sábado, setembro 14, 2019

Direita Volver (22/07/2019)

O pêndulo da política se move de maneira análoga ao redor do mundo. Governos de esquerda, direita, social democratas ou liberais tendem a se estabelecer ao mesmo tempo em diferentes países. Um movimento coincidente que oscila ao longo dos anos, abrindo espaço para novas ondas.
Na década de 90, no final do século passado, havia um claro movimento pendular em favor da social democracia. Chegavam ao poder nomes como Bill Clinton, Tony Blair, Fernando Henrique, Gerhard Schröder, Romano Prodi e Nelson Mandela. Este foi um período que sucedeu uma onda conservadora, liderada por Ronald Reagan, Margaret Thatcher e Helmut Kohl.

Nos dias de hoje tudo indica que o mundo segue em firme deslocamento para a direita política, entretanto, uma direita diferente do movimento conservador anterior. Esta nova safra de políticos adota política liberais na economia, pautas conservadoras nos costumes, mas ao mesmo tempo cria um vínculo direto com o povo, comunicando-se sem intermediários com seu eleitorado, tentando movimentar a população ao seu favor. 

Ao mesmo tempo vemos o crescimento de governos autocráticos, que sobem um degrau nesta escala, sejam de direita ou esquerda, e usam os poderes do Estado na economia de forma a ajustar sua permanência no poder. Isto gera o surgimento de governos fortes que buscam fortalecer a imagem do mandatário, como ocorre com Recep Erdoğan, Vladimir Putin e também com Xi Jinping. 

O crescimento da nova direita ainda está em curso e deve avançar em outros países, especialmente na Europa, onde já venceram eleições com Sebastian Kurz e Heinz-Christian Strache na Áustria, Matteo Salvini na Itália, Mateusz Morawiecki na Polônia, Viktor Orbán na Hungria e com a ascensão do Partido Popular Suíço (SVP), Partido do Progresso Norueguês (FrP) e o Partido Popular Dinamarquês (DF). Além disso, movimentos independentes e partidos como a Frente Nacional na França e UKIP no Reino Unido tem crescido a cada eleição. 

Estes políticos e partidos não se confundem com os antigos conservadores europeus, como a Democracia Cristã na Alemanha, Populares na Espanha, Republicanos na França ou mesmo os Tories no Reino Unido. A nova direita tem ocupado o espaço que os antigos conservadores não conseguiram preencher e aos poucos assumem o comando de diversos governos. Foram responsáveis pela campanha do Brexit e pela ascensão de Donald Trump dentro do Partido Republicano dos Estados Unidos.

A chegada de Jair Bolsonaro ao poder no Brasil segue o fluxo pendular em favor desta nova direita, que ainda está em franco crescimento em outros países. A tendência é o aumento do domínio desta corrente pelos próximos anos, até que os ventos da política comecem a soprar em outra direção. 

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