terça-feira, agosto 04, 2009

Collor reage

Com o Senado de volta, o senador Pedro Simon foi responsável por colocar fogo no plenário. Foi a tribuna e exigiu a renúncia de Sarney, como um "gesto de grandeza".

Sarney, que havia presidido o início da sessão e já havia se retirado, foi defendido por Renan Calheiros. A discussão entre ambos foi acalorada e Simon mirou na honra de Renan, acusando-o de ter traído o presidente Fernando Collor. Erro de cálculo político do senador gaúcho.

Neste momento o presidente Collor entrou no plenário para defender-se, afinal de contas, seu nome havia sido citado. Passou um corretivo em Simon, daqueles memoráveis ("parlapatão que é", segundo Collor), de forma enfática, veemente: "Peço encarecidamente, que por favor, antes de citar o meu nome desta tribuna, vossa excelência engula, digira e faça dela o uso que julgar conveniente".

Collor passou então a defesa de Sarney, relembrando os terríveis momentos que passou acoado pela mídia: "Esta Casa não pode e não haverá de se agachar aquilo que a mídia ou certa parte da mídia deseja. (...) Eu sei o que é isto, porque por isto eu passei, em muito maior escala. Eu sei como essas coisas funcionam, eu sei como tudo isso é feito, como tudo isso é forjado, eu sei como tudo isso nasce, como tudo isso desabrocha e a quem tudo isso interessa".

Acima de defender Sarney, Collor defendia o Senado, o que poucos entenderam. O Senado, em sua opinião, não pode cair de joelhos, e aquele escolhido pelos senadores, deve cumprir integralmente seu mandato. Collor, em outras palavras, está disposto a não deixar acontecer com o Senado aquilo que fizeram com sua Presidência. Memorável.

Um comentário:

Maria da Penha disse...

Prezado Sr. Marco Coimbra, muito tem de verdade o que foi dito pelo Senador Collor e mais, vejo toda ação destemperada como uma dulcíssima vingança dele: justa, por sinal, bem humana, mas nunca a postura de uma pessoa equilibrada e elegangante. Imagino quanto tempo ele não esperou por esta hora. Fui eleitora e ferrenha defensora do Collor; lastimei todas as artimanhas construidas pela Esquerda e Direita, que se juntaram naquela ocasião. Todavia, somente agora vejo que o Collor é mesmo um destemperado como desde os tempos que éramos jovens. Agiu como uma comadre de ponta de morro e correu para tomar satisfações. Ele não aprendeu nada pelo que se viu. Se o Fernando agora se junta com o PT é mais por vingança dedicada à Direita. Nem as vozes liberais se levantaram naquele momento tão solitário e preferiram deixá-lo nas mãos, não somente do PT mas nas mãos de todos os desesperados para vender o voto ao preço de CR$100.000, que era o valor mínimo.