segunda-feira, novembro 23, 2009

Equívoco Histórico

A visita de Ahmadinejad é um equívoco político em diversos aspectos. Vale lembrar a constitucional e histórica tradição diplomática brasileira de respeito e defesa dos valores democráticos e sua posição equidistante e cautelosa nas relações exteriores, que muitas vezes credenciou nosso país a mediar e encontrar soluções inteligentes na esfera internacional.

Ahmadinejad representa aquilo que uma nação democrática, tolerante, pacífica e aberta mais repudia. O Presidente do Irã prega a destruição de Israel e nega o Holocausto, uma das maiores bárbaries da história da humanidade. Nosso país foi destino de um incontável número de judeus, que aportaram no Brasil em rota de fuga dos campos de concentração. Foram recebidos de braços abertos e hoje, brasileiros há gerações, são parte fundamental e importante de nossa história. As culturas entrelaçaram-se de tal forma que hoje não é possível mais dissociá-la. Negar o Holocausto é negar o horror pelo qual passaram os antepassados de milhares de brasileiros.

Ahmadinejad não defende a democracia. Persegue seus opositores, encarcera seus rivais políticos, reprime manifestações públicas contra o governo, limita o acesso a informação, censura a imprensa, prende jornalistas, persegue homosexuais, minorias religiosas e fuzila vozes dissonantes ao regime dos aiatolás. Como se não fosse o bastante, sua eleição está sob forte suspeita de fraude.

Ahmadinejad é exatamente o oposto daquilo que defendemos em nossa história e nossas leis. Nossa história repudia tudo aquilo que Ahmadinejad representa. Nossas instituições, que deveriam estar acima dos homens, deveriam evitar que um equívoco histórico fosse cometido.

Receber Ahmadinejad no Brasil, sob qualquer ótica, é um atentado aos nossos valores pacíficos e democráticos, um desrespeito aqueles que também, como todos imigrantes que por aqui aportaram, construíram de forma honesta e digna nossa nação.

Que o mundo enxergue que os valores reais da nação brasileira são pacíficos, democráticos e mais dignos do que aqueles defendidos por quem temporariamente exerce o poder.

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