sábado, setembro 14, 2019

Período de Adaptação (14/01/2019)

O governo Bolsonaro chega embalado por uma votação robusta que fornece legitimidade inquestionável para promover mudanças no país. Esta votação reflete uma guinada em direção da direita política, que chega ao governo ainda descobrindo os caminhos dos corredores de Brasília. Isto ocorre porque nas últimas décadas falhamos em proporcionar real alternância de poder, quando revezaram-se tucanos e petistas no comando da administração federal.

A direita que enxergamos será moldada e amadurecida no decorrer do caminho. Por enquanto ainda é um movimento, que tomou forma pela atuação de grupos organizados de jovens, impulso intelectual do filósofo Olavo de Carvalho, a formação de um partido de cunho liberal e outro de viés conservador sob a liderança de Jair Bolsonaro. Este amálgama de diversas frentes irá aos poucos consolidar o equilíbrio de forças que liderará esta nova política.

O Congresso Nacional atuará como elemento aglutinador deste processo. Na medida que serve como caixa de ressonância dos interesses da sociedade, possui o potencial de consolidar lideranças, algo essencial na formatação de uma força conservadora/liberal mais homogênea. Assim que os projetos ganharem corpo, veremos os diferentes vetores políticos acomodando-se de forma mais natural. Rompimentos e novas alianças fazem parte deste processo.

Desta forma o governo vai tomando contornos mais definidos, com algumas correções, baixas e realinhamentos, o que é perfeitamente compreensível em um ambiente plural e democrático como vivemos hoje no Brasil. De qualquer forma, já podemos perceber mudanças de fundo em áreas sensíveis e estratégicas, como Relações Exteriores e Educação.

Talvez a política externa seja o mais claro movimento de mudança neste momento, uma vez que a revisão de posicionamentos políticos internacionais, decididas pelo Presidente da República, é ato exclusivo do governo, sem interferência direta de outros poderes. O sinal dado para Venezuela foi claro. Tanto a declaração final do Grupo do Lima, assim como a resolução da OEA contra Maduro tiveram participação decisiva de nossa diplomacia. Uma mudança de posicionamento profunda em nossa política externa que pode ajudar a Venezuela e se livrar do pesadelo do bolivarianismo.

Vemos que aos poucos será possível encontrar uma convergência e interlocução maior entre setores do governo e o parlamento que ainda tomará posse. Nada mais natural em um grupo que chega. Aos poucos outras áreas do governo começarão a entregar vitórias tangíveis. Isto dependerá do timing político que se desenha no novo Congresso Nacional e a capacidade de organização e mobilização das forças que chegam pela direita, fundamentais neste jogo político. Este processo amadurece nossas instituições e asfalta o caminho para o fortalecimento de nossa democracia.

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