quarta-feira, julho 22, 2009

Erdogan, o facilitador

Já falei aqui da importância estratégica da Síria no tabuleiro político do Oriente Médio. Falei também da aproximação de Obama com Bashar al-Assad, que já recebeu diversos emissários de Washington nos últimos meses.

Se a estratégia está correta e se a Síria seria um aliado confiável é outra história. Temos que nos ater aos fatos.

Hoje, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, viajou até Damasco acompanhado de seu ministro das relações exteriores, Ahmet Davutoglu. O objetivo é a retomada das conversações de paz entre Síria e Israel.

O fato não seria inteiramente curioso, uma vez que o governo de Ancara já foi intermediador de negociações entre os dois países ainda em 2006. O curioso é quem permeia a iniciatica turca, ninguém menos que os Estados Unidos.

Semana passada um enviado norte-americano, Fred Hoff, esteve na Síria e em Israel e não voltou a Washington sem antes solicitar uma ajuda para a Turquia, parceiro estratégico dos americanos na região há tempos.

A Turquia, apesar de laica, é governada por um partido nascido das ruínas do antigos grupos políticos pró-islâmicos. Erdogan, que se oferece como ponte entre Israel e Síria, é muçulmano e apesar de a Turquia ser o primeiro país de maioria muçulmana a reconhecer o Estado de Israel, as relações estremeceram desde que Erdogan discutiu com o Presidente Shimon Peres no Fórum Econômico Mundial e retirou-se da sala em protesto. Esta seria uma grande chance para Erdogan mostrar sua habilidade política, reaproximar-se de Israel e mostra-se pragmático para uma Europa extremamente cética em relação aos rumos políticos na Turquia.

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