quarta-feira, agosto 04, 2010

Falta de idéias

Os rumos desta campanha presidencial são preocupantes. Campanhas servem, via de regra, como instrumentos para apresentar um projeto de País, idéias, confrontar ideologias políticas. Tudo isso falta nesta campanha presidencial, infelizmente.

A certeza de vitória de Dilma, impulsionada pela convicção de Lula e entusiasmo dos aliados históricos e dos parceiros de ocasião do governo atual, fecharam a disputa. Evitam a discussão de um projeto de país, tornando a eleição uma simples disputa de poder. O jogo pesado contra a Lei Eleitoral e a desenvoltura com que se descumpre os preceitos básicos do jogo democrático de forma impune mostram muito sobre o cenário brasileiro atual.

Nos prognósticos políticos usamos as campanhas como fonte de coleta de informações sobre os rumos que um novo governo deve trilhar. No caso brasileiro, a situação se complica especialmente em função da falta de orientação política clara de muitos partidos, que simplesmente orientam suas decisões em decorrência de conveniências políticas de ocasião, geralmente ao lado do governo, que controla a máquina.

Nos mercados escuta-se que existe uma preferência por Dilma, já que a regra do jogo não mudaria. É preciso avaliar com cautela tal afirmação. Em caso de vitória, um eventual governo Dilma pode e deve ser muito diferente de Lula. Virá a maioria governista no Senado, o temperamento e a falta de habilidade política da ocupante do Planalto, a perspicácia de Temer, as pressões por cargos do PMDB, a influência externa de Lula. Enfim, muitos caciques para pouca experiência política. A acomodação pode ser mais delicada do que imaginamos e talvez em um eventual governo Serra seja muito fácil de prever o que vem por aí.

Pelo menos se fossem debatidas idéias e projetos de País, tudo já ficava mais claro.

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