terça-feira, setembro 03, 2013

Política Interna

A política interna afeta a política externa. Obama jogou suas fichas nesta máxima quando decidiu buscar autorização do Congresso para intervir na Síria. É uma estratégia arriscada, como lembrei no post de ontem, especialmente para um Presidente que anda cambaleante em sua relação com o parlamento. Mesmo assim, foi a aposta do Presidente.

A conta que deve ser acompanhada é esta: os Democratas estão de olho em 17 assentos na Câmara e os Republicanos em 6 assentos no Senado. Isto é o que falta para cada partido virar a maioria de cada Casa nas eleições do ano que vem. Hoje, certamente a conta é mais fácil para os republicanos, não por precisarem de menos parlamentares para virar a maioria no Senado, mas porque, sendo oposição e com o governo paralisado, a tendência é de vitória. O trabalho dos democratas em virar 17 distritos é mais preocupante. Caso não consigam, o governo Obama permanecerá paralisado até o fim do seu mandato presidencial.

Mas o que tudo isso tem a ver com a Síria? Explico. Muitos dos distritos que se alternam entre vitórias democratas e republicanas podem virar dependendo do voto em relação a Síria. Em San Diego, na Califórnia, por exemplo, onde existem muitos veteranos das guerras do Iraque e Afeganistão, um voto em favor da intervenção na Síria pode acabar com as chances de reeleição do deputado democrata Scott Peters. Aqui nos Estados Unidos os distritos, que elegem os deputados, são duros na cobrança de posições coerentes e em defesa de sua comunidade. Assim como Peters, um número enorme de deputados, antes de qualquer coisa, está pensando em sua reeleição no próximo ano.

Assim, a estratégia de Obama tem sido atacar por cima o Partido Republicano. Angariou os apoios dos senadores John McCain e Lindsey Graham, do Presidente da Câmara, John Boehner e do senador Marc Rubio, que sonha com a candidatura presidencial em 2016. Alcança assim os falcões, mas o nicho libertário liderado por Rand Paul certamente votará contra a intervenção. Isto levará Obama a buscar fechar o próprio partido em torno de sua agenda, algo difícil, pois a lealdade ao Presidente hoje pode ser tornar a principal causa de derrota na tentativa de reeleição de 2014.

Em resumo, Obama, precisa garantir algo de muito valioso a esses deputados, algo que compense o voto pró-intervenção e tire o peso de seus ombros em 2014. Vejam que curioso, talvez o destino de Assad esteja nas mãos de um deputado do interior de Oklahoma.

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