quinta-feira, maio 13, 2010

Ajustes Europeus

A crise pela qual foi tragada a Grécia era previsível, assim como é, em certa medida, a entrada de novos atores em cena. Os mais prováveis protagonistas dos próximos episódios são Espanha e Portugal.

A razão é simples: alto gasto público. A Grécia observa um déficit público da ordem de 13,2%, superando em muito o limite imposto pela União Européia de no máximo 3%. Outros países também merecem atenção, como França e Itália, que até o momento não apresentou medidas concretas. De alguma forma, a maioria se mobiliza na tentativa de evitar a entrada no clube da crise.

Portugal suspendeu contratações e congelou salários. Esbarrou, entretanto, em uma medida controversa: aumento de impostos, o que apenas machucará ainda mais a economia. O Reino Unido optou por um caminho distinto. Evitará aumentar impostos. Ao contrário, realizará cortes. Para frear o déficit, cortará brutalmente os gastos públicos. Esta é a receita correta.

A França tem uma tarefa difícil, pois é um estado tradicionalmente paternalista. Não mexerá nas aposentadorias, mas deve realizar cortes em gastos do Estado para trazer o déficit para os 3% previstos - hoje está em 7%.

A Irlanda é outro país que inspira cuidados, mas de outra forma. Com uma economia aberta, o país ainda se recupera da crise financeira. Depende mais da capacidade de recuperação de sua própria economia, já que a influência do Estado sobre os negócios é um dos menores da Europa. Mesmo assim, cortará gastos públicos, o que sempre é boa notícia.

Apesar dos ajustes, com a exceção do Reino Unido, nenhum país tomou medidas de fundo que podem mudar o rumo dos acontecimentos no longo prazo. Até o momento, são apenas medidas para apagar o fogo. Sem mudanças consistentes, entretanto, a criação de um perigoso ambiente para uma nova crise continuará pairando no ar. Enquanto isso a prudente Alemanha paga a conta.

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