terça-feira, março 30, 2010

Bunker Tucano

A sucessão paulista tem tudo para tornar-se um passeio para os tucanos. A pesquisa Datafolha deixou isto muito claro com os números apresentados na última sondagem.

Alckmin dispara na frente, com 53%, no cenário em que o principal adversário é Aloísio Mercadante, que aparece com 13%. No embate com Suplicy, Alckmin obtém 50%, contra 19% do petista. Nem o projeto, já sepultado, de lançar Ciro mudou o quadro, pois o deputado oscila entre 9% e 11%.

São Paulo é hoje o grande bunker dos tucanos, um estado tradicionalmente governado pelo PSDB, que cravou sua bandeira no Palácio dos Bandeirantes com Montoro em 1982 (ainda no PMDB) e que venceu todas as eleições para o governo desde 1994, com Mário Covas.

A oposição na disputa estadual virá do PT, que preferiu deixar Suplicy de fora em favor de Mercadante. Este, por sua vez, abandonará a corrida pelo Senado e irá para o sacrifício, segundo alguns, na certeza que terá apoio dos seus companheiros para disputar a prefeitura paulistana em 2012. Mas para isso, ele deve torcer muito para que Marta vença a disputa para sua cadeira atual no Senado.

segunda-feira, março 29, 2010

Serra amplia vantagem

A pesquisa Datafolha traz um cenário que evidencia alguns fatos importantes que merecem diagnóstico.

A primeira delas foi a primeira queda de Dilma. Ela, que havia alcançado, nos ombros de Lula, 28%, pela primeira vez não subiu em uma pesquisa e, ao contrário do que era esperado pelos petistas, caiu um ponto, estacionada neste período no patamar de 27%. O Datafolha foi decepcionante para o petismo, que projetava e já insinuava os números de Dilma pouco acima de Serra neste período.

Serra, ao contrário, viu seus números oscilarem para cima. Ele, que apresentava no último Datafolha 32% e no Ibope 35%, chegou a 36%. Neste cenário, com Ciro Gomes, há um ano, Serra obteve 35%. Como já escrevi aqui, uma estabilidade impressionante, especialmente para quem não havia assumido a candidatura e tinha sua principal oponente em plena campanha sob a batuta de Lula.

Nos números sem Ciro, com a subida de Serra e o desgaste de Dilma, o momento mostra que a eleição poderia ser definida no primeiro turno em favor de Serra. Enquanto ele chaga a 40%, Dilma alcança 30% e Marina 10%. Lembro mais uma vez que a presença de Ciro, neste momento, garante o segundo turno para os petistas.

Por certo Dilma deve ainda subir, pois não atingiu o patamar de 30%-33% que se espera de um candidato petista com base mobilizada. Entretanto, Serra surpreendeu com uma reação não esperada neste momento. Deve ainda subir mais alguns pontos com o anúncio formal de sua candidatura e a ocupação de espaços na mídia.

Caberá aos petistas criar fatos políticos que diminuam o impacto do anúncio de Serra sob pena de ver a distância entre os dois aumentar ainda mais, já que Dilma entrará em uma zona cinza entre a saída da Casa Civil e o começo formal da campanha.

sexta-feira, março 26, 2010

Ciro sem saída

Ciro Gomes parece sem saída. Durante entrevista esta semana atirou para todos os lados e garantiu que é candidato a Presidente, não a Vice, quando questionado sobre a possibilidade de dividir a chapa com Dilma.

O que Ciro já sabe é que uma grande "operação abafa" de sua candidatura já está em curso e tem suas principais ações planejadas no próprio Palácio do Planalto. Na verdade, sua candidatura já estaria sepultada, sob a orientação e benção de Lula.

Diante da situação criada em São Paulo, nem o PT deseja mais sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes. Mercadante já admitiu que vai para o sacrifício. Resta a Ciro, que disse não ter vontade de voltar ao Parlamento, procurar uma saída honrosa.

Ele acreditou que poderia ser o candidato de Lula. Na realidade, nunca seria. Seguindo orientação do Presidente, ele transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo. A estratégia de lançá-lo ao governo para servir ao petismo e enfraquecer o PSDB deu errado. O que os barões do petismo esquecem é que a candidatura de Ciro talvez fosse a melhor garantia que haverá um segundo turno.

quinta-feira, março 25, 2010

Chávez endurece regime

A Venezuela, a cada dia que passa, se parece mais com uma ditadura. Os pequenos espaços onde ainda seria possível fazer oposição a Hugo Chávez vão, pouco a pouco, desaparecendo. Esta quinta-feira foi mais uma prova do endurecimento do regime de cerceamento de liberdades.

A vítima, uma vez mais e como é recorrente em todos os tiranetes de plantão ao redor do mundo, foi a imprensa. O presidente do canal de TV opositor "Globovisión", Guillermo Zuloaga, foi detido hoje por simplesmente ter criticado Hugo Chávez. Após sua detenção, a campanha de desinformação já estava ativa, dando conta de que Zuloaga teria incorrido em "vários delitos por ofensa" e por "divulgação de informação falsa". Acusações típicas de regimes autoritários.

Inúmeras organizações e entidades internacionais, além de governos estrangeiros mostraram preocupação com o endurecimento do regime e encarceramento de jornalistas, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a SIP, a Associação Internacional de Radiodifusão (AIR ), a Human Rights Watch (HRW) e o Governo do Canadá.

Depois de intimidado, Zuloaga foi liberado no final do dia, mas não pode mais deixar a Venezuela. Outra recente vítima do governo autoritário foi o ex-governador do Estado de Zulia, Álvarez Paz, preso depois de acusar o governo de colaborar com o narcotráfico em um programa do canal Globovisión de Zuloaga.

Como todo governo autoritário, Chávez fecha o cerco cada vez mais contra qualquer um que ouse criticar seus atos. Lamentável.

quarta-feira, março 24, 2010

Pressão em Berlim

As pressões dos sócios europeus para encontrar uma saída para Grécia se intensificaram com o passar da semana. A resistência vem de Berlim. A Alemanha segue firme em sua posição de não ceder aos apelos dos países da zona do Euro.

Existe uma chance de Merkel ceder, mas para isto acontecer, o FMI teria que estar disposto a dividir a conta com os sócios europeus.

Enquanto nada fica decidido, o Euro voltou a perder valor, tanto pela situação grega, quanto pela notícia da desvalorização da dívida portuguesa. É preciso achar uma saída que estabilize a situação de forma rápida e a presença de governos socialistas gastadores nos países foco da crise, não ajudam em nada a situação.

Os principais nomes da UE procuraram a Alemanha com o objetivo de tentar uma saída completamente européia para a crise, mas os esforços parecem em vão. Tudo indica que Berlim só dividirá a fatura se a solução extrapolar as fronteiras da Europa.

Os sócios europeus precisam ajudar a Alemanha a se posicionar favoravelmente. Bancar a fatura de ajuda à Grécia neste momento pode balançar a coalizão que mantém Merkel no governo.

Apesar das pressões de Bruxelas, Berlim não tende a ceder. É provável que a conta tenha que ser dividida com o FMI e seu maior acionista, os Estados Unidos. Assim salva-se o Euro e o governo de Merkel.

É preciso perguntar, entretanto, até quando a Alemanha terá que pagar pela irresponsabilidade fiscal de seus sócios menos confiáveis? Fica uma certeza, de Berlim depende o Euro. E agora, talvez de Washington também.

terça-feira, março 23, 2010

Trabalho para Obama

O aspecto geral é de felicidade na Casa Branca, afinal de contas, Obama conseguiu a aprovação da reforma do sistema de saúde, mesmo que não tenho sido a versão que ele imaginava, nem com os votos que esperava, especialmente depois de ceder em alguns pontos.

Mas batalha realmente está por começar. Os republicanos, por certo, já avisaram que pretendem desmontar a reforma (e os atos custos que representa) se retomarem o controle do Congresso ainda este ano. Entretanto, os problemas são maiores.

Minutos após a sanção da lei, 13 estados, Alabama, Colorado, Flórida, Idaho, Louisiana, Michigan, Nebraska, Pensilvânia, Carolina do Sul, Dakota do Sul, Texas, Utah e Washington deram entrada em uma ação contra a reforma. O estado da Virgínia move mais uma ação em separado.

A opinião geral é de cautela. Obama não é um Presidente popular e as pesquisas feitas logo após a aprovação da reforma mostram que sua vitória em nada mudou sua impopularidade. 60,8% dos americanos acham que o país segue o caminho errado. A aprovação do governo Obama permanece no fraco patamar de 47,5%.

A Casa Branca acaba de lançar uma ofensiva publicitária para explicar a reforma aos americanos que, até o momento, sentem cheiro de "promessas rompidas, custos mais altos, empregos perdidos e menos liberdades", como pontuou John Boehner, líder republicano.

Para Obama, vencer no Congresso foi apenas o começo. Agora virá a parte difícil, ou seja, provar que seu plano funciona, mesmo que avance no bolso dos americanos.

segunda-feira, março 22, 2010

Sarkozy em alerta

Se no primeiro turno, o fato político foi a votação recebida pela Frente Nacional de Le Pen, no segundo turno, o protagonismo das eleições francesas passou para os socialistas.

O PS venceu de forma indiscutível por toda a França. Foram 54,3% dos votos e vitórias em 21 das 22 regiões em disputa no território europeu. A UMP ficou com 36,1% e venceu apenas na Alsácia e nas duas regiões não européias, a ilha Reunion e a Guiana Francesa.

Em 2004, na esteira da construção da vitória de Sarkozy em 2007, a UMP tinha obtido 50% contra 37% dos socialistas. Houve uma clara inversão das tendências de voto.

Sarkozy movimenta-se agora de olho nas eleições presidenciais de 2012 e deve mover suas políticas no sentido de consolidar seu nome para reeleição. Não existirão mais testes eleitorais até as eleições nacionais para o Elysée.

Sarkozy terá trabalho dobrado. Movido pelo combustível eleitoral socialistas, greves já são preparadas para os próximos dias e Dominique de Villepin deve anunciar o lançamento de um novo partido para dividir os votos da UMP e enfraquecer o Presidente francês.

sexta-feira, março 19, 2010

Serra Candidato

Pela primeira vez Serra admitiu sua candidatura. Não é surpresa, afinal de contas, sua posição nas pesquisas, especialmente se compararmos com as chances de outros postulantes do PSDB, evidencia que ele é o mais forte para tentar recuperar o Planalto para os tucanos.

O anúncio da pré-candidatura não é oficial. Foi apenas em uma entrevista, mas teve o resultado de trazer o nome de José Serra para o debate. Seria melhor que Serra tivesse anunciado suas intenções de outra forma, de uma maneira mais impactante e que tomasse as manchetes dos jornais por alguns dias. Preferiu fazer diferente.

A divulgação oficial do nome de Serra como pré-candidato para a convenção tucana ainda está por vir, agora dentro de um quadro eleitoral consolidado. Entretanto, pesquisas feitas entre o anúncio informal e a divulgação oficial não mostrarão um retrato fiel.

Serra deve ocupar-se de escolher o vice. Algum muito importante para sua candidatura. Não deveria ceder a qualquer pressão de ter ao seu lado um nome do Nordeste. Tal atitude pode abater sua candidatura. O Nordeste é terreno perdido dentro da lógica do bolsa-família. Ele precisa de um vice que lhe traga votos de onde precisa: Minas. Aécio, se não aceitar o posto, deve ser ungido a condição de escolher um nome, mineiro, para acompanhar Serra. O jogo começou.

quinta-feira, março 18, 2010

Oposição reage

Quem pensava que não restava forças a oposição, especialmente depois da divulgação da pesquisa Ibope com índices recordes de aprovação de Lula, surpreendeu-se com os movimentos no Senado.

Descontentes com os rumos da política externa brasileira, o senador tucano Eduardo Azeredo, de Minas Gerais, resolveu suspender a indicação de novos embaixadores até que Celso Amorim venha até o Senado explicar a política exterior do governo Lula.

O Brasil tem sofrido várias críticas no exterior, especialmente depois de Lula ignorar os pedidos de interferência dos presos em greve de fome em Havana e, em ato contínuo, comparar os presos políticos da ditadura cubana a presos condenados por crimes comuns em São Paulo. Realmente não pegou bem, até jornais europeus identificados com a esquerda foram contundentes em reprovar as atitudes de Lula. Os deslizes diplomáticos em Israel só contribuíram para o tom se elevar.

Se Lula almeja uma carreira internacional, como é especulado nos bastidores, depois que deixar o Planalto, é preciso moderar seu discurso e assumir um tom condizente com um representante diplomático.

O fato é que a oposição reagiu na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Até o Presidente Collor, membro da base governista, defendeu a devolução das indicações ao Itamaraty, mas por defeito formal, uma vez que faltava a assinatura do Ministro Celso Amorim nas indicações.

quarta-feira, março 17, 2010

Serra na frente, aponta Ibope

Parece incrível, mas discordo da maioria das análises políticas sobre a situação de Serra na corrida presidencial.

O Governador de S. Paulo manteve-se estável na pesquisa Ibope. Comentei neste espaço, que no cenário com Ciro Gomes, há um ano, Serra cravava 35%. Hoje, alcança os mesmos 35% no Ibope (no Datafolha 32%). O fato é que com Ciro na disputa, Serra não oscilou, sem campanha, durante um ano.

No cenário sem Ciro, Serra alcançou 38% (no Datafolha, os mesmos 38%). Há um ano, neste cenário, o Governador paulista alcançou 47%.

De um lado Dilma cresceu, mas não chegou, como era esperado dentro do PT. Serra, de outro, mesmo sem campanha alguma, mostra uma incrível estabilidade dentro dos 35-38 pontos.

Se as notícias são boas para Dilma, que chegou nos 30%, as notícias são boas também para Serra. Sem envolvimento e campanha, mantém uma base forte de saída, o que com a campanha na rua, deve ainda ver crescer seus números.

Talvez a preservação a que Serra se submeteu, ao contrário da opinião geral, seja o ponto estratégico mais importante de sua pré-campanha. Sua exposição prematura o tornaria alvo preferencial de Dilma, no contraponto. Ao seu eleitorado, que vemos ser fiel, mandou a mensagem que importa. Resta conquistar o segundo terço do eleitorado. Mas isto é tarefa de campanha.

terça-feira, março 16, 2010

A Estratégia de Cameron

O Partido Conservador britânico tem se preparado muito para as próximas eleições e o resultado das pesquisas tem deixado bem clara esta percepção. O Guardian trouxe os números mais recentes no final de semana onde os Tories aparecem com uma liderança de 9 pontos, chegando a 40%, enquanto o Labour crava 31%.

Mas a liderança consolidada dos Conservadores vem sendo construída há algum tempo, com mais precisão desde 2005, quando David Cameron assumiu a liderança do partido. Uma renovação foi colocada em curso, bem como uma estratégia de médio prazo que fortaleceria o partido para vencer as eleições.

O resultado está aí, mas o trabalho político realizado até agora tem sido incansável e por isso a provável vitória de Cameron pode ser significativa, traduzida em uma maioria confortável no Parlamento.

Cameron mirou em locais, que apesar de terem seguido Tony Blair nos últimos pleitos, sempre carregou uma tradição de voto nos Conservadores. Estratégia acertada, mostram as pesquisas. Ele também dirigiu o foco para regiões em que os Tories perderam por uma pequena margem na última eleição e segundo as pesquisas, ali também os Conservadores devem inverter a tendência ao Labour.

Por fim, os votos dos Liberal Democrats, que devem privilegiar o voto útil nos Tories em locais onde a divisão Conseravadores/Liberais acaba por eleger Trabalhistas.

A soma de todos esses movimentos pode, estrategicamente, ampliar a vitória dos Tories em nível nacional e consolidar uma importante maioria parlamentar para governar.

segunda-feira, março 15, 2010

O Renascimento de Le Pen

Para a imprensa, pode ter sido tão somente uma derrota de Sarkozy, entretanto, as eleições francesas deste final de semana mostraram algo que vai um pouco além.

Se a UMP perdeu eleitores, a Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen ganhou votos. A FN alcançou 11,7% dos votos, mostrando um crescimento brutal, considerando-se as eleições européias de 2009, quando apenas 6,3% dos votos foram conquistados por seu partido.

O renascimento de Le Pen foi tanto no norte quanto no sul. Nas regiões de Provence, Alpes e Côte d'Azur, superou os 20% dos votos e no norte, na região de Nord Pas de Calais, as listas lideradas pela sua filha e herdeira política, Marine Lê Pen, chegaram a 18%.

Foram resultados muito expressivos e de longe o fato político mais importante das eleições deste final de semana. Nada de Sarkozy ou da esquerda francesa, ambos precisam ainda consolidar os resultados. Le Pen renasce das cinzas, herdando votos que foram perdidos pela UMP.

sexta-feira, março 12, 2010

DEM em busca de rumo

O antigo PFL, rebatizado de DEM, busca incansavelmente seu rumo no cenário político nacional. Nascido de uma dissidência do PDS durante a transição para a Nova República, o partido entra em uma fase decisiva nas eleições de 2010.

Nascido na situação, o antigo PFL tornou-se refém de sua presença habitual nas esferas de poder. A sigla, situada na oposição desde o início governo Lula, mostra-se carente de estratégia política para apresentar-se como um contraponto consistente ao governo. Não sabe fazer a oposição combativa do PT, tampouco uma construtiva, que sendo uma idéia de vanguarda, renovaria o partido e poderia oxigenar a política nacional.

Soma-se a isso a falta de renovação política no partido. Guiado historicamente por líderes fortes, não souber criar uma base consistente de renovação partidária (algo muito bem articulado em agremiações como o PT), buscando, em muitas oportunidades, herdeiros políticos nas famílias dos próprios líderes do partido. Carente de uma base consistente e da presença no governo, enxerga seu número de votos e densidade política diminuir a cada eleição.

Na sua tentativa de renovação, esbarrou na oportunidade perdida com Arruda, e pela demora na tomada de posição, saiu chamuscado. Apesar disso, o DEM ainda possui nomes consistentes e sérios que podem levar a reconstrução do partido.

O DEM precisa reinventar-se dentro de suas próprias idéias, criar base partidária identificada com suas bandeiras com vistas a gerar renovação de seus quadros, algo similar a operação realizada no PP espanhol por José María Aznar.

Renovado, o partido precisa mostrar-se como uma alternativa viável de poder, com projetos, líderes, quadros qualificados, administrações modernas, identificadas exatamente com as bandeiras defendidas pelo partido.

Do contrário verá o PT avançar pelos seus antigos redutos eleitorais via Bolsa-Família, sem conseguir reposicionar-se como alternativa viável nos grandes centros. Aquele, que já foi o partido mais forte e influente do Brasil, se não agir rápido, poderá estar condenado a um papel de menor importância, mero coadjuvante da política nacional, sem quaisquer condições de levar ao poder a implementação de sua agenda para o Brasil. 2010 será um duro teste para os Democratas.

quinta-feira, março 11, 2010

PMDB mantém Ministérios

O PMDB não vacilou. Ao menor ruído de que poderia perder influência no destino orçamentário da Esplanada dos Ministérios, rapidamente se reuniu com Lula. O Presidente, provavelmente movido pelos bons argumentos peemedebistas, decidiu: o partido, principal parceiro e fiador do governo Lula no Congresso, permanecerá com o controle dos ministérios que comanda após abril, quando os titulares deixam as pastas para a disputa das eleições.

Esta é uma sinalização importante, uma vez que o PMDB comanda ministérios estratégicos, dotados de orçamentos invejáveis na Esplanada, especialmente em período eleitoral.

Os fiadores do acordo foram José Sarney, Michel Temer e Romero Jucá, juntamente com Lula, durante um almoço na data de hoje. Caberá aos caciques do partido a indicação dos nomes que passarão ao comando de seus ministérios em abril. Lula terá poder veto, mas dificilmente irá exercê-lo, uma vez que enxerga no PMDB um aliado estratégico nas eleições presidenciais.

Resta saber quem serão os escolhidos para comandar os seguintes ministérios a partir de abril: Minas e Energia, Comunicações, Agricultura, Saúde e Integração Nacional. O PMDB já coloca na conta também o Banco Central. Se normalmente são pastas importantes, em ano de eleições, o controle da máquina destes ministérios se torna fundamental. O PMDB não brinca em serviço.

quarta-feira, março 10, 2010

Meirelles na berlinda

A imagem que está aí do lado parece cada vez mais distante, mesmo que tenha torcida graúda. Um dos potenciais nomes do PMDB para ocupar a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff, Henrique Meirelles, foi indiciado pelo Ministério Público Federal por crimes contra a ordem tributária.

Não é novidade que certos setores preferem o nome do Presidente do Banco Central para compor a chapa com Dilma, inclusive Lula tem aparecido como um dos mais importantes articuladores desta idéia. Quem não quer Meirelles ao lado de Dilma é o PMDB, que prefere indicar seu Presidente, Michel Temer.

Justo quando seu nome começava a ser trabalhado com mais afinco, surgiu o movimento do MPF. Apesar de o Bacen declarar que sequer houve qualquer notificação até o momento, no terreno político, que possui dinâmica e timing próprios, a ação desgasta o nome de Meirelles.

E fortecele o de Temer.

segunda-feira, março 08, 2010

A Questão Serra

Muito tem se especulado sobre as reais chances de José Serra na corrida presidencial. Segundo alguns, sua demora em assumir a candidatura faz com que a candidata do PT tenha terreno livre para crescer. Discordo de muitos desses pontos, que repetidos exaustivamente, já são tomados como verdade.

Pesquisas realizadas muito tempo antes da eleição, sem a definição clara dos candidatos, não conseguem retratar o cenário de disputa, uma vez que a campanha ainda não está nas ruas. Neste cenário pré-eleitoral, Serra aparecia, em março de 2009, com 47% de preferência do eleitorado. Dilma chegava a 13% e Heloísa Helena a 15%, no cenário sem Ciro Gomes. Com o deputado cearense na disputa, Serra cravava 35%.

Em análises, consideramos que os números de Serra deveriam ainda descer deste patamar, incluindo-se neste ponto dois fatores importantes: a entrada da popularidade de Lula carregando sua candidata, bem como o natural descenso daquele que à época, era praticamente o único candidato na disputa.

Argumentar que os números de Serra desceram porque ele ainda não entrou na disputa ou porque sua popularidade diminuiu é um erro de cálculo grave em análise política. Vejam que o cenário com Ciro na disputa trazia, há um ano, Serra com 35%.

Os números apresentados neste momento mostram o retrato do início da campanha eleitoral. Com Ciro, Serra possui 32% e sem Ciro na disputa, Serra obtém 38%. Vemos, portanto que a oscilação de Serra em um ano, sem campanha, não foi substancial como se imagina, ou seja, 9 pontos sem Ciro e 3 pontos com Ciro no cenário.

Vale lembrar que Serra mantém seu patamar sem campanha nas ruas, o que leva a crer um alto grau de consolidação deste voto, sendo difícil arrastá-lo para outro competidor. Entretanto, em campanha ele tem a possibilidade de resgatar os pontos perdidos até o momento, pois estes eram, em tese, votos com tendência para sua candidatura. Serra tampouco teve exposição na mídia, foi capa de revistas semanais ou deu entrevistas como candidato - todos elementos que tendem a alavancar ainda seus números.

Os de Dilma, ao contrário, subiram na escala proporcional ao envolvimento de Lula em sua caravana, bem como na esteira da popularidade do Presidente e presença constante na mídia e do patamar base de votação petista, que oscila nos 30%. Ela deve subir mais e chegar pouco acima dos 30% no cenário sem Ciro Gomes.

Portanto, assumir que Serra está sofrendo desgaste por não assumir sua candidatura é um erro de cálculo. Até o momento, sua decisão de centrar seus esforços no governo de São Paulo e evitar a antecipação da sucessão não alterou substancialmente sua intenção de voto e deixou-o fora dos ataques de seus opositores que visam desgastar sua imagem. Seu eleitorado não foi abalado, portanto foi a estratégia política correta até o momento.

A cautela que Serra traz em seus movimentos políticos denotam que ele não entrará na disputa para fazer figuração. Entrará para vencer, ciente da oscilação de seus números de acordo com seus movimentos políticos, que até o momento, ao contrário do que é veiculado na mídia, são extremamente favoráveis. Para vencê-lo, o PT precisará de análise política apurada e estratégia bem calculada.

sexta-feira, março 05, 2010

A Negativa de Lula

Depois de circular pelos bastidores, inclusive das campanhas, a tese de que Lula estaria disposto a licenciar-se do cargo para ajudar Dilma, veio a negativa do Presidente.

Aécio deu sua opinião, disse que se Dilma tiver densidade, não precisará de licença de Lula para vencer.

Marina Silva, que conhece o PT por dentro, disse que a possibilidade de licença demonstra a insegurança do partido com o processo político, já que a eleição é o momento da afirmação de uma liderança. A ponderação de Marina tem fundamento, afinal de contas, se alguém precisa que um terceiro construa sua liderança, este alguém não pode ser considerado um líder.

Considerações à parte, o próprio Lula foi enfático em sua declaração: "Seria uma coisa descabida um presidente pedir licença do cargo mais importante do Brasil para fazer campanha. Segundo, que fosse possível um presidente da República se afastar sendo que pode não ter o vice-presidente para exercitar (sic) o mandato. Não teria cabimento, não teria lógica, seria uma irresponsabilidade com o mandato que foi me dado pelo povo brasileiro".

Estaria Lula disposto a perder a eleição sabendo que sua presença poderia fazer toda a diferença? Em política, os fatos podem ser lidos de várias maneiras, portanto, uma delas, depois desta declaração, seria que agora já é possível considerar a possibilidade da licença de Lula para cruzar o País ao lado de Dilma em campanha.

Mas como já disse aqui, deve avaliar o impacto político de alçar Sarney de volta ao Planalto.

quinta-feira, março 04, 2010

A volta de Sarney ao Planalto

As chances de José Sarney voltar a ocupar o terceiro andar do Palácio do Planalto, mesmo que interinamente, são muito reais.

Tudo indica que Lula quer evitar problemas com a Justiça Eleitoral. O Presidente também sabe da importância de sua figura para catapultar os números de Dilma Rousseff. Com Lula e sua popularidade ao seu lado, Dilma teria maiores chances de penetração e de fechar alianças.

Assim, o Presidente licenciaria-se do cargo para poder participar com força total da campanha presidencial. Como o vice José Alencar e Michel Temer estarão impedidos de assumir, uma vez que serão candidatos, a Presidência ficará nas mãos de José Sarney.

Caso Sarney desista da empreitada, o presidente do STF assume a vaga, mas isto será difícil de ver. Se a conjunção favorável se estabelecer, Sarney deve passar a despachar no Planalto, novamente.

O fato político de reconduzir Sarney, mesmo que indiretamente ao Planalto, causará reflexos negativos para a campanha de Dilma? Lula deve avaliar com muito cuidado.

quarta-feira, março 03, 2010

Serra Candidato?

O PSDB já tem candidato. Esta foi a mensagem passada pelos tucanos durante o evento em homenagem a Tancredo Neves. Apesar das evasivas de Serra com os repórteres, quando falou na tribuna, falou como candidato, pontuou o discurso e apontou na direção de sua candidatura.

Serra já fez o convite pessoalmente para Aécio compor a chapa tucana ao seu lado. Aécio ainda resiste, mas as pressões são grandes. Diante de todos, agiu como Tancredo, usando a seguinte frase: “Não adianta empurrar, empurrado eu não vou”. Mas ficou uma dúvida, e se não for empurrado, vai?

O Governador de Minas está certo, mesmo que aceite, este não é o momento e se aceitar o convite para compor a chapa, deverá negociar muito bem sua entrada na disputa.

Serra fustigou o PT em seu discurso. Deu o tom de candidato que vai para o embate. Aécio foi conciliador, como se espera de um bom e tradicional político mineiro. Pode aí estar nascendo uma parceria que leve os tucanos de volta ao Planalto, mesmo que Aécio não esteja na disputa. Ou vice versa?

terça-feira, março 02, 2010

Aécio resiste. Tucanos insistem

O crescimento de Dilma nas pesquisas fez o alarme soar no ninho tucano. Desde então o nome de Aécio Neves voltou ao palco presidencial. Ele seria o nome que, ao lado de José Serra, formaria a chapa dos sonhos de boa parte da oposição.

Entretanto, Aécio ainda resiste. Em busca de uma solução, surgiu o nome do senador Tasso Jereissati, sugerido pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. A tese é aquela de sempre, ou seja, fortaleceria o candidato no Nordeste, onde Dilma é mais forte.

A tese de um vice do Nordeste é perigosa para os tucanos. Foi o erro na campanha de Alckmin em 2006. Enquanto existiam votos para ser conquistados no Sul, Alckmin rumou para o Nordeste e Amazonas, onde Lula teve mais de 80% dos votos.

As intenções de voto na região Nordeste, assim como no Norte, são extremamente consolidadas, especialmente em função dos programas de assistência do governo. Portanto, voltar a campanha oposicionista fortemente para este front, é perder tempo, espaço e votos onde ainda é possível crescer, ou seja, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que se identificam muito mais com a agenda oposicionista. Os palanques para os candidatos aos governos destes estados são também estrategicamente muito importantes.

É fundamental que o vice, em caso de confirmação do nome de Serra, venha de Minas. É neste estado que se definirão as eleições. Se não for Aécio, que seja um nome escolhido pessoalmente por ele. Se for de algum dos partidos aliados, como PPS ou DEM, melhor ainda.

segunda-feira, março 01, 2010

Dilma no jogo

Como havia dito aqui, Dilma aproveitou bem seu momento de exposição para crescer nas pesquisas. A presença nas revistas semanais, bem como o Congresso do PT, trouxeram a candidata para a mídia, algo extremamente precioso para alguém que deseja se fazer conhecido.

Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que Dilma tenha entrado no jogo para vencer, o resultado do Datafolha deixa isso claro. Dilma está no jogo para vencer e a estrutura do seu partido, bem como o Presidente da República, trabalharão incansavelmente na busca pela vitória.

O fato político da pesquisa não é a subida da candidata, tampouco a queda de Serra. Estas são questões que nós analistas esperávamos, em especial face a exposição da ministra, as chuvas em São Paulo e a indefinição no ninho tucano, que gera um vácuo que é preenchido por Dilma. O fato importante foi a demonstração de que Dilma talvez não precise de Ciro na disputa para gerar um segundo turno. Isto afeta decisivamente a candidatura do PSB, praticamente invibializando seu nome na corrida presidencial.

Neste caso, a campanha surge com tons plebiscitários, como desejava Lula. O embate entre petistas e tucanos pode gerar dois cenários, o voto útil ou o crescimento de Marina na margem de uma terceira-via, algo improvável, mas com necessidade de avaliação em pesquisas de consumo interno.

Os tucanos, se desejam voltar ao Planalto, precisam ocupar o noticiário. O vácuo político, bem aproveitado pelo PT, levará a candidata ao patamar dos 30% antes do PSDB lançar seu postulante. O PT já entrou com seus 30% na briga.