quinta-feira, março 06, 2014

OTAN e Ucrânia

Putin está jogando com Obama. Isto é um fato. Caso o Presidente americano não tenha percebido, já faz um tempo. Faça sua lista: Síria, Irã e por aí vai. Na verdade, o baile que a diplomacia americana tem tomado na arena internacional evidencia erros passados. O Presidente dos Estados Unidos pode ter errado, mas o momento é de muita cautela e pouca soberba. Neste jogo, há pouca margem para erro. Vamos lá.

Não acredito que Obama esteja trabalhando de forma errada com a questão da Ucrânia. Até o momento parece ter optado pela paciência e o jogo diplomático. O problema são todos os fatores que levaram os Estados Unidos a chegar no estágio atual. Putin somente avançou sobre a Crimeia porque sabe como os americanos reagiriam.

Obama fez a opção mais correta até o momento, até porque enxerga as fragilidades dos Estados Unidos e da Europa. Os americanos, depois de duas guerras, não possuem credibilidade internacional para liderar uma operação militar. Nem deveriam. Além do mais, por mais que alguns clamem por uma intervenção durante arroubos de soberba, não é o movimento mais indicado.

A ONU está paralisada. O Conselho de Segurança, refém dos vetos da própria Rússia e talvez da China, não conseguirá aprovar qualquer tipo de resolução que movimente as peças em jogo de forma satisfatória. Neste quadro, a OTAN assume um papel de protagonismo que pode fazer a diferença. Vale lembrar que os países do Báltico, além de Polônia, Eslováquia, Hungria e Romênia, tem receio de que o conflito na Ucrânia respingue em seus territórios - e todos tem verdadeiro medo dos russos.

Vivemos uma guerra de nervos. A situação na Ucrânia não se resolverá cedo e a tensão continuará por algum tempo. A resposta aos movimentos de militares russos na Crimeia passa pela OTAN neste momento. A sede da organização em Bruxelas recebeu os membros do novo governo formado em Kiev. Foi um primeiro sinal. Bulgária, Estados Unidos e Romênia deslocam força naval para o Mar Negro para exercícios militares. Foi o segundo sinal. A Polônia requisitou uma reunião especial da OTAN. Foi o terceiro sinal.

O mais importante neste momento é não personalizar a situação e tratar da questão no âmbito multilateral em uma organização com força militar. O jogo é um xadrez. É preciso muita parcimônia, pouca soberba e uma dose cavalar de paciência.

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