terça-feira, julho 06, 2010

Alianças no México

A política realiza casamentos improváveis não somente no Brasil. Acabamos de ver um resultado inusitado no México. Enquanto o PRI lutava sozinho pelos seus votos, os outros dois principais partidos, PAN e PRD, se uniram para derrotá-lo. Não seria inusitado se os dois não representassem forças políticas completamente antagônicas.

O centrista PRI triunfou em nove dos 12 governos regionais em disputa. Levou, inclusive dois governados pelo PAN, Aguascalientes e Tlaxcala, além do único do PRD, Zacatecas. As vitórias, entretanto, foram amargas. Unidos, o partido do presidente Calderón e de seu adversário, Lopes Obrador, triunfaram em três jóias da coroa que eram governadas pelo PRI: Oaxaca, Sinaloa e Puebla.

O golpe sofrido pelo PRI com a perda desses três governos regionais explica-se pela ótica orçamentária-política. Os recursos financeiros recebidos pelos partidos no México são calculados pelo número de eleitores. Assim sendo, o PRI ganhou 2,7 milhões de eleitores, mas perdeu três estados com 9,8 milhões.

O PRI pretendia uma vitória completa, ampla no sentido de sedimentar seu caminho rumo as eleições presidenciais de 2012. Com receio dessa estratégia, PAN e PRD se uniram para evitar seu próprio fracasso político em dois anos. O primeiro passo foi dado.

Resta saber como Calderón, do conservador PAN, irá lidar com este intrincado xadrez político, uma vez que necessita do apoio do PRI para governar, especialmente em um momento de crescente violência no México.

Possuo muitos bons amigos na política mexicana, alguns com os quais já tive o prazer de trabalhar em pleitos disputados e interessantes. Eles alertam que, pelo menos por enquanto, é improvável falar de uma aliança nacional entre PAN e PRD para 2012. Mas sabemos que na política alianças improváveis são possíveis, especialmente quando existe um adversário comum. Caso contrário, o PRI seguirá como fiador da estabilidade política.

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