são conduzidos por células independentes que não guardam relação direta com a Al Queada, ou seja, são simpatizantes que apenas usam seus métodos. Portanto, se a célula da Dinamarca for realmente um braço oficial operativo da Al Quaeda, será uma triste surpresa.

Vale lembrar que ocorreram exatamente na Dinamarca as publicações das charges envolvendo figuras islâmicas em 2005. A presença de cidadãos dinamarqueses, assim como os britânicos envolvidos nos atentados de Londres, é o que mais preocupa. A "Euroabia" já emite seus primeiros sinais.

segunda-feira, setembro 03, 2007

PS francês completamente perdido

As férias terminaram oficialmente na Europa. Em setembro, tudo volta a funcionar por aqui, menos o PS francês. O encontro de verão do Partido Socialista em La Rochelle terminou e o diagnóstico do primeiro-secretário (e ex marido da bela Ségolène) François Hollande é definitivo: "Não encontramos uma maneira de respeonder ao discurso emocional de Sarkozy". Chega a ser cômico.

O PS está em profunda crise, assim como a liderança de Hollande. Ele é questionado pela bela Ségolène, além de uma ala jovem do partido, que clama por renovação. Muitos desejam até trocar o nome do partido, algo rejeitado por Hollande, que pretende se candidatar a Presidente em 2012. Se continuar assim, perde. Feio.

O PS precisa de uma refundação, de unidade, ou seja, deixar de lado os projetos pessoais e se fortalecer como partido. Mas parece difícil, somente na ala mais jovem do partido, ou seja, pessoas com cerca de 40 anos, já existem três candidatos, Manuel Valls, Vincent Peillon e Arnaud Montebourg, além da musa socialista, ex-mulher de Hollande.

O PS vai de mal a pior. Não sabe fazer oposição e seus grandes líderes preferiram trabalhar com Sarkozy. O período em La Rochelle serviu apenas para mostrar um partido fraco e fragmentado, sem forças para lutar. Vejam a expressão de "bobão" Hollande..realmente não dá para acreditar como a bela Ségolène passou tantos anos ao lado desse sujeito.