sexta-feira, julho 03, 2009

E o PMDB enquadrou Lula

"Lula é refém do PMDB porque quer". As palavras do líder tucano Arthur Virgílio ecoam uma verdade que não quer calar no meio político. Lula tornou seu governo dependente do PMDB porque assim desejou.

No início do governo, ainda em 2003, muitos petistas eram contra a aliança com o PMDB, mas os tempos mudaram, surgiram os escândalos, o mensalão e aos poucos Lula percebeu a comodidade de ser aliado do partido.

Mas a comodidade custa caro. O PMDB cobra uma alta fatura por seu apoio. Lula está disposto a pagá-la, mediante o loteamento dos Ministérios pela várias correntes do partido que o apoiam.

FHC, neste quesito, foi mais hábil (até porque tinha um claro projeto político social-democrata para o País), ou seja, sabia lidar melhor com este tipo de situação. O ex-Presidente blindou áreas chave do governo, como educação, saúde, economia e para barganhar apoio do PMDB (sim, ninguém governa o Brasil sem seu apoio), entregou ao partido pastas como Integração Nacional e Transportes, suficientes para abrandar a sede voraz do partido. Assim não faltou apoio no Congresso. FHC conseguia manter o PMDB sob controle. Sob a batuta de Lula, sem limites, o partido encontrou o paraíso. Esta, infelizmente, é a triste história de como opera o Presidencialismo Parlamentar brasileiro.

Lula não se preocupou em blindar área alguma a não ser a economia, que deu continuidade a política de FHC. Ao contrário, buscou um contato direto com o eleitor, ultrapassando a barreira partidária, mediante a distribuição de dinheiro via Bolsa-Família. Assim, conseguiu mudar, especialmente nos grotões a lógica política anterior.

Aos políticos que comandam grotões, como Sarney, que apoiam Lula hoje, todo é cuidado é pouco. A lógica imposta pelo Bolsa-Família no jogo eleitoral pode jogar sua fonte de votos, e logo depois sua fonte de poder, em segundo plano.

Mas enquanto isto não acontece, o PMDB ainda é o fiel da balança e Lula depende de seu apoio para governar. O PMDB é o sócio que dá sustentação ao governo, garante a governabilidade, bloqueia CPI's, impede investigações e dá tranquilidade ao Planalto para seguir adiante. Quem imaginaria que os cardeais da interlocução política de um governo Lula (que se elegeu calcado na bandeira da ética) no Congresso, seria realizada por Gim Argelo e Romero Jucá ?

A fatura é cara, mas Lula está disposto a pagá-la, ainda mais se for para eleger Dilma e preparar sua volta em 2014. Assim, Lula foi enquadrado esta semana pelo PMDB e o será quantas vezes for necessário. É o preço e o caminho que o Presidente decidiu trilhar.

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