quarta-feira, setembro 15, 2010

No Bolso

Como se um escândalo não fosse o bastante, veio outro, desta vez gestado no coração do governo, nas mãos de Erenice Guerra, indicada por Dilma para comandar a Casa Civil.

O que mudará este fato na eleição presidencial? Verdadeiramente nada. Dilma seguirá na frente e Serra continuará ladeira abaixo, como vemos. Os parcos votos que Dilma perde seguem para Marina. O candidato do PSDB, mesmo sendo vítima, não conseguiu fazer sua campanha sentir sequer um impacto positivo com todo o episódio.

Na verdade, nenhum dos fatos apresentados geram impacto negativo para Dilma por razões simples. Lula colocou em marcha um governo calcado na distribuição de renda para todas as classes sociais, seja via concursos públicos, investimentos estatais, bolsas auxílio e polpudos subsídios. Desta forma, não há como perder a eleição. Quase todas as famílias brasileiras recebem sua fatia de recursos do governo. Ninguém quer perder a sua. Para que mudar?

Esta política já existiu no passado. A alta intervenção do governo na economia e a farta distribuição de bondades e investimentos estatais geram distorções econômicas no longo prazo. A penosa década de 80 foi o preço que uma geração inteira pagou pela política econômica similar a de Lula, implantada no governo Geisel.

Mas quem pensa no longo prazo? Quem pensa nos possíveis retrocessos e riscos democráticos que uma anestesia inconsciente coletiva pode trazer? O País caminha para uma espécie de planificação mascarada, um socialismo moreno, na definição deixada por Leonel Brizola? Talvez, é bem provável. Mas quem se importa com isso? O importante é passar em um concurso e garantir a aposentadoria.

Como todos se beneficiam, poucos questionam, talvez só os 4,9% que desaprovam o governo Lula, ou seja, os que estão fora da festa. Mas um dia a festa acaba e todos terão que pagar a conta. Até lá, nenhum escândalo terá repercussão. Todos estão devidamente guardados no bolso. Não há porque questionar quando se participa da farra.

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