quinta-feira, novembro 04, 2010

Dilma pós-campanha

Confesso que estou surpreendido positivamente com a postura e as declarações de Dilma no pós-campanha. Começou com a primeira declaração, no momento da vitória, um texto escrito a quatro mãos, auxiliado por Palocci. Seguiu-se a mesma impressão nas primeiras entrevistas, até na presença de Lula, que esteve ao seu lado para responder perguntas no Planalto.

Se durante a campanha, assim como Serra, a candidata não apresentou programa de governo, já o fez no primeiros dias. Forneceu diretrizes de suas ações e mostrou-se segura, sem tervergisar, ser vaga, brincar ou fazer metáforas sobre qualquer tema. Foi direta e objetiva. Ou seja, Dilma tem opinião própria, sem ser tutelada por Lula, sabe o que está dizendo e sabe como irá fazer. Pode-se até discordar do rumo que dará ao governo, mas seguramente seu governo terá rumo.

Dilma terá equipe própria. Sua idéia não é permanecer com a equipe de Lula, é ter o seu próprio time. Os nomes já circulam por aí. O caráter técnico será fundamental, aliado a competência e meritocracia. O critério político também será considerado.

Dilma falou da liberdade de imprensa: "Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras". Sobre a condenação da iraniana Sakineh, disse: "Acho uma coisa bárbara o apedrejamento da Sakineh. Mesmo considerando os costumes de outros países, continua sendo bárbaro". Na economia, defendeu o câmbio flutuante e o controle de gastos públicos. O governo, segundo ela, não pode gastar mais do que arrecada, deixando clara sua posição sobre a responsabilidade fiscal. Sobre invasões e MST, enfatizou: "Não compactuo com ilegalidades, com invasões e prédios públicos ou propriedades produtivas".

A Presidente eleita tem caráter técnico e assim será seu governo. Ninguém deve se surpreender se muitos ministros não forem nomes conhecidos. Entre os políticos, pode-se apostar em nomes como Paulo Bernardo, José Eduardo Cardozo, Antônio Palocci e Fernando Pimentel. O PMDB terá sua fatia de poder, negociada por Michel Temer, que deve deixar o comando do partido nas mãos do senador eleito Eunício Oliveira. No Itamaraty fala-se em José Maurício Bustani, Carlos Alfredo Lazary Teixeira e até nomes que não são de carreira, mas políticos experientes que sabem lidar de forma pragmática nas questões comerciais internacionais.

O governo Dilma não terá a cara de Lula, terá a cara de Dilma. Ela é egressa do PDT e apesar de estar no PT, não é petista de origem. Tem idéias próprias e sabe onde quer chegar. Suas primeiras declarações foram muito bem recebidas. Mostrou sensibilidade política, conhecimento técnico e sobretudo direção e segurança na condução do processo administrativo. Seu começo foi melhor do que qualquer dia de sua campanha.

3 comentários:

Glamour à Mesa disse...

É isso aí! Para aqueles que não votaram nela, o jeito é ter esperança de que ela zelará melhor pelo nosso amado país que o "nosso guia".
Espero que ela mantenha a postura por esses 4 anos.
Excelente artigo, como sempre!

Márcio Bauer disse...

Não creio que o governo Dilma diminuirá gastos. É bem mais provável um aumento da já imoral carga tributária com a volta da CPMF, coisa já bestante comentada. Entre as palavras e as atitudes existe um abismo.

Samuel Diniz Casimiro disse...

Equipe própria? Vc deve estar se referindo a menos da metade que vai sobrar depois que a base aliada cobrar o seu "tributo".