segunda-feira, setembro 02, 2013

Nas Mãos do Congresso

Neste feriado por aqui, Washington parece vazia, mas os bastidores estão agitados. O Congresso permanece em recesso, mas as articulações são intensas. Ontem, em pleno domingo, 70 parlamentares estavam no Capitólio. Hoje, o senador John McCain se encontra com Obama na Casa Branca. O motivo é o pedido de autorização do Presidente ao legislativo para avançar sobre Assad. Um risco político que, mal calculado, pode trazer muita dor de cabeça para o Salão Oval.

Obama enfrenta resistências entre Republicanos e Democratas. Até seus pares dizem que buscar aval no Congresso é tentar empurrar o ônus da intervenção para o país inteiro, tirando a responsabilidade somente de seus ombros. Será uma votação dura, tanto na Câmara, quanto no Senado, com a tendência de ser mais apertada na Câmara, onde o republicano John Boehner, que comanda a casa, também comanda o show. No Senado, se o Presidente conseguir um acordo mais amplo com John McCain, que pode carregar votos importantes, a situação pode ser menos dramática.

Existe também o problema da retaliação, que pode vir tanto de Assad, como do Irã e possivelmente do Hezbollah. Ampliar o conflito seria preocupante e a imagem do Estados Unidos pode sair muito arranhada desta ação. Os parlamentares mais libertários, por exemplo, se questionam sobre a necessidade de os americanos se envolverem neste conflito, já que o Conselho de Segurança não passou resolução neste sentido, não será possível uma ação via Otan e também os principais aliados estão fora, como o Reino Unido. Uma ação solo, mesmo que acompanhada dos franceses, pode ser danosa para a imagem dos EUA e de Obama.

Mas a Casa Branca está em ação permanente no Congresso. Buscará esta maioria de qualquer forma. Uma derrota seria um desastre para Obama, que precisará agir sem autorização do Congresso. Isto mostrará que ele está passando por cima do legislativo e calibrará as candidaturas republicanas ao Capitólio em 2014. Foi uma jogada política muito arriscada. Se a votação fosse hoje, a tendência seria de derrota.

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