sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Prioridade: Ucrânia

Ontem estive em uma discussão com os principais âncoras políticos do jornalismo americano e ninguém tocou na questão política da Venezuela. Em compensação, 90% da discussão foi em torno da Ucrânia. A preocupação no norte é preponderantemente com o país europeu, por um sem número de motivos. 

O primeiro deles é porque a questão em Kiev traz para o jogo dois pesos pesados nas relações internacionais: União Européia e Rússia. Neste jogo entram ainda a Otan, que precisa ficar atenta, além dos Estados Unidos, tradicionalmente alertas quando a Rússia está do outro lado do tabuleiro. As razões, entretanto, não param por aí. 

A Ucrânia é importante geopoliticamente. Por ali passam os dutos que alimentam de gás boa parte da Europa. Sua fronteira, de um lado é com membros da Otan e do outro com a Rússia. Agora, terminados os Jogos Olímpicos de inverno, Moscou já começou a agir com exercícios militares na fronteira. Os americanos sabem que Putin conseguiu colocar seu país novamente na balança de poder do mundo, especialmente depois das questões envolvendo o Irã e a Síria. Ganhou mais uma oportunidade.

Do outro lado, já começaram movimentos. Enquanto a Alemanha hesita em abrir o cofre da União Européia, o FMI se movimenta para acalmar os ânimos e dar solidez ao governo pró-ocidente. Mover-se financeiramente em apoio ao governo provisório é uma forma de evitar a eclosão de uma guerra civil, o que invariavelmente envolveria a Rússia e as forças da Otan. O xadrez político é delicado. 

Na verdade, para as grandes potenciais, a grande questão do momento é a Ucrânia, por toda sua importância e seus possíveis desdobramentos. A Venezuela, bem como a América Latina, segue em segundo plano.

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