segunda-feira, novembro 15, 2010

A Incorporação

Tudo indica que o desejo de Lula, de extirpar o DEM da política nacional, está cada vez mais perto. Depois dos resultados eleitorais cogita-se seriamente uma incorporação do DEM ao PMDB. A estratégia visa de um lado a sobrevivência de muitos políticos da legenda, mas de outro acabará gerando uma guinada na política nacional somente imaginada por Lula até o momento.

O DEM venceu em dois estados, Santa Catarina e Rio Grande do Norte. Saiu vitorioso, mas também saiu seriamente abatido em outras frentes. Sua bancada de deputados federais minguou uma vez mais e o mesmo aconteceu no Senado. Como se não fosse o bastante, no Parlamento, os nomes mais significativos da legenda foram derrotados, com a exceção de José Agripino Maia.

A mais importante liderança do partido dirige a jóia da coroa, a Prefeitura de São Paulo. Justamente por isso, Gilberto Kassab tem sido assediado pelo PMDB. Ele seria um forte nome para disputar o governo do Estado em 4 anos. Se Kassab deixar o o antigo PFL, seria um enorme golpe para o partido. O Prefeito, entretanto, não tem muitas opções, uma vez que foi eleito pelo DEM. Para ele, ao invés de rumar sozinho para o PMDB, talvez fosse mais interessante chegar ao seu destino munido da força inteira do seu partido atual.

Daí surge a idéia de levar o DEM inteiramente para os braços do PMDB. Os argumentos não são fracos e podem seduzir muitos políticos do partido. Dono de uma parte considerável do governo, o PMDB pode abastecer os nomes do DEM que desembarcarem em seu projeto, de cargos relevantes na estrutura federal, algo que esses políticos, alijados do poder desde o fim do governo FHC, desejam muito.

O fato é que o DEM, depois de deixar o governo federal, não encontrou rumo, nem discurso. Já falei sobre isso aqui. Ao invés de se tornar um partido com um projeto alternativo de poder, tornou-se refém de seus erros, que levaram seus números a despencar nos últimos anos. Se o DEM realmente se incorporar ao PMDB, seus políticos podem ganhar sobrevida, entretanto, o Brasil perde uma alternativa política.

A chance do DEM mudar e não ser engolido pela realidade política nacional é refundar-se, mudando sua postura e aplicando suas políticas em seus redutos eleitorais, assumindo suas posições conservadoras, deixando de estar a reboque dos tucanos, fazendo surgir um projeto alternativo e viável, guiado por lideranças expressivas que poderiam fazer o partido renascer. De outro modo, o destino do DEM é tornar-se parte do PMDB e entrar para os livros de história.

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