segunda-feira, novembro 30, 2009

Arruda e o fim da linha

"Gente, eu errei, eu não quero ser igual aos outros políticos que erram e ficam mentindo.Então vou falar a verdade logo, eu vi mesmo a lista. Não matei, não roubei e não desviei recursos públicos"
José Roberto Arruda, na tribuna do Senado, em maio de 2000, chorando e renunciando ao mandato, depois da quebra do sigilo do painel na votação secreta que cassou Luiz Estevão

As denúncias contra o Governador do Distrito Federal são sérias. As provas são robustas e contundentes. Envolvem, além de Arruda, o vice Paulo Octávio, o Presidente da Câmara Distrital, além de outros parlamentares e dos principais secretários de Governo do GDF.

As imagens são de alto impacto. Arruda recebe dinheiro vivo durante a campanha, parlamentares de sua base de apoio recebem maços de dinheiro, o Presidente da Câmara Distrital esconde reais em suas meias. Cenas que devem levar Arruda a lona, bem como metade da classe política de Brasília.

O mensalão de Arruda ainda não foi divulgado em sua totalidade. Segundo fontes em Brasília ainda há mais para ser divulgado. Tudo está surgindo a conta gotas e deve ser mantido assim.

Práticas ilegais devem ser repudiadas, não interessa o partido. Arruda e seu grupo devem responder por todas as denúncias da "Operação Caixa de Pandora". Seu próprio partido cobra sua renúnica ou sua expulsão. Os demais envolvidos deveriam tomar o mesmo caminho.

Neste caso, Arruda estará em maus lençóis. Considerado até a semana passada um nome imbatível para as eleições de 2010 no Distrito Federal e até considerado como um possível nome para ocupar a candidatura a Vice-Presidência na chapa de Serra ou Aécio, Arruda desce novamente até as profundezas do inferno político, como fizera em 2000, quando mentiu publicamente no caso do painel do Senado e acabou renunciando ao mandato de Senador.

Pediu uma segunda chance e obteve uma nova oportunidade de fazer a coisa certa. Não fez. Sucumbiu mais uma vez as velhas práticas da política e seguro de si, expôs sua imagem, seu governo e seu partido a uma situação, no mínimo, indesejável.

É uma pena. Arruda fazia um bom governo em Brasília, moderno e propositivo. Infelizmente sua prática política foi o oposto, o que decepcionou muitos que como eu, apoiaram sua candidatura. Deve perder a legenda do DEM, que avalia sua expulsão, e assim não poderá concorrer a cargo eletivo em 2010. O partido, que não deseja velar e carregar um cadáver político em ano eleitoral, quer seu desligamento, mas tudo indica que Arruda pode ter colocado o DEM "na parede", assim como outras agremiações que querem deixar o governo.

Em caso de explusão, se tornará um cidadão comum, sem imunidades, podendo ter sua prisão decretada por qualquer juiz de primeira instância.

A OAB já pediu seu impeachment. Mas como pode prosperar qualquer iniciativa que deve ser julgada por uma Casa envolvida diretamente no escândalo?

Arruda diz que vai até o fim, mas parece que o fim já chegou.

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