sexta-feira, setembro 27, 2013

O Incrível Vôo de Galinha Tupiniquim

O assunto não poderia ser outro. A capa da revista inglesa The Economist. Em 2009 a mesma publicação celebrava o potencial do Brasil. Enquanto o mundo vivia uma crise econômica, o nosso país crescia e tinha eventos grandiosos pela frente, as Olimpíadas e a Copa do Mundo, além do Pré-Sal. Poderia ser a década do Brasil. O governo brasileiro celebrou a matéria com entusiasmo, enquanto outros mais céticos com o rumos dos acontecimentos, onde me incluo, levantavam incertezas quanto a concretização deste potencial.

O Brasil decola, dizia a capa. Quatro anos depois, a pergunta é: "O Brasil estragou tudo"? A resposta é simples: sim, estragou. Mas qual é a novidade? Na verdade fica difícil entender a perplexidade de alguns com o rumo tomado pelo País, afinal os dados estão aí, os analistas continuam a publicar suas avaliações e há tempos alertamos para o que se desenha. Mas como dizem por aí somos da turma do contra, pessimistas, daqueles que torcem para tudo dar errado e não vemos os progressos do governo, especialmente na área social.

Na verdade há muito pouco progresso para ser comemorado. Melhorar os indicadores sociais não significa tornar parte da população dependente de mesada do governo. As mudanças precisam ser mais profundas e conjunturais. O Brasil nunca se atreveu a fazer isso. Na colheita dos frutos da estabilidade do Real, o governo Lula, e depois Dilma com mais intensidade, começaram a desarrumar aquilo que estava começando a tomar uma forma de país. Não havia dúvida que a falta de regras, desorganização da economia, conivência com a corrupção e o papel do Estado como indutor do desenvolvimento levariam a uma situação de desequilíbrio.

Vivemos uma realidade mascarada pela maquiagem de um governo que se sustenta em três pilares: mesada estatal para o pobres, concurso para a classe média e subsídio para os ricos. Mas a economia é uma ciência com suas próprias regras e a farra com dinheiro público terá um custo que começará a ser cobrado já em nosso tempo. Nossa complacência com este modelo é um ato perigoso para as futuras gerações. Se você optou por criar seu filho no Brasil, boa sorte. Você está deixando um conta que ele irá pagar também.

O Brasil perdeu mais uma oportunidade, como sempre. Não será a primeira, nem a última. Faltou competência para organizar uma simples Copa do Mundo e uma Olimpíada. O marco regulatório do Pré-Sal afastou os investidores sérios. A inflação está de volta. Isso só para ficar no básico. O vôo que alçamos é um vôo de galinha, como já lembrava o conceituado cientista político Paulo Kramer. Antes do entusiasmo se instalar, ele já previa que aquilo que viria seria um exercício pífio de crescimento. Mas  somos minoria. Não nos contaminamos pela euforia do inconsciente coletivo. Os problemas do Brasil continuam os mesmos. Enquanto você lê este texto, Dilma se recuperou do desgaste nas manifestações e as pesquisas mostram que ameaça vencer no primeiro turno. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.

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