segunda-feira, outubro 07, 2013

O Movimento de Marina

O fato político está posto. Marina Silva resolveu embarcar no projeto do PSB. Seu movimento gerou inúmeros desdobramentos. Uma jogada política bem pensada ou um erro estratégico de proporções monumentais. Somente o futuro responderá se ela está certa, mas desde já os cenários desenhados são passíveis de análises.

Assim que Marina sacramentou sua ida para o PSB, Eduardo Campos ligou para Lula. Fazia um movimento político. Enquanto isso, Roberto Freire avisava a nova socialista que se o objetivo era criar uma alternativa ao petismo, o caminho estava errado. Ela deveria entrar para o PPS, sedimentar seu nome, e somente depois tratar de uma aliança em nível nacional. Freire alertou para o fato de que Campos, no caso de Lula sair candidato, pode ceder.

As duas questões levantadas pelo presidente do PPS são pertinentes. A primeira estratégia faz mais sentido eleitoral. Antecipar uma decisão desta importância reduz o arco de possibilidades de alianças e pode trazer Lula de volta para a disputa, o que sepultaria as intenções de Campos de candidatar-se ao Planalto e as de Marina criar uma terceira-via. Faria realmente mais sentido Marina trilhar um caminho dentro do PPS e somente depois aliar-se ao PSB, inclusive porque os dois partidos poderiam somar tempo de propaganda eleitoral na televisão.

Os parlamentares da Rede de Marina não desembarcarão na sua totalidade no PSB. Houve uma pulverização de seus aliados para diversos outros partidos, o que pode dificultar a solidez dos apoios que ela poderá contar nos estados e deixa Marina nas mãos de Campos, que controla o PSB como um czar. Com este movimento sua Rede perde consistência e ela embarca definitivamente dentro do projeto de Eduardo Campos.

Ficou ruim para o PSDB. Se os tucanos sonhavam com a dobradinha Aécio/Eduardo, agora ela foi definitivamente sepultada e a candidatura Eduardo/Marina ganhará musculatura. Os tucanos irão amargar o terceiro lugar nas pesquisas e deverão lutar por uma vaga no segundo turno contra a chapa sensação do momento.

O que ficou claro com este movimento é que a opção viável ao petismo virá de dentro de sua base de apoio e fileiras, com a fadiga natural do material político depois de mais de uma década de poder. A oposição verdadeira e real está enfraquecida e sem capacidade de reação. O derretimento do PFL/DEM e o surgimento de partidos como o PSD e o crescimento do PSB são a maior prova disso. O nome de Marina, ministra de Lula, como nome viável contra o petismo é a prova contundente de que o PT conseguiu movimentar o equilíbrio da balança política brasileira de forma definitiva.

Um comentário:

Roberto disse...

Boa e imparcial análise.