sexta-feira, dezembro 06, 2013

Obama e Mandela

Muito será escrito sobre Nelson Mandela ainda, mas neste comentário de hoje gostaria de escrever sobre seu impacto nos Estados Unidos, em especial na vida do atual Presidente, Barack Obama.

Obama fez uma campanha muito inteligente. Apresentou-se como candidato sem inserir qualquer denotação racial. O Senador por Illinois era negro, mas antes disso era um bom homem, com boas intenções e projetos para os Estados Unidos. O, agora Presidente, foi na contra-mão da assertividade da raça como um diferencial em sua campanha.

Ao contrário de muitos movimentos ou líderes que fizeram de sua condição social, sexual ou racial o principal tema de sua agenda, Obama candidatou-se além disso. Projetou sua imagem como um conciliador, representante de um novo momento, um período de mudança, sem revanchismos ou vinganças. Nada de olhar para trás, mas para frente.

Certamente sua postura foi uma das heranças deixadas por Nelson Mandela. É o seu legado. Será também o de Obama. A questão racial nos Estados Unidos é algo ainda muito latente. As marcas deixadas pelo passado escravista são fortes e dolorosas. Para quem ainda tem dúvida disso, sugiro o novo filme de brilhante diretor Steve McQueen "12 Years a Slave". Assim, a eleição de Obama é, por si só, um fato simbólico e a certeza de que a América está curando suas feridas.

Somos de uma geração influenciada por essas idéias. Obama nos mostrou em sua campanha que a cor de sua pele é apenas mais uma característica do grande homem que ele se tornou. Devemos avaliar governantes por suas idéias e ações e assim tem sido feito com o Presidente americano. Mandela ensinou Obama e a todos nós a olhar adiante. O passado nos aprisiona. O futuro nos liberta. Obama e Mandela olharam adiante, sem revanchismos e mostraram ao mundo que acima de tudo o que importa são as suas idéias. Se erramos no passado, somente temos a lamentar. Devemos aprender e fazer do futuro algo diferente, longe do caminho que já nos aprisionou.

Ontem passei caminhando pela Casa Branca e enxerguei a bandeira do mais poderoso país do planeta a meio-mastro. Fiquei observando a grandeza do gesto. Posso discordar politicamente de Obama, mas ele é um grande homem, alguém que sabe olhar para o futuro, e por isso merece meu respeito e admiração, assim como o bravo Nelson Mandela que partiu.

Um comentário:

Jorge Geisel disse...

É muito proveitoso ler tudo o que o este blog publica. Os artigos de Márcio Coimbra são produto de um refinado conhecimento e de um profundo bom senso político.
Convém lembrar, com relação a Obama, que o presidente "negro" não é preto e sim um mestiço, um mulato, produto de uma mãe americana branquinha da silva com um fugidio africano da silva... Enquanto os americanos e seus imitadores não entenderem que mulato não é negro e nem branco, Obama será sempre comparado a qualquer outro líder negro que se destaque...Felizmente ele não será comparável a qualquer "latino",uma designação comum aos que sobrevivem abaixo do Rio Grande ou que se tornaram eleitores ou clandestinos nos EUA. Eles podem fazer parte de uma nomenclatura digna de apartaide, que separa os americanos do norte acima do México e os americanos que sobrevivem abaixo do Rio Grande. Lá embaixo estão os brancos, que janais serão brancos mas spaniards e a grande massa de mestiços, os do tipo Obama, os cafusos, caboclos e os das "nações indígenas autônomas"...
O mais admirável em Obama é o fato de ele haver casado com uma advogada negra e robusta, nada comparável à alvura das dinamarquesas...