quarta-feira, setembro 25, 2013

Gerenta na ONU

Dilma perdeu mais uma enorme oportunidade de fazer diplomacia em favor do Brasil. Preferiu fazer política doméstica no fórum político internacional mais importante do mundo. Sua mensagem não foi ouvida, tampouco repercutiu. O impacto da sua fala na imprensa americana pode ser considerada nula. O Brasil perdeu mais uma grande oportunidade de ser ouvido no mundo.

O objetivo foi jogar para a torcida e fazer coro contra os Estados Unidos. Acusou os americanos de espionagem e cancelou sua viagem para encontrar Obama na Casa Branca, em visita oficial de Estado, regabofe para qual o Brasil não é convidado desde a Presidência de Fernando Henrique, em 1995. O que Dilma esqueceu de contar na ONU foi que, desde novembro de 2010, o governo engavetou o projeto de política nacional de inteligência, que cria as bases para que o Brasil se previna contra ações de espionagem. Coisa simples para quem esperneia que foi espionada por países que possuem tais diretrizes. Dilma foi espionada, entre os coisas, porque faltou competência para seu governo levar adiante o marco regulatório que poderia evitar tais bisbilhotices. Culpa que faltou assumir.

Dilma deve ter tido tempo de refletir sobre o assunto quando voltou para o hotel St. Regis, onde ela se hospedou (infelizmente a suíte presidencial solicitada pelo governo brasileiro estava já ocupada) na suíte assinada pela joalheria Tiffany & Co, de três quartos com uma equipe de mordomos que fala português, claro. O contribuinte brasileiro pagou a diária de US$ 10 mil, o que não dá para precisar em reais, em função da flutuação do dólar, mas algo em tono de R$23 mil a R$ 26 mil reais, mais IOF de 6,38%, se pagou com cartão de crédito brasileiro, corporativo da Presidência, claro.

Enfim, Dilma poderia ter sido mais chefe de Estado e menos chefe de governo, mas é pedir muito para a Presidenta. Poderia ter falado de relações exteriores, das leis de acesso a informação pública em vigor no Brasil, engajar o país diplomaticamente em questões relevantes, falar sobre os atrativos do Pré-Sal e dos preparativos para os eventos mundiais que hospedará nos próximos anos. Mas para isso precisaria fazer um curso rápido, pelo menos, com o ex-presidente FHC. Coisa fora de questão. Mas ficou difícil para Dilma, pois o Brasil começou a fazer água. O marco regulatório do Pré-Sal acaba de mostrar sua ineficiência. Faltam regras claras em um país onde os corruptos não vão presos e a infra-estrutura, mesmo recebendo eventos do porte que vamos receber, ainda é precária.

Realmente Dilma não tinha o que vender. O Brasil coleta fracassos. Perde uma década de ouro que poderia ajudar o país a se levantar aos poucos. Realmente é mais fácil jogar para a torcida, que se ilude com palavras de uma gerenta que ecoam somente nesta nação, que cada vez mais faz questão de ser esquecida, na longínqua América do Sul. Bom mesmo é bradar contra Obama e ficar no St. Regis, afinal, o tal gigante dorme em berço esplêndido.

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