quinta-feira, setembro 05, 2013

Cálculo Político

Hoje cresce a percepção de que Obama segue enfraquecido entre os parlamentares. Ontem foi a primeira vitória, mas diante de um cenário preocupante. Mesmo na Comissão de Relações Exteriores do Senado, onde os democratas tem maioria, com apoio dos falcões republicanos, o placar foi apertado, com 10 votas a favor e 7 contrários.

O apoio da ofensiva entre a população continua em declínio e de olho neste dado, Marc Rubio, um dos mais fortes candidatos republicanos a cadeira de Obama nas próximas eleições, mudou seu voto. Agora é contrário ao conflito. Deve ter se lembrado como o voto a favor da guerra fez estragos na campanha de Hillary Clinton em 2008.

Mas haverá intervenção na Síria, seja com ou sem autorização do Congresso americano. Obama está decidido e Rubio sabe disso e sua mudança de voto tem relação direta com este cálculo político. A demora de Obama na espera de uma autorização do Congresso, revestindo seu ato de um suposto amparo democrático, abriu a possibilidade de Assad reposicionar seu arsenal e reorientar seus comandos. Acertar com clareza todos os depósitos de armas químicas não será tarefa fácil. A inteligência terá trabalho redobrado com esta demora.

Os parlamentares também pensam nas conseqüências. A intervenção no Iraque, do ponto de visto político, foi um desastre. Tirou um governo laico, identificado com os sunitas, e levou ao poder um grupo xiita que está aliado com o Irã. Na Síria, a eventual deposição de Assad poderá levar ao poder grupos ligados a Al Qaeda. Os cristãos sírios estão com Assad. Como se não fosse o bastante, o New York Times colocou hoje na capa uma foto, esta que ilustra este post, com a oposição síria executando aliados de Assad.

O Congresso precisa pensar muito se quer realmente dividir esta responsabilidade com Obama, mesmo com todo a força do lobby empresarial pró-guerra nos corredores. Se ele vai intervir com ou sem autorização do Capitólio, porque os parlamentares precisam colocar sua credibilidade em risco? Este foi o cálculo de Rubio. A maldição de Cameron ronda a Casa Branca.

Nenhum comentário: