sexta-feira, maio 03, 2013

UKIP cresce. Cameron resiste?

Ontem o Reino Unido enfrentou eleições locais. Os primeiros resultados já são conhecidos e estão tornando a vida de David Cameron um pesadelo. Todo o avanço dos outros partidos ocorreu sobre os parlamentares do Partido Conservador e dos Liberais-Democratas, que lideram a coalizão de governo.

Cameron já esperava a perda de cadeiras, mas tudo indica que os números podem mostrar uma realidade muito mais amarga do que as projeções. Os trabalhistas ganharam cadeiras, mas as estrelas do momento estão em outro partido: UKIP, caracterizado por seu discurso anti-europeu e anti-imigração.

As pressões em torno do Primeiro-Ministro são, neste momento, acirradas. A ala mais conservadora de seu partido clama por uma guinada em seu governo, um movimento que levaria Downing Street para posições mais duras, aproximando-se do eleitorado conquistado pelo UKIP.

Cameron resiste, pois sabe que ceder neste momento talvez seja abrir mão de seu governo. Explico. Cameron é um centrista e tem governado desta forma desde o princípio. Como seu partido não obteve maioria para formar um governo, teve que ceder parte dele aos liberais-democratas de Nick Clegg, também um centrista com posições mais flexíveis para ambos espectros do jogo político.

Se Cameron radicalizar, perde o apoio de Clegg e por assim dizer, deve abandonar Downing Street também. Se não ceder ao radicais de seu partido, pode perder apoio interno. Isto teria dois desdobramentos: perda de poder político (que pode levar o partido a substituí-lo) ou correr o risco de levar uma surra nas próximas eleições ao Parlamento Europeu.

Ao Primeiro-Ministro cabe a construção de uma sintonia política muito fina, pois seu partido não possui maioria no Parlamento. A política britânica é traiçoeira, lembram Thatcher e Churchill e mais recentemente Tony Blair. Cameron pode ser a próxima vítima?

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