quinta-feira, agosto 16, 2007

Turquia. Secularismo em risco?

A Turquia começa novamente os movimentos para decidir quem será o seu próximo Presidente. E acreditem, quem tem grande chances de ser eleito pelo Parlamento é Abdullah Gul.

Gul é o Ministro de Relações Exteriores que desencadeou as tensões políticas mais recentes na Turquia. Quando seu nome foi indicado pelo partido do governo para ser o candidato a Presidente houve uma forte mobilização contrária, tanto dos militares, quanto da população, que teme o passado de Gul no partido islâmico.

É neste ponto que reside o problema. A Turquia é conhecida pelo seu secularismo e Gul, mesmo após entrar para o partido reformista e alegar que seu passado não influiria no seu governo, ainda não convence totalmente. A questão reside na dúvida acerca das reais pretensões de Gul, uma vez que o primeiro-ministro, o também reformista Recep Tayyip Erdogan, assim como o possível futuro Presidente, tem um passado no partido islâmico. Dois ex-partidários do partido islâmico, que hoje se dizem reformistas, dirigiriam a Turquia. Qual o real risco desta combinação?

Tudo ainda fica mais curioso quando sabe-se que a esposa de Gul usa o véu islâmico para cobrir a cabeça. Este fato, por exemplo, evidencia desconforto em alguns lugares da Europa em relação ao candidato reformista.

O partido de Erdogan e Gul, o reformista AK, saiu vencedor das últimas eleições, mas vale lembrar que os votos recebidos foram uma clara indicação que o povo deseja uma divisão clara entre o governo e as mesquitas turcas.

Felizmente o secularismo ainda vive na Turquia. Resta saber as reais intenções de Gul e Erdogan frente ao país. Qualquer erro em direção a islamização pode jogar a Turquia, na fronteira da Europa, em uma situação, no mínimo delicada, para não dizer mais. O mais preocupante é que um problema como este não ficaria circunscrito ao território turco e as consequências poderiam ser mais sérias do que imaginamos.

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