quinta-feira, outubro 18, 2018

Neutralidade Marota

Depois de totalizados os votos, com a confirmação de que o segundo turno seria entre Bolsonaro e Haddad, começaram as movimentações em busca de apoio dos partidos e candidatos derrotados na primeira fase. Enquanto de um lado o bloco de agremiações de esquerda se uniu em tornou de Haddad e PTB e PSC rumaram na direção de Bolsonaro, a maior parte dos partidos fez a opção marota pela neutralidade.

Sabemos que um dos principais pecados na política é a omissão. A opção pela neutralidade mostra o tamanho da insegurança que ronda os principais caciques partidários, quase que em sua totalidade abatidos pelas urnas. A limpeza que o população promoveu na última semana ligou o sinal de alerta para os políticos. O eleitor em fúria apresentou-se para votar com o fígado e seu recado ecoou nas direções partidárias.

O objetivo de declarar a neutralidade é liberar os candidatos dos diferentes estados, especialmente aqueles que enfrentam o segundo turno, para buscar seu próprio caminho, sem fechar portas. Como estamos diante de duas propostas antagônicas, assumir declaradamente o apoio, tanto a Haddad como Bolsonaro, pode obstruir canais que levam a votos importantes.

Os tucanos entraram em crise. Diante do fiasco de Alckmin as brigas internas já começaram e o partido saiu rachado. Enquanto Fernando Henrique diz que não votará em Bolsonaro, Doria segue em sentido oposto, assim como Expedito Júnior em Rondônia, Eduardo Leite no Rio Grande do Sul e Reinaldo Azambuja no Mato Grosso do Sul. Permanecem neutros ou indefinidos os candidatos ao governo de Minas Gerais, Antônio Anastasia e Anchieta Júnior em Roraima – neste dois estados os oponentes Romeu Zema e Antonio Denarium já estão com Bolsonaro.

A neutralidade serviu, de um lado, para evitar a contaminação do antipetismo em candidaturas que poderiam ser facilmente prejudicadas pela associação com a opção por Haddad, como Rodrigo Rollemberg no Distrito Federal, Valadares Filho em Sergipe, Eduardo Paes no Rio de Janeiro e Márcio França em São Paulo. Do outro lado, visa trazer prudência em um segundo turno em que Bolsonaro mostra-se cada vez mais perto da vitória.


O condomínio chamado centrão somente espera a confirmação do vencedor para tentar impor seu jogo. A neutralidade marota faz parte da estratégia de se posicionar diante do novo governo. A opção preferencial é por Haddad, pois em uma eventual administração petista sabem seu lugar no jogo, ao contrário de um Planalto comandado por Bolsonaro – onde paira a incerteza para fisiologismo. A eleição do candidato do PSL tende a romper com as estruturas tradicionais de negociação e irá diminuir o poder da burocracia, um movimento que assusta os partidos, mas seduz o eleitor.

Nenhum comentário: