sexta-feira, outubro 17, 2014

Dilma e o Nocaute

no·cau·te (inglês knockout) substantivo masculino
1. [Desporto] Golpe decisivo que põe o adversário fora de combate. 2. Estado de inconsciência. 3. Avaria ou perturbação grave de funcionamento. 4. Posto fora de combate. 5. Sem sentidos.
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013.

Voltamos ao estado natural das coisas. Dilma pode ter inovado no primeiro debate, quando veio com a faca entre os dentes e surpreendeu Aécio, tomando o controle da discussão. Mas vemos que foi um ponto fora da curva. No debate de ontem no SBT, promovido pela emissora de Sílvio Santos, mais UOL e rádio Jovem Pan, o tucano assumiu o comando do derby logo no começo e impôs mais do que um massacre, mas uma espécie de vexame para a candidata vermelha, que trajava verde.

João Santana preparou muito bem Dilma mais uma vez. Com dezenas de papéis e intermináveis anotações, tinha mais uma vez o script do debate em sua cabeça. Logo na primeira resposta tentou usar o mesmo artifício aplicado no debate anterior, ou seja, sem responder a pergunta, imputou acusações em cima de Aécio, tentando inverter a pauta. Veio o revés. A tática, já esperada pela equipe de Aécio, foi neutralizada e Dilma saía atrás no primeiro round. Perdia por pontos.

Enquanto Dilma tratava de imputar acusações em cima do tucano, Aécio pedia que se elevasse o nível do debate e propunha sempre um novo tema a ser discutido. Não importava. Dilma voltava ainda mais feroz, abusando de um semelhante nervoso e arrogante, lembrando o comportamento de uma diretora de escola primária do passado portando uma palmatória. Neste momento, quando as acusações desceram ao nível pessoal, Aécio devolveu na mesma moeda: o irmão de Dilma é funcionário fantasma da Prefeitura de Belo Horizonte, contratado sem concurso pelo governador eleito Fernando Pimentel. Ela arrepiou. Sentiu o golpe. Conheceu as cordas.

Dentro do ringue, Dilma já devia estar meio zonza quando os temas versavam sobre programas, dados do governo e a realidade brasileira. Ali o tucano nadou de braçadas. Ela parecia perdida no interminável mar de papéis e anotações feitas pelo seu marqueteiro. Ao final, depois do vexame, ela não conseguia sequer terminar um raciocínio diante da repórter do SBT. Atropelada duas vezes pela falta de foco, abraçou a desculpa dada pela jornalista e alegou que sentiu-se mal. Deu-se o nocaute. Recuperada, já tinha gastado seu tempo e perdeu a paciência e a esportiva com a repórter.

A audiência, espectacular para o horário, foi de nove pontos. Quem assistiu foi um público que não está acordado para ver os debates noturnos. Foram as pessoas que dirigiam seu carro de volta para o trabalho ou aqueles que, em bares, rodoviárias e ônibus, conseguiram sintonizar a internet, rádio e televisão.

Os grupos focais, base das pesquisas qualitativas, que reúnem especialmente indecisos, trouxeram ótimas notícias para Aécio. Tanto os grupos organizados pelo PT, quanto pelo PSDB, mostraram larga vantagem para o tucano. O debate de ontem, visto pelos indecisos, tende a trazer votos para Aécio.

Hoje, distante do inferno que foram os estúdios do SBT para Dilma, os petistas já responderam com a estratégia esperada: a vitimização da candidata. Seguem atacando o tucano, acusando-o de impiedoso. Mas como já disse aqui, neste embate, Dilma literalmente beijou a lona. O boxe eleitoral não conhece vitória parcial. Dilma conheceu a dor do nocaute.

Um comentário:

Unknown disse...

Acho hilário a candidata Dilma clamar por piedade quando, no primeiro turno, ela mesma alertou a então candidata Marina Silva de que a presidência da república não é lugar para quem se acha coitadinho.